2010-07-18
Com muitas leituras em atraso, ficam aqui apenas estas sugestões:
- PEN Clube quer que Rio atribua rua a Saramago, sugestão de Teodósio Dias
- O blog do Executivo da Câmara (que mais se há-de chamar àquilo?), sugestão minha
- O Porto em blogue do Jornal de Notícias - "Tomando o nome ao sítio onde a cidade nasceu, Pena Ventosa é o novo blogue temático do JN sobre a cidade do Porto. Pela mão do jornalista Pedro Olavo Simões, presente e passado juntam-se para estimular o conhecimento e o debate.", sugestão de Carlos Cidrais
Os últimos podcasts disponibilizados têm sido maioritariamente tecnológicos (porque é isso que eu faço) mas de qualquer forma com conteúdo que poderá ser interesante a não geeks.
No tema genérico do Porto e região Norte publiquei mais umas gravações dos Olhares Cruzados sobre o Porto, nomeadamente a sessão intitulada "As pequenas e as grandes empresas". Já podem ouvir as intervenções de António Mexia, Carlos Moreira da Silva e Luís Reis.
Ainda o InnerCity e as intervenções de Celso Ferreira e Renato Sampaio.
Mais sobre o mundo empresarial acabei de publicar as gravações do Talks2.0 que incluiram as intervenções de Raul Moreira Vidal, Helena Leite, Francisco Fonseca e, destaco, a de Miguel Monteiro fundador da Chip7 que entretanto fechou/faliu, muito interessante esta intervenção onde ele fala um pouco do que falhou na sua carreira.
Também comecei a publicar as gravações da edição #7 do Ignite Portugal que se realizou pela terceira vez no Porto. Ainda não está tudo online mas já podem ouvir João Nogueira Santos, Ricardo Sousa, João Figueirinhas Costa e Ana Silva. Mais gravações vão ficar disponiveis nas próximas semanas.
Se estiverem interessados em ouvir-me falar em "estrangeiro" podem acompanhar as gravações que fiz durante a conferência SEPG Europe que se realizou no Porto. O Pedro Castro Henriques (que já tinha entrevistado a propósito da Portic) possibilitou-me esta experiência muito interessante de falar com alguns dos responsáveis do Software Engineering Institute. Já online as entrevistas a Paul Nielsen e Jim Over.
Também online a conversa que tive com Javier de la Torre sobre um tema que me interessa muito que é o OpenGov. Falei com ele sobre a importância de divulgação de informação pública em formatos acessiveis e do seu projecto AbreDatos.
Finalmente no dominio da geekisse pura e dura (ou nem tanto) também estão disponiveis algumas das apresentações da edição da Primavera (em Junho) do Barcamp, um evento onde qualquer um se pode inscrever para falar daquilo que lhe interessa. Os temas foram essencialmente tecnológicos mas também incluiram uma aula sobre como tocar um didgeridoo com Rodrigo Viterbo, outra por Tiago Silva chamada "How to Hack Into Your Brain’s Permanent Storage" e que foi divertidissima e também Bruno Amaral, José P. Airosa, Marco Sousa, José Mota, Filipe Gonçalves e Luís Martinho.
Muita coisa mas claro que não precisam de ouvir tudo. No próximo mês muitas outras novidades incluindo um projecto em conjunto com o JPN, já gravei uma entrevista juntamente com a Amanda Ribeiro a Tiago Barbosa Ribeiro da JS/Porto e outras entrevistas a representantes das juventudes partidárias do Porto se seguirão. Mantenham-se atentos e divulguem.
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blog.osmeusapontamentos.com
Cara Vânia, eu não acho o projecto dos WochenKlausur mau para a cidade. Faz-me é confusão isso de a um estrangeiro, ou a alguém da área das artes, ser sempre tudo facilitado. É verdade, o que não faltam no Porto são prédios para recuperar/restaurar. Mais difícil é conseguir que os ditos nos sejam postos nas mãos pelas entidades a que pertencem.
Quanto a mudar de cidade, já o fiz em 1994. Voltei há três anos, por motivos de ordem pessoal. Mal possa o mais certo é ir-me outra vez embora. Ou seja, entre 1994 e 2010 o Porto, apesar de ser a minha cidade e dele muito gostar, não se tornou suficientemente motivante para me manter interessada em cá ficar. Mas, enquanto por cá estiver, continuarei a escrever sobre ele.
