2005/07/16

De: TAF - "Gente a mexer-se" 

- BBC Action Network
"Change the world around you:
* Start small: share concerns online
* Grow roots: find people near you
* Branch out: make a difference in your neighbourhood"

- British Urban Regeneration Association - talvez valha a pena explorar

- William McDonough + Partners - Architecture and Community Design - "Mr McDonough's ideas for the Next City are about to be played out in China where his company has been charged with building seven entirely new cities. His book has been adopted as government policy in China, which needs to house 400 million more people in the next 12 years."


- Socialistas prometem bom relacionamento com instituições da cidade - "O constitucionalista [Pedro Bacelar de Vasconcelos] comprometeu-se a dar lugar ao debate de ideias e tornar a assembleia num local afável, “com horário que não faça concorrência aos bares de alterne da cidade”. E deixou críticas para o actual presidente da autarquia" - Quanto ao horário da Assembleia Municipal, não posso estar mais de acordo. E teve piada. :-) Quanto às críticas a Rui Rio, fico com a impressão de que cada crítica a um candidato é mais um voto para o adversário... Uma alternativa tem que se procurar pela positiva.

- Inovação tecnológica possível no Porto - "O socialista comprometeu-se também em recuperar o projecto do Media Parque, actualmente a ser construído no concelho vizinho de Gaia. Assis tem espaço para esta iniciativa em Massarelos (...)" - Não é boa política competir com iniciativas que já estão a avançar em concelhos vizinhos. O Porto tem que apostar na complementaridade e não na inveja. Além disso, um Media Parque faz muitíssimo mais sentido junto à RTP do que em Massarelos! Isto parece uma iniciativa avulsa, mal pensada, e anunciada apenas para tentar inverter sondagens desfavoráveis. O mesmo se pode dizer do parque tecnológico em Campanhã (e/ou Ramalde?). Já foi proposto um pela SRU para a Baixa, há mais um previsto pela Universidade do Porto para a Asprela. Agora mais este. Além dos que estão (ou querem vir a estar) nos concelhos vizinhos. Não é por aí...

- Assis: "Não nos deixaremos abalar por um qualquer incidente"
- Assis apresenta Pedro Bacelar e Bruno Carvalho como trunfos

O PS anda às voltas sem acertar com um programa e uma equipa; no PSD também não se vê uma equipa de jeito e Rui Rio diz coisas destas totalmente inaceitáveis, no pior estilo "eu é que sei o que é bom para a cidade, o povo sabe lá o que é importante" dos últimos tempos de Fernando Gomes...
O cenário não é nada agradável! :-(

Vejam-se, ao que parece, mais umas asneiras da Câmara:
- Câmara admite ter feito um bar sem condições
- Despejos ilegais no S. João de Deus
- Anulados despejos no S. João de Deus
- Tribunal anula dois despejos camarários no "S. João de Deus"

- Passeios e ruas do Porto parecem uma manta de retalhos
- "Trocámos a nossa proximidade regional pela besta que é Lisboa" - Azeredo Lopes

De: Teófilo M. - "Andar a pé" 

Li, com bastante interesse o artigo de Ana Trocado Marques, cujo título me surpreendeu um pouco, pois sempre pensei que os portuenses fossem mais amigos do 'pedestrianismo', até porque, nos meus verdes anos, calcorreava o percurso entre a Batalha e o Liceu Alexandre Herculano duas a quatro vezes ao dia, para além de outras voltinhas.

Ora, atendendo que uma simples ida se fica por cerca de quilómetro e meio, os seiscentos metros do estudo, pelo menos no que me toca, são um pouco exagerados!

E para os restantes?

Ora vejamos, uma simples voltinha que se inicie na Praça da Batalha, e percorra Santa Catarina até à Rua Formosa, enverede por essa rua até Sá da Bandeira, e inicie a descida para 31 de Janeiro, e subindo voltar ao ponto inicial, andou uns lindos 1.400 metros; e isto sem contar com as entradas e saídas nas diferentes lojas que irá visitar no caso de andar à compras.

Mas, explorando outra vertente, não estou a ver os portuenses tão comodistas que, fiquem largos minutos à espera de um autocarro, para darem uma saltada da Rua José Falcão ao Bolhão; da Praça da República ao cruzamento de Santa Catarina com Gonçalo Cristovão; da Rua do Campo Alegre - em frente à Junta - até ao Palácio de Cristal; do Mercado do Bom Sucesso até ao Museu do Carro Eléctrico em Massarelos ou da Praça do Marquês à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra.

E porque não falar nos passeios de lazer, junto ao Atlântico, ou à Foz do Douro, dos Guindais ao Muro dos Bacalhoeiros, do Viriato ao cais das Pedras, uma volta ao Parque da Cidade, penetrar no miolo da Sé ou Miragaia, dar uma saltada a Serralves e veremos que esses tais seicentos metros afinal são um pouco curtos.

Claro que a média poderá até estar certa, mas é indicativa de quê? Que os portuenses não gostam de andar a pé, ou que a cidade é mal servida por transportes? Que é a preguiça que dita a utilização dos mesmos, ou serão as diferenças de nível nos percursos - será sempre mais fácil apanhar transporte para subir os Clérigos do que para descê-los, não é verdade - que nos impelem para a utilização de meios motorizados para certas deslocações?

O que é mais grave na notícia é a taxa de ocupação dos veículos, a falta de articulação dos meios de transporte e o que não aparece nela, que é a grande inadequação dos equipamentos de transporte à cidade que deviam servir!

Como é que vamos meter os enormes autocarros que os STCP não se cansam de adquirir, para circularem em ruas como as de Cimo de Vila, das Taipas, do Godim, de S. João da Foz e tantas outras que me abstenho de referir? É que há zonas onde o transporte mais próximo obriga a deslocações penosas para quem já não tem idade para grandes caminhadas.

Por outro lado, não se fala no transporte por via fluvial/marítima, nem tampouco se faz uma abordagem séria aos convenientes/inconvenientes da famosa 'Linha Laranja' e aos seus custos/necessidades, pelos vistos não faz parte das preocupações dos candidatos à cadeira do poder, e um pelo menos, já entrou na demagogia dos desafios sem pés nem cabeça ao 1º ministro sobre a viabilização de um projecto que irá destruir outro que ainda agora acabou de começar e que dá pelo nome de GP Histórico do Porto!

Se não estivessemos na pré-época eleiçoeira dava para sorrir.

Cumprimentos
Teófilo M.

De: TAF - "Apontadores de ontem e de hoje" 

- "Se houvesse mais Pulidos Valente, não havia tantos erros urbanísticos"
- José Pulido Valente lançou livro «A remar contra a maré» - «O presidente da autarquia foi ainda confrontado com a sugestão de Tiago Azevedo Fernandes de tornar público todos os estudos e projectos de arquitectura que existem na cidade, para da transparência surgir o consenso, mas a ideia não foi totalmente aceite por Rio. “Se a sugestão fosse feita há quatro anos diria imediatamente que sim, hoje não digo que não, mas é preciso ponderar”, comentou por considerar que o acesso facilitado à informação poderia conduzir a “muitas leituras desastrosas e maldosas” - Vale a pena comentar?

- Porto Vivo recupera prédio com seis casas para jovens
- Mais cinco prédios da SRU receberão obras no Verão
- Portuenses avessos a andar a pé enchem o centro da cidade de carros
- Obras nos Aliados chegam a Bruxelas

- Rio desafia Governo a não decidir linha da Boavista antes das eleições
- Rui Rio desafia Sócrates
- Rio pede a Sócrates para adiar decisão da linha da Boavista
- Assis quer Parque Oriental com complexo tecnológico
- Assis defende nova centralidade em Campanhã com núcleo tecnológico
- Pacto de Regime para a habitação
- Rui Sá propõe pacto de regime para resolver problemas da habitação
- Assis afasta tensão dentro do PS

- Paulo Espinha, João Coelho, David Afonso e Alexandre Burmester no Comércio

2005/07/15

De: Carlos Gilbert - "Rui Rio na apresentação..." 

