De: SSRU - "O regresso à Baixa"
Cara Cristina
Tanto quanto nos é possível apurar, o regresso de moradores à Baixa tem sido feito, maioritariamente, em ruas afastadas de algum do bulício da noite, como é o caso da Rua de Cedofeita (grande parte), Rua do Bonjardim (para Norte), Rua da Alegria, Rua do Duque de Palmela (e afins) e no Centro Histórico a Rua da Vitória, zonas residenciais e a maioria com via de sentido único. Somos em crer que o sossego ainda é um dos critérios que pesa nas escolhas da maioria dos concidadãos quando optam por viver num local e não noutro. Ademais, conhecendo como é a vida nocturna da cidade é fácil fazer opções por um local mais calmo, mais limpo e mesmo assim com comércio tradicional, transportes públicos a poucos passos e toda uma série de outros factores que pesam nessas importantes decisões.
Aquilo que acontece agora com as instalações, feitas por exemplo nos Clérigos, é o que historicamente sempre aconteceu com uma ocupação do rés-do-chão e o esvaziamento dos pisos superiores ou então com um uso idêntico ao de baixo, empurrando os moradores para zonas mais afastadas, quando deveria ser o oposto: uma utilização mista (compatível) dos edifícios, que permitisse a sua manutenção e segurança em diferentes horas do dia e épocas do ano.
Ao referirmos anteriormente que não haveria muito mais a dizer sobre o assunto, é sobretudo por não percebermos como é possível defendermos o indefensável, ou seja, a ocupação abusiva de um jardim histórico com automóveis por entre as árvores, transformando-o num não-lugar. Isto sim é inenarrável. Ao fazê-lo a Cristina comete o erro óbvio, com interpolações emotivas e de cariz pessoal, de tentar retirar objectividade e abrangência aos nossos argumentos. Tanto mais que a referência às duas cidades bíblicas destruídas pela ira de Deus pelo seu vício e pecado, encontra-se demasiado longe da conotação homofóbica ou xenófoba que lhe atribuiu, mas antes pela perversão e quebra de valores essenciais a uma vivência em comunidade. É frequente encontrar-nos na Galeria de Paris a jantar antes de um espectáculo no Carlos Alberto e no entanto as nossas deslocações são feitas a pé. Como será fácil perceber, por morarmos aqui e valorizarmos o local onde os nossos filhos vivem, não precisamos de nos deslocar tanto de automóvel e estacionar nos jardins e praças da cidade. Cartas brancas desse género deixam-nos com urticária. A mensagem a dar tem de ser outra…
Sempre, SSRU