2009-10-25
Estive hoje presente na enésima sessão dedicada ao tema da Regionalização, esta organizada pelo Prof. Paulo Morais do Instituto de Estudos Eleitorais da Universidade Lusófona, com a presença do Eng.º Carlos Brito e a discussão do seu recente livro.
Lanço aqui esta causa, em que acredito, porque estamos em tempo de acção cívica e política e já não mais de congressos e seminários. Também quero aprender com as opiniões dos que por aqui passam. Já percebi que há alguns, por aqui, que se entendem donos, talvez por usucapião, de algumas causas, que são problemas e lutas de todos, não são sua propriedade. Até porque têm demonstrado incapacidade de obter resultados. E que há outros a favor de tudo, mas sempre à espera que apareça alguém a boicotar, não se vá de ter mesmo de assumir a responsabilidade do que se está a propor: “Sim, mas...”. Poucos se expõem, de facto, à responsabilidade do que propõem.
Em Abril de 2009, no âmbito das sessões “Olhares Cruzados sobre o Porto VI”, no Salão Árabe do Palácio da Bolsa, o Prof. António Nogueira Leite desafiou-nos “Deve-se dar a oportunidade ao Porto e à região Norte de serem 'região-piloto' num eventual cenário de regionalização", para quem a região Norte "pode servir de experimentação para, no futuro, ser possível exemplo" na implementação do processo no resto do país. Confessou-se, contudo, "pragmático" sobre um tema que considera "um pouco romântico". Os responsáveis presentes estranharam um eventual "presente envenenado". Eu não o entendi assim, mas até como a única oportunidade de evitar um referendo que tem metade da população a beneficiar da alargada Área Metropolitana de Lisboa ("sic" Eng.º Carlos Brito).
Ninguém lhe respondeu. Eu dou a minha opinião, aceito o repto e vamos trabalhar nele. Até porque é essencial para poder trabalhar em Euro-região com a Galiza, e com Castela e Leão, numa lógica de desenvolvimento do interior Norte. E, para isso, é necessário uma articulação com os movimentos de Bragança, Braga, Guimarães e Viana do Castelo.
Há quem no Alentejo e o Algarve também assuma este propósito. É bom haver competitividade e, ou muito me engano, ou vamos ter três regiões a querer este estatuto e pioneirismo, o que parece ser um bom indicador de ser uma cruzada a seguir. Se a região piloto não resultar, é porque a regionalização não era o nosso sonho, mas afinal a nossa ilusão, e há que encontrar outros modelos de organização e de gestão do país.
José Ferraz Alves
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Pedro, gostei do seu texto e aprecio a compaixão pelos outros que exprime. Acho que concordo com grande parte do que disse. A nossa discordância é mais no modo de encarar as coisas, talvez. Eu por "deformação" profissional tenho dificuldade em pensar os problemas sem um objectivo ou sem magicar possíveis soluções. Talvez seja ingénuo, mas é a vida.
Portanto, e embora claro que concorde que os problemas sociais agravam a criminalidade (e isso tem sido muito evidente cá em Portugal desde que "começou" a crise), a resposta da sociedade não deve ser a de tolerar esses problemas mas sim combater as suas raízes. É aí que nos devemos todos empenhar em primeiro lugar. Interpretou pois mal o que quis dizer com "porque hei-de eu, ou o Pedro, pagar pelos problemas dos outros?". Eu não quero cair no politicamente correcto, Pedro. O que eu quero dizer é muito simples: eu quero empenhar-me na resolução dos problemas dos outros, e de todos, mas não aceito que se vinguem em mim! Isso seria uma dupla injustiça.
O mesmo se aplica ao texto do David Afonso, com o qual também estou de acordo, mas repito: eu escolhi viver no Porto, e acho que tenho direito a uma cidade limpa! Como disse o Tiago Azevedo Fernandes, compactuar com os "sintomas" sem os combater directamente só vai estimular mais pessoas a abandonarem a cidade. Infelizmente não há soluções miraculosas para os problemas, também penso que é preciso intervir com inteligência nas diversas frentes, mas a frente mais "repressiva" - ou "educativa à força" (talvez assim passe melhor...) - não deve ser descurada.
