2008-02-10

De: TAF - "Cores do lado de lá, hoje"

Submetido por taf em Sábado, 2008-02-16 23:08

Em Gaia


Em Gaia


Em Gaia


De: Correia de Araújo - "Soltas de fim de semana"

Submetido por taf em Sábado, 2008-02-16 22:25

Descansando um pouco da polémica do Bolhão que, graças à mesma, nunca foi tão falado e visitado (há romaria, para lá, quase todas as semanas), aproveito para lembrar algo onde parece ainda estarmos bem.

Por cá... bem esteve também a Câmara Municipal do Porto ao arranjar aquilo que, não sendo da sua competência legal, é pelo menos uma decorrência, lógica e legítima, na tarefa de bem gerir e requalificar o espaço.

Por lá... com tão graves problemas, continuam a deter-se em pormenores em vez de cuidarem dos pormaiores. Cuidado TAF! Se for a Lisboa não leve o tripé!

Bom fim de semana para todos!
Correia de Araújo

De: Pedro Aroso - "Como denegrir a imagem do Presidente da Câmara"

Submetido por taf em Sábado, 2008-02-16 22:17

Boas medidas em prol da cidade passam muitas vezes despercebidas, ou caem rapidamente no esquecimento, não se traduzindo, por isso, numa captação de votos. Pelo contrário, uma prolongada obstrução da via pública, sem qualquer explicação aparente gera, inevitavelmente, um sentimento de revolta contra o Presidente da Câmara (sim, a culpa nunca é dos serviços, nem dos funcionários) e, consequentemente, a posterior penalização nas urnas.

Alguns funcionários da autarquia devem ter plena consciência disto, pois só assim se explica aquilo que se passa na Pr. D. Afonso, ao lado da Igreja do Cristo-Rei:

  • 1. O pavimento, junto à passadeira, levantado há cerca de três semanas, continua neste estado (foto 1).
  • 2. A vedação colocada na baia de estacionamento, está assim há 3 ou 4 dias (foto 2).

Hoje é sábado, por isso, na melhor das hipóteses, só na segunda aparecerá alguém para levantar os paralelepípedos e fazer sabe-se lá o quê. E depois, quanto tempo mais vai ficar o buraco descoberto, impedindo o estacionamento?

Na praça  Na praça

De: Pedro Lessa - "Ruído no ar"

Submetido por taf em Sábado, 2008-02-16 13:07

Caro Tiago,

Concordo, na essência, com os 10 pontos que enumerou. Permita-me apenas que nestes 3 últimos diga o seguinte:

1. Sendo o concurso de 1992 e respectivo projecto de execução de 1998, é natural que o projecto anterior sofreria alterações (falo de questões técnicas). Com a classificação de interesse público de 2006 e a confirmação agora pelo edital, muita coisa mudou. Estamos a mais de uma década de diferença. Por outro lado, na altura o processo surgiu de um Concurso Público sem qualquer estudo imobiliário (julgo), ao contrário da situação actual. Funções e intenções não foram escalpelizadas. Parece-me que a situação correcta será a de agora, como muito bem nos tem vindo a esclarecer e a formar ao longo destes últimos tempos o estimado Francisco (estamos sempre a aprender).

2. Concordo igualmente que grandes escadas rolantes, estacionamentos, etc. seriam perfeitamente dispensáveis, indo de encontro às ideias de requalificação urbana desejáveis. Penso, no entanto, que as obras não se poderiam circunscrever a limpezas e pinturas. O Mercado tem problemas estruturais muito graves, que ainda ninguém falou (espero que ninguém fale pelos piores motivos), facilmente comprováveis no local a olho nu, que quando os vi muito me impressionou como aquilo ainda se segura. Não se esqueçam que o Mercado foi erguido em cima de terrenos movediços. Aliás, o Mercado tem este nome porque lá existia uma grande bolha de água.

3. Perfeitamente de acordo. Quando será que os políticos percebem que devem pedir para planear as cidades, à semelhança do que se faz lá fora. Temos o bom exemplo de Miguel Bombarda mas falta o resto. Madrid, por exemplo, tem as ofertas perfeitamente definidas, cinemas em certas zonas, livrarias também, comércio noutras e por aí fora. Em Genebra existe um plano a definir onde podem ser abertos espaços comerciais. Para defesa precisamente desses espaços. Evita-se assim que existam lojas devolutas por toda a cidade. Que melhor exemplo do que os dos shoppings, restauração toda junta, artigo de criança noutro, etc etc.

Para concluir, não critico o procedimento deste concurso ganho pela TCN. O Mercado precisa de mudar. Critico o que aqueles senhores querem lá fazer. Mas afinal, o que propõe a proposta ganhadora? Porque ninguém percebe o que foi ganho no concurso. Nem eles mesmo, porque ainda estão a definir o que se lá fará. E também não percebo aqueles que dizem que se está a comparar erradamente um projecto imobiliário com um de arquitectura. Está-se a comparar um conjunto de intenções da TCN com o projecto de arquitectura que é o único instrumento programático da altura que se conhece (julgo eu). Ninguém anda a comparar se as lojas exteriores ficam interiores, se mudam paredes, se a cor é a ideal ou os caixilhos são desapropriados.

