De: Alexandre Burmester - "Fusões 2"

Submetido por taf em Segunda, 2006-08-21 20:05

A propósito deste assunto reitero o que aqui escrevi em Fevereiro deste ano:

«Esta actual discussão que pretende unir as duas cidades tem para mim pouco sentido. Se olharmos apenas para cada uma destas cidades, percebemos facilmente que ambas apresentam inúmeras áreas que nem com as próprias cidades se ligam, e estas uniões deviam antes de tudo ser prioritárias.

A junção das duas cidades sendo uma realidade do ponto de vista cultural, tem sentido do ponto de vista político, mas não tem nenhum do ponto de vista prático e administrativo.

Culturalmente não existe qualquer diferença entre Porto e Gaia, como com qualquer outra cidade vizinha ou do Norte de Portugal.

Do ponto de vista político a junção de Porto e Gaia, devia incluir Matosinhos, Gondomar, Maia, Rio Tinto, Vila do Conde, Stº Tirso e Espinho (e se calhar outras). Toda esta região devia ter um desenvolvimento estratégico e consentâneo, ter um Planeamento único, e poder falar pela mesma voz. Para isso não precisamos de juntar cidades, mas sim de pôr a funcionar as estruturas que existem, como a Junta Metropolitana, as CCDRs e outras, e que devendo estar criar acima das Autarquias, não deviam ser “Jobs for the boys”, mas com o poder legitimado pela representação eleitoral e uninominal.

Do ponto de vista administrativo devia ser exactamente o contrário, muitos dos poderes camarários deveriam estar na posse de estruturas pequenas e próximas da população, como é o caso das Freguesias.

Actualmente temos exactamente o contrário, Freguesias que não servem para mais do que gerir os cemitérios e os campos desportivos e culturais; Autarquias com estruturas gigantes e mal geridas sem qualquer interligação entre si; E estruturas intermunicipais, que essas então alguém me explique para que servem, ainda mais que apenas são representativas dos partidos de Lisboa.

Antes de unir Porto e Gaia criando estruturas ainda maiores, o que precisamos realmente é de alterar as estruturas Políticas e Administrativas, dar-lhes sentido e levá-las mais próximo a quem servem.

O grande Porto já existe – e somos todos do Porto.»

Alexandre Burmester