"... do livro do arqtº Pulido Valente"

O Dr. Rui Rio esteve presente na apresentação na FNAC? Espantoso, como diz o Alexandre Burmester mais atrás, mas já agora uma pergunta: o que disse? Sim, o que disse ao teor do livro deste nosso confrade de blogue, às suas críticas e à perseguição de que é alvo (vidé processo que lhe foi instaurado)? É que se bem que seja altamente louvável a sua presença nessa cerimónia, a mesma reveste-se de um simbolismo político inultrapassável! É como quem diz: "Arquitecto, estou do seu lado quanto ao que diz e quanto ao que acusa". Se assim for, dizer que é coragem política é "understatement"...

Já agora, para quem se interessar pelo tema do GP do Porto, no circuito da Boavista, Rui Rio enviou há dias um dos seus adjuntos mais directos, o engº Monteiro, a uma "tertúlia" em que livremente se debateu com este técnico superior da CMP os mais variados aspectos ligados à prova. Digo isto só porque me pergunto se há uma inflexão (notável) na abordagem das opiniões diversas por parte do nosso Presidente da Câmara. O que é que está a mudar? Se for para durar, Senhor Presidente, conte connosco! Somos críticos, é certo, mas já deve saber de sobra que é só com um objectivo: pela dignificação da nossa cidade, o Porto!

Cumprimentos,
Carlos Gilbert

De: TAF - "JPV II" 

Isto foi mais ou menos o que eu disse ontem na FNAC.

"O que venho hoje apresentar é um livro de guerra, obra de alguém que escolheu como armas a escrita, o rigor técnico e o cumprimento da Lei para defender a Arquitectura.

O Arq. Pulido Valente decidiu há muitos anos levar a sério aquilo que pensava e sentia – e aceitar completamente as consequências dessa decisão, com enormes prejuízos pessoais e profissionais. Aliás, não sei se terá sido propriamente uma decisão, ou apenas uma consequência do feitio que ele tem… Há gente que não se deixa diluir no meio em que é obrigada a viver. Ainda bem.

Este livro é uma compilação de crónicas publicadas n’O Primeiro de Janeiro entre 2002 e 2004, com alguma revisão e alguns aditamentos. JPV fala sobre:
JPV não fala em abstracto nem faz insinuações. Apresenta casos reais muito concretos, justificados do ponto de vista técnico e jurídico, com nomes das pessoas envolvidas, datas e documentos de suporte.

Isto é uma luta muito solitária, em duas frentes:
  1. na insistência em que se cumpra a Lei;
  2. na procura de soluções arquitectónicas que escapem à mediocridade dos "caixotes".
É uma luta solitária:
Outra das razões por que a luta é solitária é que funcionam muito mal os mecanismos criados pelo Estado para participação cívica dos cidadãos.
Um exemplo: o PDM do Porto. Esteve por 3 vezes em discussão pública e pouco adiantou (houve contudo algumas honrosas excepções, como a introdução dos mecanismos de perequação sugeridos pelo Francisco Rocha Antunes).
Por que é que pouco adiantou?
Por tudo isto, como JPV escreveu, o arquitecto não tem liberdade:

Nem tudo é mau.
Ultimamente a luta de JPV tem sido menos solitária.

Os debates públicos, bons ou maus, (PDM, SRU, Metro, …) e os blogs que foram aparecendo, como A Baixa do Porto, foram permitindo perceber que há muita gente insatisfeita e com vontade de agir. E com competência para o fazer. É que a gestão da coisa pública, como escreveu FRA no prefácio, tem sido um desastre.

Foi-se percebendo que, mesmo quando não estamos de acordo em tudo, a soma dos esforços de cada um de nós irá permitir melhorar a situação.

JPV fez muito mais do que apenas queixar-se e justificar as suas queixas.
JPV propõe soluções:
Devo sublinhar este último ponto.
É preciso tornar públicos todos os estudos, despachos, pareceres, contratos, etc., que envolvam entidades públicas. Na Internet, para que todos possam consultar com facilidade. Da Câmara, do IPPAR, de todas as entidades que interferem nos processos de decisão. Tudo o que não seja confidencial por qualquer razão muito especial e excepcional deve ser colocado online.

Os decisores não podem ser especialistas em tudo nem têm tempo para tratar de tudo. Por isso, para se protegerem da sua própria ignorância e da má-fé ou incompetência dos seus próprios serviços devem tornar pública toda a informação que a autarquia possuir.

Só a exposição pública destes dados, permitindo uma vigilância e participação eficazes por parte da população, permitirá um efectivo controlo da máquina ineficiente que são impotentes para dominar sozinhos.

Não se trata de procurar consensos à força e ficar paralisado porque eles são impossíveis. Trata-se de ouvir todos os argumentos e depois decidir.

Só a auscultação sistemática de opiniões alheias, e muitas vezes discordantes, permitirá obter uma governação de qualidade. Isto ainda não foi completamente percebido pelos nossos governantes. Disfarçam pior ou melhor na altura das eleições, mas depois volta tudo ao mesmo. Dizem que “já houve muito tempo de debate público”, que “na altura ninguém disse nada e só agora é que protestam”, etc., etc. E nem sequer pensam na substância das críticas que são feitas. Quando muito agradecem e passam à frente.

O Arq. Pulido Valente luta contra isto. E de forma cada vez menos solitária. E cada vez com melhores resultados. Obrigado pelo exemplo que tem dado."

De: TAF - "JPV" 

Ontem, apresentação do livro do Arq. Pulido Valente na FNAC, foi lida uma mensagem da Dra. Maria José Morgado. Aqui fica ela.

Mensagem ao arquitecto Pulido Valente
Por ocasião do lançamento do seu livro

O arquitecto Pulido Valente teve a amabilidade de me convidar para o lançamento do seu livro, o que muito lhe agradeço. Não me sendo possível estar presente, permita-me enviar-lhe esta pequena mensagem.

Muitos podem pensar que a arquitectura é neutra. Outros fingir que acreditam nessa neutralidade enganadora. Outros nem se darão ao trabalho de fingir, que os tempos admitem já um certo descaramento. Ficamos todos a perder.

Penso que o arquitecto Pulido Valente faz parte daquela minoria que não só se recusa a fingir, como também está disposta a correr o risco da denúncia pública. Ficamos todos a ganhar.

Na verdade, pela concepção e execução dos projectos de arquitectura passam muitos interesses políticos, empresariais e económicos conflituantes, e é posta à prova a ética dos profissionais, até certos valores da vida em democracia.

Porque não podemos viver em cidades destruídas pela ganância de certos empreiteiros e políticos, nem aceitar a destruição do ambiente pelo betão, nem substituir as regras da boa fé pelos tráficos de influências.

É também por essa razão que a denúncia dos profissionais competentes e honestos constitui condição de consolidação da nossa democracia.

A prossecução do interesse público, e o respeito pelos princípios da boa fé, também não será indiferente a uma arquitectura moderna. Não devemos assustar-nos com as pressões desencadeadas contra aqueles que demonstram mais apego aos princípios. Não sei se alguém se lembra do filme de King Vidor - “Vontade Indómita”, exactamente sobre este tema.

Daí o meu respeito pelo trabalho do arquitecto Pulido Valente. Na impossibilidade de estar presente, envio-lhe os meus cumprimentos e felicitações. Obrigada por tudo.

