2005/08/27

De: TAF - "Clube Literário do Porto" 




Sugestão de um local simpático, com livraria, galeria de exposições, "piano-bar" com concertos de entrada livre e mais, conforme pode ser consultado aqui. Aberto todos os dias das 10:00 às 24:00.


Abriu com uma exposição do Escultor José Rodrigues. Fica na Rua Nova da Alfândega, a meio caminho entre a Praça do Infante e a Alfândega.


De: Pedro Aroso - "«Resposta a algumas perguntas...»" 

Muito oportuno este post da Patrícia Gonçalves! Ao "desenterrar" este depoimento do Dr. Paulo Morais (Janeiro de 2005), deixam de ter cabimento muitas das perguntas que têm sido dirigidas ao ainda vereador do Pelouro do Urbanismo, com destaque para o Dr. Francisco Assis e Eng. Rui Sá. De facto, ninguém pode acusar agora o Dr. Paulo Morais de não ter levantado a questão antes de ser afastado da nova lista de candidatos à CMP.

Depois de reler novamente a famosa entrevista que deu à Visão, continuo a defender o princípio de que os projectos só podem ser apreciados à luz da legislação em vigor na data em que deram entrada na Câmara. Não passa pela cabeça de ninguém indeferir projectos elaborados de acordo com a viabilidade aprovada. Nisso, e apenas nisso, estou em desacordo com o Dr. Paulo Morais.

Pedro Aroso

De: Patrícia Gonçalves - "Resposta a algumas perguntas..." 

Sou jornalista do Jornal O Primeiro de Janeiro e leitora do blogue A Baixa do Porto. Depois de muitos comentários à entrevista do vereador Paulo Morais à revista «Visão» resolvi relembrar ou revelar a algumas pessoas que o vosso próprio blogue colocou um post a 24 de Janeiro de 2005 com os títulos da imprensa desse dia onde se podia ler "Há pressões de todos os lados" - entrevista ao vereador do Urbanismo. Nesta altura, ainda não se sabia que Paulo Morais ia, ou não, fazer parte das listas do PSD/CDS-PP nas próximas eleições autárquicas. No entanto, já em Janeiro e apenas quatro meses depois de ter tomado posse do pelouro do Urbanismo, o autarca assumia as pressões ao JANEIRO:
(extracto da entrevista)

Existem pressões ao nível do licenciamento?
- Nunca imaginei que um vereador do Urbanismo da Câmara do Porto fosse alvo de tantas, tantas e tantas pressões. A maioria compreensíveis, algumas ilegítimas sob o ponto de vista de quem as faz.

Mas que tipo de pressões?
- Para que o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto licencie o projecto A ou o projecto B. Se é perfeitamente legítima a queixa de alguém que quer legalizar a sua marquise e não consegue porque o processo está atrasado nos serviços, já não é nada legítimo quem quer que a Câmara do Porto aprove determinado projecto, quando, por exemplo, no entendimento do vereador o projecto não cumpre as prescrições do PDM. Devo dizer que desde que vim para este pelouro, as pressões que sinto enquanto vereador são muito maiores, porque há, de facto, muitos promotores com vontade de implementar projectos urbanísticos que não interessam à cidade. No início, quando tomei conta do pelouro, as pressões eram muito maiores, mas as pessoas foram percebendo que não vale a pena desenvolvê-las. Ainda assim, há quem continue a querer que este vereador aprove projectos que não cumprem o PDM. Não vale a pena. São pressões que vêm, de todos os lados, de todas as corporações que se movem na cidade, de todas as forças políticas. Eu até pedia às pessoas que parassem com essas pressões, porque, de facto, não adianta nada para eles e para mim é um incómodo.

Na entrevista à revista Visão, é verdade, Paulo Morais vai mais longe. No entanto, gostava também de recordar a saída do antigo vereador do Urbanismo da Câmara do Porto. Já toda a gente se esqueceu que se levantou uma polémica em torno de alegadas pressões que o assessor de Ricardo Figueiredo terá exercido, depois de uma sindicância aos serviços? [ver notícia no JANEIRO de hoje]. Mas também não percebo por que é que se mostram tão espantados com as afirmações de que o pelouro do Urbanismo é um dos mais permeáveis nas autarquias. Alguém consegue, racionalmente, entender as construções das Torres de Ofir? Alguém se esqueceu de que o Tribunal mandou demolir o Centro Comercial do Bom Sucesso porque a sua construção foi ilegal? E a Torre das Antas? Muitos outros exemplos poderiam ser dados. Mais importante do que as declarações de Paulo Morais, na minha opinião, era discutir a questão a nível nacional... Quem fiscaliza as construções que estão a ser feitas? Por que é que (quase) nunca são imputadas responsabilidades aos infractores da lei nesta matéria? Que tal uma revisão à lei do financiamento dos partidos?...

Patrícia Gonçalves

2005/08/26

De: Luís Fernandes - "Dúvidas" 

Apenas algumas dúvidas sobre a entrevista do Dr. Paulo Morais
Luis Fernando

De: Teófilo M. - "Porque corre Paulo Morais" 

Já noutro lado escrevi que não gosto deste tipo de entrevistas em que nada é dito, mas que deixa no ar um cheiro a podre, e muita gente na mira de muita gente sem razão absolutamente nenhuma.

As generalidades servem, a maior parte das vezes, apenas como nuvem de poeira para esconder pormenores que à partida poderiam ser notados e anotados.

Depois de ler as intervenções que por aqui se escreveram, e pouco tendo a acrescentar, pois já quase tudo foi dito, ficam-me mesmo assim algumas dúvidas.

João Coelho diz que julga que ninguém põe em causa que Paulo Morais é um homem íntegro e sério. Que poderei eu dizer a isto, se não conheço o personagem a não ser pelo que ele afirma nos meios de comunicação, ou em reuniões onde debita o seu discurso?

Absolutamente nada! Não posso pôr em causa a sua integridade, do mesmo modo que não posso pôr em causa a sua eventual venialidade, pois desconheço a totalidade dos seus actos, e não o conheço como pessoa com quem tenha laços de intimidade ao ponto de pôr as mãos no fogo pelas suas acções.

Por isso é que há interesse na discussão, senão bastaria dizer que Paulo Morais é integro, logo o Rui Rio é integro, porque Paulo Morais o diz, e que o PSD Porto não é integro, nem tampouco o PS, PC, PP ou BE pois não tiveram o aval de integridade do dito Paulo Morais.