É certo haver muitos prédios recuperados ou em recuperação, o que é bom. Como também é certo grande parte da cidade estar a cair aos bocados e haver mais gente na Baixa à noite do que de dia. O que não é bom. Apontar os defeitos e o que é possível fazer melhor na cidade não é estar sempre a dizer mal. É querer que esta se torne mais acolhedora e atraente.
Estas são imagens referentes à situação actual do Museu do Carro Eléctrico e à proposta vencedora do Concurso para a sua Requalificação, com espaços de exposição. A meu ver, era de facto a melhor solução de entre as várias entregues. Este concurso, anónimo, teve – por acaso, ou melhor, por ser o melhor projecto apresentado – um vencedor chamado Thomas Kroger, nascido na Alemanha e arquitecto em Berlim. Nem o júri sabia que o vencedor seria jovem, nem que era “estrangeiro” à altura da escolha da melhor proposta.
Cara Raquel Pinheiro,
Percebo o seu ponto de vista, mas ainda assim entendo o seguinte:
Há tantos, mas tantos prédios para reabilitar que dá para todos. Estudantes, estrangeiros, portugueses, pessoas como eu, qualquer um e todas as reabilitações são bem vindas, desde que respeitem as regras. E pecam por tardias! Claro que as oportunidades devem ser dadas de igual forma a estrangeiros e portugueses, concordo plenamente consigo. Mas acho este projecto bom para a cidade.
Caros "bloguistas" em geral:
Uma coisa que me faz confusão é que vejo inúmeras pessoas ou entidades sempre a dizer mal de tudo, é incrível... Tudo é mau, porque não mudam de cidade? Já se sabe que um projecto de arquitectura dificilmente agrada a 100% das pessoas, mas o essencial é não deixar ruir a cidade e trazer de novo habitantes de todas as classes para o centro. Eu o que vejo nas ruas do meu Porto, que percorro a pé quase todos os dias, é que a obra que tem sido feita é boa, a cidade está mais bonita e menos degradada. Vai devagarinho, mas vai. Exemplos? Rua das Flores, Mouzinho da Silveira, o quarteirão do Infante, vejo prédios reabilitados lindos e outros em fase de reabilitação. A cidade está a mexer, há imensos interessados em comprar e em vender. E há ainda tantos prédios velhinhos, mas lindos, à espera de uma mãozinha :)
Para que se diz sempre mal de tudo? Mete-me nervos tanto pessimismo... Siga para a frente!
O Público de hoje trazia um artigo interessante, a vários níveis, sobre a recuperação e posterior utilização de prédios na baixa do Porto, que leva a algumas perguntas. Que necessidade há de uma entidade portuguesa convidar estrangeiros para pensarem modos de reabilitar e utilizar prédios do Porto?
O que o colectivo artístico austríaco WochenKlausur, convidados pela Culturgest, propõe – a recuperação por um grupo de indivíduos, de imóveis degradados, tendo depois estes o direito a habitar o imóvel por determinado número de anos –, já foi, com mais ou menos detalhes, falado, e até apresentado às entidades competentes por habitantes da cidade sem que pouco, ou nada, tenha acontecido. Por exemplo, o Tiago chegou mesmo a propor à Câmara Municipal o estudo de um acordo que permitisse uma situação de ocupação de espaços desocupados/degradados. O que aconteceu? Nada. Como também não foi dada sequência à proposta que fez às Águas do Porto para a reutilização dos depósitos de água parados, objecto de um concurso internacional de arquitectura. Mas a um colectivo artístico estrangeiro a Câmara do Porto indica rapidamente um imóvel disponível.