Depois sinto que há uma dose de exagero em certos argumentos. Também há vandalismo em cidades cheias de vida, embora haja certamente menos. E não há crime económico praticado por pessoas com dinheiro mas sem escrúpulos? E corrupção? E pessoas educadas que passam nos sinais vermelhos colocando os outros em risco? Digo isto apenas para chamar a atenção de que a educação não resolve tudo. A mudança ao nível da cidadania creio que é mais um ciclo positivo alimentado pela educação mas também por legislação, por exemplo, que estimula novos hábitos que depois se tornam rotina, etc. etc. (Veja-se o exemplo da lei do tabaco.)
Às vezes sinto que no subconsciente há quem acredite na teoria do bom selvagem de Rousseau...
Abraços
Nuno Quental
O policiamento é urgentemente necessário, mas não resolve tudo. Se de hoje para amanhã houver mais e melhor policiamento na Sé, esses problemas passam para outro local. A minha opinião (polémica, já sei) é que a melhor maneira de acabar com os problemas relacionados com a droga é legalizá-la. Vejamos:
- 1 - A droga passaria a ser vendida em locais próprios, de forma clara e transparente, onde houvesse pessoal especializado para ajudar os dependentes a livrarem-se desse terrível vício.
- 2 - Os toxicodependentes deixavam de ser obrigados a lidar com os traficantes, sujeitos aos perigos inerentes.
- 3 - Haveria concorrência pelo que os preços baixavam e isso diminui os assaltos que ocorrem todos os dias para "angariar dinheiro para a dose"
- 4 - A droga passava a pagar impostos. Já pensaram bem no dinheiro que entrava nos cofres do Estado? Esse dinheiro poderia ser revertido posteriormente na recuperação dos toxicodependentes, na reabilitação urbana, na ajuda às classes mais desfavorecidos e essencialmente, em campanhas educativas relacionadas com o consumo de drogas (incluindo o tabaco e o álcool que são tão drogas como a cocaína e a heroína, mas apenas com efeitos menos devastadores)
- 5 - O tráfico de droga seria substancialmente reduzido, com todos os benefícios que nem é necessário enumerar.
- 6 - Seria possível reabilitar esses bairros degradados pela droga (sejam bairros sociais ou não).
Muitos farão a pergunta: e com a legalização, não vai aumentar o consumo? Creio que não, pelas seguintes razões:
- - A velha máxima do "fruto proibido é o mais apetecido" deixaria de se aplicar.
- - A maioria dos toxicodependentes mete-se nisso devido a factores de exclusão social potenciados exactamente pela pobreza, pela droga e o tráfico à sua volta. Se o tráfico diminuir, estes factores também diminuem. É uma espécie de pescadinha de rabo na boca.
- - Muitas pessoas com bom ambiente familiar, com dinheiro, com tudo de bom, metem-se na droga pela falta de objectivos, de valores, de um foco. Estão perdidos na sociedade cada vez mais feroz e distorcida. Tanto faz que a droga seja legal, ou não, tem de se atacar o problema na sua raiz, com melhor educação, melhor cultura, melhores valores.
E, claro, sem experimentar não sabemos...
Daquilo que pude verificar no último ano com a reconstrução do Mausoléu, que se localiza paredes meias com o último bloco do antigo Bairro São Vicente de Paulo, a polícia além de escassa pouco ou nada pode fazer se o cidadão não insistir.
Conivência da população:
Das primeiras 2 vezes em que os intrusos conseguiram carregar andaimes e deixar parte da estrutura em risco para a via pública, nenhum vizinho ou transeunte chamou as autoridades, tendo sido o roubo detectado pela manhã. No 3º assalto em que a entrada obrigou os intrusos ao derrube dos taipais que encerravam vãos, que tinham grades, para levarem cimentos, telhas e sub-telha, também não houve qualquer alerta às autoridades.
População que não respeita, nem gosta das autoridades:
Nesse 3º assalto, de manhã, a polícia criminal esteve presente, a patrulha normal seguiu indícios, e o resultado foi o insulto por parte dos moradores das imediações, que se insurgiam contra a acção policial alegando má imagem e que não necessitavam de roubar material de construção uma vez que tinham casas cedidas pela CMP, isto em comandita coordenada e dirigida à polícia e aos lesados. A polícia dizia aos lesados para não terem medo, caricato, portanto.
