2006-08-20

De: TAF - "Empreendedorismo na Europa, visto por um investidor americano"

Submetido por taf em Sábado, 2006-08-26 22:50

Vale a pena ler o que escreveu um investidor de risco americano no seu blog. E se o Porto se inspirasse nisto?

"I spent last week in Europe meeting with entrepreneurs in Amsterdam and Paris (it is a tough job but someone has got to do it). I met with some very smart people who are working on interesting projects. They are absolutely committed to their startups and are, in varying degrees, having some success in their respective markets. But I was once again reminded of the powerful impact the right ecosystem has on company building.

Starting a company is by its very nature a Herculean task. The odds are very much against you. As a general matter, people don't like working for startups, companies don't like buying from startups, building owners don't like renting to startups, banks don't like lending to startups, press don't like talking with startups, integrators don't like partnering with startups, lawyers don't like representing startups, and investors don't like funding startups. In Europe, each of these is more than a little true.

Despite some relatively recent efforts by U.S. venture capital firms like Benchmark Capital abroad and the notable recent success of Index Ventures out of Switzerland (driven largely by the spectacularly successful outcome of Skype), Europe remains more or less devoid of risk capital. It is extremely difficult to find angel investors to get a company off the ground and perhaps equally difficult to find professional investors willing to engage in venture financing. (...)

In contrast to Europe, the San Francisco Bay Area and other startup centers throughout the United States (...) have strong institutions that support company building. For example, in the Bay Area, along with a robust angel community and Venture Capital industry, there are law firms that actually like representing startups (...), banks and venture debt firms that actually like lending to startups (...), building owners that actually like renting to startups (...), accounting firms that actually like auditing startups (...), PR firms, Integrators, staffing firms, etc. etc.

Starting a successful company in the Bay Area remains a Herculean task but at least you get a little bit of help along the way. The first city in Europe that can nurture that same ecosystem will become the region's center of entrepreneurship. Amsterdam is working hard to become that center and they may just succeed while London isn't looking."

David Hornik

PS: Porto perdeu 30 mil residentes em quatro anos

De: Luís de Sousa - "Casa da Música"

Submetido por taf em Sábado, 2006-08-26 09:29

Penso que estamos todos de acordo quanto à necessidade de maior qualidade ao nível da gestão da paisagem e do urbanismo, porém não posso concordar com este menosprezar da obra de um dos autores mais prestigiados no panorama da arquitectura pós-moderna. Que qualquer um e nós se identifique com linguagens mais racionalistas ou mais expressionistas, até acho saudável porque como há poucos meses ouvi (com muito agrado até) o Arq. Souto Moura dizer, os arquitectos tendem a fazer percursos entre estes dois extremos, referindo até que após uma fase mais racional no início da sua obra se calhar a fase que se seguirá será mais expressiva e não tão assente na caixa euclidiana. Logo independentemente da linguagem devemos saber reconhecer o valor das obras e não dizer que o que não faltam são "imensos cubos e diamantes para a música por essa Europa fora". Parece até que existem edifícios com esta abordagem arquitectónica e com este cariz formal ao virar da esquina por esse mundo fora! É tentar vulgarizar o invulgar (tal com Rem Koolhaas fez com a sua "versão photoshop" dos azulejos portuenses na sala vip da Casa da Música).

Quanto a reconhecer o autor através da obra, acho que não é um ponto a favor nem contra o arquitecto, pois cada programa é distinto do outro, as condições proporcionadas pelos promotores nem sempre se assemelham e por fim o mais importante, aqueles que assumem a experimentação e a reinvenção do espaço através da arquitectura, de acordo com o contexto global em que este se encontra, muito provavelmente alteram o seu discurso formal ao longo de todo o seu percurso (só assim surge a evolução). O arquitecto Siza é disso um belíssimo exemplo, analise-se a sua obra na totalidade e vejam como ela é diversificada aos mais variados níveis em obras como a Casa de Chá da Boa Nova, Edifício "Bonjour Tristesse", Bairro de S. Vítor, Pavilhão de Portugal Expo 98, Museu Serralves, "Serpentine Gallery" e mais recentemente o Museu para a Fundação Iberê Camargo.

