2006-06-18
Da minha parte divirto-me imenso com os Lisboetas, recebo a visita frequente destes privilegiados, e é inevitável que ao fim de um jantar estabeleçamos uma conversa produtiva, equilibrada, competitiva e absolutamente deserta de sentido prático.
Na verdade, enquanto portuense faço o papel de vítima, eles concordam, anuem nas dificuldades sentidas no Porto, depois exageram e aí nasce a minha contradição (é assim há anos): queixo-me e quando os digníssimos privilegiados concordam caio-lhes em cima sem perdão, não admito que nenhum Lisboeta critique o Porto mesmo que tenha sido eu a iniciar a conversa.
Pode começar assim:
- Estou farta de viver aqui confinada, isto está a ultrapassar os limites, vou sair daqui...
- Não sei porque não te mudas para Vila do Conde, ou Gondomar, é mais económico e tem qualidade de vida...
- É verdade, um dia vou rasgar a camisola e sair...
- Francamente, eu não vivia numa terra confinada sem espaço para se expandir, uma terra que se vale de uma história que inventou e ainda se gaba de ter dado o nome a Portugal...
- Tem paciência, que a falta de expansão em Portugal deve-se ao crime lisboeta, foram vocês que assassinaram os nossos reis e foi desde aí que nunca mais conquistamos nada...
- Não temos culpa de não terem acompanhado, Lisboa é uma cidade cosmopolita, o Porto encerra-se em preconceitos e só tem para mostrar pedras sujas e gastas.
- Não chames sujidade à história, ao envelhecimento natural das coisas, Lisboa é só peelings e silicone, nós mantemos a identidade de Portugal viva e pronta para ser mostrada ao mundo com a conivência da UNESCO.
- Os portuenses só têm argumentos poéticos, vivem do amanhã, aferrolham o dinheiro no bolso a pensar que um dia lhes vai acontecer uma tragédia... Olha, é tal como tu, que consegues andar com as mesmas botas 2 Invernos seguidos.
- Não está ao v. alcance compreender, nós preferimos manter o vestuário, que andar vestidos com roupa em segunda mão, percebes, aqui uma loja de roupa em segunda mão não vende nada, amigos, nada.
- Tá calada pá, vós sereis sempre provincianos, a imagem é tudo e vocês não entendem, não tem abrangência, pá.
- A nossa abrangência é auto-sustentável, temos dinheiro para comprar Lisboa inteira e tudo o que nela se vende, mas não queremos, somos muito exigentes com a relação qualidade/ preço, percebes?!
- Vocês pá, se têm uma dívida já não dormem de noite e é assim desde a 1ª geração, bem vamos então lá abaixo à Ribeira... temos é que mudar de roupa, para evitar ser massacrados por algum fã do FCP.
- Acho bem trocares de roupa, não vá acontecer mesmo e depois não a podes devolver toda enrodilhada à boutique de aluguer...
E acabar em nada....
Cristina Santos
Não sei de onde é a Arqa. Paula Morais, mas se for de Lisboa, de Freixo de Espada à Cinta ou da Lourinhã, para mim será sempre bem vinda. Embora não esteja muito por dentro dos assuntos que costuma abordar, o seu contributo é sempre extremamente útil, pragmático e positivo. Para mim, já é uma amiga do Porto, quase uma portuense.
Falei neste caso de propósito, para destacar um exemplo que outros deviam seguir mas não têm categoria para tanto. Falei neste caso, para que se possa ver bem a diferença entre aqueles que, não sendo do Porto, gostam de facto da cidade e aqueles outros, muito "castiços", que quando falam do Porto começam sempre por fazer grandes e apressados elogios, para logo a seguir desferirem todo o tipo de ataques à cidade e aos cidadãos do Porto. Mas antes, ao estilo de quem limpa a consciência ou de quem quer transmitir uma imagem de bondade e tolerância, fazem sempre um prévio encómio. Casualmente, muito casualmente, este tipo de pessoas dizem-se (ou são, de facto), lisboetas. Parece-me estar neste grupo Miguel Oliveira. Reparem como se dirigiu ao Tiago:
- 1º) O elogio - "Caro TAF deixe-me primeiro felicitá-lo por este espaço privilegiado de discussão sobre a cidade do Porto", etc., etc., "se calhar também só possível numa cidade "coesa" e mais pequena que Lisboa. Um exemplo a seguir na discussão da cidade, os meus sinceros parabéns!"