Estou de acordo com o TAF quando este se interroga porque é que Paulo Morais terá escondido o segredo da integridade da CMP ao resto dos municípios, em vez de partilhar com eles tal maravilhoso remédio, o que me faz desconfiar que a integridade do Paulo Morais não será assim tão grande como isso, pois poderá ser acusado de esconder para si um bem que distribuído por todos faria este País mais íntegro.

Por isso, e como o TAF me interrogo sobre o que faz correr Paulo Morais?

Não teria Paulo Morais oportunidade de denunciar, em local próprio, as pressões ilegais com que deparou? Porquê? Terá sido ameaçado? E se o foi, porque é que ele só agora deixou de ter medo e deu tal entrevista?

Porquê nomear só Rui Rio, como o sendo o único capaz de manter a CMP limpa de corrupção, dando assim a entender de que todos os restantes não terão a integridade do senhor presidente, que pelos vistos abdicou da sua integridade ao compor as suas listas?

E porquê dar a entrevista agora, e não antes das listas terem sido publicadas?

Para mim são dúvidas a mais, para poder afiançar que o Paulo Morais é homem, é íntegro e é sério, e explicito:

Para ser homem - deveria em tempo oportuno afrontar os corruptores e/ou os corruptos em sede própria;

Para ser íntegro - deveria ter denunciado pública e criminalmente todos os intervenientes nas malfeitorias de que teve conhecimento na altura própria;

Para ser sério - deveria ter-se abstido de dar uma entrevista que se espraia em suspeições e insinuações despropositadas atingindo todos os autarcas que têm o pelouro do urbanismo, afirmando-se a ele e ao senhor presidente da CMP como os anjos no meio dos demónios.

Aguardemos as suas declarações no inquérito que se quer rápido para podermos, enfim, dissipar as nossas dúvidas.

Cumprimentos
Teófilo M.

De: Pedro Aroso - "Pressões..." 

Tenho acompanhado com atenção todos os comentários referentes à entrevista do Dr. Paulo Morais e gostei, em particular, deste último texto do João F. Coelho. Não vou ainda dizer o que penso sobre este assunto, mas gostava de repescar uma passagem do Tiago Azevedo Fernandes e que passo a reproduzir:

"Cumprisse a autarquia os prazos obrigatórios para apreciação de projectos e eu queria ver quantas pressões ilegítimas é que apareciam... Se houvesse uma resposta a tempo e horas de sim ou não, nos termos da lei, não havia margem para grandes pressões!"

Estou absolutamente de acordo com isto... Eu nunca pedi nem pressionei ninguém para me aprovar um projecto, mas apenas para ser informado da deliberação. Receio que o Dr. Paulo Morais não saiba distinguir a diferença. Por outro lado, há situações que não deveriam acontecer num Estado de Direito... Dou um exemplo: ao iniciar um projecto, qualquer arquitecto tem sempre a preocupação de consultar a legislação mais recente. Com efeito, os nossos governantes (em particular os secretários de estado) dificilmente resistem à tentação narcisista de alterar as leis para que os seus nomes fiquem gravados no Diário da República. Por norma, só acrescentam burocracia. Mas adiante! Aquilo que me parece que está a acontecer neste mandato é que alguns projectos que deram entrada na CMP antes mesmo desta vereação tomar posse, estão agora a ser apreciados à luz do novo PDM, afigurando-se o seu chumbo como inevitável. Pergunto: faz sentido mudar as regras do jogo a meio do jogo? Os proprietários têm culpa que os projectos não tenham sido apreciados dentro dos prazos legais e à luz dos regulamentos então em vigor? Quem é que paga o prejuízo dos projectos que vão para ao caixote do lixo por negligência dos Serviços de Urbanismo da CMP? Perante o fundamentalismo que se instalou na Câmara do Porto desde o tempo do Arq. Ricardo Figueiredo não serão essas pressões do actual e do anterior governo perfeitamente compreensíveis?

Pedro Aroso

De: João F. Coelho - "Ainda a entrevista de Paulo Morais" 

Caro Tiago,

Não é minha intenção "encher" a Baixa com um diálogo que eventualmente será de menor interesse para os seus leitores (esta resposta ficaria melhor numa caixa de comentários ao seu post). Ainda assim, e porque sei que anda nestas coisas com boas intenções e não a reboque do interesse deste ou daquele partido, deste ou daquele interesse, não quero deixar de lhe transmitir as algumas ideias mais.

Julgo que ninguém põe em causa que Paulo Morais é um homem íntegro e sério. Este é um ponto de partida importante, caso contrário não tem sentido discutir nada disto.

Julgo também que todos sabemos que existem muitas "pressões" sobre o Urbanismo nas mais diversas Câmaras, desde a simples pressão legítima até aos mais ou menos descarados casos de corrupção. Para mim isto é também ponto assente e acho piada (to say the least) quando se ouvem agora ex-responsáveis autárquicos rejeitar "a existência de pressões enquanto responsável pelo Urbanismo". Se afinal não há pressões então de facto nada disto deve ser discutido.

Tomando então como verdadeiro que PM é sério e há de facto pressões, qual é o problema em que ele o afirme publicamente? Era melhor que ficasse calado?

Note que não estou a dizer que o comportamento de PM é exemplar ou que não poderia ter sido outro. Podemos até entrar no campo da discussão das suas motivações, mas tudo isso é especulativo e não nos nos leva a lado nenhum. Esse é aliás um dos nosso problemas: estamos sempre a exigir dos outros e sobretudo dos responsáveis políticos comportamentos e atitudes ideais (ou óptimas) quando as coisas na realidade não se passam assim. Como alguém me dizia frequentemente quando comecei a trabalhar: "o bom é inimigo do óptimo".

Repito-me: sendo ele sério e havendo de facto pressões, era melhor que se calasse?

Para mim não. Os processos de denúncia de corrupção têm que começar nalgum lado e, como refere Maria José Morgado ao Público, "as denúncias sucedem-se e a última é sempre mais grave e contundente que a anterior". Espero que assim seja e prefiro isto ao estado de anestesia geral em que todos sabemos que a corrupção existe mas como se servem todos então não tem mal.

Agora é preciso é que a justiça funcione e que estes processos não fiquem esquecidos anos e anos e acabem arquivados com direito a uma nota de rodapé nos jornais. Infelizmente é isso que acontece quase sempre.

Umas breves notas às perguntas que coloca:

  1. Paulo Morais diz que "a Câmara do Porto é uma excepção ao cenário negro". Poderia ter explicado como se conseguiu tal milagre, para que as outras Câmaras pudessem copiar a solução. >> Não é milagre, basta não ser permissível (o que não é fácil e se calhar é por isso que ele já não está na lista).


