2004/09/04

De: F. Rocha Antunes - "As melhores práticas..." 

"...na Recuperação da Baixa"

Meus caros,

O tema da extinção quer do CRUARB e quer agora da FDZH, organismos que desenvolveram trabalho continuado na reabilitação de áreas fundamentais da Cidade, levanta sempre a questão do que fazer do património de experiência que aí se desenvolveu.

Haveria uma clara vantagem, quer para os que defendem que esses organismos conseguiram realizar trabalho meritório, quer para os que acham que não foram experiências tão positivas como isso, em que essas experiências fossem partilháveis, para aprender com o que foi feito e evitar os erros desnecessários porque já conhecidos.

Contudo, as discussões sobre este assunto são invariavelmente enviezadas quer por alinhamentos políticos quer por solidariedades de classe ou de percurso. O que impede que se possa beneficiar do que se tenha aprendido com essas experiências.

Há um conceito que raramente é posto em prática e que determina o nível médio das intervenções em qualquer mercado, nomeadamente o imobiliário, e que é o conceito das melhores práticas.

Neste caso, entende-se que melhores práticas é o conjunto de regras que, em resultado do desenvolvimento de muitos projectos, emergem como as mais adequadas e equilibradas para se conseguir, com sucesso, criar produtos imobiliários consistentes.

Se existe um capital de experiência que é valioso, ele só tem valor para o futuro se for transformado num conjunto de melhores práticas que possa servir de base a novos agentes que queiram intervir qualificadamente na Baixa.

Aos profissionais que durante anos se empenharam nesses dois organismos cabe a responsabilidade de desenvolver esse trabalho.

À sociedade Porto Vivo - SRU, caberá criar mecanismos que permitam que essas melhores práticas sejam disponibilizadas a quem delas vier a precisar.

Assim talvez se saia do círculo da crítica e da contra-crítica e se possa dar um contributo importante para a Cidade.


Francisco Rocha Antunes
promotor imobiliário

2004/09/03

De: J. A. Rio Fernandes - "CRUARB" 

Admito que se critique a acção do CRUARB e se admita que se tenha gasto dinheiro a mais (embora preferisse que esse tipo de afirmações fosse minimamente fundamentadas).

Todavia

A quantidade e o tipo de intervenções são imensas e não podem ser subvalorizadas:

Tanto na recuperação como na construção de imóveis públicos e privados; na intervenção em espaço público; na articulação com a revitalização económica e a acção social,…

Os efeitos da acção continuada e o reconhecimento e confiança estabelecida entre população e técnicos são extremamente importantes para uma acção de longo prazo.

Pode discutir-se, mas aceita-se que se criem SRU’s; que se nomeiam gestores no lugar de arquitectos, engenheiros, geógrafos, sociólogos; que se acredite que é possível e desejável envolver investidores privados sem dar lugar a processos de gentrificação e adulteração, com “expulsão económica” dos residentes;

O que não pode aceitar-se é que se despreze completamente a experiência e o conhecimento acumulado pelo CRUARB, instituição internacionalmente reconhecida pelo seu trabalho extraordinário no pós-25 de Abril que permitiu a reconquista do Centro Histórico do Porto, de novo valorizado pelos portuenses (que chegaram a ponderar a demolição do Barredo…) e pelos inúmeros visitantes.

Relativamente aos últimos 2 anos, uma certeza: sem CRUARB, nada melhorou no Centro Histórico do Porto.

Relativamente ao passado, ficam perguntas. Será que sem CRUARB teria sido possível a classificação do CH como Património da Humanidade? Será que com o modelo SRU e muitos agentes privados associados, teríamos o CH tal como ele estava na data de extinção do CRUARB? Quais seriam as diferenças?

Relativamente ao futuro, esperanças: que tudo não fique na mesma durante mais dois anos, além de uma outra "flor" por investimento privado à margem do tecido mais decadente (um hotel nas Cardosas, uma galeria comercial não sei aonde,…) O Porto Antigo (o verdadeiramente antigo e desvalorizado) pode cair!