- 2º) O pretexto - "Deixo-vos aqui um link com fotos da nova ponte pedonal", etc., etc.
- 3º) A opinião - "TAF, por muito que tente justificar não percebo a sua posição contra o Metro da Boavista...etc., etc"., e depois: "que mentalidade tão pequena, etc., etc."
- 4º) A facada - "divirto-me muito com a opinião de alguns participantes e o seu complexo de inferioridade com Lisboa, obrigado por alimentarem o meu ego de alfacinha orgulhoso!"
Digam-me? Esta conversa não vos cheira a bafio? Será porventura original? As nossas democráticas televisões ainda não esgotaram os stocks destes fenómenos intelectuais?
Caros conterrâneos, aprendam. Ponham os olhos neste exemplo de civismo e cosmopolitismo. De facto, somos mesmo provincianos. O que vale é que ainda vamos tendo um Fernando Rocha para ensinar os alfacinhas a contar umas anedotas à moda do Puooorto! Ah, e não temos o glorioso! Mas que inveja! Hoje já não vou conseguir dormir. Que chatice. Mas que haveremos nós de fazer para sermos lisboetas sem dar nas vistas? Que inveja insuportável! Como é que eles descobriram estes nossos complexos? São mesmo sagazes os alfacinhas. Que inveja.
Viva o Infante D. Henrique! Viva Port(ucale)!
Bom São João!
Rui Valente
Caro TAF,
Estarei ausente do Porto pelo menos até dia 30 do corrente em gozo dum pequeno período de férias. Como tal, não poderei estar presente em qualquer das datas apresentadas para o almoço ou jantar do blogue. Existirão com certeza outras oportunidades. Entretanto, e se ainda for a tempo, desejo a todos os participantes no blogue um divertido S. João.
Cumprimentos,
António Alves
Meus caros amigos
Hoje temos cá na urbe o optimista céptico, aquele que no último álbum declarou andar à procura do Norte. É na Casa da Música, no recinto petrificado em coerência com a modernidade e até com a nossa nova Avenida dos Aliados.
Os preços da SRU não devem ser hoje discutidos, não devemos falar hoje de especulações de mercado.
Compreendamos que provavelmente não existe o número de candidaturas anunciado, mas o que se pretende é demonstrar aos proprietários que vale a pena investir, fazer obras no espaço de um ano, e obter um retorno ao fim de dois anos na ordem dos 160.000 euros. A única condição essencial para isso é ser o proprietário de um prédio já amortizado, porque se o investidor tiver que comprar as fachadas nesse caso é um investimento inexequível.
Depois a reabilitação oferece um sem número de opções de investimento, é o que cada um pretender, pode manter as estruturas, fazer lajes mistas (vigotas de madeira e leca), isolamentos, é possível criar apartamentos que se destinam a residentes provisórios... apartamentos económicos para estudantes, para artistas, apartamentos para aluguer, enfim, este foi só um exemplo da Porto Vivo, há inúmeros.
Os obstáculos na reabilitação são a especulação na venda dos imóveis degradados, a falta de divulgação de processos construtivos, as rendas antigas e o excesso de propriedade no mesmo titular. Podem os meus caros amigos não saber, mas garanto-vos que os seniores portuenses quando têm um imóvel têm mais 5 ou 10 só dentro da cidade – é verdade, embora tradicionalmente socialistas penso que cá no Porto sempre fomos uns valentes capitalistas.
Um abraço e Bom São João!
«Deixo os dias sempre iguais, os mundos virtuais, deixo a civilização que herdei colher o que plantou, abandono o carrossel e a Torre de Babel - vou em busca do meu Norte»
Cristina Santos
Caro TAF deixe-me primeiro felicitá-lo por este espaço privilegiado de discussão sobre a cidade do Porto. Eu como lisboeta ainda não encontrei (para a minha cidade) tal espaço e com os intervenientes de "peso" que este tem (se calhar também só possível numa cidade "coesa" e mais pequena que Lisboa). Um exemplo a seguir na discussão da cidade, os meus sinceros Parabéns!