  2. Paulo Morais, ao dizer o que diz, deverá conhecer casos concretos de actuações ilícitas noutras autarquias. Nesses casos a conduta condenável materializou-se de alguma forma e portanto haverá provas, mesmo que Paulo Morais não as tenha. Não as tendo, pode ainda assim fornecer às autoridades competentes a informação de que supostamente dispõe sobre casos concretos, para que elas tratem de obter essas provas. Será que já o fez? De que está à espera? Diz que “fica para as suas memórias”?! >> Está aberto um inquérito, vamos esperar para ver se ele concretiza ou não. Era preferível fazê-lo na Visão? Acho que não.


  3. Se José Pulido Valente, que é só um “vulgar requerente”, denuncia com nomes e documentos aquilo que corre mal (mesmo que eventualmente não seja corrupção, mas apenas incompetência), como é que Paulo Morais não consegue obter o mesmo nível de pormenor, estando “em casa”? >> Já respondido, vamos esperar para ver se ele concretiza ou não.


  4. A denúncia pública “em abstracto”, como fez Paulo Morais, só se justifica se o problema não for conhecido ou se os seus mecanismos não estiverem bem identificados. Nada disto se passa. Se fosse preciso, bastaria ler José Pulido Valente. >> Essa é que é a questão: o problema é conhecido e os mecanismos estão bem identificados mas fica tudo na mesma... É isso que prefere?


  5. Há outro tipo de pressão eventualmente inaceitável, mesmo que não seja criminalizada. Trata-se de pressão abusiva a nível político. Por que não concretiza nestes casos a sua denúncia também política? O que receia? O que pretende? >> Vamos esperar para ver se ele concretiza ou não. Ao contrário de muitos, não me parece que atirar com nomes para uma revista seja um contributo válido para o combate à corrupção. Serve para fazer manchetes e alimentar o populismo e a demagogia mas pouco mais. Veja o que se passou no processo Casa Pia. Não faço ideia do que receia ou pretende PM mas admitindo que o que ele diz é verdade acho que só há vantagens em ser denunciado.


  6. Para que serve esta entrevista? Houve informação nova ali revelada? E, principalmente, porquê agora que está de saída do cargo de vice-presidente e vereador do Urbanismo? E porquê, se também afirma: «enquanto Rui Rio for presidente e tutelar directa ou indirectamente a área do Urbanismo, não haverá vigarices»? >> Não posso responder para que serve nem o porquê. Podemos especular que é uma vingança por ter sido excluído da lista. Assim como podemos especular que é alguém que tentou mudar as coisas por dentro e, quando vê que não consegue, atira com elas cá para fora. Cá por mim prefiro a segunda hipótese (haverá muitas outras) mas no fundo qualquer delas é irrelevante se partirmos das ideias iniciais: ele é sério e há corrupção. Logo a denúncia é útil.


  7. Mais ainda: a melhor maneira de evitar abusos e ilegalidades é a autarquia tornar público tudo o que seja possível sobre os processos de licenciamento em curso. Tantas vezes aqui no blog se tem insistido nisso! Por que razão Paulo Morais e Rui Rio não seguiram essa via? Porque não valia a pena, já que a Câmara do Porto é "uma excepção ao cenário negro"? Recordemos esta citação do Primeiro de Janeiro: «O presidente da autarquia foi ainda confrontado com a sugestão de Tiago Azevedo Fernandes de tornar público todos os estudos e projectos de arquitectura que existem na cidade (...) mas a ideia não foi totalmente aceite por Rio. “Se a sugestão fosse feita há quatro anos diria imediatamente que sim, hoje não digo que não, mas é preciso ponderar”, comentou por considerar que o acesso facilitado à informação poderia conduzir a “muitas leituras desastrosas e maldosas” >> Aqui estou completamente de acordo consigo.

Um abraço.
João F. Coelho

De: JA Rio Fernandes - "Pela positiva!" 

Pois, pois, diz Cristina Santos que "… pretende-se que as próximas eleições não sejam decididas por votos de negação". E logo adiante, aproveita para dizer que "os socialistas" não aproveitaram o "Património da Humanidade" nem a "Capital Europeia da Cultura".

Curiosa esta forma de ir pela positiva! Farei o mesmo, com pedidos de desculpa aos mais preocupados com outro tipo de debates, em que também gosto mais de participar. Mas acredito que as próximas eleições serão decisivas para a cidade, aprofundando a estagnação, ou criando um clima de inovação e reafirmação. Por isso, e como o texto de Teófilo M. e Cristina Santos vão nesse sentido, não resisto a lembrar umas quantas coisas.

1. Com todos os erros que resultaram da necessidade de apressadamente gastar muito dinheiro pela Porto 2001 (o que não é o melhor contexto) – ainda assim houve debate, sobre os projectos e se iniciou um movimento de valorização da cultura que não pode ser desprezado. Quando à "requalificação" da Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade, ou a betonização e desarborização da Avenida da Boavista, não me lembro dos debates… Isto para nada dizer da pobreza de ideias e incapacidade de dar aproveitamento a espaços municipais herdados (o "transparente", a torre da Sé, …).

2. De resto, quanto ao que a Porto 2001 era para fazer na Baixa, se calhar já não se recordam que a Associação dos Comerciantes se recusou a aprovar um protocolo que permitia aproveitar os milhões do PROCOM para a revitalização do tecido económico, nem se recordarão de quem dificultou a concretização de um plano de mobilidade para a Baixa aprovado por unanimidade (!).

3. E a "guerra do PP das Antas"? Não é curioso que entretanto tenham havido alterações para aumentar o número de andares, de forma ilegal, à revelia do plano e do seu autor, o Arqº Manuel Salgado e nada se saiba sobre o paradeiro do milhão que Américo de Amorim ficou de dar à Associação de Comerciantes. E o sr. Presidente da Câmara continua a afirmar-se como o mais puro dos políticos! Curioso também é comparar o discurso da promiscuidade entre a política e o futebol e apreciar a amizade do Presidente da CMP com o Presidente da Liga de Clubes, ou ver como a grande alteração final ao PDM que o PSD aprovou beneficiou fortemente o Boavista FC (de que o Presidente da CMP é adepto)!