Das razões da incompetência policial:
Foi o local seguro com alarme de comunicação directa aos proprietários. A partir dai, em pouco minutos autoridades e lesados estavam no local. Não foi possível detectá-los em flagrante, a polícia dirigia-se à frontaria, os ladrões fugiam pelas traseiras. Numa dessas noites tornou-se explícita a razão dessa incompetência: é que mesmo estando a autoridade munida de shotguns, não havia qualquer respeito, aliás esbarravam despropositadamente com os agentes, pediam desculpa e riam, era 1 ou 2 horas da manhã, muita gente na rua. Uma equipa de 2 agentes, pouco ou nada podia fazer, e não havia motivo para violência, porque nessa altura já as intrusões eram apenas para roubar fios eléctricos, contadores, torneiras.
Conversas e informações com as autoridades:
Nesses sucessivos contactos, os lesados foram sendo informados de vários autores de carjacking libertados e residentes em locais próximos; de que a criminalidade tinha diminuído com a demolição de S. Vicente de Paulo, mas a toxicodependência, tendo uma obra como chamariz, tinha regressado à sua acção, aliás os consumos são feitos ali. Que os potenciais amigos do alheio eram conhecidos das autoridades e as autoridades suas conhecidas. Que um roubo daquela natureza daria a liberdade ao autor e que muitas vezes a hora dessa liberdade coincidia com a hora em que aqueles agentes largavam os seus turnos.
Da esquadra:
Na esquadra estavam de igual modo 2 agentes, nas escadas mais de 7 pessoas à espera. Nessa noite os lesados desistiram de ser atendidos.
Acções dos lesados:
Requisitar as autoridades 7 vezes em 5 meses, 7 queixas formalizadas, conheceram Intendentes e comandos, e os próprios agentes de proximidade. Todos pediam desculpa por não poderem fazer nada e, de facto, não valia a pena serem mais interventivos, a luta foi dura. Há 3 meses que não há assaltos. Toxicodependência, lixo na via diariamente depositado por utilizadores, gritos, desvarios, assaltos a logradouros, não o do Mausoléu, pancadaria com crianças a assistir, isso continua e dava um filme.
Cristina Santos
Fotografia tirada às 11h30m.
Outro incidente na refinaria de Leça?
Caro David, os 3 pontos que referes são, em grande parte, manifestações complementares com origens comuns. Como não há soluções completas nem imediatas para tudo, temos de avançar em todas as frentes, quer nas causas quer nos sintomas. Aliás, facilitar nos sintomas acaba por agravar as causas.
É que há medidas fáceis de tomar. Além disso, o que faz a Polícia? Haverá casos e casos. Mas as esquadras mal geridas podiam passar a ser bem geridas. Onde há falta de colaboração entre as entidades envolvidas (Segurança Social, Câmara, Juntas de Freguesia, IPSSs, etc.), podia passar a boa colaboração. Há alguém que esteja a ser avaliado pelo resultado da sua acção no que a estes problemas diz respeito? É que se não há, como poderemos esperar resultados positivos?
Estou convencido de que meio caminho estará percorrido quando os cidadãos mudarem generalizadamente de postura e tomarem posse do espaço público. Quando cada um de nós se convencer de que "esta rua é mesmo minha", "este jardim é mesmo meu", "este edifício é mesmo meu", a nossa exigência quanto ao estado das coisas vai-nos levar, colectivamente, a encontrar as soluções que agora faltam. Nem que seja por vergonha.
1. Muito se tem discutido aqui sobre os tags, graffitis e afins. Parece-me, no entanto, que se acabou por se confundir os efeitos com as causas. Por mais estimulante que seja o debate sobre as liberdades individuais e os limites do Estado, o que está aqui em causa é apenas o seguinte: os tags são um dos sintomas de abandono das cidades e não é perseguindo os adeptos dessa modalidade de cultura urbana que estas, como por magia, se reconstroem. Tratando os sintomas não curamos o mal. Se se deve ou não perseguir, apagar e eliminar é uma questão bizantina quando tudo o resto se está como está. Em vez de olharmos para a cidade, escandalizamo-nos com a petulância desta gente que nos vem rabiscar nos escombros de estimação. Mas não será o nosso escândalo a salvar Constantinopla…
2. Não sei se existirão números actualizados e fiáveis sobre o assunto, mas é impressão minha ou os actos de vandalismo e pequenos furtos têm aumentado? Na vizinhança do Carolina Michaelis não há despertar que não dispense uns quantos vidros de automóveis partidos (eu que o diga…), no Parceria Antunes umas dezenas de automóveis tiveram tratamento especial (quer dos vândalos quer das forças da autoridade), não raras vezes assisto a zaragatas entre espécies noctívagas e as horas de descanso há muito que deixaram de ser respeitadas. Sem querer resvalar em derivas autoritárias atrevo-me a dizer que o policiamento das ruas do Porto precisa de ser repensado. Há quanto tempo é que não vejo uma patrulha a pé? Por que motivo eu não conheço os policiais que são responsáveis pela segurança da minha zona? Quem são? Que rosto têm? São apenas um número de telefone? Policiamento de proximidade precisa-se. Caso contrário, arriscamo-nos a cair em soluções perigosas e desnecessárias.