Deixo-vos aqui um link com fotos da nova ponte pedonal que arranjei de uma revista e que unirá as duas margens. Caso seja concretizada tenho a certeza que será uma mais-valia turística e funcional para a cidade.
TAF, por muito que tente justificar não percebo a sua posição contra o Metro na Boavista... A mim as vantagens parecem-me óbvias, aumento da rede do metro, servir áreas como a Boavista ( hoteis, estádio), Serralves, Parque da Cidade, Castelo do Queijo... enfim ao nível turístico faz TODO o sentido... Como se pode dizer que o autocarrro é a opção mais viável? Só porque é mais barata? E a nivel ambiental? Como se que pode sustentar tal opção a longo prazo? Que mentalidade tão pequena! Essa linha tal como a de Gondomar devem ser feitas o mais rápido possivel, sem que para uma, outra tenha que ser feita como dá a entender!
p.s divirto-me muito com a opinião de alguns participantes e o seu complexo de inferioridade com Lisboa, obrigado por alimentarem o meu ego como alfacinha orgulhoso! =)
Miguel Oliveira
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Nota de TAF: Caro Miguel, é óptimo termos gente de fora do Porto a participar no debate que aqui fazemos! Quanto mais o Porto se abrir, mais se desenvolverá. Quanto ao debate sobre o Metro na Boavista, tem a certeza que leu com atenção isto que eu escrevi? É que vários pontos que levantou estão lá explicados. E outros percebeu mal. Mas, se tiver tempo, siga também este apontador. ;-)
Caro Pedro Lessa,
Apoiado! Os seus comentários explicam tudo. O resto é fantasia.
O que é estranho são os contornos de "normalidade" que se pretende dar ao valor dos imóveis. Então, alguém em seu perfeito juízo vai pagar tanto dinheiro por uma casa sem garagem nem elevador no centro do Porto? Só se for algum excêntrico ou um milionário que não tenha que fazer ao dinheiro.
De uma coisa podemos estar certos: não é a população mais carenciada quem vai para a fila das inscrições.
Como diz o Tiago e eu já o dissera antes, no pasa nada! O Porto está mais pujante do que nunca e se calhar "A Baixa do Porto" já não tem razão de ser.
Rui Valente
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Nota de TAF: Neste caso eu estou como S. Tomé... Custa-me a crer que haja tanta gente a inscrever-se mesmo e a pagar a caução prevista. Às tantas ainda se vai descobrir que foi uma confusão qualquer da Loja da Reabilitação... Mas ficarei muito contente se estiver enganado.
A propósito da questão dos preços do prédio da Rua das Flores ser deslocada, não me parece que assim seja. Se, como se diz, a SRU quis dar o exemplo como proprietária, então devia dar o exemplo em todos os sentidos. Como organismo público, precisamente para incentivar e fomentar a reabilitação, deveria dar o exemplo e esquecer o lucro.
As contas são fáceis de fazer:
2 fracções a 140 mil euros + 4 a 145 mil dá uma receita de 860 mil euros.
Se o custo de obra foi de 700 mil euros, não me digam que existiram 160 mil euros de despesas. Com tantos arquitectos e engenheiros na câmara e na própria SRU, os projectos podiam ter sido aí feitos. E se a SRU quer dar mesmo o exemplo, não deveria quantificar o valor do terreno, precisamente para dar o exemplo.
Por mais explicações que os técnicos desta área apresentem, a SRU deve dar o exemplo e não se tornar mais um dos vários especuladores que por aí andam.
Que a vocação da SRU não seja esta, já todos sabemos, porque nada está feito no Centro Histórico. Um prédio em milhares torna-se uma migalha. Mas então que não venha o presidente da câmara dizer que vai reabilitar a Baixa e não percebo porque diz no site da SRU: Missão da Porto Vivo, SRU - "Criada com base no decreto-lei 104/2004 de 7 de Maio de 2004, a Porto Vivo, SRU propõe-se, a médio e longo prazo, reabilitar e requalificar a Baixa e o Centro Histórico da cidade do Porto."
Mas então qual é a missão da SRU? Fazer planos e projectos e documentos estratégicos. Isso poderia ser feito na própria câmara. Não seria preciso criar SRUs. Como já aqui disse há uns tempos, assim é fácil dizer-se que se vai reabilitar. Com o dinheiro dos outros é fácil. A SRU devia era arregaçar as mangas, comprar ou expropriar o que fosse preciso e fazer as obras. Isso é que é fazer. Porque já se está à espera há 20 anos que os proprietários façam obras. Não será agora que se vão mexer.
