De: Pedro Lessa - "Os preços da SRU"

Submetido por taf em Sexta, 2006-06-23 17:20

A propósito da questão dos preços do prédio da Rua das Flores ser deslocada, não me parece que assim seja. Se, como se diz, a SRU quis dar o exemplo como proprietária, então devia dar o exemplo em todos os sentidos. Como organismo público, precisamente para incentivar e fomentar a reabilitação, deveria dar o exemplo e esquecer o lucro.

As contas são fáceis de fazer:
2 fracções a 140 mil euros + 4 a 145 mil dá uma receita de 860 mil euros.
Se o custo de obra foi de 700 mil euros, não me digam que existiram 160 mil euros de despesas. Com tantos arquitectos e engenheiros na câmara e na própria SRU, os projectos podiam ter sido aí feitos. E se a SRU quer dar mesmo o exemplo, não deveria quantificar o valor do terreno, precisamente para dar o exemplo.

Por mais explicações que os técnicos desta área apresentem, a SRU deve dar o exemplo e não se tornar mais um dos vários especuladores que por aí andam.
Que a vocação da SRU não seja esta, já todos sabemos, porque nada está feito no Centro Histórico. Um prédio em milhares torna-se uma migalha. Mas então que não venha o presidente da câmara dizer que vai reabilitar a Baixa e não percebo porque diz no site da SRU: Missão da Porto Vivo, SRU - "Criada com base no decreto-lei 104/2004 de 7 de Maio de 2004, a Porto Vivo, SRU propõe-se, a médio e longo prazo, reabilitar e requalificar a Baixa e o Centro Histórico da cidade do Porto."

Mas então qual é a missão da SRU? Fazer planos e projectos e documentos estratégicos. Isso poderia ser feito na própria câmara. Não seria preciso criar SRUs. Como já aqui disse há uns tempos, assim é fácil dizer-se que se vai reabilitar. Com o dinheiro dos outros é fácil. A SRU devia era arregaçar as mangas, comprar ou expropriar o que fosse preciso e fazer as obras. Isso é que é fazer. Porque já se está à espera há 20 anos que os proprietários façam obras. Não será agora que se vão mexer.

Ou então é tudo uma questão de semântica. O que significa para a SRU reabilitar e requalificar?

Cumprimentos,
Pedro Lessa.
pedrolessa@a2mais.com