Mas, o que está em causa – aí estamos todos de acordo, julgo eu - não é comparar a gestão de Rui Rio à de Fernando Gomes e Nuno Cardoso, como diz Cristina Santos (e não faz). Trata-se, isso sim, de comparar as realizações (louva-se o esforço em procurar algo, sobretudo algo de positivo) e as propostas (que pessoalmente desconheço) de Rui Rio às de Francisco Assis (as quais têm sido apresentadas publicamente: depois do ambiente e do urbanismo, hoje mesmo foram apresentadas os compromissos em matéria de mobilidade). E, sobre a credibilidade destas, aproveito para informar que as mesmas foram objecto de debate, têm o apoio dos consultores do PDM e seguem em grande medida o PDM que o PSD aprovou. O que não abona para Rui Rio quando afirma que algumas delas são irrealizáveis!!!

Desculpem se não responder aos que quiseram criticar, apoiar, ou manifestar-se de alguma forma sobre o(s) assunto(s). Estou de partida para férias (incluindo de Internet). Boas férias aos que as têm/vão ter.

Rio Fernandes

De: TAF - "Morais e os Imorais" 

Caro João

Tenho também seguido o que se escreve na Grande Loja sobre este assunto.

Paulo Morais é alguém que está “por dentro” da Câmara do Porto. Conhece por isso as tentativas de influenciar a apreciação de projectos submetidos à autarquia. Um político honesto e competente sabe à partida que vai ter pressões. E também sabe que uma parte delas, seja mais ou menos elegante, mais ou menos sustentada, é legítima. O problema é obviamente a outra parte: tentativa de suborno, tentativa criminosa de tráfico de influências, etc. Aparentemente Paulo Morais terá metido tudo no mesmo saco. O chumbo de um prédio do BPI, por exemplo, terá sido uma heroica resistência a mal intencionado assédio por parte de Artur Santos Silva?

Há vários pontos a analisar.
  1. Paulo Morais diz que "a Câmara do Porto é uma excepção ao cenário negro". Poderia ter explicado como se conseguiu tal milagre, para que as outras Câmaras pudessem copiar a solução.


  2. Paulo Morais, ao dizer o que diz, deverá conhecer casos concretos de actuações ilícitas noutras autarquias. Nesses casos a conduta condenável materializou-se de alguma forma e portanto haverá provas, mesmo que Paulo Morais não as tenha. Não as tendo, pode ainda assim fornecer às autoridades competentes a informação de que supostamente dispõe sobre casos concretos, para que elas tratem de obter essas provas. Será que já o fez? De que está à espera? Diz que “fica para as suas memórias”?!


  3. Se José Pulido Valente, que é só um “vulgar requerente”, denuncia com nomes e documentos aquilo que corre mal (mesmo que eventualmente não seja corrupção, mas apenas incompetência), como é que Paulo Morais não consegue obter o mesmo nível de pormenor, estando “em casa”?


  4. A denúncia pública “em abstracto”, como fez Paulo Morais, só se justifica se o problema não for conhecido ou se os seus mecanismos não estiverem bem identificados. Nada disto se passa. Se fosse preciso, bastaria ler José Pulido Valente.


  5. Há outro tipo de pressão eventualmente inaceitável, mesmo que não seja criminalizada. Trata-se de pressão abusiva a nível político. Por que não concretiza nestes casos a sua denúncia também política? O que receia? O que pretende?


  6. Para que serve esta entrevista? Houve informação nova ali revelada? E, principalmente, porquê agora que está de saída do cargo de vice-presidente e vereador do Urbanismo? E porquê, se também afirma: «enquanto Rui Rio for presidente e tutelar directa ou indirectamente a área do Urbanismo, não haverá vigarices»?


  7. Mais ainda: a melhor maneira de evitar abusos e ilegalidades é a autarquia tornar público tudo o que seja possível sobre os processos de licenciamento em curso. Tantas vezes aqui no blog se tem insistido nisso! Por que razão Paulo Morais e Rui Rio não seguiram essa via? Porque não valia a pena, já que a Câmara do Porto é "uma excepção ao cenário negro"? Recordemos esta citação do Primeiro de Janeiro: «O presidente da autarquia foi ainda confrontado com a sugestão de Tiago Azevedo Fernandes de tornar público todos os estudos e projectos de arquitectura que existem na cidade (...) mas a ideia não foi totalmente aceite por Rio. “Se a sugestão fosse feita há quatro anos diria imediatamente que sim, hoje não digo que não, mas é preciso ponderar”, comentou por considerar que o acesso facilitado à informação poderia conduzir a “muitas leituras desastrosas e maldosas”

De: João F. Coelho - "Ainda a entrevista de Paulo Morais" 

Caro Tiago,

A propósito da entrevista do Paulo Morais, permita-me chamar a atenção para pontos de vista de pessoas que estão dentro do sistema judicial:

Na Grande Loja, o José escreve sobre o papel que os whistlebowers têm nos EUA enquanto pessoas que sinalizam publicamente, através de avisos nos media, as faltas graves, no interior das organizações a que pertencem. Em síntese, "os americanos, tal como fizeram no caso dos lobbies, enquadraram essa atitude, para a aproveitar naquilo que tem de positivo".

No Público (link não disponível) Maria José Morgado diz que "uma denúncia pública não pode ser confundida com a instrução de um processo crime. O que é importante é a revelação pública dos mecanismos da fraude, da corrupção e dos tráficos. A concretização faz-se a um nível processual que não diz respeito a uma entrevista. (...) Os denunciantes tendem a ser desacreditados ou isolados e deste isolamento fazem parte as exigências de esclarecimento de nomes e de factos concretos que as autoridades têm a obrigação de averiguar se forem capazes".

Mesmo para quem está completamente fora da actividade imobiliária, é óbvio que as pressões a que se refere PM não são as do género das que o Tiago refere.

E vamos ser honestos: alguém tem dúvidas que há pressões e tráfico de influências nas Câmaras? Ou ninguém tinha ainda dado conta? Parece a mesma histórias das "prendas" dos laboratórios farmacêuticos aos médicos: quando estourou nos jornais, afinal ninguém sabia de nada... (e de facto não deu em nada, apesar de todos nós conhecermos médicos que vão para as Caraíbas em congressos).

Esta forma de fazer as coisas (com recurso a esquemas que vão desde a simples "cunhazita" até formas bem mais elaboradas) está de tal maneira entranhada na nossa sociedade, que parece que os malandros são aqueles que tentam denunciar o problema. E depois exigem-lhe que digam tudo ou se calem para sempre.

O que se deve exigir é que a justiça funcione: quem tem que investigar que investigue e tire conclusões. Se há culpados que sejam punidos. Se não há, então nesse caso deve ser punido quem lançou as denúncias.

Mas claro, nós vivemos em Portugal...

João F Coelho

PS - Nem comento o imediato aproveitamento político dos candidatos à Câmara...