Lisboa, 8.07.05
Maria José Morgado

De: Paulo Espinha - "Ainda o Metro nos Aliados" 

Não me foi possível estar presente na Fundação Eng.António de Almeida e portanto não sei se a questão que vou expor foi debatida.

A estação dos Aliados devia ter sido feita? Já tinhamos a Trindade e S.Bento. Para quê os Aliados?
Em termos de economia de transportes é um desastre!! A distância entre aquelas duas estações estava equilibrada. A aceleração e travagem dos veículos tem custos que se adequam a uma distância óptima entre paragens.
Os utentes ficavam lesados? Não me parece!!!
Em termos de gastos - investimento e impacte de obra na vida de todos nós, foi e está a ser o que se sabe!!!
Por cima de tudo isso, não há político que não goste de deixar uma praça nova, quase que a pedir que lhe deêm o seu nome. Os técnicos aproveitam-se sempre da debilidade dos políiticos. Estes acham que mandam...
Para cúmulo, a estação de S.Bento não tem acesso directo à Gare da CP!!!
Alguém está a brincar...
Os políticos, os técnicos ou os técnico-políticos????

Paulo Espinha

De: João F Coelho - "As ilegalidades nos SMAS" 

Segundo o Comércio do Porto foi arquivada a queixa por ilegalidades nos SMAS.

Este assunto não mereceu grande importância aqui n'A Baixa mas como o Sr. António Moreira se referiu a ele mais do que uma vez, e sempre no sentido de realçar o comportamento exemplar de quem fez as denúncias, seria bom ficar aqui o registo que, afinal, foram as declarações prestadas num segundo depoimento do próprio ex-administrador da empresa que terão estado na origem do arquivamento do processo.

Comportamento exemplar, Sr. António Moreira?

Cumprimentos.
João F Coelho

De: Alexandre Burmester - "Direitas/Esquerdas?" 

Ontem à noite estive na apresentação do livro do Arqto. Pulido Valente na Fnac.

O Pulido é conhecido pela sua postura crítica e pertinente aos processos camarários, e pela sua constante luta corajosa e só contra os poderes instituídos e contra o sistema. Facilmente caracterizado como "Profissional do contra", a verdade é que é ele o bastião da luta da moralização do sistema, da acusação corajosa de nomes e factos contra a corrupção e contra a burocratização.

O livro que apresentou é um historial de situações ocorridas, cujos factos falam por si.

Mas a questão que tornou insólita e única na apresentação deste livro, prendeu-se com os seguintes factos:
  1. Sendo o Pulido um homem de esquerda, tem o livro o prefácio do Francisco Rocha Antunes, um homem de direita que o elogia e lhe dá inteira cobertura;
  2. A apresentação do seu livro foi feita pelo Engº Tiago Azevedo Fernandes, que para além de apontar muitas das feridas do sistema, acabou a citar-lhe a Bíblia;
  3. E para o espanto geral, tratando-se o livro de um rol de acusações contra a Câmara do Porto, esteve a seu lado o Presidente Rui Rio, assim como o Vice-Presidente e Vereador do Urbanismo Paulo Morais, que corajosa e politicamente deram a cara.
Parece aqui que algo óbvio sobressai, e que está realmente a mudar na forma de ser cidadão e na forma de estar e de fazer política. O que poderá juntar tanta gente de lados tão opostos numa questão totalmente controversa e conflituosa?

A esta questão facilmente encontramos uma resposta, o sistema como está tem necessariamente e rapidamente que mudar. Como está não funciona, não contribui para o desenvolvimento da cidade, não agrada nem a governantes nem a governados. Apenas não serve.

Precisamos de um pacto urbano, que nos permita a todos parar para pensar, propor e criar condições de alteração. E precisamos de o fazer com urgência. Esqueçamos os partidos e as diferenças, e façamos um debate aberto e franco sobre o sistema.

Há uns dias alguém aqui, escreveu que o Porto sucumbe a Lisboa. Infelizmente discordo, porque o Porto não sucumbe a Lisboa, neste momento o Porto sucumbe a Gaia, Matosinhos, Maia e Gondomar, etc.... O Porto ao vir a transformar-se na segunda/terceira cidade do País, perdendo influência, não é substituído por outra cidade. Infelizmente para o equilíbrio de poderes, toda a região está a perder no todo.

É urgente tomar uma posição

Alexandre Burmester

2005/07/14

De: Pedro Aroso - "Criar uma empresa numa hora" 

Eu sei que este assunto não tem nada a ver com a nossa cidade, mas não resisto a trazer para este blog a grande "novidade" anunciada pelo Governo socialista: refiro-me à modalidade, que permite que "a partir de hoje já é possível criar uma empresa numa hora". Será que o Eng. Sócrates pensa que os portugueses são todos um bando de imbecis e acreditam em mais esta promessa?

A nossa passividade é, em grande parte, fruto da (des)educação com que somos bombardeados todos os dias na televisão. Dou um exemplo: já viram o anúncio daquele senhor que passa o dia, no escritório, a olhar para o relógio, ansioso que cheguem as 19h para poder ir para casa fazer chamadas mais baratas através da Portugal Telecom? Será que ninguém fica incomodado com um anúncio destes?
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Nota de TAF: O empreendedorismo tem interesse para a cidade, claro. Também sobre este assunto - "Empresas instantâneas..."

De: Valério Filipe - "Ainda sobre a lei das rendas" 

Já havia feito o download da proposta de alteração ao Regime de Arrendamento Urbano, aprovado pelo actual Executivo, mas, tendo em atenção as 115 páginas, e o facto de a apresentada pelo PSD ter sido totalmente desvirtuada aquando da sua discussão na Assembleia da República, resolvi não perder muito tempo a esmiúça-la.

No entanto, o post da Ex.ma Senhora Cristina Santos alertou-me para essa situação, sem pés nem cabeça, da possibilidade o Inquilino "comprar o prédio pelo valor da avaliação feita nos termos do Código do IMI" (sic).

Esta possibilidade esbarra nalguns problemas práticos, nomeadamente quando não existir propriedade horizontal, ou seja, na maioria dos prédios degradados, e vários Inquilinos pretendam comprar o prédio. Neste caso, como a Proposta nada diz, suponho que se farão licitações.

Se no caso de apenas um dos Inquilinos estar interessado em comprar, e o fizer, suponho que terá de começar as obras no espaço de três meses, sob pena do vizinho do lado, que é agora seu Inquilino, lhe comprar o prédio "pelo valor da avaliação feita nos termos do Código do IMI".

Estas situações seriam caricatas, se não fosse esta alínea (na minha modesta opinião) inconstitucional por violar de forma flagrante o direito à propriedade.

Quanto à possibilidade de os proprietários poderem preferir no caso de cessão de quotas de sociedades que são suas inquilinas, esta é, no mínimo, rísivel, e penso que no texto final não será contemplada, nem tanto pelos problemas jurídicos que levanta, mas exactamente por ser, como disse, ridícula.

Mas, como disse no início, não percamos muito tempo a estudar esta proposta, uma vez que acredito que os lóbis (quer dos inquilinos, quer dos proprietários), e as dúvidas sobre a constitucionalidade de diversas normas, trarão grandes alterações.

Valério Neto Filipe
vnfilipe@sapo.pt

De: TAF - "Logo à noite, FNAC do NorteShopping" 

... Hoje às 21:30 - Pulido Valente apresenta crónicas de OPJ em livro (este artigo é de ontem)

- Os posts a propósito de S. Lázaro no Comércio
- Actos de empresas passam a ser publicados na Internet - Faz todo o sentido.

De: Teófilo M. - "Falar da cidade" 

Li com agrado os comentários do Nuno Cruz, onde foram abordadas algumas ideias sobre a cidade que tanto amamos.