Cumprimentos,
Pedro Lessa
pedrolessa@a2mais.com

Cara Rita Byne, agradeço os seus esclarecimentos. O que me parece negativo é juntar a defesa do Mercado do Bolhão à defesa de uma proposta específica de arquitectura para ele, como se fossem coisas equivalentes. Três notas adicionais.

1) Sobre a aprovação formal do projecto de Massena, na sequência do concurso de 1992, pelo que agora é o IGESPAR, a única informação sobre isso no respectivo site é "O Projecto de Execução para a Reabilitação do Mercado do Bolhão, seguiu critérios de defesa do Património (neste caso em Classificação no IPPAR), utilizados em Portugal e nos Países desenvolvidos.". Tendo o Mercado sido classificado imóvel de interesse público só em 2006, presumo que a anterior aprovação, existindo, já não seja válida, até porque as restrições agora serão maiores.

2) A introdução de pisos de estacionamento subterrâneo, de escadas rolantes e de uma galeria intermédia (propostas de Massena e também da TCN, julgo eu) implicam obras de grande vulto. A minha pergunta é: serão mesmo indispensáveis? Não podemos prescindir do estacionamento e optar por um projecto muitíssimo mais simples (e barato), mantendo o que está, apenas com a reparação estrutural que for absolutamente indispensável? E limpando, pintando, "refrescando"? E ocupando os espaços vazios? Isto que eu digo não é inovador, já aqui e aqui, por exemplo, foi sugerido.

3) A perspectiva de reservar espaços para as Artes, sendo muito agradável do ponto de vista do visitante do Mercado (e poderia até, em teoria, criar novos públicos), deixa-me muito preocupado quanto à sua viabilidade económica. A oferta já é bastante grande (tantos sítios em Miguel Bombarda, na Constituição, no Centro Histórico, junto à Faculdade de Belas Artes, em Gaia, em breve mais 5000m2 na Fundação José Rodrigues no Alto da Fontinha, depois a iniciativa da Fundação da Juventude no Largo de S. Domingos, etc., etc.) e eu não vejo nem procura de Arte nem tantos artistas com qualidade suficientemente elevada que justifiquem tamanha fartura. Infelizmente.

De: Rita Byne - "Complemento a TAF - sobre o Bolhão"

Submetido por taf em Sábado, 2008-02-16 09:27

Só a título informativo e para esclarecer dois pontos que TAF escreveu. Estive no Ateneu Comercial do Porto, e percebi claramente as seguintes questões levantadas, por todos na mesa, nomeadamente pelo Arquitecto Joaquim Massena, pela Arquitecta Anni Gunther e pelo Arquitecto Manuel Correia Fernandes:

- O projecto de Massena enquadra a manutenção de todo o mercado tradicional. Reabilitação dos espaços e funções e não implica, de forma alguma, tal como refere no seu texto TAF, "transformações significativas". É de tal forma real, que se mostrou plantas, cortes, alçados e designação dos espaços. Percebeu-se claramente a grande percentagem de ocupação dos comerciantes tradicionais actuais e incentivos para o aumento do número dos mesmos.

- Informo-lhe também TAF que o projecto de Massena está neste momento aprovado por todas as entidades com voto de distinção e louvor, incluindo o IGESPAR, é público e os documentos e os técnicos nas instituições podem comprová-lo.

- A questão da "agricultura urbana" foi falada no Ateneu, bem como reforçar o Mercado do Bolhão como equipamento detentor de produtos (alimentares/culturais) da região, da identidade nortenha.

- Neste momento, a titulo pessoal, apreciei bastante o facto de se enquadrar áreas destinadas às artes, à música, esse enquadramento faz-se na galeria superior, deixando uma perspectiva de todo o terrado como uma "praça alimentar e cultural".

Confesso que senti, no Ateneu, uma certa mágica por aquilo que poderia ser o mercado se este projecto fosse para a frente. Senti que podia participar nele e que o diálogo estava aberto.

Rita Byne

De: TAF - "Brevíssimas notas sobre o Bolhão"

Submetido por taf em Sábado, 2008-02-16 00:23

Zona do Bolhão vista de satélite

Há demasiado ruído no ar. Telegraficamente:

1) Como está, tal e qual, o Bolhão não é viável.

2) Não está provado (longe disso) que sejam indispensáveis grandes obras de requalificação para tornar o Mercado viável.

3) Quer o projecto de Massena quer o da TCN implicam transformações significativas nos espaços e nas funções. É o velho hábito de atirar com dinheiro para cima das dificuldades.

4) Não vejo razões significativas para protestar contra a TCN: tanto quanto saiba, a empresa limitou-se a participar num concurso público (e vencer). Se esse concurso não devia ter existido (pelo menos naqueles moldes), é outra questão que não é imputável à empresa.