Ou então é tudo uma questão de semântica. O que significa para a SRU reabilitar e requalificar?
Cumprimentos,
Pedro Lessa.
pedrolessa@a2mais.com
Apesar da entrada em vigor do novo Código de Estrada, que penaliza fortemente os condutores que estacionam os carros em cima das passadeiras, à porta do meu escritório é este o cenário habitual, com a agravante de algumas "madames" e alguns "cavalheiros" pararem em contramão, para não ter que atravessar a rua. O caos gerado na praça tem vindo a aumentar progressivamente, perante a total indiferença dos agentes que trabalham na esquadra da PSP da Foz do Douro.
Pedro Aroso
PS: Se o Sr. Comandante da PSP quiser, posso enviar-lhe dezenas de fotografias idênticas a esta.
Em face das respostas que já fui tendo, limitei a escolha a duas opções:
- - jantar Quarta-feira, dia 28
- - almoço Quinta-feira, dia 29.
Aguardo as vossas "alegações finais".
(actualizado)
Meus Caros
A intervenção da Arquitecta Paula Morais foi novamente de grande utilidade. E aborda um assunto que há muito me interessa, a questão da cooperação entre entidades públicas.
Na discussão do Túnel de Ceuta referi várias vezes a minha indignação pela forma como o IPPAR geria as informações sobre os pareceres obrigatórios que emite. E a solução é, de facto, a que a Arquitecta Paula Morais aqui referiu: um Plano de Pormenor de Salvaguarda. A necessidade de discussão pública vai obrigar a todos podermos participar na definição das medidas adequadas à protecção do património e sobretudo tornar claro, como sempre devia ser, quais são as regras que todos, sem excepção, devem respeitar ao intervir no património edificado.
Claro que vai dar trabalho, mas isso não é seguramente um obstáculo a que esse Plano apareça. Eu fico à espera de poder participar nessa discussão fundamental.
Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário
PS. A questão do preço das casas da Rua das Flores está completamente deslocada. Primeiro, não é por aí que se deve medir a actuação da SRU, que não foi feita para ser ela a recuperar as casas. Apenas fez esse exercício para dar o exemplo enquanto proprietária. Quanto aos preços serem elevados, não parece ser essa a opinião das centenas de pessoas que já se inscreveram para o sorteio.
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Nota de TAF: Caro Francisco, as "centenas de inscrições" foram para o sorteio ou apenas para a visita ao prédio?
PS2: Caro Tiago, inscrições no sorteio de compra. Confirmei agora junto da loja de reabilitação que estavam feitas cento e muitas inscrições, daí as centenas. Não é de marcações de visitas aos prédios.
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Nota 2 de TAF: Fico contente por saber que há centenas de pessoas com posses para adquirir estas propriedades por estes preços. Afinal a situação económica no Porto é bem melhor do que se imaginava. ;-)
Caro TAF e companheiros:
O que me traz aqui a escrever hoje é o prédio reabilitado da Rua das Flores.
Pagar 145 mil euros por um T2 num 3º andar de reduzidas dimensões, sem elevador ou garagem, parece-me um autêntico absurdo e um começo com o pé esquerdo na intenção de reabilitar a Baixa da Cidade.
O custo de recuperação (700.000 euros) e a colocação no mercado por estes valores indiciam que a SRU é gerida por indivíduos que possuem um bom emprego, mas não um trabalho.
É lamentável ver como nesta cidade se mal gasta os recursos financeiros, sem a criação de valor.
Cumprimentos,
Ricardo Fontes
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Nota de TAF: Se calhar este meu comentário há dias foi muito ingénuo - é provável que a divulgação "discreta" feita até ontem se devesse simplesmente à vergonha pelos preços praticados...
Caro TAF e companheiros do Baixa,
Tenho pena de não poder jantar na quarta-feira (é jantar de finalistas do primeiro curso da Universidade Sénior do Porto) e penso que, se for depois de Portugal ser eliminado, o Dr. Rui Moreira gostaria de juntar-se ao grupo. Mas talvez seja melhor não alterar nada, porque haverá sempre quem não possa em datas alternativas e pode até coincidir com outro qualquer compromisso meu (ou dele). Portanto, com pena de não conhecer Rui Valente, Cristina Santos, António Alves e tantos outros mais ou menos regulares na “Baixa” e que acho que não conheço pessoalmente, Bom Apetite e Bom Debate!