Espero que o Frigorífico do Peixe não venha a ter o mesmo destino que o Armazém de Bacalhau, mas com o presidente que temos nada disso me espantará, pois já estou habituado a ver em que resulta o seu amor por esta cidade, conforme o declarava na sua campanha, prometendo fazê-la renascer das cinzas deixadas pelos seus anteriores edis, de maneira a que esta viesse a parecer-se com a belíssima Viena de Áustria!!!

A obra prometida aí está. Agora que chegamos ao fim do mandato é olhar para ela. Difícil, é vê-la...

O Palácio do Freixo continua a degradar-se, e quer as escolhas do actual presidente (Pousada de Portugal), quer as do PS (alojamento para o Governo Civil), muito embora permitam a sua recuperação, não fazem com que esse equipamento venha a ser fruído pela população, mas apenas a destinar-se a um pequeno grupo de priveligiados, em ambos os casos.

Fazer dessa obra de arte um espaço cultural é que não passa pela cabeça dos políticos, talvez porque a cultura e política, nos últimos tempos, sejam poções que não se misturam muito bem.

E por falar em cultura, basta ver um dos marcos de que este presidente se orgulha - o de ter criado um museu dedicado ao Vinho do Porto!

Se, dado o espaço disponível, era fácil verificar que aquilo poderia alcandorar-se à categoria de museu, depois da obra concluída, visitá-lo, fez-me ver como alguns cozinheiros conseguem fazer de uma excelente posta de carne mirandesa apenas um tição fumegante.

Trata-se apenas de um piso térreo, com uma separação artificial que o desdobra em duas áreas e que, quando o visitei recentemente, para além de cinco simpáticas meninas que me informaram de que nada tinham para vender respeitante ao vinho do Porto, propriamente dito - nem sequer um copo de prova do Siza - pois isso podia fazê-lo nas caves, em Gaia, me informaram que, de vez em quando, passam por lá uns turistas e fazem-se umas palestras na 'outra sala', que na altura estava atafulhada de caixas de papelão, as escolas trazem uns miúdos e o resto estava à vista.

Terminais luxuosos com informação das moradas das caves do vinho do Porto, e parcimoniosa informação quanto ao vinho, acessíveis a invisuais mas sem som (!), uns sofás para descanso (!), uma mesinha baixa com material didáctico para crianças, umas (muitas) pipas e pipos a servir de separador entre percursos, duas vitrinas com dois manequins com trajes do sec. XVIII, alguns exemplares de garrafas antigas, antigos livros de registo dos produtores vinhateiros e instrumentos (poucos) utilizados nos séculos anteriores, miniaturas de barcos rabelos e de outros que nada tiveram a ver com o vinho do Porto (o que não lhes retira o interesse, mas que não têm nada a ver com o espaço) e ainda uma vitrina dedicada a mostrar algumas peças de arqueologia encontradas em diversas escavações na cidade e seus arredores, mas que estão ali apenas para encher espaço e nada mais.

Para a miudagem deve ser um espaço interessante, para quem quer saber o que é e como nasceu o vinho do Porto, é pouco mais do que uma anedota. Uma visita a uma das caves do outro lado do rio, deixará qualquer um melhor informado e com o palato mais aveludado pelas provas que sempre se seguem.

Este é apenas um triste exemplo dos desperdícios de dinheiros públicos em obras que morrem à nascença dada a miopia dos seus criadores.

Quanto à capital da ciência, ainda estou à espera de ver no que dá, pois logo no início do mandato do actual presidente questionei-o sobre a hipótese de construção de um aquário no Porto, para substituir o velhinho que foi retirado da circulação há uns anos atrás, e que está sob a alçada da UP, tendo-me sido assegurado pelo próprio presidente, por e-mail que lamentavelmente perdi, de que estava nos seus planos a criação de tal equipamento.

Claro, que foi apenas mais uma das promessas do Rio, idênticas a tantas outras que fez e que não passaram de castelos no ar.

A cidade lamenta, mas permanece silenciosa, salvo alguns gemidos que por aqui e por ali se ouvem. Entretanto as sondagens aí estão, e o Zé Povo faz-se ouvir, se calhar por não ter nenhuma alternativa interessante que possa acabar com este 'apagão' que deu ao Porto nos últimos anos, e que só alguns foguetes como a Casa da Música, Serralves ou o GP de carros antigos fazem lembrar que existimos.

Cumprimentos
Teófilo M.

De: F. Rocha Antunes - "Lei das Rendas II" 

Meus Caros,

Começando a analisar a proposta de lei para o Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) começo por salientar uma boa notícia: a alteração das regras de arrendamento para fins não habitacionais, no caso de novos contratos, vai no sentido certo.

Com efeito, na proposta aparece uma nova redacção para o Artigo 1110º que define as regras dos contratos de arrendamento não habitacionais de uma forma correcta: cabe às partes definirem livremente as regras relativas à duração, denúncia e oposição a renovação dos contratos de arrendamento.

As partes podem assim definir as regras que considerem mais equilibradas para os dois lados, senhorio e arrendatário, reflectindo todos os factores presentes numa transacção aberta: valor de renda ponderado pela duração do contrato e pelas condições de renovação do mesmo.

Se for esta a versão final (convém sermos prudentes nesta matéria, que nisto de versões novas de lei de arrendamento já temos todos uma longa experiência...) estão criadas as condições para uma efectiva revolução no investimento imobiliário de escritórios, lojas e outros espaços não habitacionais.

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

De: Cristina Santos - "Lei das rendas" 

Há um ano discutimos aqui a alteração à Lei das Rendas, entretanto e com a queda do Governo parámos a discussão.
É agora hora de retornar ao assunto, já que em finais de Junho o PS veio propor um novo diploma, que se caracteriza basicamente pelos seguintes pontos de ordem:

- Prazo de Actualização de Rendas :
Este diploma indica prazos de 2, 5 e 10 anos para a actualização de rendas antigas, determinado de acordo com as condições financeiras dos inquilinos .
Rendimento igual ou inferior a 1874€ - prazo 10 anos
Rendimentos entre 1874 e 5.621€ - prazo 5 anos
Rendimentos superiores a 5.621 prazo 2 anos
Inquilinos com mais de 65 anos – prazo 10 anos

- Limites de actualização conforme prazos:
Os Limites de actualização resultam entre 50, 75 e 100€ ano;

- Renda Máxima – factor de coeficiente de acordo com a degradação
Uma diminuta taxa de 4% face ao valor do locado, o seja o prédio só renderá no máximo 4% ao proprietário e este valor tende a ser inferior, dado que quanto maior for o estado de degradação, menor é o valor percentual permitido.

- Condição geral para aumento de rendas
Realização de obras nos prédios que se apresentem em mau estado de conservação. (o valor das obras será depois reembolsado pelo proprietários de acordo com os prazos, valor do aumento e coeficiente - ou seja para aí em 10 anos, na medida em que o INH considera que a maioria dos fogos necessita de obras num valor estimativo de 39000€).

- Agora o espanto desta lei : - Direitos de exigir aumento de renda pelos inquilinos
No caso do proprietário não proceder voluntariamente ao aumento de rendas, de acordo com todas as condições indicadas, o inquilino pode e tem direito a 3 situações:
  1. Ou faz as obras e desconta nos valores de aumento a considerar (e neste caso falta saber quem avalia o valor das obras realizadas);
  2. Ou pede obras à Camara Municipal (obras coercivas)
  3. Ou adquire o prédio pelo valor que foi considerado na sede do IMI ( isto é injusto ao fim da tantos anos a beneficiar ainda tem possibilidade de adquirir o prédio por um valor talvez irrisório ??? os direitos de propriedade e os coeficientes do rendimento do proprietário ??)
- Exigências formais e documentadas destas medidas
Basicamente mantém-se a obrigatoriedade da licença de utilização e do acompanhamento do processo por técnicos da CM propostos para o efeito.