De: TAF - "Os anúncios" 

Estou a pouco e pouco a filtrar os anúncios que o Google pode apresentar aqui no blog. Os efeitos só se fazem notar umas horas depois da configuração. Vou recusar os de "encontros", "nutrição", "negócios de rentabilidade explosiva", etc., etc. Não terei a preocupação (nem tempo...) de procurar uma selecção perfeita, mas limitarei aquilo que for vendo e não me agrada. Aceito e agradeço sugestões, especialmente porque os anúncios que aparecem podem ser diferentes conforme, por exemplo, a localização geográfica de quem os vê.

2005/08/25

De: TAF - "Muita parra..." 

Mas a entrevista fala de algum caso concreto, tem algum dado sólido? Se sim por favor avisem-me, para eu ir comprar a Visão. Se não, para que fala Paulo Morais se afinal não diz nada?

Nomes e datas de tentativas de suborno ou semelhante? Propostas indecorosas? Algo que possa ser usado para apresentar queixa na Judiciária? Por que não foi isso feito antes? Quem foram concretamente os membros dos Governos que supostamente tiveram ingerências ilícitas? Quais os empreendimentos relativamente aos quais houve tentativas ilegais de influenciar a decisão?

Do que li até agora, Paulo Morais parece só ter explicitado as pressões que terão ocorrido dentro da lei...

Eu próprio já pressionei o anterior vereador para que aprovasse ou reprovasse um projecto onde eu estava envolvido, pois já tinha sido ultrapassado há muito tempo o prazo regulamentar. Reuni com ele várias vezes, protestei, enviei cartas, escrevi ao presidente da câmara, coloquei um processo em tribunal. Isso é ilegal? Isso é mau?

O que interessa é o resto. São os casos onde há corrupção. Mas pelos vistos, segundo o entrevistado, isso é só nas Câmaras dos outros...

De: Rui Cunha - "Entrevista de Paulo Morais..." 

"... à revista Visão"

Ainda não li a entrevista referida. Porém, fico muito confuso com a notícia que acabo de ler na própria VISÃOONLINE, e que abaixo mando cópia, na qual este vereador se refere a "várias autarquias", sem as referir. Quanto à CMP afirma "é uma excepção ao cenário negro...." Afirma ainda que "enquanto Rui Rio for presidente e tutelar directa ou indirectamente a área do Urbanismo, não haverá vigarices"

Sendo assim, como se compreende a IMEDIATA reacção de vários lados, em especial a "verrinosa" de Nuno Cardoso?

Rui Cunha

  "O vice-presidente e vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Paulo Morais, acusa várias autarquias do país de cederem a pressões de empreiteiros e partidos políticos para a viabilização de determinados projectos urbanísticos.
  Em entrevista à VISÃO, Paulo Morais afirma que «o urbanismo é, na maioria das câmaras, a forma mais encapotada e sub-reptícia de transferir bens públicos para a mão de privados».
  «Nas mais diversas câmaras do País há projectos imobiliários que só podem ter sido aprovados por corruptos ou atrasados mentais», declara Paulo Morais na entrevista, sem no entanto especificar a que projectos e municípios se refere.
  O vereador acrescenta que «as estruturas corporativas são hoje muito mais fortes porque têm uma aparente legitimidade democrática. Se os vereadores do Urbanismo são os coveiros da democracia, os partidos são as casas mortuárias».
  O autarca social-democrata diz a Câmara do Porto é uma excepção ao cenário negro que traça, afirmando que o executivo autárquico liderado pelo social-democrata Rui Rio, nunca licenciou projectos que estivessem contra os instrumentos de planeamento.
  Paulo Morais refere que, pelo contrário, o seu pelouro, que já teve, entretanto, como vereador o arquitecto Ricardo Figueiredo, reprovou projectos que já tinham pedidos de informação prévia favoráveis anteriores a este mandato e nunca cedeu a tais pressões.
  «Impediram-se algumas aberrações urbanísticas», diz Paulo Morais, acrescentando que «enquanto Rui Rio for presidente e tutelar directa ou indirectamente a área do Urbanismo, não haverá vigarices».
  O autarca aponta como exemplo de projectos chumbados neste mandato o prédio Proeza, do BPI, que considera que seria um «autêntico mamarracho numa zona de vivendas», o projecto para a Quinta da China, da empresa Mota & Galiza, «que visava a construção de outros dois mamarrachos em cima do rio Douro, entre as pontes D. Luís e Freixo».
  Paulo Morais garante ainda ter recebido «pressões e cunhas de dezenas de pessoas, da forma mais ostensiva, inclusive a nível governamental» relativamente ao projecto de construção de um edifício no Parque da Cidade, da empresa Rodrigues Gomes."

De: Valério Filipe - "É só pressionar..." 

Em relação ao post de Teófilo M., que não consegue entender a abertura de um hotel no Bolhão:

É tudo uma questão de pressionar o vereador. Mas para que "as coisas andem", é necessário lá ter alguém permeável.

Valério Neto Filipe

De: Teófilo M. - "As propostas de Rui Rio" 

Não sendo arquitecto, gostaria de ver por aqui alguns comentários dos especialistas na questão, à propalada intenção de Rui Rio, segundo notícia de hoje no PJ, avançar com o concurso para a requalificação do Bolhão nos termos em que é dada a notícia.

O concurso, segundo explicou depois o presidente da câmara, Rui Rio, vai exigir a integração naquele espaço da vertente de comércio tradicional com novos espaços que podem ir desde um hotel a habitações ou galerias de arte, em função do interesse de investidores privados.

Como não estou a ver a actual estrutura do mercado, comportar um hotel, pois não deverá ser agradável acordar ao som das cargas e descargas próprias de um centro de venda de mercadorias, nem tampouco ao movimento resultante de tal vizinhança, também não vejo como enfiar ali habitações, a não ser que se tirem de lá os comerciantes!

Já agora, porque não uma casa de repouso ou um centro de saúde.

Eu não entendo, mas pode ser que alguém mo explique.

Cumprimentos
Teófilo M.

De: Valério Filipe - "As pressões sobre Paulo Morais" 

Ainda não li a entrevista à Visão, mas levanto esta questão, no seguimento do que diz TAF: "Diga-se também que o problema não é tanto haver pressões, mas sim ceder a elas. Se não foi o caso, então não há grande motivo de queixa."

Paulo Morais foi afastado por ceder a pressões, ou por não ceder?