5) Tal como já vem sendo um hábito, a Câmara não soube colaborar com a sociedade civil, e especialmente com os directamente envolvidos, para tentar resolver o problema de outro modo. (Repare-se que escrevi "não soube", e não "não quis".)

6) É desaconselhável misturar propaganda política (mesmo que apartidária) com a tentativa de encontrar uma solução para o Mercado. Há efectivamente conclusões políticas a retirar, mas deixemos os cidadãos fazerem essa análise; não precisamos de os tratar como se fossem ingénuos a quem é preciso explicar tudo, tudo.

7) O IGESPAR vai, na prática, inviabilizar o projecto actual para o Bolhão. Desconfio que também inviabilizaria o de Joaquim Massena que, se bem percebi (perdoem-me se erro), nunca terá tido uma avaliação formal sob este ponto de vista.

8) O problema do Bolhão não se resolve com construção civil nem com projectos muito ambiciosos apresentados por especialistas em powerpoint. Resolve-se com humildade e persistência: manutenção adequada das instalações, divulgação decente, preenchimento dos espaços livres com negócios complementares e geradores de movimento, reabilitação das redondezas.

9) O Mercado do Bolhão seria um excelente ponto de comercialização de produtos de agricultura urbana.

10) O que é feito dos anunciados "gestores do centro urbano", que foi para situações destas que se inventaram?

De: João Rego - "Vejam por favor! Bolhão..."

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 23:57

Para os mais gélidos. Para os que já não mais se demovem por palavras, neste blog. Nada mais dizer consigo... as imagens trazem-me memórias e ironias...

Abraço
João Rego

Video 1 - "O Bolhão é nosso"
Video 2 - "O Futuro do Mercado do Bolhão"

(os jovens estão bem vivos)

Comprar no Mercado do Bolhão

À procura de uma cidade mais cosmopolita, reforçando cada vez mais as suas raízes e identidade.

Cumprimentos a todos!
Rita Byne

De: Carlos Manta Oliveira - "Os mercados"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 23:20

Caros leitores d'A Baixa do Porto

Sei que este não é um meio de serem colocadas perguntas e repostas, mas desculpem-me por sentir ser oportuno submeter algumas correcções.

Sneha Kumar acusou-me de falta de bom senso e de falar sobre um projecto que não tinha visto. Só se pode tratar de lapso ou de uma distracção, pois tanto quanto me lembro fui o primeiro a referir neste meio o Arquitecto Massena, promotor da manifestação contra a "pseudo-demolição". Mais que isso, inclusivamente citei trechos desse mesmo site para expressar como vejo poucas diferenças. De resto só tenho de concordar, e de repetir que tenho muito pena de não ter podido estar presente nas sessões e debates promovidos. Mas parto do princípio que se tenha tratado de uma distracção. Junto-me ao apelo de mais moderação de Francisco Rocha Antunes para que não se deixe resvalar uma troca de opiniões e argumentos (cada um tem o direito a ter os seus) numa troca de insultos, insinuações e ataque pessoais.

Por mera coincidência estive em Dordrecht em Novembro de 2007, e se alguém tiver curiosidade posso descrever perfeitamente esse espaço, que repito achei fantástico. Longe de mim saber na altura que seria a mesma equipa a projectar para o Bolhão. Para aqueles que se arrepiam, posso garantir que se podem arrepiar muito mais com a cinzenta Avenida dos Aliados ou Terreiro de Estacionamento da Cordoaria. De resto o IGESPAR já confirmou tratar-se de um edifício protegido, e a TCN já confirmou estar em reuniões com o IGESPAR e vir a seguir as indicações para a elaboração do projecto de arquitectura. Em vez de lançar esboços entretanto abandonados como se se tratassem de imagens novas, valeria a pena referir o que está descrito nesse caderno de encargos (que eu desconheço) ou as difereças para a proposta rival da TCN à altura, salvo erro da Mota-Engil.

Acho no mínimo curioso que as perspectivas de o Mercado Ferreira Borges ser transformado num palco de concertos de rock, ou de a Praça de Lisboa vir a albergar uma das maiores livrarias do país, em frente a um ex-libris da cidade, e uma das 10 mais bonitas do mundo, justamente promovido por uma empresa, a BragaParques, cuja reputação é para mim bem distante da TCN (confesso nunca ter ouvido falar da TCN antes desta "bolha", mas a BragaParques é-me muito conhecida), não levantarem nenhuma objecção nem "movimentos" semelhantes aos do Bolhão. Estes "erros" não justificariam toda e qualquer solução para o Mercado do Bolhão, mas uma vez que o interesse arquitectónio e patrimonial está defendido pelo IGESPAR, e a associação de comerciantes do Bolhão está satisfeita com as garantias que lhes foram dadas, é difícil de compreender a dimensão das críticas.