Peço desculpa se estou de certa forma os estou a maçar com esta minha posição sobre a Casa da Música e o seu autor, mas acho que estaria a ser desonesto se não defendesse aquele que daqui a alguns anos se tornará um dos mais fortes símbolos da cidade do ponto de vista arquitectónico e cultural.

Cumprimentos
Luís Sousa

P.S. Se alguém encontrar ou tiver uma imagem do projecto de Dominique Perrault para a Casa da Música agradecia que o divulgasse aqui no blog pois assim ficaria concluída a trilogia das propostas apresentadas (aqui vos deixo as de Rem Koolhaas e de Rafael Viñoly).

Projecto de Rem Koolhaas para a Casa da Música  Projecto de Rafael Viñoly para a Casa da Música

De: Cristina Santos - "Medidas"

Submetido por taf em Sexta, 2006-08-25 16:40

Estou de acordo António Alves, nunca ouvi relatos de quedas nos acessos às bancadas, mas se meço pouco mais que 160 cm e os meus joelhos ficam praticamente colados às cadeiras da próxima fila, imagino o que será ter 1.85 e encolher-se para que alguém ocupe o lugar ao seu lado… Possivelmente acontece o mesmo no cinema, só que num estádio de futebol as euforias do espectáculo são outras, numa crise ou num tumulto quer-me parecer que pouca gente sairia dali viva. É só uma impressão, não conheço em rigor os estádios nem as normas, apenas me parece que esse seja um motivo para poucas famílias no futebol.

Deve ser em todos os estádios igual ou semelhante, e mesmo assim não há acidentes a registar, mas talvez não fossem necessários tantos lugares nas bancadas poentes, é um bocadinho alto e acanhado.

Para encerrar de forma positiva, hoje nos jardins da Casa Bonjoia «IN-CANTO - Concerto de Guitarras Portuguesas e Clássica com Percussão Árabe e Dança Oriental», mais uma iniciativa no âmbito do programa «Porto Bairro a Bairro» do pelouro da habitação e acção social da CMP.

Sugiro ainda a visita online a outro projecto com o mesmo nome da autoria de Virgílio Ferreira, «a utilização hiper-realista da cor química, nomeadamente na expressão simbólica do sócio-cultural com incidência no retrato contextualizado.»

Um abraço a todos

De: António Alves - "Metafísica"

Submetido por taf em Sexta, 2006-08-25 14:13

Eu já entrei - e saí! - várias vezes no Estádio do Dragão e nunca tive qualquer dificuldade com a dimensão dos degraus. Isto apesar do meu metro e oitenta e sete, dos meus 100 quilos e dos pés equipados com sapatos tamanho 45. Pelo contrário, sempre achei a entrada e saída do estádio incomensuravelmente facilitada quando comparada com o antigo estádio ou alguns dos novos, nos quais também já entrei e saí. Quanto à discussão metafísica sobre arte na arquitectura: abstenho-me. Eu sou mais do género Comtiano: prefiro o positivismo.

Bom regresso de férias :)
António Alves

De: Cristina Santos - "A escada rolante é uma arte"

Submetido por taf em Sexta, 2006-08-25 12:58

Quem disse que degraus para pés de cinderela são maus ou são feios?! Porque é que um degrau pequeno que assusta aqueles que têm dificuldade de equilíbrio é um defeito do arquitecto e não do utilizador?!

Tanto eu como o Paulo Espinha só dissemos que as duas obras eram susceptíveis de grandes tombos, e será que nos dias que correm, um tombo não pode ser entendido como um efeito directo da arte que nos querem proporcionar?

O verdadeiro criador de obras de arte adopta um traço só seu, que se reconhece em qualquer parte do mundo, assim é Siza Vieira, as suas obras são como telas de imagens paradas no tempo, parecem longínquas e inanimadas, só povoadas por jogos de luz e sombra, os degraus fazem parte desses recortes, são os relógios solares do todo, ficam iluminados em metades perfeitas de acordo com o avançar do dia. Longe de mim tecer críticas a este criador.

Quanto à Casa da Música não é uma obra tão original assim, há imensos cubos e diamantes para a música por essa Europa fora, cada um adornado conforme as condições do país, é um orgulho para a nossa Cidade que o cubo esteja cá e não em Lisboa mas, se repararmos bem, vemos que a conjunção da arte do nosso elixir é mais uma harmónica economia, é linda, ainda bem que cá está, mas se olhar para ela não diz à partida - isto é uma obra de Koolhaas, ou diz?!