- Despejos
Uma comunicação escrita passa a ter valor executivo, desde que acuse e comprove a falta de pagamento da renda num mínimo de 3 meses. Contudo e se esta carta não surtir qualquer efeito, o proprietário deve recorrer de imediato para os tribunais...

- Arrendamento comercial
Continua-se na mesma, prazos de cinco anos ou dez conforme data de trespasse qualidade jurídica-fiscal do arrendatário. Mas há aqui uma grande novidade é que o proprietário passa a ter preferência nas cotas, dos arrendatários considerados sociedades comerciais por cotas ????

- Transmissão do direito de arrendamento
Tem esse direito cônjuges, uniões de facto sem qualquer prazo de residência definido; e qualquer pessoa que resida em economia comum HÁ MAIS DE 1 ANO.

Portanto esta lei continua a ser pouco incentivadora para os novos investidores na medida em que as questões dos despejos se encontram ainda mal definidas.
No que versa à reabilitação / rendas antigas, quer me parecer que, se os proprietários tivessem disponibilidade para fazer investimento com 10 anos de prazo, arriscando-se a uma rendimento de 4%, as cidades não estariam tão degradadas, salvo claro melhores opniões.

Cristina Santos

De: Miguel Barbot - "Nuno Cruz" 

Nuno,

Para o Armazém do Bacalhau existe já um projecto

"Frigorífico do Bacalhau reabilitado para habitação
A sociedade LosaFoz, Investimentos Imobiliários, comprou à Edigaia, Imobiliária S.A. o edifício Frigorífico do Bacalhau, localizado em Massarelos, na marginal do Douro, que se encontra em avançado estado de degradação.
A reconversão do imóvel para habitação já foi aprovada pela autarquia portuense e prevê a construção de 36 tipologias topo de gama. O projecto “Douro’s Palace” foi apresentado durante o Imobitur, realizado recentemente na Exponor, e prevê a construção de um edifício com seis andares, e apartamentos T0, T2+1 ou T3, duplexes ou simples, todos com varandas para o Douro. As obras de reconversão emblemático edifício dos armazéns frigoríficos e comissão reguladora do bacalhau, deverão ser iniciadas já no próximo mês de Junho. O arquitecto responsável pelo projecto é Carlos Prata, que na reconversão do edifício privilegia as grandes superfícies em vidro, de forma a desfrutar a vista para o Douro. O financiamento à construção é assegurada pelo BBVA."

Relativamente a outro projecto para a zona, está já instalado o stand de vendas do empreendimento da RAR na Restauração/Cais das Pedras. Pelos vistos, a fachada da fábrica que dá para o CP vai ser mantida.

Entretanto tinha já ouvido falar de um projecto para os terrenos da Secil, do qual podem ter uma ideia aqui.

2005/07/13

De: David Afonso - "Turismo e Policiamento" 

É preciso termos cuidado com o que pedimos, não vá alguém nos fazer a vontade. Principalmente quando no referimos à segurança e ao policiamento. Eu próprio já dei por mim a exigir mais e melhor policiamento para a minha rua, para a baixa, para a cidade toda. Ora, na segunda-feira à noite fizeram-me a vontade: como tinha a visita de um amigo que não conhecia o Porto e como estava uma noite de calor insuportável, resolvi convidar o meu camarada a tomar um copo à beira rio, na Ribeira. A dado momento estaciona uma carrinha da policia mesmo à nossa frente, impedindo-nos de ver o rio Douro (que era afinal de contas o nosso propósito). Lá de dentro sairam alguns homens do Corpo de Intervenção (presumo...) que ficaram por ali... entre as esplanadas e o rio! Acreditem que me foi muito difícil convencer o nosso amigo de que a Ribeira é um sítio muito seguro e que aquilo era apenas uma demonstração de zelo das forças policiais. Desconfio que não ficou convencido. Pergunto-me se as zonas turisticas não deveriam ser alvo de um policiamento mais especializado e, sobretudo, discreto.

De: Nuno Cruz - "Porto, breve inventário de ideias" 

Porto - Lisboa

Estive em Lisboa alguns dias. Tenho uma relação difícil com esta cidade, um limbo entre o amor e o ódio. A primeira sensação, quando chego, é a da comparação inevitável com uma outra cidade trezentos quilómetros a norte. Lisboa é uma cidade belíssima, talvez a mais bela que eu conheço. Nunca, de Madrid a Londres, de Nantes a Paris, vi a claridade que emanam as fachadas e o calcário das ruas de Belém, Alfama, de Santa Apolónia. A primeira sensação, dizia eu, é de uma mágoa imensa. Chego à Gare do Oriente e a distância ao Porto é já evidente. Mais do que dos trezentos quilómetros, é uma distância de muitos milhões de contos.

É inevitável a referência à Invicta quando se vai à capital, muito mais que o contrário. Não é, de todo, uma relação simétrica. Porque Lisboa já concorre com outras cidades: Milão, Barcelona, Lyon. A Lisboa do (futuro) novo aeroporto, do metro luxuoso, do parque das nações, do TGV em forma de L, de Lisboa, como alguém já o referiu.

As avenidas, os espaços. A grande diferença é a da escala do espaço. E é da escala do Porto que queria falar neste texto.

Deixa-me triste a falta de visão da discussão da cidade, principalmente por viver no estrangeiro e passar aqui um mês por ano e ver tudo na mesma. Parece-me demasiado curto que se fique pela discussão árida do Túnel de Ceuta ou do metro no S.João, e bem mais interessante seria a discussão de novos desígnios para a cidade, desígnios de longo prazo e de construção da cidade. Parece-me também que, para o bem e para o mal, a legitimação e a integração de grandes projectos urbanos, e, mais do que isso, a reivindicação de um igual tratamento à capital, vai passar pela inevitável fusão de Porto e Gaia, upgrade necessário, já que hoje o Porto se encontra numa situação de entre-deux, uma cidade de dimensão indefinida. Esse upgrade facilitaria evidentemente a criação de verdadeiros centros de poder, estatais e privados, centros quase todos estabelecidos em Lisboa. Se Sócrates falou na construção do Aeroporto da Ota para “estimular o sector da construção civil”, porque não o estimular aqui? E porque não aproveitar a fusão Porto-Gaia para dar azo a projectos mobilizadores?

Mesmo que sejam quiméricas, gostaria de ver algumas propostas mais ambiciosas na discussão. Algumas passam pela valorização do Douro e das suas margens. Sugiro por exemplo a requalificação da zona entre a ponte D. Luís e a Ponte S. João, uma zona ainda agreste para os turistas mais com um enorme potencial ao nível paisagístico. Imagino muito bem a Avenida Gustavo Eiffel enterrada e um piso para peões e eléctrico, um soberbo lugar para apreciar as belíssimas escarpas do Douro. Eléctrico esse que poderia passar na ponte D. Maria e integrar a futura rede histórica.

Uma das únicas noções interessantes lançadas por Rui Rio foi a do Porto enquanto cidade da ciência. Uma noção com um potencial imenso. (Bom, é verdade que colocar publicidade nos autocarros é de uma enorme utilidade. Enfim…) Em articulação com a Universidade do Porto, porque não lançar um “parque da ciência”, algo como o “La Vilette” parisiense e que permita o reordenamento e a requalificação do território?