3. O que se passa na Sé é um caso de descaso. Toda a gente sabe o que se passa. Toda a gente tem a percepção que a tendência é para o crescimento do tráfico de droga. Digamos que, ultimamente, têm aparecido muitas caras novas. Em determinadas horas do dia, Anjo, Souto e Pelames são um verdadeiro carrefour. A situação está no ponto: basta uma reportagem-espectáculo denunciando o escândalo para as consciências despertarem e ulularem por uma limpeza geral. Então, as forças policiais entrarão em cena cumprindo com rigor a coreografia dos directos e das “grandes reportagens” para sossego da classe média. É claro que tudo isto é espúrio e tudo voltará ao que tem de ser e a vidinha - mais coisa menos coisa - voltará ao que era. É um daqueles casos que a polícia de pouco serve (aliás, eles próprios sabem disso e preferem deixar o correr o marfim). A toxicodependência e o tráfico de estupefacientes é um fenómeno social e económico enraizado e está para durar. Pelo menos até começarmos a olhá-lo de frente. São necessárias salas de chuto e as drogas devem ser fornecidas pelo Estado. Em tempos, Rui Rio deu a entender que a solução das salas de chuto não seria, na sua opinião, de descartar. Com a segunda maioria absoluta que tem em mãos, tem a oportunidade de promover uma ruptura com políticas falhadas que apenas servem para perpetuar e amplificar o problema. Já o disse e repito-o: a direita não pode ficar acantonada em pruridos morais e a conservadorismo atávicos e deixar o trabalho sujo para a esquerda.
A Rede Norte é uma iniciativa abrangente que tenta reunir e potenciar esforços para ajudar a desenvolver o Norte. Nesse sentido, parece-me positivo que se mantenha fora do combate político no sentido estrito, partidário. Aliás tem-se constatado que há inúmeros assuntos cuja solução não depende de ideologias e é transversal a todo o espectro político (outros não). A Rede Norte pode assim ser um lugar aberto de convergência e debate, a partir do qual cada um dos envolvidos poderá passar à acção concreta por vários meios, entre os quais os de âmbito partidário.
Por mim, sempre que for adequado e dentro das minhas capacidades, farei essa intervenção no âmbito do PSD. Vejo obviamente com bons olhos que outros o façam noutros partidos "tradicionais", em pequenos partidos mais recentes, ou ainda em partidos a criar. Cada um escolherá a ferramenta que julga ser mais eficaz. O importante é que haja acção concreta e diálogo transparente.
PS: a propósito deste meu comentário, e na sequência deste post do José Ferraz Alves, recebi dele a seguinte nota:
"É um auto-apelo a mais proactividade e acção na aglutinação de forças e competências na defesa das causas concretas da Região Norte, como a defesa da linha do Tua, que pode passar por uma diferente forma organizativa, para discussão prévia, fora dos leques partidários, obviamente.
JFA"
O que vou dizer é uma opinião minha de há muito tempo, antes de começar a escrever em blogues, e que até ao momento tenho tido dificuldades em expressar.
Para mim, as não-respostas por parte daqueles que legitimamente, pelo que fizeram, consideramos como as elites do Norte é apenas a sua indicação de passagem de testemunho a todos os que com tanto empenho e inteligência têm escrito, e escreveram nos últimos anos, neste e outros blogues.
As elites também são seres vivos. Nascem, crescem e morrem. É preciso que não tenham medo de assumir essa responsabilidade. E não vou tocar mais neste tema, está na altura de fazer e agir, de inovar, experimentar, aprender e corrigir.
José Ferraz Alves
De facto é necessário converter a Rede Norte em algo mais. As supostas "elites" do Porto são um conjunto de personalidades, representativas de uma geração totalmente falhada, que permitiu que a região resvalasse para um abismo social, económico e político de onde só um grande esforço colectivo nos tirará. O melhor que toda esta "elite" podia fazer por ela própria era, num último assomo de dignidade, afastar-se pelo seu próprio pé e dar lugar nas instituições a gente mais arejada e com verdadeira vontade de servir o seu povo e região. De facto, caro Daniel Rodrigues, é escandaloso que a região fulcro da fachada atlântica da Ibéria seja tratada como periférica pelo governo central com a passividade e até a conivência de muitos que coarctados pelos estatutos, e interesses daqueles que daqui se encostaram à mesa do orçamento, se remetem ao silêncio cúmplice. Há muito trabalho político pela frente.