Agora, nos estádios o tamanho dos degraus não se deve à luz, nem sequer à esquadria perfeita, o que se passa ali é outro tipo de arte, a arte de acolher o maior número de pessoas num lugar tão acidentado e exíguo que ninguém se atreva a causar revelias. Bem analisado aquilo é arte, porque só a arte pode sair dos convencionalismos e da lei, não é contudo arte da arquitectura, mas sim a grande arte da engenharia.

Por fim, não sinto falta do bom senso nas obras de arte, até porque as obra de arte não tem passagem directa, servem apenas para olharmos para ela, para as descobrirmos sempre que estamos cansados do dia a dia.

Sinto falta do bom senso de que fala Paulo Espinha na arquitectura do dia a dia, na paisagem, no urbanismo, não é o bom senso de patamares ou degraus, (nem sempre o que está regulado é sinonimo de adequação às necessidades), é o bom senso na gestão dos espaços verdes, do ar, do espaço livre – é o bom senso elementar que, quer queiramos ou não, dita desde os primórdios a nossa qualidade de vida.

De: Luís de Sousa - "Diferentes «degraus» de justiça!"

Submetido por taf em Quinta, 2006-08-24 23:28

Na sua última intervenção o Paulo Espinha faz, e bem, justiça à obra do arquitecto Siza, que não deve ser retratada num degrau pouco funcional ou menosprezada por em certos casos desrespeitar alguns regulamentos standard que regem a arquitectura portuguesa, como há uns tempos a Paula Morais referiu aquando da classificação, por parte do IPPAR, da Casa de Chá da Boa Nova e da Piscina das Marés. Porém após o acto de justiça para com um mestre, o Paulo cometeu a injustiça de menosprezar o trabalho de outro, que eu ilegitimamente tenho que defender.

A Casa da Música é óptima em vários aspectos, tanto para que gosta como para quem não gosta. Para os que apreciam a obra do Arq. Rem Koolhaas, a casa é um excelente objecto de arremesso para lançar sobre o charco que alberga ideias normalizadas de fazer arquitectura. Para quem não acha grande piada a reinvenção do espaço do holandês a mesma casa é um excelente saco de pancada para justificar e valorizar outras arquitecturas, perfeitamente assimiladas pela generalidade das pessoas. A casa não se ressente muito, pois devido à sua forma umas arestas a mais ou a menos provocadas pelos arremessos ou pelos pontapés não farão grande diferença nem para os que gostam nem para os que não gostam.

Porém quando se evoca "assinatura de ruptura em nome de uma ideologia qualquer sem nexo" temos de estar certos do que estamos a proferir, pois aquele a quem o Paulo se referiu desta forma não é um louco qualquer que um dia resolveu propor aquele projecto para o topo da Avenida da Boavista. Trata-se de um "louco particular", um arquitecto de prestígio, laureado com prémios importantes como o Pritzker ou ou o Mies van der Rohe, e que ao longo dos últimos 30 anos, após ter fundado a OMA, se tornou uma referência a nível teórico e prático para muitos arquitectos um pouco por todo mundo. Portanto penso que quando o Paulo referiu que a obra de Rem Koolhaas era assente numa ideologia sem nexo, cometeu uma injustiça, pois a obra deste merece o mesmo respeito que a obra do Arq. Siza oferce, já que com linguagens arquitectónicas distintas são referências na arquitectura contemporânea procurando sempre reinventar os programas que se propuseram projectar.

Cumprimentos
Luís de Sousa

De: TAF - "Travessa de Salgueiros"

Submetido por taf em Quinta, 2006-08-24 11:21

O caso que a Câmara refere no site é este.

Travessa de Salgueiros

De: Paulo Espinha - "Sobre degraus liliputianos e pés de Cinderela..."

Submetido por taf em Quarta, 2006-08-23 18:53

Cara Cristina

A jovem anda muito mázinha para com o o nosso amigo Siza. E está a ser injusta. Já estivemos na Casa da Música?

Pois jovem, outro dia, na escadaria principal da Casa da Música, "ia mandando tal terno que estava a ver que só parava no Castelo do Queijo depois de ricochete nas maminhas dos skaters!" Tá a ver, afinal o Siza não é tão mauzinho...