Rio Fernandes

2004/09/02

De: Cristina Santos - "CRUARB" 

Na verdade o Cruarb realizou obras de mérito no Centro Histórico da nossa Cidade, conta actualmente com 29 anos de intervenção, apresentou até 2000, um total de duzentas obras de reabilitação urbana, a sua intervenção estendeu-se desde edifícios, a mobiliário urbano, vias, praças e acessos.
Nessas obras incluem-se algumas obras de promoção particular como o Mc Donalds (Alexandre Burmester) na Avenida dos Aliados, esplanada do cais da Estiva, Ampliação do hospital de Sto António, Porto Carlton Hotel, Museu dos Transportes, Tribunal da Relação, Universidade Moderna, Teatro de Marionetas, e claro esta, obras de promoção municipal, rondando um total de 112 intervenções, de características de uma alta gama imobiliária.
(No ultimo caso as intervenções efectuadas criaram fogos que foram ocupados pelos residentes do Centro Histórico, «transplantados» de edifícios devolutos, que hoje se encontram emparedados como se verifica na Rua dos Plames, Rua Escura etc.)
Como se sabe esses residentes eram inquilinos directos da C.M.Porto, por isso foram realojados, no entanto as casas desocupadas devido a esse realojamento continuam devolutas, porque as rendas dos novos fogos são compatíveis com os rendimentos dos ocupantes, de tal forma que a manutenção das intervenções já efectuadas é quase impossível por falta de retorno, ou seja as características das intervenções na sua maioria são muito superiores em termos financeiros (e a curto prazo) daquilo que os ocupantes podem pagar ou poderão vir a pagar.
Verifica-se ainda que os espaços comerciais criados na zona não tem ocupação (por falta de ambiente comercial).

Repare-se que apesar da extensa intervenção muito mais haveria a fazer, mas já foram investidos milhões de Euros, e não existe para o município qualquer retorno, nem em termos turísticos, a falta de participação dos proprietários particulares daquela zona inviabilizou a consolidação de frentes urbanas, apreciáveis por quem visita o Centro Historico.
Podemos ainda considerar que se previamente tivessem calculado o tipo de intervenção imobiliária, de acordo com as rendas futuras teria sido possível intervir muito mais e servir igualmente em condições favoráveis os ocupantes, sendo assim o retorno viabilizado.
Pergunta-se porque investir em grande arquitectura, excelentes acabamentos, fogos luxuosos, (como os que já visitei), com infra-estruturas esplêndidas, se se destinam a uma classe média baixa, obviamente a longo prazo é aceitável este tipo de investimento, porém investir apenas em dois edifícios tornando-os luxuosos e depois aguardar 10 anos para investir nos outros dois edifícios germinados, não sei até que ponto é um investimento «Bom» visto em termos de fundos e financiamentos municipais.

Actualmente o Cruarb só tem aplicação caso a sua intervenção visa-se os edifícios particulares. Daí que considero que a experiência de Arquitectos como Losa, Moura, Furtado Mendonça e a restante equipa, deveria ser reenquadrada na SRU, tenho como certo que estes excelentes profissionais tem à data conhecimentos que facilitariam o processo de reabilitação já pensado, contudo devem ter em conta que o mercado particular tem outras condicionantes, mas atrevo-me a considerar que os investimentos efectuados na ultima década pelo Cruarb encontram melhor cabimento no investimento particular, de que no Municipal.
As verbas dispendidas pelo Cruarb na reabilitação do Centro Histórico, repito-me criando fogos de luxo, só apreciáveis pelos ocupantes, permitiriam a reabilitação de todos os Bairros Sociais da nossa Cidade, estou ainda convencida que ainda restaria verba para intervir nos espaços verdes.
Termino argumentado que o excelente trabalho do Cruarb, teria uma prémio de Mérito numa Cidade muito rica, o Cruarb mostrou-nos o futuro da reabilitação PROFUNDA, mas na verdade devemos gerir-nos com os meios de que dispomos, ou então colocar as cartas na mesa e saber optar entre intervenções.

Cristina Santos

De: TAF - "Recortes de Imprensa" 

N'O Comércio do Porto:
- S. Nicolau: Padre Jardim acusa Câmara do Porto de deitar o centro histórico "às urtigas"
- Data de encerramento da Casa Forte decidida até ao final da semana

N'O Primeiro de Janeiro:
- Campanhã: Património artístico em perigo

No Jornal de Notícias:
- Todos contra fim da fundação
- Terreiro da Sé

2004/09/01

De: J. A. Rio Fernandes - "FDZH" 

Então depois do CRUARB, acabará a Fundação para o Desenvolvimento do Centro Histórico?