Seja como for, com as informações que actualmente dispomos, é muito grave, porque:
  1. se cedeu, não há notícia (ou rumores) de investigação criminal;
  2. se não cedeu, Rui Rio afastou-o (ou aceitou que o afastassem) porquê?
Valério Neto Filipe

De: David Afonso - "Porto: cidade anti-turismo" 

0. Li no «Público» que este ano houve uma quebra muito forte no número de turistas que visitam a nossa cidade. Não os censuro. Passei uma tarde com um grupo de amigos que vieram conhecer o Porto e descobri porque motivo não voltam cá os turistas.

1. A caminho da Ribeira passei por um restaurante que ostentava duas placas: uma dizia «Welcome» e a outra «Encerrado para férias». Estamos em pleno centro histórico e pelas ruas passeiam-se ao sol alguns turistas. Vieram conhecer um país que não está para os aturar.

2. O calor exige uma bebida. Vamos a isso que ali, a meia dúzia de passos, existem muitas esplanadas viradas para o rio. 1.ª tentativa: o pessoal da esplanada parecia muito concentrado na extraordinária tarefa de alinhar milimetricamente mesas e cadeiras. Em transe, esquecem-se de atender os clientes. Mesa a mesa os turistas vão levantando vôo para outras paragens. Tomamos o mesmo rumo. 2.ª tentativa: serviço rápido, mas não há tremoços! São estranhos estes apetites de quem saboreia uma cerveja ao sol. Tremoços! Ele há cada uma! Ficamos, mas a despedida foi amarga: a conta foi excessiva e tivemos de perseguir o empregado para saldar a nossa dívida! 3.ª tentativa: estava mesmo muito calor e a conversa exigia o reconforto de uma mesa e sentámo-nos logo ali, onde fomos atendidos por uma septuagenária, de muletas e com os braços repletos de psoríase! Como é natural, esmorecemos.

3. Numa casa na Rua Cimo do Muro descobrimos uma varanda transformada em galinheiro. Nenhum de nós foi capaz de esconder a inveja com que ficou destas afortunadas galinhas: um galinheiro classificado pela UNESCO com vistas para o Rio Douro. Ah... até os ovos devem ter outro sabor!

4. O cheiro a esgoto que vinha de uma parte da margem do rio fez um aveirense sentir-se em casa.

5. Uma criança pr'aí com uns 5/6 anos passa a correr toda nua pela rua da Fonte Taurina fora. Muito típico!

6. A dado momento, tropeçamos em Paulo Morais a dar uma entrevista na Casa do Infante. Também muito típico! Cá fora o Volvo da vereação lá estava: mal estacionado e a incomodar os transeuntes. Aliás, a omnipresença do automóvel é uma constante. Os autarcas bem se podem gabar de terem controlado o acesso de viaturas à Ribeira, mas como são os primeiros a dar o mau exemplo, vai daí que os eleitores democraticamente exigem igualdade de direitos... Ouvi dizer que na Holanda e na Dinamarca é normal os autarcas e até governantes utilizarem os transportes públicos e andarem a pé nestas curtas deslocações. Mas o que sabem eles disso? São uns bárbaros. A nossa comitiva dá a sua anuência a este dislate e fica por ali admirar as poderosas linhas daquele magnífico Volvo.

7. A exposição permanente da Casa do Infante vale sempre a pena. Gosto de mostrar a maqueta da cidade aos meus amigos que não conhecem bem o Porto. Mas agora é a doer: 2€! É muito por tão pouco.

8. Inesperadamente um popular resolve lavar a varanda. Sem dizer «água vai» foi o bom e o bonito. Seja lá como for estava calor, não é? Sacudimos a cabeça e alguns de nós lembraram-se do tempo em que os moradores daquela zona atiravam sacos de água aos noctívagos mais persistentes. São hábitos.

9. O final da tarde traz algum vento. Sacos de plástico, papéis de gelados e outros lixos esvoaçantes iniciam a coreografia de todos os dias. Pelo meio garrafas de cerveja meio vazias, latas de Coca-Cola e cocó de cachorro. Porto: a Nápoles ibérica!

10. Os angariadores dos cruzeiros do Douro acima devem ter feito a sua formação na Tunísia: chatos!

11. Um grupo de turistas já suficientemente entrosado com os costumes indígenas deixa uma mesa repleta de restos de sandes, cascas de tremoços e amendoins. Nenhum empregado se preocupa em limpar a mesa. Também não é preciso: uma horda de pombos e gaivotas já está a tratar do assunto. É uma técnica que tem vindo a ser desenvolvida nos últimos tempos nesta cidade. Não é tão mau quanto parece. No Palácio de Cristal é pior: até pavões têm!

12. Um gang de adolescentes atira com uma garrafa de cerveja desde da Rua Cima do Muro até à Praça da Ribeira! Ninguém diz nada, ninguém faz nada. É normal. Ah! E ninguém se deu ao trabalho de limpar os perigosos cacos de vidro! Nenhum empregado de qualquer uma daquelas esplanadas se preocupou com o mau aspecto daquilo. Como estava fora da área de concessão, já passava a ser responsabilidade da Câmara.

13. Antes da retirada ainda uma surpresa final: somos simpaticamente avisados pelo empregado de que a esplanada fechava às... 20:00!

14. Por fim ainda tentei convencer os meus camaradas a virem conhecer a Foz, mas não consegui. Era tarde demais! Já tinham lido o último post do Pedro Aroso!

David Afonso
attalaia@gmail.com

De: TAF - "As «pressões ilegítimas»" 

Ouvi há pouco na Antena 1 referência a afirmações de Paulo Morais, que terá denunciado "pressões ilegítimas" sobre si próprio a respeito de projectos imobiliários na cidade. Hão-de aparecer detalhes na imprensa, mas tanto quanto percebi não foram referidos casos concretos. É pena. É nestas coisas que o Arq. Pulido Valente dá bom exemplo: com ele há sempre nomes e datas quando denuncia algo, não se fica pelo abstracto.

Cumprisse a autarquia os prazos obrigatórios para apreciação de projectos, e eu queria ver quantas pressões ilegítimas é que apareciam... Se houvesse uma resposta a tempo e horas de sim ou não, nos termos da lei, não havia margem para grandes pressões!

Diga-se também que o problema não é tanto haver pressões, mas sim ceder a elas. Se não foi o caso, então não há grande motivo de queixa.

2005/08/24

De: Teófilo M. - "Cada portuense..." 

"... gasta por dia 244 litros de água"

É este o título de uma notícia n'O Primeiro de Janeiro de hoje, que me deixou alarmado e a passar busca à casa para saber por onde é que a água que cá em casa gastamos se terá infiltrado, pois ainda um dia acordo a boiar!