Parece ter-se instalado no Porto uma ideia de que a arte, os estudantes e os estrangeiros – o projecto dos WochenKlausur tem como ponto de partida para a recuperação do imóvel o recurso a estudantes que depois o habitariam –, são a (única) salvação da cidade, sendo tudo o que com uma e com outros se relaciona uma prioridade. Faz pouco, ou nenhum, sentido colocar na mão de estrangeiros o que já foi pensado por cidadãos da cidade. O ser estrangeiro é símbolo de qualidade? Quem conhece melhor a cidade, aqueles que a conhecem de terem “pesquisado alguma coisa na Internet”, trazendo “algumas ideias sobre o trabalho que podiam levar a cabo”, ou quem nela habita há décadas, conhecendo-lhe os defeitos e as virtudes? A isso, de preterir o local pelo estrangeiro, achando sempre este mais válido, chama-se provincianismo.
Ter a arte (essencialmente a de expressão contemporânea) e as indústrias criativas como o grande garante do futuro e desenvolvimento da cidade é, mais do que limitativo, erróneo. Uma cidade como o Porto precisa de cuidar, incentivar, promover a sua memória cultural, o seu património imaterial e material, a sua especificidade, a sua história. A estas pode, e deve, ser acrescentada a produção artística contemporânea, mas esta não pode ser a pedra motriz da cidade. O mesmo com os estudantes. Andar a fazer isto e mais aquilo tendo em vista o benefício destes, esquecendo todos os outros grupos populacionais que vivem na cidade, é também um erro. Uma cidade, para se melhorar, para se recuperar, precisa de um planeamento integrado, diversificado, que englobe a e tenha em atenção o facto de o todo ser maior do que as partes . A recuperação, claro, também não pode ficar confinada à Baixa, zona do Porto que, ultimamente, parece ser a única por cá existente a precisar de ser recuperada e revitalizada.
Em relação ao estacionamento no Jardim da Cordoaria, o mesmo não deve, em qualquer circunstância, ser permitido. Pense-se em soluções alternativas, lógicas e duráveis, como por exemplo a hipótese referida no post do José Ferraz Alves. Mas, e sendo que tais transportes se destinam a trazer gente para a movida, aqueles que beneficiam com a vinda dessa gente à Baixa deverão contribuir para a dita rede de transportes [ou outra solução/soluções encontrada(s)]. Não faz sentido, como em tanta coisa entre nós, tal encargo recair exclusivamente sobre o erário público.
No perímetro de salvaguarda à classificação das Igrejas do Carmo e Carmelitas, o IGESPAR não permite, portanto, estruturas que afinal se prova visualmente prejudiciais, inamovíveis em praticamente todos os meses do ano, abusivamente ocupantes do espaço público.
Bem mesmo no coração do Mercado do Bom Sucesso, um Imóvel em Vias de Classificação, e que por isso mesmo goza pura e simplesmente do mesmo tipo de direitos de salvaguarda que um imóvel já classificado (ver legislação), o IGESPAR aprovou em sede de concurso público / anteprojecto uma intervenção que pretende ocupar o interior do mercado com construções massivas e maciças, alegadamente “leves” e “envidraçadas” e portanto inofensivas. Os promotores – Eusébios – e a entidade pública Câmara Municipal usam aqui e reincidentemente os argumentos invocados para as esplanadas de Parada Leitão, negando o carácter “normal” e “volumétrico” à vista de qualquer um.
Enquanto cidadão desta cidade (também “activista” do Movimento Mercado do Bom Sucesso Vivo! que pretende a sua recuperação enquanto mercado) estarei atento aos movimentos do IGESPAR, quando se tratar da apreciação do Projecto de Licenciamento para a transformação do Mercado do Bom Sucesso em Centro Comercial e sua adulteração prevista do magnífico espaço interior. Proponho que os Portuenses interessados consultem os sites do IGESPAR e da DRCN – Direcção Regional de Cultura do Norte. Por um lado, é clara a salvaguarda do programa mercado para aquele mercado, e por outro, a “protecção” não pode ser letra morta. A questão de Parada Leitão só “estalou” após a construção dos ditos “volumes amovíveis”... Não tem o IGESPAR o dever de actuar em conformidade ANTES que os atentados aconteçam? Claro que tem esse dever!