- Conheça os eleitos da CDU na cidade do Porto, sugestão de Vítor Silva: "Boa iniciativa mas podia estar um pouco mais detalhada, por exemplo com indicação de email para contacto."
- Programação Casa da Música 2010, alternativamente em PDF, sugestão de Raquel Pinheiro
- O Passado também se inventa, Museu de Arte Popular, inaugura Sexta-feira 30 Out. no espaço Uma Certa Falta de Coerência, sugestão de José Maia
- Projecção do filme "Aurora" de F. W. Murnau seguida de debate, no VivaCidade, hoje às 17h, sugestão de Adelaide Pereira
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Transcrevo um SMS que recebi hoje de Bragança: «Não se preocupe, eu percebo-o e agradeço-lhe tudo o que já fez. O que não percebo é o sistema Porto e as suas elites. Falam, falam, mas não os vejo fazer nada pelo “Norte”… fico frustrado!”
Ficamos a saber que cada família da Região do Douro e Trás-os-Montes pagará menos 38 euros por ano, em média, como um primeiro efeito deste programa de investimentos em barragens. Também que a questão dos preços de venda de electricidade é pergunta a responder por uma Entidade Superior, o Regulador!
De facto, só a inexistência de uma Entidade que tenha efectivo poder sobre o seu território permite toda esta actuação pautada por uma extraordinária leveza quantos aos seus efeitos, moldando ambiente, ordenamento do território, recursos públicos, populações, sem o devida consideração de efeitos de sustentabilidade a longo prazo e que converteram esta Região como a mais atrasada da EU27. Nomeadamente, é muita estranha a passividade da cadeia de produção vinícola da Região do Douro, de importantes empresas e pessoas do Porto e Douro, as tais "elites", que não reagem, o que só atesta a pertinência do apelo do email que recebi.
A Rede Norte surge com o objectivo de partilhar competências de diversos movimentos cívicos do Porto, Braga e Aveiro. Escolheu a causa de defesa da Linha do Tua como exemplo de que é possível o Norte organizar-se em torno de ideais que não sejam só os do litoral mais desenvolvido, e que é possível a esse litoral mostrar-se capaz de defender mais eficazmente o que é seu, em perfeita ruptura da prática de actuação mais longínqua, de poderes eleitos e não eleitos, que estão na capital do País. Ou seja, que é possível o Porto ser para Bragança o que Lisboa não tem sido. Que parece difícil, de facto, na prática, ser demonstrado.
Por tudo isto, percebe-se também a necessidade de conversão da Rede Norte em algo mais.
José Ferraz Alves
Rede Norte
É de mim, ou esta bela imagem (embora a RAVE já nos tenha habituado a muitos gráficos, tabelas, imagens, sem qualquer correspondência com a realidade ou as decisões políticas posteriores), não contempla em 2025, uma ligação por TGV à Europa directa através de Salamanca? (favor clicar no 2025 da animação)
Como se diria fora do círculo das elites que tanto admiram a genica e a visão dinâmica para o futuro do Eng. Sócrates, querem enfiar-nos o barrete (ao Norte), e nós a olhar... À parte imagens que podiam ser apenas gralhas, decidi ir ver os mapas oficiais da Rede Transeuropeia de Transportes. Além de verificar o que temia, encontrei outros pontos interessantes. Por exemplo, este. Alguma justificação para o Noroeste Peninsular não ter um aeroporto (seja Porto ou Vigo), que seja "Part of an internatinal system", ou "International connecting points"?