Ao nível cultural, embora o Porto se tenha apetrechado de bons equipamentos nos últimos anos, estamos ainda muito longe do panorama lisboeta. Serralves e a Casa da Música resolveram lacunas importantes, é certo, mas faltam resolver ainda alguns vazios. Qual é o destino a dar aos dois edifícios abandonados do "Frigorífico do Peixe", junto ao Museu do Carro Eléctrico – dotados de um importante valor arquitectónico enquanto testemunhas do modernismo português? Porque não uma “antena” do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, como pólo de criação artística contemporânea, algo como o “Lieu Unique” de Nantes ou o “Palais de Tokyo” em Paris? E onde pára o projecto do museu da cidade para a Avenida da Ponte?

Neste contexto parece-me também fundamental o pólo dos media em criação (?) em Gaia.

Uma última palavra para o cenário previsto para as próximas eleições: é pena esta desfragmentação da esquerda que vai permitir, muito provavelmente, uma vitória fácil a Rui Rio. Permito-me dizer que este Rio transformou o Porto num pântano, num lugar sem rumo, sem propósito. É triste.

Nuno Cruz, 22 anos

De: Teófilo M. - "Segurança" 

Ao ler o comentário de Valério Filipe sobre o Jardim de S. Lázaro, fiquei admirado pelo policiamento daquela zona pertencer a uma esquadra com diminutos efectivos e bastante afastada do local, quando a 1ª Divisão está bem mais perto e poderia ter associada uma esquadra em vez de apenas serviços de apoio, ou ser utilizada a esquadra de Campanhã, pois creio estar mais perto do local e a acessibilidade ser mais fácil.

E isso traz para a discussão o problema da insegurança, de que todos falam, mas que teima em persistir, uma vez que não se vislumbra no horizonte próximo uma melhor articulação dos meios à disposição das forças de segurança.

Na zona da Baixa, com excepção da Esquadra de Turismo na Rua dos Fenianos Portuenses cujos horários e efectivos desconheço, não existe uma única esquadra, o que leva a que qualquer assunto relacionado com essa tão vasta área vá cair numa decrépita e acanhada repartição, a que pomposamente chamam esquadra do Infante.

Antigamente existiam diversas esquadras espalhadas pela cidade, que favoreciam o policiamento de proximidade de que tanto se fala agora, e que um dia um senhor super-ministro decidiu encerrar, em nome da economia de meios, criando um monstro chamado 'superesquadras'. Desde essa data, fecharam umas (que tanta falta fazem) e as que se transformaram em 'super', são casarões imensos onde os polícias se perdem em inúmeras tarefas que melhor seriam desempenhadas por pessoal civil, retirando afinal os polícias da sua tarefa nuclear que é a de garantir o policiamento e apoiar os cidadãos.

Lembro-me a título de exemplo, que uma das que foi fechada já há muitos anos, ficava na Avenida Rodrigues de Freitas, em frente ao edifício da Biblioteca, e que tinha como uma das suas tarefas o patrulhamento do Jardim de S. Lázaro, Fontaínhas e a então problemática zona de S. Vítor.

Mas, se continuarmos para Norte, com a desactivação temporária da esquadra do Paraíso, só vamos encontrar polícia novamente na zona de Paranhos ou nas Antas...

Todos nós sabemos que existe uma deficiente cobertura policial na cidade do Porto, mas como somos gente de 'brandos costumes', vamos encolhendo os ombros e dizendo que há locais bem piores, ajudando assim a criminalidade a instalar-se a seu bel prazer.

E que havemos de fazer, como dizia o bardo... talvez estudar as vantagens que a prostituição nos traz - conforme nos diz TAF sardonicamente - e fazer desta cidade um imenso lupanar, pois assim, para além do desenvolvimento de mais uma actividade em ascensão, poderíamos certamente poupar uns cobres ao erário público, pois podíamos dispensar alguns polícias ;-).

Cumprimentos
Teófilo M.

De: F. Rocha Antunes - "Progressos" 

Meus Caros,

Uma boa notícia para a Baixa e para o seu futuro é a da criação das novas linhas da Madrugada dos STCP.

A reorganização de toda a rede de autocarros nocturnos, que passa a ter como centro os Aliados, e que permitirá a criação de um ponto central dos transportes públicos nocturnos que permite a quem utiliza uma das linhas prosseguir noutra é muito importante para a vitalidade da Baixa.

Como já em tempos disse, a forma com a actual administração dos STCP está a gerir a profunda transformação da rede de autocarros é exemplar. Mostra que a qualidade da gestão conta muito.

Os Aliados, com este novo impulso, a que se seguirá a abertura da Linha Amarela do Metro e os eléctricos para o ano que vem, a somarem às 4 linhas suburbanas da CP que terminam em S. Bento está a retomar o seu lugar de coração de um novo sistema de transportes públicos metropolitanos. O resto vem por arrasto.

É de coisas destas que a Baixa precisa para se revitalizar de forma sustentada.

Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

De: Valério Filipe - "Sobre o Jardim de S. Lázaro" 

Trabalho num primeiro andar de um edifício novecentista virado ao Jardim de S. Lázaro, pelo que o "espectáculo" a que o Senhor David Afonso assistiu não é caso raro...

Para além de esposas ciumentas existem proxenetas descontentes com as suas "trabalhadoras", batoteiros da sueca, alcoólicos com maus vinhos e discussões das profissionais do sexo, quer entre elas, quer com os clientes (!).

Esta situação descamba um pouco para a Praça dos Poveiros que serve, nos seus bancos de pedra a poiso de cerca de uma dezena de sem abrigo, quer toxicodependentes quer alcoólicos. Como a Praça dos Poveiros é um local amplo, sem árvores e "cantos", lá não existe prostituição.

A Praça dos Poveiros contrasta fortemente - em aparência - com o Jardim de São Lázaro. Se a primeira é dos primeiros exemplos portuenses do jardim de pedra (tal e qual o espaço em frente à Cadeia da Relação e pelo que me apercebo a futura Avenida dos Aliados), o segundo é um jardim bem cuidado, com horário de funcionamento bem definido, e que foi alvo de uma forte e boa intervenção dos serviços de jardinagem camarários há cerca de duas semanas. A fauna, no entanto, é praticamente a mesma. Chego a ter pena do pobre funcionário camarário que se passeia, sozinho, pelo jardim. O seu papel será, penso, o de guardar a bela estatuária do jardim, uma vez que não tem qualquer mão sobre os frequentadores assíduos.

Por algumas vezes, tendo em conta o tamanho dos desacatos, e o ruído que produziam, vi-me obrigado a chamar a PSP, pertencendo esta zona, pelo que me foi explicado, à "jurisdição" da 9ª Esquadra, a do Infante D. Henrique, junto ao Mercado Ferreira Borges. A demora dos efectivos a chegar (talvez devido à íngreme subida de Mouzinho da Silveira) leva a que a maior parte dos problemas se resolvam por si, sem necessidade de qualquer intervenção policial e sempre, sempre, sem detenções.

Além de todas estas situações, existe um problema com os arrumadores. Quando o vereador Paulo Morais referiu, há cerca de ano e meio, que apenas existiam cerca de 10 arrumadores na cidade do Porto, eles estavam todos concentrados no eixo São Lázaro - Passos Manuel. A verdade é que, nesta zona, nunca desapareceram, e são, nem mais nem menos, os que que utilizam a Praça dos Poveiros como dormitório.

No entanto, apesar de uma enorme falta de policiamento e do acima descrito, devo afirmar que considero a zona segura (!). Quer durante o dia, quer durante a noite, nunca tendo tido problemas quando fico a trabalhar até mais tarde e tenho que seguir para os parques de estacionamento de madrugada. A estas horas, estando o Jardim de São Lázaro fechado, e a Baixa deserta, só encontro pessoas a dormir na Praça dos Poveiros...