No site da DRCN existe a publicação em formato PDF (de 2009) de uma lista de outros notáveis edifícios (alguns também modernistas) que, espero eu, não estejam à espera de serem “enchidos” com inúmeros caixotes nos seus espaços interiores... tal como o Mercado do Bom Sucesso (processo DRP/CLS-2043). Por exemplo:
- Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (processo DRP/CLS-2051)
- Edifício da garagem do Jornal “O Comércio do Porto” (processo DRP/CLS-1831)
- Coliseu do Porto (processo DRP/CLS-788)
- Cinema Batalha (processo DRP/CLS-764)
- Bloco da Carvalhosa (processo DRP/CLS-1834)
- Edifício Parnaso (processo DRP/CLS-1839)
- Casa da Música (processo DRP/CLS-1938)
- Conjunto Habitacional da Bouça / SAAL (processo DRP/CLS-2048)
Pedro Figueiredo
Precisam-se é das medidas à “Jaime Lerner de Curitiba” que foram preconizadas na altura da candidatura de Elisa Ferreira à Câmara do Porto, e que tão ideologicamente criticadas foram, como os serviços de transporte público dedicados precisamente a este público e a estas horas, bem como uma acção de sensibilização com a livre franquia do Metro do Porto durante o fim de semana, com os seus fiscais a explicar como funciona esse fantástico sistema de bilhetes, que apanha sistematicamente miúdos de 12 a 16 anos com multas de 150 euros (superior aos 125 euros que eu paguei por passar a 132km/hora por um local de 80 km/hora).
Pelo que vejo, as não-medidas estão a resultar no abandalhamento da nossa cidade. Faço o meu “disclaimer”, continuo a não perceber este sistema de bilhetes e a pegar no carro da Boavista até à Torre das Antas para pagar outra multa, pese embora sucessivos esclarecimentos dos responsáveis de que é muito simples. A falta de capacidade é minha, eu sei. Mas como conseguiram montar um "project finance" em que os custos financeiros são o dobro das receitas operacionais, em nome do sistema bancário agradeço tanta capacidade.
Caros Francisco e Pedro Bismarck
Compreendo e aceito, há princípios sociais, regras, é lógico. Só apelo a que antes se pondere: as pessoas que residem, as que nos visitam, não têm culpa de serem às centenas e não haver soluções, se a solução é criar-lhe desde já entraves, temos de investir o dobro em tudo o resto. É óbvio que o estacionamento é selvagem sempre que há acumulação de pessoas, (jogos FCP, festivais, concertos, festas tradicionais).
A primeira vez, no mínimo há 4 anos ou mais, a ocupação na Cordoaria envolveu polícia e desocupação. E só agora passado todo este tempo é que conseguimos todas as gerações, começa a ter fama, fama que transcende os limites do concelho. Não falo de estacionamento diurno, não se justifica, está tudo deserto, não faltam lugares, quer no parque quer no exterior. De noite são centenas de pessoas, não há espaço sequer para tanta gente.
Nesta movida temos artistas, até artistas do Sul, graças à Academia Contemporânea do Espectáculo é certo, que trazem amigos, temos pessoas de todos os estratos, pessoas vindas de Braga, Famalicão, temos turistas, estudantes Erasmus, é um orgulho poder verificar o respeito que existe, não há desacatos, não há violência. Ora as nossas ruas são estreitas, não há estacionamento, são centenas de pessoas, é impossível, e muitas delas vão de facto a pé, atravessam a cidade deserta. Não vem a pé quem não tem hipótese. Podemos talvez alargar os horários de metro e frequências, melhorar os eventos para que justifique que as pessoas se sujeitem a deixar o carro no parque do metro, e então colocar os tais dissuasores. Depois temos de criar oferta para além das 3, 4 horas da manhã, para que não necessitem de pegar nas viaturas para seguir para as discotecas da Foz ou de Matosinhos. Bons estabelecimentos não chegam, veja-se Avenida dos Aliados, ou Passos Manuel, é deserto, não cativa por si só. Temos muitas coisas a fazer. Lançar já bloqueamentos, antes de solidificar, corremos o risco sério de reduzir o movimento ao submundo.
Realço por último o facto de que antes de isto suceder se enchiam os comboios para as directas nas movidas de Lisboa, exceptuando o lado da oferta que é bem superior a Sul, esta movida aqui na Cordoaria tem outros atractivos: é pequena, segura, amigável, justifica que se fique por cá. As esplanadas também se justificam, são feias, são aquários, mas é uma situação provisória, como já disse, são centenas de pessoas, ou as acolhemos, ou não, decidam como querem fazer isto. Perder a movida parece-me mau para tudo o que se tem tentado fazer.