Poderá dizer-se que há sempre a vantagem de o Bolhão ter voltado às páginas dos jornais, sem ser em época de eleições. E de muitos portuenses de repente terem reparado que o Mercado do Bolhão existe. A eventual retirada do supermercado do projecto para o Bolhão a meu ver é mais fruto do excesso de oferta na redondeza (três supermercados), mas poderá argumentar-se resultar destes movimentos. Tenho imensa pena que o trabalho do Arquitecto Massena acabe na gaveta, e compreendo a vontade em fazer o "filho nascer". Mas isso não implica que seja a melhor solução para a cidade.

Já vivi em Londres, Manchester, Zurique e Munique. Em nenhuma das cidades frequentei mercados, o Covent Garden já não é um mercado, é um lugar onde há bares e restaurantes, e lojas com flores e prendas, junto dos grandes teatros onde há peças e musicais. Nunca vivi em Paris, não conheço o Les Halles, mas tenho noção que o Bolhão é algo único, mas decrépito, e que precisa de lufada de ar fresco para sobreviver, de forma sustentada.

De: F. Rocha Antunes - "O Bolhão e o mercado"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 18:59

Meus Caros

Raras vezes um sítio teve um nome tão adequado como o Mercado do Bolhão: o tamanho da bolha que foi criada à volta deste assunto é, de facto, muito grande. Falo de bolha porque há uma vontade de empolar o assunto que recusa qualquer hipótese de razoabilidade: toda a gente concorda que é preciso fazer alguma coisa com o Bolhão desde que não seja o que está a ser feito, sem dar a menor hipótese de isso poder ser uma solução razoável. Pior ainda, pessoas cuja opinião muito estimo, e já são algumas, embarcaram numa contestação que, ou sabem coisas que não dizem, ou decidiram prescindir da lucidez que as caracteriza e me deixam igualmente pasmado.

O que foi que aconteceu até agora?

Foi lançado um concurso público, com regras bem claras e exigentes, que obrigam à manutenção de todas as características que toda a gente anda a gritar que são essenciais manter e que estão lá, mas isso não interessa reconhecer senão não havia razão para protestar, e depois de meses de dura negociação a Câmara escolheu a proposta da TCN. O que foi seleccionado foi um investidor que tem vontade, porque acredita que é bom negócio, em cumprir o exigente programa posto a concurso, sujeitando-se a desenvolver todos os passos e obrigações que ainda faltam para poder concretizar a sua visão do futuro Bolhão. Anda toda a gente a falar de um projecto que ainda não foi feito, nem apreciado pelas entidades que o têm de aprovar e julgar imensas coisas irreversíveis que pelo menos arquitectos maduros sabem melhor que eu que não o são.

Imaginem, por hipótese, que o projecto que vai ser apreciado tem os mesmos 2 pisos de estacionamento, a mesma laje intermédia e a mesma configuração, na essência, que o projecto do Arq.º Massena. Ou melhor ainda, que não tem qualquer piso de estacionamento e se limita a recuperar a estrutura existente? O facto de a proposta da TCN ter sido subscrita pela Associação de Comerciantes do Bolhão não interessa nada, toda a gente prefere aderir aos gritos dos associados da D. Laura, que são os das lojas exteriores, e não os que vão voltar para lá, como a TCN garante desde sempre e os próprios confirmam.

Então o que faz que estas pessoas que eu tanto admiro terem esta posição? Correndo o risco de ser injusto acho que sei o que é: o medo do mercado. Nós gostamos pouco do mercado. Passamos a vida a falar do mercado, da importância do mercado, mas estamos pouco habituados a agir em mercado. E o mercado é isto: define-se um caderno de encargos exigente, abre-se um concurso público, aceitam-se propostas, negoceia-se com as melhores e apura-se o vencedor. Não foi um concurso de arquitectura, nem tinha que ser, por muito que custe ao Arq.º Massena. Quem vai investir tem o direito de escolher o arquitecto da forma que achar melhor. O interesse público é garantido pelas entidades que têm a obrigação legal de proteger o património e todas as outras obrigações legais.

Quando o assunto "desinchar" isto vai ser mais claro.

Francisco Rocha Antunes

De: Pedro Lessa - "Diz que disse"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 18:50

Não tendo por norma responder, caro Luís Filipe Pereira, aqui vai o meu singelo comentário ao seu último post. Não me considerando um especialista no que quer que seja, apenas comentei o que uma pessoa (que diz que não percebe nada) disse, sem perceber nada do que dizia. Aliás, foi o que essa pessoa disse, que não percebia nada. Ultrapassando o diz que disse, o Luís, sobre as questões que eu referi, neste último post nada disse. Cá voltamos ao diz que disse, tão característico deste nosso país, dizer e falar do que não se sabe. O que o Luís disse (lá está, novamente), poderia ser interpretado como uma afronta à dignidade profissional do arquitecto em questão, mas sobre a questão que lhe dirigi directamente, nada disse (novamente, o diz).