Recordo que 5 milhões de habitantes moram acima da linha do Mondego, a 200 km de Lisboa, e apenas 100 do Porto. Sendo que, destes, 70% estão na região NUTS Entre Douro e Minho. Se não dispuser do tempo para consultar o INE, é ir ver o resumo dessa análise aqui. E aqui, mais um brilhante exemplo da falta de atenção de todos os euro-deputados que foram eleitos pelos 5 milhões de eleitores do norte, já que dos deputados eleitos ao nosso parlamento em Lisboa não podemos esperar sequer a decência de votar contra a nomenclatura do partido em nome de quem os elegeu pelos seus círculos. Como podemos ver, Viana do Castelo não deve esperar muito investimento para que o seu porto seja considerado na Europa. De qualquer modo, como ficam fora do TGV, ficaram fora da modernidade, presume-se. Gostava de saber se foi dita alguma palavra relativa a esta questão? Devia envergonhar um país de pergaminhos marítimos, mas a história, notoriamente, também é velha e precisamos é de progresso! Curioso o erro de considerar o Douro Navegável até Miranda repetido até à exaustão em todos os mapas. Infelizmente, só em teoria, pois não há forma de vencer a barragem de Saucelle, em pleno Douro Internacional.
Enfim, para quem tiver paciência, veja os documentos relativos a "eixos prioritários" que se seguem nesta página. Pelos vistos o progresso e as prioridades não passam decididamente pelo Norte. E o Porto, supostamente o dínamo da região, a ver navios (e aviões, e comboios, e outros veículos) a passar...
Cumprimentos,
Daniel Rodrigues
PS: Para memória futura: A lista dos deputados eleitos pelos círculos do Norte (os e-mails que faltam não estavam acessíveis facilmente através das páginas dos respectivos grupos parlamentares ou do partido.) Julgo que será a estes que devemos pedir contas pelo descuido na defesa intrasigente dos interesses dos seus círculos eleitorais.
4.4.5.19 – Bancos Éticos e Sociais (Na sequência do caso 1)
Área de intervenção: Financeira
Factor despoletador da motivação: Proporcionar o acesso de todos ao crédito
Meio: Fundo de Garantia ao refinanciamento dos sobre-endividados, Bancos Éticos e Sociais
Objectivo: O crédito a preços justos como um direito à liberdade
Os princípios actuais do sistema bancário impedem que grande parte da população mundial participe na vida económica. Os Bancos tradicionais exigem às pessoas que sejam solventes, antes de lhes emprestarem dinheiro. Mas, para que servem, se não ajudam as pessoas a sair de uma situação difícil, a criar valor e trabalho? Os Bancos convencionais olham para o passado das empresas, para o seu rating, para os empréstimos que já pediram. No sistema de bancos sociais de Muhammad Yunus, não se olha para o passado, está-se apenas no futuro, no potencial da pessoa, não no que fez no passado. Pode ter enganado muitas pessoas, mas não é isso que impede de negociar com essa pessoa. Este é o ponto de partida.
O Banco Mundial anunciou recentemente que triplicará os investimentos nos programas de protecção social para os próximos dois anos até 12 mil milhões de dólares, visando ajudar os mais vulneráveis. Refere que a decisão reflecte a crescente preocupação sobre as consequências da crise económica global nas taxas de pobreza e desnutrição, assim como nos programas de educação, saúde e outras iniciativas sociais: “Um mundo que não aprende com a história está condenado a repeti-la”, destacou o Presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.
A título de exemplo, existem muitas pessoas que caíram na armadilha do sobre-endividamento, nomeadamente pelo recurso indevido a cartão de crédito, e que estão a pagar taxas anuais efectivas superiores a 26%. O resultado é não conseguirem amortizar o financiamento e estarem a pagar nas prestações apenas o juro, ficando assim presos para toda a vida, com fortes impactos sobre a sua estabilidade pessoal e profissional. A substituição deste financiamento por um plano a prazo de reembolso, com uma taxa de juro moralmente adequada, permitiria, com o mesmo esforço de pagamento, proceder à regularização desta situação num prazo adequado. Deste modo, sugiro a constituição de um Fundo Social que intervenha no mercado financeiro como garante de operações de financiamento que substituam estas situações de endividamento – em 09.05.06, uma prestação de 387,91 euros, só para juros, seria substituída por uma de 171 euros, com reembolso de capital em 6 anos -.
O cumprimento, em condições adequadas, é também um projecto “win-win”. Ganha a entidade credora, que não perde o seu crédito (sem bem que com menores remunerações), o eventual novo Banco Financiador, que ganha um cliente, que percebe bem os riscos e os pesadelos do incumprimento, e vence o devedor, que verá a vida como ela deve ser vivida, com alegria e esperança.
PS – Introdução
Eu não queria voltar a falar do tema dos tags já aqui referido mas a argumentação do "camarada" Nuno Carvalho forçou-me, mais uma vez, a intervir na Baixa do Porto.