Numas rápidas contas, concluí que ou os SMAS gostam de mim, e não me debitam a água que nós os quatro cá de casa gastamos, pois nos meses em que me pedem para pagar a água que gasto, ou então o Projecto Agenda XXI anda a precisar de calculadoras novas!

É que eu deveria ter uma conta relativa à utilização mensal de 21.960 litros de água, e apenas pago pela utilização de nove mil litros de dois em dois meses, por isso onde pararão os restantes trinta e quatro mil e tal litros? É que até hoje os meus vizinhos não se queixam do meu mau cheiro, e tenho uma pessoa que teimosamente - a idade não perdoa - continua a tomar banho de imersão, gastando mais água do que é normal num chuveirinho rápido.

Dá-me cá a impressão que é mais uma atoarda mandada ao ar, para portuense comer, ou então os estudos devem ter sido feitos em cima do joelho, ou apenas dividiram o total de água extraída nas captações pelo número de habitantes cá do burgo, pois só assim se explicará tal diferencial, sabendo nós que a maior parte se perde em fugas que não são arranjadas.

Mas adiante...

O TAF, no seu desabafo, estranha que o Blasfémias se enrede na discussão sobre a novela da lista do Rui Rio, mas infelizmente não é só ele, pois muitos mais há que o fazem, pois não lhes interessa discutir a cidade, mas apenas a politiquice que nela grassa.

O programa do Rui Rio para o Porto, conforme ele próprio asseverou e eu ouvi com estes ouvidos que a terra ou o incinerador há-de engolir, é o mesmo que apresentou em 2001, pois ele diz que um mandato só não chega para o aplicar!

Quanto ao Francisco Assis, anda com um discurso do tipo gelatinoso, varia conforme a inclinação do tabuleiro em que se encontra e em função da cor de quem o ouve. Também por vezes gosto da cor e da apresentação, e como gosto de gelatina (sou guloso), pode ser que ele me leve na conversa, mas para isso ainda vai ter de se esforçar muito, clarificar algumas ideias e abandonar alguns disparates de que já falou, senão acabo por ir cair noutro lado, nem que tenha de engolir algum sapo.

Não quero que o património do Comércio vá para Espanha, não por ser Espanha, mas porque prefiro que fique no meu (nosso) País, para o podermos ver e utilizar, mas se for para apodrecer ou perder, então que vá para quem o respeite, disso não tenho dúvidas.

Entretanto a telenovela do Bolhão continua, com a Câmara a não divulgar o relatório do LNEC, quer o inicial, quer o que pelos vistos já tem nas mãos, mais um episódio de uma história mal contada em que o Paulo Morais é interveniente.

O Rui Rio parece que está com medo de ir ao Bolhão, eu percebo porquê, mas para quem se afirma honesto e sem medo é um bocado confrangedor.

Cumprimentos
Teófilo M.

De: Valério Filipe - "Pólo Zero: do baú das memórias" 

Em 1999 comecei a trabalhar na área ligada à gestão de património imobiliário.

Nessa altura, ainda mantinha algumas ligações ao dirigismo académico, e fui contactado por alguns amigos, ligados à F.A.P., que procuravam um edifício para restaurar na Baixa.

O objectivo era colocar a funcionar, 24 horas por dia, um edifício de apoio aos estudantes universitários: teria um centro de cópias, uma zona de estudo, zona de acesso à Internet e uma zona de lazer (bar com pequenas refeições)...

A Câmara Municipal, na altura PS, iria dar um forte apoio ao projecto, uma vez que se considerava que a abertura de tal espaço daria "uma nova dinamização à Baixa, contribuindo, assim, para a sua revitalização" (maldito chavão).

Ainda fomos ver uns edifícios na Rua do Almada.

Lembro-me que esse projecto tinha um nome: Pólo Zero.

Valério Neto Filipe

2005/08/23

De: TAF - "RR, PM, CP e outras blasfémias" 

Deixem-me desabafar um pouco...
  1. Não consigo perceber qual o programa de Rui Rio para o Porto. Fui eu que estive desatento? Ele já o divulgou?
  2. Não consigo encontrar um plano coerente nas propostas que têm aparecido de Francisco Assis. Umas vezes parecem mal preparadas, outras vezes erradas, outras vezes despropositadas, outras vezes correctas mas desenquadradas. Não conheço as pessoas da equipa que propõe, mas o simples facto de haver renovação já é positivo.
  3. Não entendo como é que no Blasfémias o debate a propósito das autárquicas no Porto aparentemente se esgota na novela Rui Rio - Paulo Morais. Sinceramente: quero lá saber! Há coisas muito mais importantes. Algo de estrutural mudou em Rui Rio por causa deste episódio? Não será apenas mais um caso a juntar a tantos outros? Só agora é que afinal se descobrem divergências graves entre RR e PM? Durante este tempo todo não trabalharam em conjunto?...
  4. Numa região onde O Comércio do Porto era comprado diariamente apenas por 3 mil e tal pessoas, estamos agora preocupados com a eventual transferência do arquivo do jornal para Espanha (como parece ser a legítima vontade do seu dono). Soube-se hoje também, pelo Público, que uma parte desse património está algures num armazém em Rio Tinto, provavelmente a apodrecer, digo eu. Entre perder-se assim em Portugal ou ir para Espanha, que vá para Espanha.
Por estas e por outras é que somos pequeninos.

De: Teófilo M. - "Ainda o Bolhão" 

Hoje, n' O Primeiro de Janeiro fala-se no museu Etnográfico, face à possibilidade da cultura do Noroeste peninsular poder a vir ser considerada Património Oral e Imaterial da Humanidade.

Ficaremos todos de parabéns se tal acontecer, muito embora a Galiza dê muito mais ênfase ao seu património cultural, nomeadamente na área da música e das tradições do que nós.

Cumprimentos
Teófilo M.

De: Teófilo M. - "Revitalização da Baixa" 

Será impressão minha, ou está a acontecer à Rua 31 de Janeiro o mesmo que aconteceu à Rua das Flores e à Rua Mouzinho da Silveira?

Cumprimentos
Teófilo M.

De: TAF - "Google" 

A partir de hoje, e à experiência, A Baixa do Porto vai passar a ter anúncios do programa "Google AdSense". Se acharem muito incomodativo, por favor digam-me.

Uma vez que até agora apenas uma pessoa (a quem agradeço a confiança) concretizou a sua participação no desafio que lancei há tempos, tento assim obter receitas adicionais que compensem parte do tempo de trabalho que o blog me exige. Logo que tenha oportunidade irei também melhorar o design das páginas. Tem que ser passo a passo...