Relativamente à sua conclusão, quando diz que não percebo nada de dinheiros (outra vez, o diz), o que lhe disse no meu post (agora sou eu que digo), foi que quando uma Câmara, através do seu Executivo, tem políticas sérias e definidas para a cidade, actua e fomenta o seu desenvolvimento. E aqui, o Luís confirmou o que eu disse (aqui sou eu novamente), que não percebe nada. Afirma que, “finanças municipais, que pura e simplesmente não têm capacidade para aguentar esse esforço (ou então seria necessário diminuir o esforço a realizar com outros aspectos - reformulação de bairros sociais, requalificação urbana, metro, etc, etc, etc)”. O Luís sabe que com a reabilitação dos mercados (neste caso o do Bolhão) se pretende precisamente fazer requalificação urbana, o metro, etc, etc? Pois é, não sabe. Nós que já andamos aqui no blog há uns anos, tentamos demonstrar isto, com exemplos e opiniões fundamentadas. O que, manifestamente não parece o seu caso. Portanto, aqui vai mais um exemplo, já referido por mim aqui no blog. A cidade de Barcelona tem mais de 40 mercados tradicionais municipais. Quarenta! Aposta neste tipo de equipamento porque sabe que está a fomentar a requalificação da cidade e, acima de tudo, desenvolver uma actividade tradicional, baseada nas pessoas e suas tradições, rituais, etc. No cômputo geral, criar movimento, para e com as pessoas. Nós por cá, com apenas dois (com dimensão), é o que se sabe. Ou por outra, o senhor que lá está, não sabe. Prefere usar as finanças locais como o Luís diz, nos automóveis, aviões, negociatas culturais, quebra de protocolos para depois indemnizar, e afins.

Afirma também, “Como fica demonstrado atrás, a Câmara não tem vocação para fazer isso (recordo os exemplos de Serralves e da Casa da Música).” Demonstrado atrás, onde? A Câmara de Barcelona tem capacidade (40), só a do Porto é que não (2). E caso não saiba, a Câmara do Porto fez parte dos promotores da Casa da Música.

Espero tê-lo esclarecido, na minha modesta e humilde opinião de artista/arquitecto, que não sabe nada de dinheiros e que tem cuidado nas opiniões que formula. Considere que me fico por aqui nesta temática.

Cumprimentos,
Pedro Lessa.
pedrolessa@a2mais.com

PS: Pérgula da Foz - "Localizada entre a Praia da Luz e os jardins da Avenida Montevideu, esta balaustrada de cimento foi construída por volta de 1930, integrada no Projecto de Melhoramentos e Embelezamento da Avenida Brasil, elaborado pela 3ª Repartição da Câmara Municipal do Porto a 20 de Março daquele ano. Segundo documentos pertencentes ao Arquivo Histórico da Câmara Municipal do Porto, o projecto foi apresentado em sessão da Comissão Administrativa, no dia seguinte, pelo Vereador das Obras, Tenente Alves Roçadas, e foi aprovado juntamente com um projecto de detalhes da Pérgula. A sua construção custou cerca de 53 mil escudos e foi entregue a António Enes Baganha"

in Revista Municipal Porto Sempre nº 11

De: Pedro Aroso - "Pérgula da Foz vai ser requalificada"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 17:55

A famosa pérgula da Foz, que por acaso fica na freguesia de Nevogilde, vai ser restaurada. Esta intervenção é extensiva à balaustrada.

PS: A título de curiosidade (se estiver errado corrijam-me, por favor) esta obra é da autoria do arquitecto Marques da Silva.

De: Pedro Bismarck - "Manual de instruções opozine [15.16.fev]"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 17:50

opozine


Um pequeno intervalo: como sempre já está no ar mais um manual de instruções para este fim de semana.
Em opozine.blogspot.com. Agora com um novo layout e novos objectivos, mas sempre sobre uma contínua reflexão entre arquitectura, arte e cidade.

pb [opozine]

Caro Tiago

Considero que as causas simbólicas são bem mais importantes que as reais. São elas que movimentam esforços e, sinceramente, as verdadeiramente dinamizadoras e congregadoras de forças. Sejam elas a religião, os choques tecnológicos, ou a vitória num campeonato de futebol. Daí ter gostado da forma como colocou a questão da integração de Gaia no Porto: uma causa simbólica, com vista a finalmente concretizar o que o Porto tem de ser: uma metrópole. Sendo Porto-Gaiense de gema, interesso-me particularmente pela questão.

Uma causa, mesmo simbólica, precisa de ter linhas orientadoras para que se procure posteriormente o modo de a concretizar. Vou tentar expor neste e-mail o que penso sobre o assunto. Também tenho reparado que dentro do próprio blog há temas nos quais os diferentes participantes se tentam concentrar, não deixando o assunto morrer. Vou tentar mantê-lo vivo. Começo por abordar dois pontos cruciais neste projecto:

1. Área geográfica a considerar.

Creio que quando se discute este assunto nao se considera a gigantesca complexidade do concelho de Vila Nova de Gaia. Para muitos Gaia limita-se a uma área definida aproximadamente pelas redondezas da Av. da República. Na realidade, ao contrário do Porto, Gaia é de facto uma cidade descontínua. S. Pedro da Afurada, Carvalhos, Avintes, Oliveira do Douro, não fazem parte da cidade per se. Atendendo à definição clara das divisões administrativas que nos propomos considerar (freguesias, área metropolitana, poder central), creio que seria mais lógico comecar por integrar a extensão urbana do Porto.