Um exemplo artístico em plena Avenida de França. Como não bastassem as manifestações anárquicas nas paredes também há um certo número de discípulos do Bakounine que têm uma grande acção para impedirem a mobilidade dos peões na cidade.
Nota de rodapé: Como obras de contestação na cidade continuo a admirar o relevo de Américo Soares Braga no Cinema Batalha ou a "Ribeira Negra" do mestre Júlio Resende.
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Ruas da Minha Terra - Porto
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PS - Allatantou Dance Company comemora 3º aniversário, Dia 1 de Novembro, às 21h30, na Fábrica Social, Fundação Escultor José Rodrigues, sugestão de Ágata Rodrigues
Uma coisa é não acreditar numa determinada forma de organização social e outra coisa é tentar desacreditar uma determinada forma de organização social.
Saudações,
Nuno Carvalho
«Anarquia significa ausência de coerção e não a ausência de ordem. A noção equivocada de que anarquia é sinônimo de caos se popularizou entre o fim do século XIX e o início do século XX, através dos meios de comunicação e de propaganda patronais, mantidos por instituições políticas e religiosas. Nesse período, em razão do grau elevado de organização dos segmentos operários, de fundo libertário, surgiram inúmeras campanhas antianarquistas. Outro equívoco banal é se considerar anarquia como sendo a ausência de laços de solidariedade (indiferença) entre os homens. À ausência de ordem - ideia externa aos princípios anarquistas -, dá-se o nome de "anomia".»
Antes de mais agradeço a atenção do Nuno Quental e dos demais nas minhas palavras. Reparo que há muitos pontos partilhados, mas a utilização de certos termos no seu discurso (comuns ao de muitos que ouço recorrentemente) revela a diferença entre as nossas matrizes pensantes. Não são mutuamente exclusivas, não são melhores ou piores, mas apelo a uma reflexão mais cuidada das suas palavras. Quanto é 2+2? 4! Nem foi preciso pensar na resposta! É esta confiança no nosso pensamento que nos leva a confiar no nosso discurso, sem no entanto reflectir primeiro alguns pormenores...
Hoje o Nuno acordou atrasado para o trabalho, o cilindro avariou a meio do banho, as torradas queimaram-se, meteu os pés pelas mãos no emprego, o almoço caiu mal. O Nuno não é de ferro, e ao fim do dia a sua sensibilidade está afectada; assumo com isto que qualquer pessoa pode deixar-se quebrar pela circunstância e que existem pessoas mais sensíveis ao meio do que outras. Assumo que algumas pessoas que vivem num bloco no bairro do Aleixo (para irmos buscar “apenas” um exemplo mais dramático) se deixam quebrar pelo ambiente logo à soleira. Que a sua sensibilidade começará o dia afectada, cometerá actos que não se orgulhará de todo, ou, em último caso, nem os julgará por fazerem parte tão inerente das rugas do seu rosto.
Sim, estou a justificar com isto que a criminalidade (dispenso termos como «grande», «pequena» ou «vandalismo») pode ter «base nos problemas sociais». Sim, estou a dizer que há quem viva desintegrado, e que responda a esse estímulo de uma forma negativa. Mas não digo que sejam estas as pessoas que se «deveriam integrar». Não são elas, somos todos nós. Não queiramos, por favor, ver deveres só nos outros. Senão, perpetuaremos discursos como «porque hei-de eu, ou o Pedro, pagar pelos problemas dos outros?»; é como que assumir que não fazemos parte do problema, e portanto não fazemos parte da solução. Fazer parte da solução não é (só) ser benevolente na hora do perdão, se me faço entender, parece-me isso a projecção de um alter-ego. A «sociedade mais justa, com mais educação» é construída a partir de nós próprios, cultivando e reconhecendo respeito e dignidade. Não nos deixarmos cegar pelo ódio sobre o fulano que nos levou o telemóvel e 15€ é um passo, importante sim, mas apenas um.
Bom, deve ter reparado que não apresentei «métodos» ou conclusões em concreto, nem vivo nessa ânsia de dar respostas (isso é coisa para políticos centralistas). Parece-me no entanto que há muita acção e pouca reflexão nos dias que correm. Muita obra e pouco respeito. Muito discurso de cliché e pouca devoção às causas. Muita análise superficial e pouco aprofundamento. Outros poderiam dizer o mesmo deste mesmo discurso.