Cumprimentos cordiais,
Rio Fernandes
PS (isto quer dizer post scriptum) Além disso, não podendo estar presente, também vai falhar a minha angariação de militantes para o PS!!! E eu que já tinha fichas preparadas!!!
Para os mais distraídos, note-se que estou a brincar e que respeito muito a opção de todos, designadamente dos que preferem manter-se extra-partidários, como gosto que respeitem a minha opção, entendendo que não passei a ser melhor cidadão, nem pior!, pelo facto de um dia ter resolvido não apenas criticar por fora mas também por dentro e passar a integrar um partido político (o que não é crítica a ninguém, porque também respeito, acho legítima e penso que também é útil a crítica apenas a partir “de fora”).
Rio Fernandes
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Nota de TAF: Não querendo prejudicar a distribuição de fichas de militante do PS ou de qualquer outro partido, proponho alternativamente jantar Quinta-feira, dia 29, em que também não há futebol. :-)
Digam-me pf. para o meu mail pessoal quais destas várias datas sugeridas seriam viáveis. Eu tentarei depois encontrar a que minimiza as dificuldades.
... jantar na Quarta-feira, dia 28, que não há futebol? ;-)
PS: Verifica-se uma tendência para estabilizar nesta data: Quarta-feira, dia 28, 20:00. Pronunciem-se, por favor.
Na Terça-feira passada escrevi aqui um protesto pela má divulgação que a Porto Vivo estava a fazer das propriedades que tem para venda. Pois bem, como estou inscrito na mailing list da SRU acabei de receber publicidade ao edifício da Rua das Flores. O site tem aliás bastante mais informação sobre este tema. Não há nada como uma pequena pressão pública... ;-)
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) é um organismo público com sede na rua da Rainha D. Estefânia, no Porto. O jardim da instituição, apesar do estacionamento desordenado, vale bem a pena uma visita pelas suas grandes árvores, pela colecção de camélias, e pelo arranjo dos canteiros desenhados a buxo. Ficou com vontade de o visitar?
Então não o faça.
Saiba porquê aqui.
Saudações,
Paulo Araújo
Caros participantes,
Confesso que não resisti ao “trocadilho” com que baptizei este post.;-) Mas não, não vai ser dedicado aos Aliados com a maiúscula. Continuando a ter como pretexto de participação neste blogue a partilha de informações e opiniões sobre o Porto e a sua Baixa, e (perdoem-me a insistência) continuando o discurso que já aqui referi sobre a necessidade de cooperação e colaboração entre as diferentes entidades públicas unidas por interesses e/ou problemas que necessitem de uma actuação conjunta e coordenada, deixo aqui mais uma breve reflexão sobre uma relação de parceria cujos benefícios estão inclusive previstos na lei. Desta vez é sobre a relação entre os órgãos competentes da administração do património cultural (em especial o IPPAR) e as autarquias locais (no caso a CMP).
Seguindo as disposições legais (mais precisamente o Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação – RJUE, de 1999), todas as obras de reconstrução, ampliação, alteração ou demolição de edifícios classificados (ou em vias de classificação) e as obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração ou demolição de edifícios situados em zona de protecção de imóvel classificado (ou em vias de classificação) estão sujeitas, no decorrer do respectivo procedimento de licenciamento municipal (ou de informação prévia, se for o caso), a parecer do IPPAR.
Tais obras não estão assim, em caso algum, abrangidas pelos procedimentos simplificados de autorização ou de comunicação prévia que o referido regime introduziu no nosso quadro legal, tendo como objectivo facilitar e reduzir quer a conhecida elevada burocracia quer o conhecido longo tempo de espera vulgarmente associados à concretização de projectos imobiliários. Aliás, relativamente ao tempo utilizado pelos municípios em matéria de licenciamento de operações urbanísticas, o próprio diploma de aprovação do RJUE, na sua introdução, reconhece que o mesmo “não tem correspondência com a vida real, impondo um sacrifício desproporcional aos direitos e interesses dos particulares”.