Ou seja, as freguesias fronteiras à cidade do Porto que constituem aproximadamente o que era Gaia antes da integração de Vila Nova e Gaia: as freguesias de Santa Marinha, Mafamude, Canidelo, S. Pedro da Afurada e Oliveira do Douro. Curiosamente, estas têm uma densidade populacional superior a 2000 hab/km2. A zona urbana de Gaia deveria incluir ainda Vilar de Andorinho e Vilar do Paraíso neste sentido mas, não sendo fronteiras ao Porto, não as incluiria numa primeira fase.

Entretanto, do lado do Porto conviria existir uma igual restruturação ao nível de freguesias. Creio que antes de integrar concelhos, algumas freguesias devem ser refundadas (isto pode envolver integrações e divisões adaptadas à evolução). Nao faz sentido a existência separada de Sé, S. Nicolau, Vitória, Miragaia para começar. A meu ver é preciso pesar ponderadamente os rácios população/área, população total, área total, unidade territorial (medida, por exemplo, em distância a caminhar ao centro da freguesia), serviços disponíveis. As freguesias devem ser equilibradas através de todo o território do Novo Porto.

2. Definição de poder.

O facto de existir uma única entidade municipal para um território mais vasto e uma população muito maior implica igualmente uma redefinição dos poderes, competências e deveres de cada círculo. Defendo um reforço das competências das juntas de freguesia, melhor articuladas com a pool de competências da metrópole.

Exemplos concretos: a definição da política de transportes é responsabilidade da metrópole, mas a manutenção ficará ao nível de freguesia. A definição da política de tratamento dos lixos ficará a cargo da metrópole, mas a responsabilidade por limpeza das ruas ficará ao nível da freguesia. O licenciamento de obras pode ser agilizado de forma a tratar burocracias ao nível da junta de freguesia, ficando a metrópole com a responsabilidade de fiscalizar activamente o que está a ser feito. (Em vez de quem quer fazer uma obra se dirigir à Câmara, ser a Câmara a ter de verificar o que está a ser feito. A freguesia sera o buffer entre ambos: o cidadão tem maior proximidade para influenciar, a Câmara tem mais facilidade em impor os seus argumentos.)

Creio ser este o ponto (atribuições das responsabilidades) que dará mais discussão, e cada um deles merecerá uma discussão extensa. Ainda dentro deste brainstorming de poder, considerava interessante, por exemplo, a metrópole dispor, por exemplo, de serviços de jardinagem. Cada freguesia define as suas necessidades e 'contratualiza' tempo aos serviços metropolitanos. Assim, a manutenção dos veículos, organização do pessoal, etc, fica a cargo de uma única entidade (a política metropolitana poderá ser a contratualização dos serviços de duas ou três empresas cujo tempo é gerido).

--
Se existirem interessados em desenvolver esta temática, aguardo o feedback. Eu, igualmente, vou procurar um fio condutor para esta ideia que considero prometedora. E, abusando da disponibilidade do Tiago, partilhá-la através da "Baixa do Porto" virtual.

Cumprimentos,
Daniel Rodrigues

De: Cristina Santos - "Restaurar edifícios ocupados I"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 17:01

Nos quarteirões, a maioria dos prédios está ocupada com rendas condicionadas e assim continuará após as intervenções. Com estas condicionantes, será incomportável para os proprietários intervirem com grandes luxos ou projectos, o objectivo principal será devolver a salubridade ao edifício, adaptá-lo para novos usos, aproveitando ao máximo a estrutura existente. Trata-se portanto de restauro e conservação.

Para procederem ao restauro e conservação devem os proprietários aproveitar alguns projectos de apoio disponíveis, Recria / Solarh, porque além de o programa comparticipar a intervenção, calculam o aumento e actualização de renda. O projecto de candidatura deve assentar num bom levantamento de anomalias / reparações. Deve ter-se em atenção agregados dos inquilinos, compartimentos íntimos necessários e fazer-se um levantamento, que não necessita de ser um projecto profundo caso contrário não terá comparticipação, onde se esboce a ideia geral.

Para que a obra seja expedita e sem atribulações, os proprietários devem pedir alojamento temporário dos inquilinos à CMP, que é gratuito e de uma enorme valia. No início da obra de reabilitação devem preparar a candidatura ao SIM-Porto, na expectativa de ver recompensado algum do seu esforço. Isto não é nada difícil, deve ser explicado pelas entidades competentes e utilizado ao máximo, como se faz em toda a Europa.

Após o início da obra, feitos os escoramentos, acabado o telhado e limpos os compartimentos de massas podres, deve o proprietário reunir novamente e em definitivo decidir a disposição a dar ao edifício, sem mexer na estrutura, tornando-o funcional, económico e salubre. Todos os empreiteiros dispõem de técnico de Engenharia ou Arquitectura e técnico de obras de reabilitação, se não tiverem nenhum desses elementos também não tem alvará.