Não montei ainda todo o puzzle da minha personalidade e ideias, por isso se acharem que não tenho razão nisto, lógica naquilo, sentido naqueloutro, não faz mal, porque sobra a paixão de procurar a identidade da minha cidade, de a enfatizar e a cumprir. Foi isso que me levou a escrever o texto anterior. Se o cumprirmos, seremos tolerantes, não por alienação, mas por respeito. Não porque julgarei que a “bike” é minha só porque a paguei e tenho uma factura, mas que é de todos – ou de ninguém, diria Agostinho da Silva – pois foi toda a sociedade que me permitiu tê-la. Que enquanto a sociedade, nós todos, não cumprir os preceitos da humildade, haverá sempre quem nos leve as coisas e quem tome esse pormenor ou os graffitis na parede como um problema «tão sério», desculpa óptima para erguer paredes, trancar portas, clamar pela polícia, andar insatisfeito, ter medo, não compreender.
Desculpe se interpretei mal algumas das palavras, suas e de outros, mas a comunicação terá sempre destas coisas!
Cumps,
Pedro Marinho
Oh Pedro Marinho, ainda me ri um bocado com o vernáculo "oub’lá"! A mim por acaso já me roubaram, há uns anos valentes, uma bicicleta. Mas aprendi uma lição: nunca a deixar estacionada na zona da Sé! Eu só não sei é se o Pedro teria a mesma reacção se tivesse sido ameaçado com uma ponta-e-mola, como me aconteceu há 3 anos precisamente no 25 de Abril. Na altura levaram-me um telemóvel velho e uns 15 euros. O meu anjo da guarda ditou que passasse uma carrinha da polícia na altura (onde é que eu já vi isto?), e os dois jovens foram apanhados em apenas 5 minutos. No ano seguinte um desses jovens veio ter comigo, no tribunal de S. João Novo, e perguntou-me se era eu a vítima. Tinha cara de bom rapaz. O outro nem tanto... Em audiência revelaram-se arrependidos, e eu aceitei o pedido de desculpas.
Esta história não tem nada de muito interessante, mas gostava de frisar que por princípio não tenho nada contra ninguém, e que acredito que quem comete crimes deve ser castigado, mas tem direito a perdão e a ser ajudado. Para mim, e creio que para a grande maioria das pessoas, isto é um ponto de partida. (Recomendo já agora o magnífico filme que passou no festival de cinema francês "Eden à l'Ouest", que retrata de forma muito bonita e cativante a questão da imigração). O que eu não consigo é que se invertam as coisas.
Os problemas sociais abundam, é certo, mas eles não se combatem nem com tags e muito menos com o fechar dos olhos à pequena criminalidade (foi combatendo a pequena delinquência que em NY Giuliani conseguiu controlar a criminalidade galopante, mas não defendo os seus métodos). Os problemas sociais resolvem-se com uma sociedade mais justa, com mais educação, com mais emprego, etc. etc. Justificar vandalismo com problemas sociais é para mim completamente absurdo, e não passa de uma desculpa esfarrapada, senão mesmo um cruzar de braços perante problemas tão sérios. Aliás, se tomarmos à letra essa argumentação, o vandalismo teria forçosamente de desaparecer com a inexistência de problemas sociais, coisa em que não acredito. Eu em criança já pratiquei pequenos actos de vandalismo, mas nunca vivi por exemplo num bairro social nem tinha pais alcoólicos. Nem tão pouco as pessoas que vivem nos bairros são pessoas despojadas de alma (caro Pedro, se o ouvem dizer isso acho que não vai direito para casa...). A empregada dos meus pais vive num bairro e é uma pessoa alegre e com uma alma tão grande, ou tão pequena, como a nossa. Não vale a pena simplificarmos a realidade, que é esmagadora e muito mais complexa do que os nossos estereótipos.
E depois, desculpem-me, mas porque hei-de eu, ou o Pedro, pagarmos pelos problemas dos outros? Teremos de perder as nossas bikes porque há quem viva em bairros? Eu não fiz mal a nenhuma dessas pessoas, não faz qualquer sentido, a não ser segundo um sentimento de vingança mesquinho, que eu sofra para compensar os problemas que possam ter. O sofrimento combate-se com ajuda, não com ressentimento. Para acabar, saliento que justificar a pequena criminalidade com base nos problemas sociais dos seus praticantes é condenar essas pessoas a uma existência à margem da sociedade em que se deveriam integrar. Parece-me uma perspectiva de status quo, de indiferença, com a qual não posso pactuar.
Abraços,
Nuno Quental