Get Set Art Festival - 1º Edição | Porto, Portugal, 7-10 Outubro 2010
High Tech Low Cost
Arquitectura, Artes Plásticas, Artes Performativas, Design Gráfico, Fotografia, Multimédia, Música
O Get Set Art Festival é um festival que se vai realizar na cidade do Porto entre os dias 7 e 10 de Outubro de 2010 e que pretende apresentar ao grande público a produção de jovens artistas – estudantes ou jovens profissionais – promovendo ao mesmo tempo a interacção e a troca de conhecimentos entre elementos das diferentes áreas. Workshops, instalações urbanas, projecções urbanas, intervenções urbanas, performances, exposições, conferências, concursos, publicações, festas oficiais e concertos são actividades que fazem parte da agenda do festival.
Quarta Feira, 21 de Julho, no Plano B, Porto (Rua Cândido dos Reis) a partir das 22h vamos apresentar o festival e lançar o website. Para projectar o Get Set Art Festival o arquitecto Diogo Teixeira vem ao Plano B com os seus eclécticos dj-sets onde o funk, soul, hip-hop jazz e nu jazz fazem a festa!
Resposta ao post da Cristina Santos
Nada pode justificar, nada poderá ser legitimado assim. Não se pode ambicionar a um projecto de cidade (nova e recuperada) sem um projecto simultâneo de valores urbanos que transmita e assegure o respeito pela diversidade e especificidade dos espaços públicos e privados. Ainda para mais numa cidade como o Porto onde esse equilíbrio é tão frágil e ténue.
A cidade não é um recinto de festas, a cidade não vive apenas da movida, e esta não pode ser a muleta que legitime tudo. A cidade é, em primeiro lugar, para se viver; e só a partir daí virá tudo o resto: os cafés, os teatros, os jardins públicos, os ateliers, o comércio. Todo o projecto de cidade que não tenha como princípio fundamental criar as condições para essa qualidade urbana do viver, será um projecto falhado e sem possibilidade de futuro. É esse o problema do Porto.
A cidade não se constrói entre as 23h e as 04h da manhã, não é um parque de diversões nem é um queimódromo. Ela viverá sim da sua capacidade em atrair novos e outros habitantes, viverá daquilo que poderá oferecer como mais-valias para esse quotidiano. E será tanto melhor quanto conseguir conciliar movida com mais vida e mais habitantes.
Neste sentido, a ocupação selvagem do Jardim da Cordoaria e dos passeios públicos pelos automóveis, mas também o lixo acumulado, o barulho intenso, a ausência de policiamento e sobretudo o intenso «odor» a urina que se espalha pelas ruas de forma lastimável (não só à noite como ao sábado e ao domingo de manhã) assinalam a falta de cultura urbana e sobretudo a falta de respeito pela própria cidade. A Baixa do Porto é para esses, não uma cidade, mas mais um recinto de um qualquer festival provisório e temporário, onde se pode beber, urinar e sujar, porque afinal não moram aqui…
A implementação de regras que consigam gerir esse afluir de gente (sem o restringir necessariamente) e que simultaneamente mantenham e potenciem a qualidade de vida no centro, são essenciais para criar um equilíbrio absolutamente imprescindível entre os que habitam a cidade e os que a visitam.
Pedro Levi Bismarck
Ps1: Os «aquários» do Piolho não podem ter outro destino senão a desmontagem! São demonstrativos da falta de qualidade não apenas do arquitecto, mas dos técnicos e dos responsáveis da SRU que validaram o projecto. A aprovação e a construção das «pseudo-esplanadas» revela a falta de competência e qualidade técnica, a falta de rigor e a insensibilidade estética perante o património e perante a cidade, daqueles que neste momento gerem a recuperação urbana no Porto.
Ps2: A dualidade de critérios da Policia na fiscalização do trânsito parece-me um problema de ordem ética. Rebocam-se e multam-se os automóveis que não pagam por duas horas o parquímetro (muito bem). Mas não se multam os automóveis que à sexta e ao sábado à noite irrompem por passeios, largos, jardins, casas, retirando mobilidade e pondo em risco a segurança das pessoas. Não pode haver dois pesos e duas medidas.