PS: Entretanto, alguns apontadores:
- "Pólo zero" para chamar estudantes à Baixa
- Francisco Assis garante Pólo 0
- Regresso adiado para os comerciantes do Bolhão
- Talhantes do Bolhão recusam adoptar posições de força
- Milhares esperam abertura da via rápida em Setembro
- Poluição luminosa
- Norte de Portugal e Galiza - reportagem no Janeiro

2005/08/22

De: Teófilo M. - "Do mal o menos" 

Caro José Varela,

no meio da tristeza que me acompanha pela falta de abertura do Museu de Etnologia, fiquei um pouco aliviado ao saber que algumas das suas colecções estão preservadas podendo ser vistas noutros locais da zona Norte.

Aflorou também um ponto importante, pois se este estivesse aberto, forçosamente iria requalificar pela positiva o espaço onde se insere, que apesar de ser um repositório da arquitectura do barroco do Porto, continua a ser deixada ao abandono, bastará olhar para o palacete dos Pachecos Pereira.

Sobre o Museu !!!! do Vinho do Porto, já por aqui escrevi sobre o disparate que aquilo é, e agora que se reclama por um Porto capital da Ciência, estranho será não se vislumbrar movimento que possa abrigar um museu da ciência, juntando no mesmo espaço espólio que se encontra distribuído por vários locais que são herméticos à generalidade do público.

Mas que fazer, se um dos candidatos quer fazer do Palácio do Freixo uma pousada e outro quer transformá-lo em residência oficial da CMP ou do Governo Civil?!

Nenhum se terá lembrado de o transformar em espaço museológico numa zona em que outros equipamentos do género já existem?

Será que não poderia albergar o tal Museu da Cidade, que o Rui Rio no início do mandato ainda aflorou, mas que rapidamente caíu no caixote das boas intenções?

A palavra aos candidatos e à população.

Cumprimentos
Teófilo M.

2005/08/21

De: José M. Varela - "O Museu de Etnologia..." 

"... do Porto, um exemplo de um crime cultural contra a Cidade do Porto"

Caro Teófilo M.

A questão do Museu de Etnologia do Porto é tristemente exemplar da forma como nas últimas duas décadas o desleixo e a incúria destruíram aquela que poderia ter sido uma instituição fundamental para a preservação da memória histórica e do património cultural não só da nossa cidade como de todo o distrito do Porto.

Este museu foi criado, sob o patrocínio da antiga Junta Distrital do Porto, devido ao labor de algumas personalidades notáveis da cultura portuense como o arqº Fernando Lanhas e D. Domingos Pinho Brandão, que conseguiram reunir um importante acervo de peças arqueológicas e etnográficas.
Com a extinção da Junta Distrital do Porto e os crescentes problemas com o edifíco de S. João Novo onde estava instalado, sem orçamento nem quadro de pessoal o encerramento do museu foi o desfecho quase obrigatório. Nas últimas duas décadas nem a Junta Metropolitana do Porto (oficialmente herdeira da antiga Junta Distrital, mas na prática totalmente inexistente e inoperante), nem sucessivos presidentes de Câmara, nem o Ministério da Cultura se interessaram em dotar o museu das condições mínimas de funcionamento e realizar as necessárias obras no Palácio de S. João Novo (notável peça da arquitectura barroca em deplorável estado de degradação). Com o tempo o seu acervo museológico foi sendo disperso por várias instituições (a colecção arqueológica foi para o Museu D. Diogo de Sousa em Braga, a colecção de cerâmica foi para o Museu de Olaria em Barcelos, etc) tornando a sua reconstituição uma operação, se não muito impossível, pelo menos muito difícil.

Ao longo deste tempo apenas, salvo erro, a então vereadora da CMP Ilda Figueiredo chamou a atenção para a necessidade de resolução desta situação mas foi recebida com a maior indiferença e desinteresse.

Ao mesmo tempo que se extinguia lentamente um museu com uma colecção notável e que devidamente modernizado poderia representar um interessante pólo de atracção turística numa área da cidade que se encontra abandonada e deprimida, eram inaugurados outras unidades museológicas praticamente sem colecção de peças para expôr. Refiro-me concretamente ao Museu do Vinho do Porto que praticamente não tem acervo museológico (i.e. Colecções de peças originais de época e de documentação para ser exposta ao público) uma vez que a documentação da época pombalina está destinada a um museu da construír na Régua e as outras peças pertencem às casas exportadoras que já as expõem nas suas caves. E poderia também citar o caso do Museu dos Transportes.

Penso que era fundamental recontituír e reabrir ao público o Museu de Etnologia do Distrito do Porto. Mas pelas razões acima expostas sou céptico quanto à sua viabilidade, particularmente na actual conjuntura. Sobretudo numa cidade em que duas instituições (por causas que importaria debater), como dois eucaliptos absorvem a quase totalidade dos financiamentos e, patrocínios e mecenatos deixando a quase totalidade das restantes instituições na mais completa indigência. Basta comparar os níveis de financiamento do Ministério da Cultura ao Museu Nacional Soares dos Reis e à Fundação de Serralves.

José Manuel Varela

De: Evaristo Oliveira - "Valha-nos S.Bartolomeu...meu!" 

Com a prosa que prá aí vai, com a falta de comparência de publicidade ao S.Bartolomeu no site da CMP, ainda somos levados a concluir que, o coeficiente de inteligência do senhor Presidente está acima da “parolagem”!

Não dá, é votos, (naquela zona vão todos pró outro Rui, o “subserviente”...) por isso a “mercearia”, não vê necessidade de gastar em palavreado.

Evaristo Oliveira

De: Teófilo M. - "Museu de Etnologia" 

Passando pelo 'site' do IPM, dei com a informação sobre este Museu, que visitei pela última vez nos idos de 70, pois muito embora se diga que fechou em 1991, as suas portas, na maior parte dos dias, encontravam-se cerradas ao visitante anónimo, com o pretexto que decorriam obras de beneficiação e que brevemente iria reabrir ao público.

Mas o que acontece é que nem se sabe se as obras decorrem, nem o IPM nos diz se pensa reabrir o museu, quer no sítio actual, quer noutro local.

Dada a exiguidade de museus na cidade, e sendo este um dos que maior é mais interessante património expunha para o conhecimento dos usos e costumes das gentes do Norte, pena é que continue encerrado sem que se vislumbre data para a sua reabertura, enquanto os poderes instituídos brincam à abertura de espaços a que pomposamente dão o nome de museus.

Será que nós por cá não temos direito a ter museus e só sabemos estragar os que já temos?
Não será esta uma das causas porque valerá a pena lutar?

Cumprimentos
Teófilo M.

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