Acordadas as situações face à economia e futuro uso, deve o proprietário convocar os inquilinos e solicitar parecer sobre a disposição final dos fogos e condições inerentes, socorrendo-se da presença dos técnicos em questão. Finalizada a obra deve o proprietário tomar medidas para que seja instituído condomínio (daqueles baratinhos), entregar regulamento de utilização e conservação dos fogos já que os materiais de restauro exigem cuidados especiais, impedir acesso dos inquilinos ao telhado, exigir garantia. Está feito e é para durar.

Os mitos:

Se aos proprietários for dito que recorrendo a estes programas de apoio podem demolir todo o edifício, fazer uma obra de luxo, é mentira. Pode fazer tudo o que é necessário a tornar o edifício salubre e habitável, não pode demolir. A comparticipação máxima é de 50%, pode chegar a 60% no Centro Histórico. Se aos proprietários for dito que são reis e senhores do edifício e que podem tratar os inquilinos como lixo e fazer obras de porcaria e obter comparticipação, também é mentira. Se algum empreiteiro disser que num restauro é normal continuar a rever água na cobertura, também é mentira, o edifício é reconstruído como foi construído, a durabilidade é garantida, um restauro não é um biscate. O desenvolvimento dos projectos de candidatura é feitogratuitamente pelas empresas que concorrem à obra, como em qualquer orçamento, em alternativa podem os proprietários tratar de tudo e pedir às empresas apenas os orçamentos, não há dificuldade nenhuma, a única dificuldade é continuar a ouvir instituições responsáveis a falar de betão, quando se fala de casas que rendem 20€, ou encaminhar os proprietários para as imobiliárias.

De: TAF - "Agora"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 14:26

Trabalhador num telhado


Sem protecção na serra, sem luvas, sem máscara para evitar respirar o pó, sem auriculares, numa obra do Estado: Instituto António Cândido.

Outros artistas:
- Rendas vão ser cobradas a La Féria
- Câmara recusa comprar material de Filipe La Féria - Pormenores
- Matosinhos: Escultora da anémona gigante não contesta intervenção camarária

De: Hélder Sousa - "Outros assuntos"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 13:47

Olá,

Em tempos ouvi falar de uma senhora chamada Maria José Silva, residente no Porto e realizadora de filmes de formato amador. Recentemente voltei a ouvir falar dela a propósito deste filme, que foi objecto de um documentário / making of (1 e 2) feito pelo realizador Miguel Marques. A página pessoal desta realizadora desconhecida é esta. E tudo isto acontece aqui ao lado!

Até já,
Hélder Sousa

De: Luís Filipe Pereira - "Bolhão"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 13:40

Caro Pedro Lessa

De arquitectura já percebi que você é um especialista. Compreendo que o artista/arquitecto não tenha de ter preocupação com questões tão mundanas e insignificantes como as questões de dinheiros, mas infelizmente, e uma vez que não há recursos para tudo, há que fazer escolhas com racionalidade económica e social. Permita-me concluir que, relativamente a esta parte, provavelmente o Pedro não perceberá grande coisa e desta forma deveria ser mais cuidadoso com as opiniões que formula.

Independentemente da qualidade do trabalho (arquitectónico) do Arq.º Massena, a verdade é que esse projecto nunca chegou a avançar, não pela falta de qualidade em termos de arquitectura, mas simplesmente porque o esforço financeiro inerente à concretização do proj do Arq.º Massena recaía sobre as finanças municipais, que pura e simplesmente não têm capacidade para aguentar esse esforço (ou então seria necessário diminuir o esforço a realizar com outros aspectos - reformulação de bairros sociais, requalificação urbana, metro, etc, etc, etc). Por outro lado, a outra vertente do projecto (utilização, gestão e manutenção do projecto) não estava assegurada pelo que, não havendo promotores para o projecto, teria de ser a Câmara a assumir o projecto, tornando-se o promotor do mesmo. Como fica demonstrado atrás, a Câmara não tem vocação para fazer isso (recordo os exemplos de Serralves e da Casa da Música).

Portanto reforço que é imperativo considerar os 2 aspectos já referidos: por um lado a parte arquitectónica e por outro a questão da utilização, gestão e manutenção do espaço. Não o fazer implica uma visão redutora do assunto e as consequentes falhas na sua análise.

Por fim importa referir que a informação veiculada pelo denominado "Movimento Civico e Estudantil do Porto" é muito importante e vem no seguimento do que ontem escrevi, precisando com rigor o que tentei referir. Ou seja, qualquer intervenção no Mercado do Bolhão terá de ser aprovada pelo IGESPAR. Deste modo, o projecto de utilização, gestão e manutenção (concessão) está condicionado à aprovação do projecto de arquitectura de reformulação e recuperação do imóvel. Isto é de facto uma garantia de que não se vai destruir o Bolhão, pois não vai ser possível construir torres ou "mamarrachos" que descaracterizem o imóvel (mas relativamente a isto não me alongo pois, como referi anteriormente, não vou estar a mandar "bitaites" daquilo que não percebo, deixo isso para os especialistas, tendo no entanto a garantia que a aprovação está dependente, não da Câmara, mas de órgãos com competência para avaliar tecnicamente estes projectos).

