De: Nuno Carvalho - "Respostas"

Submetido por taf em Terça, 2009-10-27 19:44

Caro TAF, as suas alternativas fazem da humanidade um aglomerado de imbecis que têm a sorte de ter meia dúzia de iluminados capazes de se constituírem em autoridade e gerirem os homens e as sociedades por eles compostas. Mas desde quando é que é necessária uma autoridade para definir regras básicas de convivência? Como é possível considerar com tanta certeza que as pessoas não têm capacidade para dialogar e chegarem a consensos, necessitando, por isso, de uma autoridade, quase divina, para resolver os problemas que possam surgir entre si? Não me considero nenhum atrasado mental que necessite de uma autoridade para poder viver em sociedade. É com essa argumentação que se legitima uma sociedade feita de senhores e escravos, com a diferença de que nesta democracia, que tanto admira, os escravos podem escolher os seus senhores. Ou talvez não... ninguém, que eu saiba, do grupo maioritário dos escravos, escolhe os grandes senhores do capital, esses sim, verdadeiros detentores de todo o poder. Pessoalmente, tenho a convicção de que a humanidade é capaz de se emancipar porque considero-a, na sua maioria, composta por homens e mulheres capazes de tolerarem a diferença e verem no "outro" um seu semelhante. Triste vida a minha se a vivesse sem utopia.

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Resposta a Nuno Coelho

Definitivamente, não vivemos no mesmo mundo.
No país onde vivo, é possível construir 10 estádios de futebol para serem usados durante um mês, é possível construir linhas de TGV para meia dúzia de utilizadores, é possível construir um novo aeroporto internacional sem que seja tecnicamente necessário, é possível oferecer a salvação a bancos que entram em falência recorrendo à injecção de alguns milhares de milhões de euros... Só não é possível manter um transporte público, como o metro, sem recorrer à publicidade. Por favor, já estou tão fartinho de levar com areia nos olhos!

Concordo com a sua lógica de que não se podem tolerar abusos. O abuso de, num país de 10 milhões de habitantes, manter na pobreza cerca de 2 milhões de pessoas. Sendo "difícil" evitar que isto aconteça, o melhor é mesmo recorrer à repressão, tão útil ao sistema implantado. Não creio, meu caro, que tenhamos alguma coisa em comum que possa fazer com que concordemos no que quer que seja. Estamos, certamente, nos antípodas ideológicos.

Saudações, do lado de cá do atlântico!!
Nuno Carvalho