Valério Neto Filipe
--
Nota de TAF: Se a existência de prostituição tem alguma vantagem, ela será provavelmente a de tornar mais segura durante a noite a zona em que se pratica... O exercício dessa profissão não é muito compatível com a existência simultânea de assaltos a pessoas ou automóveis. ;-)

De: David Afonso - "O Progresso é relativo..." 

Quando passava pelo Jardim de S. Lázaro assisti a uma zaragata de proporções homéricas. Ao que parece uma matrona tinha, em boa hora, resolvido puxar pelos galões matrimoniais e ir buscar o esposo que por ali vadiava. O alarido gerado foi qualquer coisa (in)digna de ser vista. Entre tabefes e insultos em bom velho vernáculo nortenho (que aqui prefiro não reproduzir não vá o Tiago censurar-me o post), umas três dezenas de populares empenharam-se em nos dar um espectáculo o mais triste possível. Não é a primeira vez que assisto a coisas destas naquele jardim: entre residentes da suecada, a prostituição descarada e os indigentes que assombram os bancos, cria-se um ambiente de abandono e marginalidade, no qual os pacotes de vinho barato por ali espalhados dão o toque final. A meio da tarde, ao passar por ali perto, na Praça dos Poveiros, tropeço noutra zaragata. Desta vez alguém, não sei porque motivo, sovava num daqueles desgraçados que por ali acampam ao sol. A multidão parecia gozar e ver naquilo alguma espécie de justiça. O Jardim de São Lázaro e a Praça dos Poveiros, mesmo no coração da Baixa, são, hoje, territórios tomados pela marginalidade e pela prostituição.

Por coincidência, nesse mesmo dia encontrei na BPMP esta notícia no O Jornal do Povo de 18 de Julho de 1854:
«Concurrencia – Entre as pessoas que no domingo á tarde frequentaram o jardim de S. Lazaro, contou o Ecco, os snrs. Francisco Xavier Ferreira – Alexandre Herculano – Silva Amaral – visconde d'Azevedo – Sebastião d'Almeida e Brito – conde de Saldanha – Antunes Navarro – D. Rodrigo – P.e Villaça – Lima – João d'Albuquerque Forbes – Figueiredos – Manoel Guedes – Bandeira – Dr. Vieira – Sinval – Gonçalves Basto – Sousa Dias – Amorim, e muitos negocientes, advogados, proprietários, militares e cavalheiros respeitaveis, etc.
Além d'esses, andavam lá também, os dignos membros da comissão administrativa do Asylo, os snrs.: - Manoel de Clamouse Browne – José Joaquim Pinto da Silva – José da Silva Passos – José Joaquim Pereira de Lima – João Baptista de Macedo, e o director e capelão o P.e Gonçalo Affonso Cyrne.»

Isto do progresso é muito relativo...

David Afonso
attalaia@gmail.com

2005/07/12

De: Cristina Santos - "Comentários" 

Há duas semanas passei na Cadeia da Relação já tarde e o cenário era exactamente o descrito pelo Francisco, na altura pensei que se tratasse de alguma greve ou coisa do género.
Nem sequer deduzi que os caixotes, papéis, garrafas e tudo o resto resultasse da realização da Feira. Na altura não existiam quaisquer carrinhas ou tendas – só restava mesmo o lixo, no largo, nas vias e até jornais que planavam ao vento.

Impõe-se que a Câmara estabeleça regras para o uso do espaço, ou disponha de equipas de varredores e lixeiros que actuem logo após a realização da feira - tal desmazelo é inadmissível.

Por outro lado, são varias as obras que repavimentação que decorrem actualmente na Cidade - Igreja velha de Cedofeita – Rua Central de Francos, Costa Cabral.
Felizmente a Autarquia tem-nos habituado ao cumprimento do prazo das obras e à qualidade das mesmas. Em Cedofeita as obras decorrem de forma ineterrupta (dia e Noite) num mês estão quase concluídas – claro que este tipo de método não merece elogio já que devia ser normal, mas como é quase uma novidade na Cidade aqui fica o apontamento.

Por último, não podia deixar passar em branco os cartazes publicitários para as Autárquicas, dado que revelam muitas das crenças e predisposições dos candidatos.

Nestes termos começamos por ver os cartazes de Francisco Assis, candidato pelo partido socialista, com uma imagem de jovem trabalhador, com uma simples camisa azul. Era uma imagem moderna, humilde e honesta.

No passado fim de semana esta imagem foi substituída por novos cartazes, com o mesmo slogan «Força Porto», só que com nova indumentária, desta feita Francisco Assis aparece destacado com um elegante fato preto e gravata.
O Partido Socialista está empenhado na imagem pública e no carisma do seu candidato.

Mas o PSD não está melhor, o nosso Presidente assume a sua recandidatura mantendo a postura egocêntrica. Os seus cartazes não falam em projectos, nem em equipas.
Rui Rio não consegue separa-se dele próprio e da importância que dá a si mesmo. Devia decididamente mudar a equipa de marketing, então espalha cartazes pela Cidade com um Slogan deste tipo: «Este Rio não pode parar»????

Mas afinal a seca nacional já chegou ao Douro?

Assim a decisão é difícil, mas tudo isto revela avanço e modernidade, são novas tendências, são eleições tipo Castings.

Cristina Santos

De: TAF - "... E mais apontadores" 

- Tréguas aparentes entre Ippar e autarquia no caso do Túnel de Ceuta
- Câmara reabriu acesso ao "Santo António" pelo Jardim do Carregal
- Estruturas do Grande Prémio começam amanhã a ser retiradas
- Câmara mandou demolir terceiro prédio na Rua de Santa Catarina
- Portos: Planeamento urbanístico deve ser submetido às autarquias
- CDU quer entregar espaços ribeirinhos às autarquias - O que se propõe

- CDU propõe revogar a polémica lei dos despejos em bairros
- Bairros sociais: PCP quer acabar com lei de 1945 - "propõe a revogação do decreto com 60 anos passando os contratos municipais de habitação a serem regidos pelo Regime do Arrendamento Urbano" - Terei percebido mal? Então se o inquilino deixar de precisar de uma renda de favor, subsidiada por todos nós, não deve poder ser aumentado ou despejado? Isto faz-me lembrar o que escrevi a propósito do Aleixo.

- Câmara de Gaia dá 1,8 milhões para o centro de estágio - Ai o nosso dinheirinho... :-(
- Subsídio à Fundação Portogaia para 2005 aprovado outra vez

- Trabalhadores da autarquia esperam autorização para projecto de âmbito social - "(...) apesar de pronto a arrancar, o projecto se encontra desde Maio do ano passado à espera de luz verde nos meandros da Câmara Municipal do Porto" - nem para os próprios trabalhadores...

2005/07/11

De: TAF - "Mais apontadores" 

- Santa Catarina: uma rua com duas faces
- Presidente da Junta resiste entre os poucos moradores

- Ainda os SMAS: Discutamos ideias e propostas
- Vêm aí os eléctricos

- Lei das rendas reúne consenso alargado
- Casa da Música: Protocolo com a Adicais em discussão

- Património encaixotado ameaça Cineclube do Porto - "Com a chegada de Rui Rio à autarquia, o relacionamento institucional mudou «Pela primeira vez, em muitos anos, fomos recebidos pela Câmara e marcadas parcerias para a realização de eventos.»" - Honra lhe seja seja feita. :-)

- As corridas no Blasfémias: aqui e aqui.
- Trânsito já circula no topo poente do Jardim do Carregal - as coisas vão-se resolvendo quando a CMP, em vez de barafustar e fazer queixinhas, decide trabalhar. ;-)

De: F. Rocha Antunes - "Turismo assim?" 

Meus Caros,

Parece relativamente consensual que o Porto deve apostar no turismo. A experiência que todos tivemos durante o Euro 2004 foi bem clara quanto ao que o Porto poderia ser nessa matéria.