Agora, isto lembra-me uma questão que me persegue há anos - porque será que me sinto sempre bem quando estou no edifício da Fundação Calouste Gulbenkian?? Ou nos seus jardins?? Eu acho que a resposta está algures entre o fim do império romano e a idade das trevas dos bárbaros... Fica a impressão de um hiato durante o qual andamos todos um bocado perdidos e até esquecemos, em nome de uma assinatura de ruptura em nome de uma ideologia qualquer sem nexo, as mais elementares soluções de bom senso...

Um abraço jovem
Paulo Espinha

De: Rui Valente - "O Porto envolto em chamas"

Submetido por taf em Quarta, 2006-08-23 18:51

Uma vez tomada a decisão de participar num espaço com as características de "A Baixa do Porto", pouco haverá mais a fazer senão continuar, ou desistir.

Para quem não gosta de ceder pontos à primeira contrariedade, o remédio é prosseguir, contando desde logo com oposições mais ou menos ferozes, mais ou menos partidárias, mais ou menos corporativas. A verdade é que os interesses pessoais, melhor ou pior camuflados, acabam sempre por vir à tona e de se sobreporem aos interesses da cidade com a cínica particularidade da presunção de inevitabilidade do facto. Seja: uma coisa, não é necessariamente indissociável da outra, e quem assim não pensa é de presumir ser lírico sem mais valia. Estamos entendidos, portanto.

Vale-me a mim e a outros com ideias afins, a satisfação de termos o nosso próprio espaço ideário sem a convicção pretensiosa de luminosidade genial, ao estilo de "eu faço isto, e isto é importante, se não fazes o mesmo que eu faço e não me podes ser útil, não contas"! Sem nunca terem a coragem de o assumir, é esta a postura de alguns (não muitos, felizmente) que aqui vão dando uns palpites em nome do progresso da cidade do Porto. Pela minha parte a radiografia está tirada e não vou perder mais tempo com essas pessoas a não ser que me provoquem (como já tentaram fazer) ou que me cortem a palavra… Além disso, sabe-se, acabam por ter ligações directas ou indirectas com o poder, o que de certa forma já torna o fenómeno mais compreensível.

Posto isto, gostava de vos falar dos incêndios. Não chegaram exactamente à cidade do Porto, mas não andou lá muito longe, como todos sabemos. E o que dizer, sem cair naquela incómoda zona (para alguns) do bota-a-baixo? Que este ano tudo foi diferente para melhor? Será isto que devo dizer, para não ser rotulado de maldizente?

O que me cabe dizer sobre o tema sem ser exaustivo, (porque de facto já nem adianta), é que de novo os nossos governantes revelaram uma total incapacidade para atenuar - já não falo em resolver - o problema. Há sempre uma desculpa esfarrapada para justificar o insucesso e em último recurso a descarada inversão dos factos, a mentira! Só falta, é virem dizer: "estão a ver, como somos eficientes e até conseguimos chegar a um acordo com o S. Pedro para mandar vir chuva"? Esta hipotética frase é perfeitamente realista e possível no Portugal democrático dos novos tempos. Vale tudo.

O ano passado já andava desconfiado com as medidas apregoadas de combate aos fogos, porque muito se ouviu falar na aquisição de equipamento, (sempre e sempre mais equipamento), e muito pouco sobre medidas de planificação, prevenção e fiscalização. E quando os resultados são o que se viu este ano (como nos outros), a gente é levada a pensar: onde há equipamento há negociatas, onde há negociatas há dinheiro e onde existe dinheiro há corrupção, e o cerne do problema continuará adiado com o país permanecendo entregue aos caprichos da natureza e à inoperância dos (des)governantes. Costuma-se dizer que a sorte protege os audaciosos, e se considerarmos audaciosa a capacidade que alguns têm para mentir, este ano (contra o que é habitual) há ainda o argumento milagreiro "do lá fora também", neste caso, vão agarrar-se ao "exemplo" (dos incêndios) da Galiza para nos taparem a boca definitivamente. É assim, meus caros.

Paulo Espinha, citou aqui com oportunidade o teorema de Arrow e uma célebre frase de Churchill sobre a democracia, mas nenhuma máxima por mais inteligente e avançada que esteja no tempo em que é proferida nos pode fazer ceder à cristalização. Os tempos mudam e as concepções também. "E se todo o tempo é composto de mudança, troquemos-lhe as voltas que ainda o dia é uma criança"... Lembram-se? É de um português.