Ou seja, nas situações relacionadas com intervenções em imóveis classificados pelo IPPAR, existe sempre, pelo menos à primeira vista, uma relação de (inter)dependência entre os municípios e este organismo da Administração central, relação essa que por sua vez afecta penosamente os particulares. Todavia (e é precisamente aqui que entra a parceria entre o IPPAR e os municípios), ao contrário do que se possa pensar lendo apenas o RJUE, como forma de simplificação dos procedimentos de licenciamento das obras relativas a imóveis classificados, prevê também a lei (neste caso a Lei de Bases da Política e do Regime de Protecção e Valorização do Património Cultural – LPC, de 2001), a possibilidade de deixar de ser necessária a obtenção do parecer do IPPAR para a concessão da licença de obras.
Esta alternativa, que permite o benefício da aceleração procedimental da concessão da licença para as obras mencionadas, é concretizada, de acordo com o artigo 53.º da LPC, mediante a elaboração, pelo município em parceria com os serviços do IPPAR, de um “Plano de Pormenor de Salvaguarda” para a(s) área(s) em causa (já agora, que dizem da ideia de um Plano de Pormenor de Salvaguarda para o Centro Histórico do Porto?). À vantagem mencionada na lei, acrescento ainda todas aquelas decorrentes da participação dos interessados na fase – obrigatória – de discussão pública de tal plano (um plano de pormenor), tais como por exemplo, entre outras, a publicitação dos critérios que presidem a intervenção no património cultural, bem como das normas específicas para a sua protecção e valorização.
Paula Morais
Arquitecta
Quanto ao almoço sugerido pelo Alexandre, digam coisas. Para mim a data é mais ou menos indiferente. Por exemplo, não sei se este próximo Sábado, por ser Sábado e por ser S. João, é considerado boa altura ou má altura. E se for à semana (Terça, dia 27, por exemplo, ou então já nesta próxima Sexta, dia 23), é melhor ou pior?
PS: Aproveito para lembrar isto que escrevi há um ano, bem como isto mais recente.
PS2: Recebi entretanto um "voto" para almoço no Sábado, dia de S. João.
A propósito da "Cascata", aqui há tempos fiz um desafio aos nossos amigos arquitectos propondo um olhar atento à "nova" Avenida dos Aliados perguntando-lhes se não achavam que ainda havia espaço suficiente para ajardinar partes daquele espaço e até ao momento ninguém respondeu.
Ao que parece, quando a soberba sobe à cabeça de alguns iluminados, não há nada a fazer, parecem autênticos ditadores. E o resultado é o que se vê: cimento, mais cimento e uma total rotura com o elemento natureza e com o povo...
Não me devo enganar se pensar que Siza Vieira não tenha em sua casa um único vazo com plantas e flores. Talvez goste das artificiais...
Siza Vieira é um arquitecto reputado, mas nunca será um Antoni Gaudí. Esse, provocou polémica mas gostava da cor e baseou a sua obra nos elementos da natureza, como: geologia, anatomia, zoologia e botânica. Não foi certamente Gaudí que lhe serviu de modelo.
Rui Valente
Escrevo estas linhas para apresentar um “stop and go” sobre o Grupo de Pressão Portuense que tanto tem entusiasmado alguns dos nossos parceiros bloguistas.
Em primeiro lugar comunico:
- a) Rissóis e croquetes de fim-de-tarde, gosto de os pagar do meu bolso, é cá um defeito que tenho...
- b) Não gosto de “nim’s” - sim, talvez, contudo, porém, se este pormenor, se aquela m..., então, nesse caso,... ou é ou não é!!
- c) Não acredito em super-homens..., tudo aquilo que fazemos está em constante avaliação, independentemente da imagem e reputação que venhamos a granjear. Agora, até os pais vão avaliar professores. Não há é quem avalie os dromedários dos ideólogos superiores do Ministério da Educação... Contudo, estou sempre à espera que um guru me surpreenda e às vezes é cada desilusão... O Warhol desafiava-nos para os nossos 15 minutos, eu anexo ainda – 10% de génio, o resto é apenas preparação...
- d) Não nasci no Porto, mas vivo cá há mais de 38 anos e gosto. Pelo menos não reclamei com os meus pais.