Junto duas fotografias que tirei no Sábado de manhã junto à Cadeia da Relação e à Torre dos Clérigos. Um dos locais mais procurados pelos turistas, o ícone da cidade, apresenta todos os Sábados este aspecto. É o resultado de uma acção promovida pela Câmara quando decidiu transferir a Feira da Vandôma para o espaço em frente à Cadeia. O lixo abunda, e em dias de algum vento, o espaço fica intransitável. Os automóveis dos senhores vendedores ocasionais estacionados livremente em cima do lajeado de granito contribuem para aumentar a pigmentação preta que começa a ser a marca destes espaços que a Porto 2001 nos ofereceu, para além da destruição das respectivas lajes. Por aqui se pode ter uma antevisão do que será a Avenida dos Aliados.


Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário

De: TAF - "O balanço das corridas" 

Não tivesse sido uma iniciativa preparada quase clandestinamente, com um planeamento financeiro mais do que duvidoso, "à boleia" de obras que era suposto serem para o Metro mas que afinal parece que já não vão ser, e o Grande Prémio da Boavista até poderia ter sido bem proveitoso para a cidade, proporcionando um espectáculo interessante e uma visibilidade considerável.

Adoptando uma postura construtiva, tentemos agora transformar esta trapalhada numa oportunidade para o futuro.

Aguardo o balanço oficial. Contudo, parece já claro que a audiência ficou muito aquém das expectativas (se calhar até injustamente). Já não falo nos delirantes 390 milhões de telespectadores que a CMP tinha previsto, evidentemente. No Público fala-se numa assistência presencial de 25 a 30 mil pessoas. No Janeiro escreve-se que se bateram "todos os recordes de assistência", mas não se explica que recordes são esses e a seguir noticia-se que "Nas bancadas ou um pouco por todo o percurso, os espectadores não tiveram de se acotovelar para ver as várias corridas."...
O Comércio do Porto faz disto o destaque de hoje.

Impõe-se uma primeira pergunta a Rui Rio: afinal já desistiu de vez do Metro na Boavista? Se se pretende repetir este evento de dois em dois anos, isso implica que o Metro não possa existir na Avenida, ou estou enganado?
E, já agora, quanto a eléctricos? Os especialistas que se pronunciem.

Citado pelo Comércio, diz Rui Rio: "Erguer esta máquina tem uma componente de investimento. Sem a reedição não rentabilizamos o investimento..." Mas afinal já sabia à partida que o evento não fazia sentido se não tivesse continuidade? E avança-se para ele sem qualquer planeamento ou garantia de edições futuras? Isto tudo deve ser bem esclarecido, por respeito para com os portuenses.

Pessoalmente considero interessante este conjunto de provas de automóveis antigos. Também concordo que pode ser uma boa oportunidade de promoção do Porto, desde que se façam bem as contas e se prepare um plano decente para os próximos anos, articulado com o projecto de cidade que se pretende implantar. E sempre com respeito pela população que é afectada no local de realização do Grande Prémio.

PS: O DN fala em mais de 150 mil pessoas. É importante haver algum rigor na estimativa. Entre 25 mil e 150 mil a diferença é muito grande! No caso do Público a estimativa está "assinada" por Eric Helaine, no caso do DN não se sabe quem a fez.

De: Mário G. Fernandes - "Calçada" 

Aconteceu-me o mesmo que ao Carlos Gilbert: andei convencido que a calçada à portuguesa era a calçada de calcário e basalto em princípio com desenhos, por mais simples que fossem, até ouvir o Sr. Fernando, que tinha o conhecimento do fazer, calçadas, a apontar para um caminho de Castelo de Neiva como calçada à portuguesa, assemelhando-se o que viamos à imagem calçada do largo do Pelourinho de Idanha-a-Velha, publicada na Revista Monumentos e recentemente postada n'A Baixa do Porto.

Por um lado, como sugeriu Carlos Gilbert podemos dizer que existem duas calçadas à portuguesa: uma relativa ao revestimento de ruas e caminhos, a outra contida pelos passeios. A primeira essencialmente preocupada com a funcionalidade, a segunda perseguindo o mesmo objectivo mas abrindo-se, pelo menor tamanho da pedra e pela natureza e velocidade específica dos utilizadores, à decoração e embelezamento. De qualquer forma, a essencial distinção entre uma e outra parece ser, de facto, o tamanho da pedra, pois a calçada dos passeios não tem necessariamente desenhos e não emprega exclusivamente calcário e basalto.

De outro modo, podemos dizer que apenas existe uma calçada à portuguesa, embora apresente diversas matizes e variações e que, sabendo que é assim desde antes, é seguramente desde 1881, como se pode verificar pela leitura do excerto das condições de arrematação de uma obra municipal em Vila Real, constante no Livro das actas das sessões da camara (Arquivo Distrital de VR: livro nº 62), onde se pode ler:
Artº 10º "Os passeios occuparão a largura excedente á da faxa de rodagem, e serão igualmente calçados á portuguesa, mas com pedra miuda, e com guias de cantaria de vinte e dous centimetros de largura e trinta e cinco de altura, ficando somente quinze acima do nivel do pavimento da rua."

Posto isto, passemos ao mais importante, ou seja, o projecto para a Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e Praça General Humberto Delgado. Estou convencido que vai ser concretizado como está e alguns dos problemas apontados, como a aparente imponderação das questões do clima urbano, poderão dificultar o seu usufruto e fruição, além disso o projecto parece desprezar a morfologia de praças/espaços compósitos, o que leva à proposta de outro equívoco: a rotação da estátua equestre, em relação à qual reconheço coerência discursiva, mas nenhuma pertinência essencial, pelo que, em tempos de vacas magras, mais valia deixar onde está, até como testemunho/referência visual da praça, que se desvanecerá.

Mário G. Fernandes

2005/07/10

De: Carlos Gilbert - "A Calçada Portuguesa" 

Uma pergunta de um leigo nesta matéria aos especialistas:

Será que há dois conceitos distintos quanto ao que esta designação se refere? Será que há o mesmo termo aplicado ao revestimento de uma rua e de igual forma designando um determinado tipo de passeio?

Recuperei há uns anos uma casa numa zona rural e foi-me imposto pela autarquia pavimentar o acesso à mesma "com calçada à portuguesa" para condizer com o resto da rua. E os calceteiros não tiveram dúvidas nenhumas, meteram lá umas pedras graníticas de forma um tanto irregular, arredondadas, em total contraste com o pátio interior que eu quis mais uniforme, portanto lá meteram aquilo que nós vulgarmente chamamos de "paralelos". Vejo aqui que dão o mesmo nome ao revestimento ornamental de passeios urbanos, do tipo mosaico (que é como eu sempre ouvi chamarem-lhe). Ao ver o link que o Pedro Aroso e o Luis Botelho Dias nos dão, vejo que também eles são da opinião que o termo se aplicará às calçadas e não aos passeios. Será assim?

cumprimentos,
C. Gilbert

De: Carlos Gilbert - "Pulido Valente e as máfias..." 

«Estou sem trabalho e esgotado mas limpo de colaborações com as máfias e outras
corrupções/corrosões.»

Caro Pulido Valente,

Infelizmente há dezenas/centenas de milhares de profissionais honestos e competentes que "ou uivam com os lobos" ou deixam de ter meios de viverem e sustentar os seus... Sobretudo em áreas em que "meta política" e/ou meta "decisores em áreas autárquicas" a coisa pia mesmo muito fino. Na Comunicação Social, idem, idem, aspas, aspas... E fico-me por aqui... não sem dizer que estamos a criar um Portugal bonito...

Cordiais cumprimentos.
C. Gilbert

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