Rui Valente

Nota - Esta alusão crítica à incapacidade dos nossos políticos elaborarem um plano com resultados práticos no combate aos incêndios é, obviamente extensível a todos os partidos que desde Abril de 74 (36 anos!) detiveram o poder e não apenas ao actual. Isto, para que não hajam confusões.

De: Cristina Santos - "O Dragão, os Rolling Stones e o Metro"

Submetido por taf em Quarta, 2006-08-23 14:42

Meus caros

Cá estive presente no concerto dos Rolling Stones, uma encenação multimédia indescritível. Antes do espectáculo, os meus primeiros pensamentos foram para a possibilidade de existir um atentado tal era o número de concentração de pessoas. Quando estava sentada a minha preocupação voltou-se para os tumultos e para os delírios das massas, passei no mínimo 10 minutos a medir o estreitamento das bancadas, as entradas e as pessoas capazes de impedir uma saída de emergência.

É ridículo, mas é que entre os meus joelhos e as cadeiras da fila seguinte não passava uma pessoa, além de que os degraus para a saída parecem desenhados pelo Siza Vieira, só cabem pés de cinderela…

Depois acalmei e comecei a pensar como é que os estrangeiros tinham chegado ali, se não houve praticamente informação que os orientasse na cidade, não havia placas, não havia roteiros na Net, não havia publicidade e até os noticiários pareciam reprimidos na prestação de informação. Mas isso tambem não interessava muito, afinal não era propriamente o Rock in Rio, eles tinham chegado e estavam ansiosos pelo início.

Foi então que entrou o Mick Jagger, media uns 10 centímetros do lugar onde eu estava, nem gosto nada dos trejeitos do Homem na televisão, mas ele acarreta uma nostalgia, desperta tal sentimento nas massas que tudo se sentou extasiado.

Uma entrada fabulosa… tinham um palco que era uma espécie de prédio chinês com 3 andares e ao centro um ecrãn 3D, os artistas em completa sintonia com as câmaras e holofotes deram um espectáculo de luz e movimento cronometrado ao milímetro, cada um sabia onde se colocar para ser projectado para uma dimensão de 5 vezes o seu tamanho normal.

A música, as músicas todos as conhecemos, faltou o Angie, mas a música ali era o menos importante, aliás eu na bancada poente só reconhecia o som após este ser entoado pelos espectadores, o Mick Jagger propriamente dito ouvia-se mal.

Fenomenal era que do palco principal se estendia uma espécie de passadeira até ao centro do Relvado, supunha eu que era para o cantor correr, tipo Axl Rose, matava-me de rir só de pensar que o Homem ia correr aquilo tudo e depois ia ter uma crise de asma, mas não, aquele tapete era para levar parte do palco até ao relvado, fantástico, pareciam exíguos no meio dos espectadores.

No fim… foram-se embora, mas antes rebentaram dois enormes foguetes e a boca vermelha foi expelida do meio do tal prédio chinês, luzes, movimento sincronizado e consequentemente uma vibração das bancadas que me lembrou o exército francês.

Quando reparei, a multidão já se tinha sumido e os Rolling não voltaram, fiquei ali a admirar a grandeza e a ousadia do nosso Estádio do Dragão, a imaginar que daqui a milhares de anos alguém pode ficar embasbacado com o nosso poder construtivo.

Dirigi-me para o Metro, julguei que no regresso não teria que passar por barreiras de segurança para verificar a validade do meu andante, mas enganei-me, a Metro do Porto é uma entidade rigorosa, bloquearam as saídas, conferiram os andantes e fizeram uma espécie de cordão que impedia as pessoas de descerem para as estações.

De qualquer forma foi fácil, entre amassos e calcadelas lá entrei no 2º metro, saí na Trindade e fui para casa porque não havia nada de jeito a apoiar o evento, talvez na Ribeira houvesse prolongamento, mas a cidade vazia à noite até me soube muito bem.

De: TAF - "Programa VIV'A Baixa"

Submetido por taf em Terça, 2006-08-22 23:15

Estive hoje na Loja da Reabilitação, onde fui muito simpaticamente atendido e esclareci as dúvidas aqui levantadas sobre o Programa VIV'A Baixa, que eu próprio mais tarde retomei.