Cara Cristina
Não concordo contigo quando achas que se deve tolerar o estacionamento no jardim da Cordoaria. Sabes que acho importante que as pessoas venham à Baixa porque só assim poderão voltar a usar o centro da cidade e com isso devolver-lhe a vida que o centro precisa de ter, mas não acho aceitável que não sejam estabelecidos limites ao que se aceita ou não que se faça. Estacionar num jardim é sempre uma selvajaria. O problema é, mais uma vez, da falta de critério com que se criam excepções às regras.
No caso do estacionamento em cima do jardim há todos os sinais de que a intenção permanente é a de não permitir o estacionamento: foram criados umas pirâmides de granito (de gosto duvidoso), foi instalado um daqueles cilindros que pode ser accionado à distância no meio da linha do eléctrico (que é por onde “entram” os carros) e até há umas instalações que parecem ser de uns semáforos (não conseguimos ser comedidos). Ou seja, aparentemente a ideia é não deixar que se estacione no jardim, salvaguardando a passagem do eléctrico de hora a hora e durante o dia. O problema é que a coisa não funciona, vá-se lá saber porquê. Gastou-se o dinheiro mas não funciona. Deve ser uma excepção qualquer que virou permanente e que por isso deu cabo da regra elementar de não se estacionar num sítio que é um jardim.
Se a ideia é criar uma “tolerância” ao estacionamento nocturno porque é “preciso” (usando os mesmo argumentos que o presidente da Câmara de Ponte de Lima usava para defender o estacionamento no areal) então ao menos que se limite o estacionamento consentido ao granito do Campo dos Mártires da Liberdade e se criem os obstáculos permanentes à sua expansão para o jardim.
Francisco Rocha Antunes
O Espaço Público do Porto precisa de propostas novas.
Exemplo 1 – A política para a Avenida dos Aliados. Onde nos folhetos turísticos e na enciclopédia se lê “ex-líbris” da cidade com um espaço renovado pelo Arq.º Siza Vieira e edifícios de magnífica influência “Beaux-Art” parisiense, o cultíssimo e sofisticado executivo da Câmara lê “o sítio ideal para implantar mais uma “estrutura amovível”. Sim. É certo que qualquer um que passa naquele ambiente “fin–de-Siécle”, a primeira coisa que lhe apetece é fugir desse ambiente “elitista” e entrar numa estrutura bem mais popular e acessível tipo “apoio de praia”, com floreiras foleiras, os já clássicos toldos de plástico, umas guardas de tubo redondo feitas ali na esquina. E: “TCHARAN! Já está! “Temos uma receita de Glamour mesmo no Coração da Baixa.
1 – O DESPREZO POR QUEM JÁ APRESENTOU TRABALHO FEITO
Triste é quem não tem soluções nem pensamento próprio desdenhar do esforço de outros, denegrir o esforço daqueles que “ao menos tentaram”. Assim aconteceu durante alguns anos com Rui Rio, que usou e abusou do nome da Porto 2001 e do seu questionável esforço de renovação do Espaço Público para ganhar votos sobre o trabalho dos outros. Trabalho difícil porque colectivo. Importante porque público. Impossível de perfeição porque humano. Às vezes trágico, mas outra coisa não poderia ter sido nestas condições: Portugal, Porto, fundos finitos, tempo escasso, necessidades vastas.
Surpreendentemente ficou ainda mais difícil dizer alguma coisa sobre este assunto. Desejamos apenas que o esforço que, atempadamente, fazemos para pagar os nossos impostos não seja em vão, gastos assim a reparar o que alguns “foliões” deliberadamente destroem e com todas as implicações que tais actos envolvem. Isto para não falar no valor patrimonial das coisas, algo que muitos não sabem o que é e outros aprenderam a odiar, talvez porque atrapalha. À falta de melhores palavras fica uma imagem do nosso jardim preferido, tirada este sábado às 15h00.
Abraços da equipa ssru (parte desta minoria, cada vez menos silenciosa, que vive e trabalha e se diverte no centro do Porto).