Cumpts,
Luis Filipe Pereira

De: TAF - "A Solução"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 02:17

Foz do Douro


Hoje apetece-me salvar o Mundo, mas como já é tarde e eu ainda tenho várias coisas mais prioritárias para fazer antes disso, agora só vou explicar como é que se salva o Porto.

Perguntava-se há pouco na Católica se as novas tecnologias e a centralização ameaçam os media regionais. Isso não interessa nada. Primeiro porque as "novas tecnologias" só são novas enquanto forem novas (a partir do momento em que estão ao alcance de toda a gente, isso já não acontece), segundo porque a centralização não está directamente relacionada com a existência de "media regionais" (e vice-versa), terceiro porque cada um de nós tem uma definição diferente de "media regionais". O problema é outro: quando é que os portuenses recuperam o orgulho no Porto, quando é que voltam a estar contentes com a sua cidade e a sua região.

Suspira-se por protagonistas. Faz-me lembrar aqueles que, depois de ouvirem Barack Obama proclamar "we are the ones we are looking for", vêm dizer: "era de alguém assim que nós precisávamos"... O que tem acontecido é que os candidatos a protagonistas locais, quando atingem alguma notoriedade e capacidade de influência, passam (legitimamente) a preocupar-se com problemas nacionais e desleixam os locais.

Ora é aí que reside a Solução: temos de abandonar a nossa comodidade e sacrificar-nos. Fora de brincadeira, temos mesmo de "empobrecer" ainda mais. Temos de reservar tudo o que conseguirmos poupar para investir forte e feio numa estratégia de "think global, act local". Temos de aceitar o facto de que, por causa disso, o Poder Central nos vai achar "paroquiais" e portanto nos vai dificultar ainda mais a participação nos processos de decisão e de partilha de recursos nacionais. Paciência. Vamos criar aqui as nossas empresas mesmo sabendo que não teremos o Poder Central como cliente. Vamos apostar em gerir bem as nossas autarquias mesmo deixando de fazer parte do grupo de "amigalhaços" do Poder Central. Vamos lançar aqui as nossas iniciativas de empreendedorismo social, mesmo que o Poder Central não simpatize com a ideia e nos penalize por causa disso.

Fazendo isso, ganharemos legitimidade e apoio popular local, que é fundamental para garantir mudanças sustentáveis. Veja-se uma prova, só aparentemente inesperada, de que o método funciona - Rui Rio. Rui Rio tem muitas qualidades, mas infelizmente muito mais defeitos que as suplantam largamente, e por isso é actualmente um medíocre Presidente da Câmara. Teve contudo a sensatez de perceber que a sua conquista do Poder Local era muito mais sólida que uma hipotética candidatura ao Poder Central: prefere o Porto à liderança do PSD. No Porto ganha eleições, conquista poder (que depois frequentemente ou não usa ou usa mal, mas é dele). Sigamos o exemplo, que neste caso é positivo: foquemos a nossa atenção no Norte, e não no país inteiro. Resolvamos os problemas locais, recorrendo abundantemente à sociedade civil. Fazendo isso, mais tarde ou mais cedo a região evolui - nessa altura será o Poder Central que quererá vir ter connosco. Significa isto que no Porto devemos todos ter ideias convergentes, que precisamos de agir sempre "em manada"? Não. Basta que cada um faça o que acha que deve ser feito. Mas que faça, juntando-se eventualmente a quem possua convicções semelhantes e lutando por elas.

Onde é que os media entram? A dois níveis: no debate entre as elites (sem conotação negativa) e na angariação de apoio popular. É aí que temos de investir, nas novas tecnologias e nas velhas, produzindo conteúdos de qualidade, usando o nosso tempo para pensar e para emitir opinião. Dá trabalho e fica caro. A vida é dura. Não precisamos, no entanto, de novas televisões, rádios ou jornais, os que existem chegam e sobram. Não nos agradam os conteúdos actuais? Se é a publicidade que sustenta os media, pois bem, compremos publicidade em programas que nos agradem, que nos promovam, que se centrem nos nossos problemas. Façamos lobbying como deve ser.

Eu começaria por escolher uma causa simbólica, que está muito mais ao alcance do que a Regionalização (seja lá ela qual for): a integração de Gaia no Porto. Se é conveniente ter algo concreto e bem visível que motive a população (ou parte dela), que congregue interesses, que traga benefícios claros, eis aqui uma boa opção. É um primeiro passo. Não adianta pensar muito no segundo se nem o primeiro está ainda dado.

Bom, chega que as minhas gatas estão aqui a pedir atenção, mimos, e provavelmente biscoitos.

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