Garantiram-me lá o seguinte.

1) É possível recorrer ao Programa apenas para um tipo de fornecimentos (ou vários, mas não necessariamente todos). Por exemplo, posso aderir ao VIV'A Baixa para carpintarias, mas escolher as peças sanitárias num fornecedor que não participe nesta iniciativa.

2) Para beneficiar das isenções de taxas referidas no artigo 4º não é necessário participar neste Programa.

Confirma-se assim que o regulamento está realmente mal redigido mas, por outro lado, que o bom senso imperou. ;-)

De: Paulo Espinha - "Fusões 3"

Submetido por taf em Terça, 2006-08-22 16:38

A “União de Facto Metropolitana”

Caro Alexandre, concordo em absoluto! Há assuntos que não valem a pena! Desde a publicação há mais de 20 anos do Livro Branco sobre a Regionalização que está tudo escalpelizado. Para mim, antes de mais, o critério demográfico é “demolidor”. O que me leva a concordar com a fusão das 4 Freguesias e a discordar profundamente da junção dos concelhos do Grande Porto. Relativamente à primeira questão, aconselharia os residentes das 4 freguesias da Baixa do Porto a fazerem mais filhos e Rui Rio a ter sucesso, via SRU ou qualquer, a ter sucesso no repovoamento da Baixa. No limite é a única e última acção estratégica, até a nível planetário. Vejam bem como os chineses e os indianos, mais os brasileiros e os indonésios, se estão a posicionar para constituir a nova vaga renascentista. Nós, a Europa acomodada e envelhecida, vamos levar “porrada de criar bicho”. No que concerne à segunda questão, das duas uma, ou os autarcas assumem que estão em competição e então “é para valer” ou, pelo contrário, valorizam, por exemplo, a Junta Metropolitana e tomam a iniciativa, na prática, de efectivamente delegar/reposicionar competências, mesmo à revelia do enquadramento institucional. Assim, proponho uma União de Facto Metropolitana, onde, antes de haver casamento, se juntem os trapinhos, evitando divórcios desnecessários.

As “Não Questões”

Nós, o povo, somos constantemente martelados com manobras de diversão de forma a tornear os problemas estruturantes da nação, por vectores de sobrevivência pessoal e política dos nossos concidadãos que se dizem políticos, etc, etc, etc. Por exemplo, “o aborto”, “o protocolo de Estado”, “o protocolo dos subsídios camarários”, etc, etc, são questões fracturantes??? Vamos ver daqui até ao fim do ano que mais questões fracturantes vai o país inventar…
Verdadeiramente fracturantes deveriam ser os impostos, a qualidade dos sistemas de serviço público nacionais, o ordenamento do território e a mobilidade colectiva, o consumo energético e ambiental, os problemas de exclusão de Zygmunt Bauman e as redes sociais de Manuel Castells, etc…

A Democracia!

Transcrevo dois trechos de uma apresentação - “A Matemática, a Origem do Estado e o Significado da Democracia”, do Prof. Miguel Gouveia da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica Portuguesa.

Dificuldades nas Escolhas Públicas. Com a regra de Borda a adição de uma alternativa irrelevante causa(ou) uma mudança total na decisão e nas preferências sociais. A junção ou eliminação de alternativas transforma-se em estratégias para tentar manipular os resultados. A maioria simples, a regra de Borda, a pluralidade, a eliminação ou a aprovação também não funcionam bem. Haverá alguma regra de decisão social que funcione bem? Não!
Significado da Democracia. O Teorema de Arrow diz que não há regras de decisão perfeitas. Qualquer regra tem defeitos. Isso não significa inferioridade da democracia. Churchill: “A democracia é o pior dos sistemas; excepto todos os outros...” Logo não parece ser correcto equacionar a ideia de democracia com a ideia de uma regra de decisão colectiva específica, por exemplo maioria simples. Qual é então a essência da democracia? Talvez a de um regime político onde há uso sistemático de mecanismos que permitem a remoção pacífica de quem está no poder.

In Tardes Matemáticas - Sociedade Portuguesa de Matemática

Eu acrescentaria:

  • a) à luz das bases do liberalismo – que o Estado não subjugue o indivíduo,
  • b) à luz da história – o bem senso sempre prevalece, mesmo que à custa de milhões de mortos.