A SSRU vai a pé para os eventos, mas não imagina que os outros também queiram residir na Baixa, exactamente para poderem ir a pé para os eventos. Em prol da movida, ocupam o Jardim com carros, é óbvio que é reprovável. Mas a questão não é essa. Não estando o hábito cultural ainda enraizado, é preferível de forma temporária permitir esta situação, do que iniciar a perseguição cega, de quem não percebe que só há muitos carros, porque a maioria vive fora do centro e não pode ir a pé, como a SSRU faz.
A opção por Duque de Palmela em detrimento da Baixa não foi com certeza a movida que a condicionou, nem existia ainda. Em Duque de Palmela muitos edifícios já tinham garagem, há espaço na via pública, há vizinhança, pertença familiar solidificada, e os preços não se comparam à especulação da Baixa, até porque o estado do edificado é bem mais pacífico. Esta zona não precisa de promoção, nem ajuda, comparar o Centro Histórico? A Baixa nem com o Masterplan se resolve, é necessário estar sempre a pensar o marketing e o posicionamento, não é simples, preto no branco, de outra forma já não teríamos o problema que temos há quase meio século.
O factor sossego é uma condicionante, no segmento familiar que privilegia comodidades como: a garagem, o elevador, critério de vizinhança, segurança. As construções novas em Damião de Góis, Constituição, Arca de Água, Areosa, Francos, Antas estão praticamente ocupadas, e são centenas, é fácil ocupar quando agregamos toda esta oferta. Agora vai apostar no sossego, no Centro Histórico, na Baixa, quando lhe faltam todos os outros factores necessários a esse segmento? Como é que faz isso num curto espaço de tempo? Em vez de aprimorar a oferta, banaliza-a? Se a banaliza, arrasa a mais-valia do território.
As cidades distinguem-se pela sua cultura, diversidade, academismo, fazer casas para dormir até um Vila faz. Se já temos a diversidade populacional, se temos os eventos, se temos equipamentos, vamos apostar na cultura, no movimento, diurno e nocturno. Com comércio, com entretenimento, com licenças para abertura pela noite dentro. Há estragos no Jardim? Arranjam-se. Importante é que a movida continue, e mal se efective alargam-se os horários do metro, investe-se nos eventos para que justifiquem o custo do parque, etc. Acho que tomar atitudes de condicionar estacionamentos, esplanadas de vidro, é olhar para o dedo quando a lua brilha, é estar a pedir que se deitem 3 ou 4 paredes mestras abaixo, para se alargar os espaços pequeninos, onde todos estão de pé incomodados, e é depois, logo de seguida, estar a reclamar porque se faz fachadismo.
Sinceramente de forma, de facto muito pessoal, estou farta desta visão do Porto. É disso e da rã-flecha, gostava de ver outro animal venenoso no Sea-Life, a rã é muito pequenina e azul, mas rápido antes que feche ou o mandem demolir.
Cristina Santos
- Café Progresso e a vida nocturna do Porto
De facto o centro do Porto está em algumas zonas a ganhar, a voltar a ter vida, movimento, às noites. Suponho que essencialmente ao fim-de-semana. O Café Progresso é um símbolo do passado onde bem se toma um bom café - prefiro o de máquina ao de saco!, mas, sem ter de ficar virado para o passado, hoje, recordando unicamente esse mesmo passado, mas indo em frente. Os empregados até são jovens o que faz que nem tudo seja antigo… E o café – bebida - continua muito bom. Sendo que aquilo a que usualmente chamamos de “Baixa” e até anteriormente dizíamos “ir ao Porto”, está a ficar vivo e recomenda-se. E a noite ao fim-de-semana tem “gente”, essencialmente jovens mas não só, a andar, a estar, a aproveitar. Já se vêm pessoas, casais de todas as idades a passear, sem medo! Não acho que a actual Avenida dos Aliados seja um pólo atractivo - ficou por demasiado desconfortável! -, mas a Rua de Ceuta, a Rua Actor João Guedes, a zona das Carmelitas, a zona em frente ao Piolho estão novamente vivas, e ainda bem que assim é!