Muito bem! Extinguir é fácil e depois do CRUARB, faltava a FDZH para marcar de fim de regime.

E entretanto, estas instituições, que atravessaram vários governos e muitas presidências de câmarasão substituídas na sua acção – cujo mérito ninguém discute – por quê e por quem?

Ninguém… como diria o romeiro!

Porque, no entretanto, diz-se aguardar a alteração da lei das rendas para que a acção da SRU possa passar de um mero gabinete de acompanhamento ao investimento (em hotéis e similares)… E estamos a falar da SRU há mais de 2 anos!

De resto, a ideia que a prioridade no Porto inclui a Baixa e que o território é o mesmo, é um perfeito disparate que não se esperava ver cometido por quem conhece bem o Porto (o Vereador Ricardo Figueiredo).

E que secundariza e desvaloriza o centro histórico - o que fica dentro de muralhas, o que está classificado pela UNESCO (ainda), aquele onde verdadeiramente mora gente (ainda), aquele onde, de facto, os prédios caem (aconselha-se visita à Pena Ventosa, à Rua Escura, à Bataria da Vitória, ou…),

Soma-se ao adiamento do problema arquitectónico, o desespero no apoio social (ou melhor dito, falta dele), agora que a infeliz intervenção redutora no rendimento mínimo garantido se soma no Porto a acção do Vereador Paulo Morais, a cuja não precisa comentários, já que a sua sanha na “extinção” dos arrumadores (e gritante falta de coerência pela não demissão) a muito especial “sensibilidade social” para o problema do S. João de Deus, a muito adiada inauguração das novas casas junto ao Lagarteiro, e a completa estagnação na construção de habitação social (compare-se o nº de fogos que ele mandou construir com períodos anteriores), falam por si e não carecem de comentário.

José Alberto Rio Fernandes

De: TAF - "Mais Porto nos jornais" 

O Palácio da Bolsa e a sua história n'O Comércio do Porto:
- Palácio da Bolsa recebe 150 mil visitantes por ano
- Uma especialista brasileira à frente do restauro permanente do edifício

No Público - Passos Manuel e Batalha:
- Cinema Passos Manuel Reabre em Outubro
e também uma "obra engalinhada" na Ribeira:
- Mercado da Ribeira Continua Fechado

De: TAF - "Zona Histórica" 

Finalmente uma decisão:
- Fundação da Zona Histórica extinta até ao final do ano.
- Câmara e Ministério estão a avaliar os serviços sociais.

O pior de tudo era a indefinição, agora pelo menos sabe-se com o que se conta.
Sem conhecer em pormenor a questão, inclino-me para considerar positiva esta decisão. A SRU e outras entidades possuiam competências aparentemente sobrepostas às desta Fundação. Quanto menos estruturas, melhor. Basta ver que Câmara+SRU+Fundação era claramente complicado demais.

É importante agora que não se perca o que de bom foi feito, dando-lhe continuidade, e também que não se repitam erros cometidos anteriormente. Estamos aqui para colaborar e vigiar ;-)

2004/08/31

De: TAF - "Casa Forte" 

No Jornal de Notícias:
- "Liquidação excepcional" para fechar a Casa Forte
- Habitação e comércio de luxo com parque subterrâneo

Isto tanto pode ser bom sinal como mau, depende da maneira como for gerida a recuperação da área e das regras que este projecto for obrigado a cumprir.

Torna-se cada vez mais urgente que a SRU inicie uma efectiva cooperação com os portuenses na recuperação da sua cidade. Até agora só se tem ouvido falar de estudos, mas não se conhecem os resultados. E noticiam-se projectos sem se conhecer o respectivo enquadramento. Mas Setembro está quase a chegar, esperam-se novidades em breve!

2004/08/30

De: TAF - "Mais um ano..." 

No site da CMP:
Conselho de Ministros prorroga por um ano prazo de vigência de medidas preventivas do PDM

De: TAF - "Apontadores" 

- Segundo o Blasfémias, o Ateneu fez ontem 135 anos. Mais informação no JN.

- Em Bonjóia (não conhecia o site) existe informação sobre os "Serões de Bonjóia" e sobre a hospedagem de estudantes na residência de pessoas idosas na Baixa - é o Programa Aconchego.

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