Paulo Espinha

De: Alexandre Burmester - "Fusões 2"

Submetido por taf em Segunda, 2006-08-21 20:05

A propósito deste assunto reitero o que aqui escrevi em Fevereiro deste ano:

«Esta actual discussão que pretende unir as duas cidades tem para mim pouco sentido. Se olharmos apenas para cada uma destas cidades, percebemos facilmente que ambas apresentam inúmeras áreas que nem com as próprias cidades se ligam, e estas uniões deviam antes de tudo ser prioritárias.

A junção das duas cidades sendo uma realidade do ponto de vista cultural, tem sentido do ponto de vista político, mas não tem nenhum do ponto de vista prático e administrativo.

Culturalmente não existe qualquer diferença entre Porto e Gaia, como com qualquer outra cidade vizinha ou do Norte de Portugal.

Do ponto de vista político a junção de Porto e Gaia, devia incluir Matosinhos, Gondomar, Maia, Rio Tinto, Vila do Conde, Stº Tirso e Espinho (e se calhar outras). Toda esta região devia ter um desenvolvimento estratégico e consentâneo, ter um Planeamento único, e poder falar pela mesma voz. Para isso não precisamos de juntar cidades, mas sim de pôr a funcionar as estruturas que existem, como a Junta Metropolitana, as CCDRs e outras, e que devendo estar criar acima das Autarquias, não deviam ser “Jobs for the boys”, mas com o poder legitimado pela representação eleitoral e uninominal.

Do ponto de vista administrativo devia ser exactamente o contrário, muitos dos poderes camarários deveriam estar na posse de estruturas pequenas e próximas da população, como é o caso das Freguesias.

Actualmente temos exactamente o contrário, Freguesias que não servem para mais do que gerir os cemitérios e os campos desportivos e culturais; Autarquias com estruturas gigantes e mal geridas sem qualquer interligação entre si; E estruturas intermunicipais, que essas então alguém me explique para que servem, ainda mais que apenas são representativas dos partidos de Lisboa.

Antes de unir Porto e Gaia criando estruturas ainda maiores, o que precisamos realmente é de alterar as estruturas Políticas e Administrativas, dar-lhes sentido e levá-las mais próximo a quem servem.

O grande Porto já existe – e somos todos do Porto.»

Alexandre Burmester

De: Rui Moreira - "Fusões"

Submetido por taf em Segunda, 2006-08-21 13:09

O que o Tiago e o Senhor Francisco Oliveira escrevem sobre as fusões faz todo o sentido. É verdade que temos que olhar para o mapa do país e para as suas fronteiras e competências.

O projecto de aproveitar a Área Metropolitana do Porto para transformar a junta numa autarquia supra-municipal metropolitana, que tem vindo a ser defendida por Rio Fernandes, não me parece a melhor solução. A Área Metropolitana do Porto, alargada hoje até Arouca, não se adequa nem me parece utilizável, porque os seus limites vão muito para além do Grande Porto, formado na minha opinião por Porto, Gaia, Matosinhos, Maia e Gondomar. Além disso, uma autarquia supra-municipal encontrará inúmeros problemas porque os municípios não quererão delegar-lhe poderes e o Estado Central muito menos. Por outro lado, essa solução pode vir a condenar de vez a regionalização, e eu que votei contra ela porque discordava do mapa já muito me arrependi de o ter feito, apesar de continuar a pensar que as regiões plano são ideais caso se volte a avançar com ela.

A vantagem de juntar Porto e Gaia, ou Porto e Gaia e Matosinhos, ou mesmo Porto, Gaia, Matosinhos, Maia e Gondomar num único concelho seria óbvia, em termos de massa crítica, de políticas de urbanismo, de planeamento estratégico, de afirmação, de capacidade de reivindicação, de articulação de investimentos públicos, de promoção internacional. Nesse caso, sim, valeria a pena redefinir o mapa das freguesias, e reforçar os seus poderes. Teríamos pois uma autarquia com todas as competências estratégicas em que a massa crítica produz sinergias, e as pequenas autarquias (as freguesias com poderes acrescidas como os borroughs ingleses ou os arrondissements franceses) com competências que salvaguardassem os aspectos identitários, a proximidade e sensibilidade ao detalhe. Certamente, a interacção entre essas freguesias com poderes e competências reforçadas e o município resultaria em vantagens.