- Antigos cinemas do Porto estão vazios ou a viver novas vidas
- Artistas promovem o Douro
- Câmara compra à Porto Lazer complexo do Monte Aventino que lhe tinha cedido
- UrbaClérigos inicia obras na Praça de Lisboa
- Praça de Lisboa reabre em 2011
- Ribeira ainda não está sem carros
- O Porto é melhor do que o país
- Demolição da antiga escola primária do Bairro do Aleixo está por dias - sobre isto ler também o estranho caso dos 250 €/m2
- Adaptação das esplanadas de Parada Leitão vai ser acertada entre Igespar e o arquitecto
- Rui Sá vê "indícios" de que a Câmara do Porto também quer demolir o Rainha D. Leonor
- Câmara tem de repor carris no Passeio Alegre se a STCP exigir
- Câmara do Porto fez contratos ilegais para pagar dívidas
- Banhos no Douro são um perigo e podem matar
- Como é que o Porto se tornou num arquipélago de bairros sociais?
- "Ilhas, Bairros Sociais e Classes Laboriosas na Cidade do Porto (1956-2006)", recomendação da Ana Oliveira
Das várias notícias desfavoráveis ao actual executivo municipal e que não aparecem, portanto, na revista “Porto Sempre”, destaco duas neste último mês.
1 – A notícia que diz que o Ministério Público declara ilegal o equipamento “Sea-Life”, por exceder a área de impermeabibilização permitida para o Parque da Cidade... Vem em vários jornais “sérios”. Ainda não apareceu nas páginas da revista de propaganda “Porto Sempre”.
2 – A notícia que diz que as esplanadas de Parada Leitão, em frente ao Piolho, foram consideradas pelo IGESPAR atentado ao património por serem construções com carácter “fixo” e “opaco” (palavras minhas) na zona de protecção ao conjunto arquitectónico das Igreja do Carmo e Carmelitas.
3 – A notícia da recusa do executivo em homenagear o escritor José Saramago com o nome de uma rua da cidade do Porto.
Tenho a destacar nesta mesma revista, nas páginas em que aparece sempre o Presidente da Câmara com outras pessoas famosas em acontecimentos sociais, uma fotografia em que Rui Rio aparece ao lado de Belmiro de Azevedo. A legenda: “Na homenagem ao 25 de Abril”. Outras fotos aparecem Sempre Rui Rio, ao lado do Papa, ao lado de Cavaco, etc... Não sabia que Belmiro de Azevedo deu um grande contributo para a Revolução dos Cravos, mas agora já sei. Não sabia que para Rui Rio é mais importante não homenagear um comunista, do que homenagear um escritor prémio Nobel reconhecido em todo o mundo (mundo culto e civilizado). Não sabia que à Câmara era permitido cometer ilegalidades urbanísticas no Parque da Cidade e atentar ao património na Baixa da cidade, não dando cavaco a tribunais, Igespares, etc... enfim, coisas e instituições que só “chateiam” e “complicam”. Assim sendo vou passar também a não ligar ao PDM e aos organismos públicos, Câmara incluída, que só “chateiam” e “complicam”, obrigando-me quantas vezes – que chatice! - a repensar os projectos. Agora já sei. Estamos sempre a aprender.
Pedro Figueiredo
Vítor Bento confirma tese de «Drenagem» e em Londres consta-se que o ouro do Banco de Portugal terá sido vendido.
Vítor Bento, talvez lendo o Norteamos, confirma que o Sector dos Bens e Seviços Não Transaccionáveis andou a explorar o outro sector nos últimos 20 ou 30 anos. Só lhe faltou dizer onde está a sede nacional do Sector Não Transaccionável... (está em Lisboa).
Terá o Banco de Portugal vendido / alugado / emprestado as reservas de ouro para salvar a banca nacional? «At first it looked like the BIS was swapping gold with a troubled central bank. (...) Central banks in the troubled southern zone of Europe were considered the most likely perpetrators. According to the World Gold Council, central banks in Greece, Spain and Portugal held 112.2, 281.6 and 382.5 tons of gold respectively in June – leading analysts to point fingers at Portugal, or a combination of the three.» Ou essa liquidez será usada para pagar a nova ponte sobre o Tejo que já vai arrancar em Setembro ?
PS1: Seitas religiosas prestam «assessoria» a empresários no Algarve... e também por cá.
PS2: Boas férias!