- e) Tenho formação em ciências, onde aprendi bem o significado do zero à direita da vírgula – um contabilista arredonda ao cêntimo, um economista arredonda ao euro, um engenheiro arredonda aos milhões de qualquer coisa... O que é preciso é andar para a frente...;
- f) Ah, estava-me a esquecer – em jeito de registo de interesses, não estou de momento ligado a qualquer processo que tenha dado entrada na CMPorto e os 5 anos em que fui assessor do Gabinete da Presidência já lá vão há alguns anos;
- g) Sou HUF – Heterossexual em União de Facto, excomungado pela Católico -Apostólica - Romana e pelo Bloco de Esquerda que não acha a nossa causa justa, preferindo apoiar os GUFs – Gays em União de Facto;
- h) Etc, etc, etc. Não quero com isto dizer que seja completamente livre. Senão vocês haviam de ver que o discurso seria ainda mais radical...
Agora, duas considerações sobre Lisboa vs Porto.
LISBOA - Cidade eminentemente imperial, aristocrática, gosta de “torrar” o dinheiro que não produz, rasga avenidas, vende a tia, a mãe e a avó... A única cidade cosmopolita portuguesa. Um verdadeiro teatro. A Plaza Mayor portuguesa... Tudo a monte e fé em Deus...
PORTO - Cidade eminentemente burguesa, não “torra“ dinheiro, não rasga, é provinciana, sectária e quando tem para gastar não sabe como. Uns mostram sobranceiramente o que têm, outros, tesos, o que não têm e outros ainda coleccionam faqueiros de prata para deixar aos herdeiros que, normalmente, despacham tudo na primeira ou segunda oportunidade. “É pá, você sabe, o negócio, o Carnaval foi uma desgraça, a Páscoa está a correr mal e o Natal não sei se vai dar para o peru! Oh Joaquim, já foste lavar o Jaguar?...”
Finalmente, sobre o Grupo de Pressão:
- a) Vocês acham mesmo que é razoável a discussão sobre qual a formação do “chefe da agremiação”? Esta é tão somente uma questão de Liderança. Tal como dizia o Lenine – “O Poder ou se exerce ou não!” O líder irá aparecer naturalmente e todos irão sentir que o é. Não pode é ter a altura do Marques Mendes...
- b) Então, mas vocês já estão a discutir a questão da liderança e ainda não há trabalho a sério realizado, não há uma estratégia delineada, ainda não se sabe se vamos primeiro entrar em guerra com Gondomar e Matosinhos, se com Gaia ou Vila do Conde?? Mas afinal quais são os verdadeiros objectivos??
- c) É para arranjar tachos?? Se é para isso, é mais simples comprar um avental e um compasso e fazer uma inscrição na Maçonaria ou então aderir à Opus Dei (no meu caso pessoal já não é mesmo possível e se o fosse aquilo, num instante, ainda virava Copus Night).
- d) Ou é para apoiar a chamada “Escola do Porto”?? Se é para isso não me convidem. Já dei para esse filme. A propósito – considero ser a melhor peça de arquitectura concebida em Portugal no virar do milénio, a casa projectada pelos irmãos Aires Mateus na Costa Vicentina. Obrigado Manuel e Francisco pela “PEÇA”!!
- e) E será uma agremiação de “cidadãos livres”?? Ou temos que fazer registo de interesses??
- f) E a agremiação vai matar quantos?? É que a verdadeira importância funcional de cada um depende do seu potencial destruidor: um médico vale pouco – mata apenas um de cada vez; um professor quando mata, mata uma turma inteira, um general já pode matar que se veja e um político, por exemplo o nosso Presidente da Câmara será que vai conseguir matar a cidade inteira. Logo, qual a dimensão e o potencial de destruição da agremiação??
- g) E é para trabalhar a sério??
Se for para trabalhar a sério e sem interesses particulares colaterais,
Sempre disponível, contem comigo, se para tal a saúde ajudar.
Paulo Espinha
pauloespinha@gmail.com
Já que exige muito pouco investimento por parte da autarquia portuense, uma vez que todos os materiais necessários à sua construção provieram do Horto Municipal das Areias, podíamos todos pedir à autarquia que tornasse a "cascata" permanente. A Praça fica de facto muito mais bonita com aquele jardim em volta da estátua do Garrett.
António Alves