Quanto à questão de Gaia (tal como Matosinhos, Maia e Gondomar) ter descontinuidades e uma dualidade em termos de densidade (a Gaia Cidade e a Gaia suburbana e pouco densa), não me parece um problema. Pelo contrário. Se tomarmos como exemplo as cidades hanseáticas alemãs (caso de Bremen e principalmente de Hamburgo) veremos que se passa o mesmo, as cidades articulam-se em círculos concêntricos, num cone de densidades se assim preferirem, em que para quem parte do centro densificado encontra progressivamente uma menor densidade. Para que as cidades sejam viáveis, para que o ambiente e os aspectos ecológicos sejam preservados, para que o todo seja auto-sustentável, parece-me que só haveria vantagens em que o grande município tivesse esta geometria variável.

Neste caso, a cidade passaria a ter um formato sensivelmente semi-circular, com a frente marítima como diâmetro e o Rio Douro como raio, e um quadriculado de freguesias de dimensão diferente, ajustado aos aspectos particulares de cada zona.

De: Francisco Oliveira - "Porto+Gaia?"

Submetido por taf em Domingo, 2006-08-20 18:47

Como cidadão já muito vivido (septuagenário) já aprendi que muitas vezes decidimos omitir as nossas dúvidas em vez de as emitir. Mas desta vez vou pôr uma dúvida que já há muito me assalta.

Tenho lido o que se vai escrevendo sobre a possível fusão do Porto com Gaia. Mas não vi ainda ninguém esclarecer de que Gaia falam. Será só o que se chama a "cidade de Gaia" ou todo o concelho? É que o concelho de Gaia tem a área de 168,7 km2 contra 40 km2 do Porto e com o rácio de hab/km2 de 1537 para 6573, ou seja, o Porto é menos de um quarto de Gaia em área e o mais do quadruplo em habitantes/km2. O concelho do Porto é uma cidade una, toda construída, ao passo que Gaia é um núcleo mais umas tantas freguesias (algumas já têm o título de "Vila") desde as litorais às interiores, com grandes descontinuidades.

Eu aceitaria a união do Porto com o núcleo central de Gaia. Mas como seria aceite pelos gaienses a sua divisão e integração na cidade da outra banda? Mas, acima de tudo, gostaria muito mais que fosse fortalecida a entidade "Área Metroplitana do Porto" com o intuito de conjugar todas as iniciativas que tivessem de ser geridas por instituições públicas, tais como as relativas à mobilidade, ambiente, energias, etc. Não será isto, afinal, o que se pretende com a fusão para um dos lados só?

Saudações
Francisco Oliveira

De: TAF - "A propósito da fusão de freguesias"

Submetido por taf em Domingo, 2006-08-20 10:55

«Quanto aos interessantes argumentos dos nossos políticos, talvez fosse altura de testar a sua coerência. Estou de acordo com Renato Sampaio, quando admite "a necessidade de se reorganizar o país". Estou de acordo com Agostinho Branquinho, que considera a medida positiva "tendo em linha de conta a dimensão territorial, o número de pessoas e a similitude dos problemas que se colocam". Estou de acordo com Castello-Branco, quando invoca que as autarquias em causa são "geograficamente pegadas, com uma dimensão muito pequena e problemas muito comuns". Estou de acordo com Teixeira Lopes, em que a fusão vai "facilitar a actuação dos planos de ordenamento" e com o seu aviso de que o projecto vai ser alvo de "resistências paroquianas e bairristas". Já repararam que todos estes excelentes argumentos serviriam na perfeição para defender e promover a fusão de Porto, Gaia e Matosinhos?»

Rui Moreira, hoje no Público.

Rui Moreira tem razão mas, já agora, o contrário também é verdade: se fossem suficientemente fortes os argumentos de falta de poderes adequados e de perda de sensibilidade para os detalhes no caso da fusão de freguesias, o mesmo se poderia aplicar à fusão de municípios. Mas é preciso começar a mudança por algum lado, sem estarmos à espera de que se reunam todas as condições ideais. Um bom presidente de Junta ou de Câmara não se atrapalha com a dimensão da área que gere.