De: Luís Filipe Pereira - "Bolhão"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-15 13:40

Caro Pedro Lessa

De arquitectura já percebi que você é um especialista. Compreendo que o artista/arquitecto não tenha de ter preocupação com questões tão mundanas e insignificantes como as questões de dinheiros, mas infelizmente, e uma vez que não há recursos para tudo, há que fazer escolhas com racionalidade económica e social. Permita-me concluir que, relativamente a esta parte, provavelmente o Pedro não perceberá grande coisa e desta forma deveria ser mais cuidadoso com as opiniões que formula.

Independentemente da qualidade do trabalho (arquitectónico) do Arq.º Massena, a verdade é que esse projecto nunca chegou a avançar, não pela falta de qualidade em termos de arquitectura, mas simplesmente porque o esforço financeiro inerente à concretização do proj do Arq.º Massena recaía sobre as finanças municipais, que pura e simplesmente não têm capacidade para aguentar esse esforço (ou então seria necessário diminuir o esforço a realizar com outros aspectos - reformulação de bairros sociais, requalificação urbana, metro, etc, etc, etc). Por outro lado, a outra vertente do projecto (utilização, gestão e manutenção do projecto) não estava assegurada pelo que, não havendo promotores para o projecto, teria de ser a Câmara a assumir o projecto, tornando-se o promotor do mesmo. Como fica demonstrado atrás, a Câmara não tem vocação para fazer isso (recordo os exemplos de Serralves e da Casa da Música).

Portanto reforço que é imperativo considerar os 2 aspectos já referidos: por um lado a parte arquitectónica e por outro a questão da utilização, gestão e manutenção do espaço. Não o fazer implica uma visão redutora do assunto e as consequentes falhas na sua análise.

Por fim importa referir que a informação veiculada pelo denominado "Movimento Civico e Estudantil do Porto" é muito importante e vem no seguimento do que ontem escrevi, precisando com rigor o que tentei referir. Ou seja, qualquer intervenção no Mercado do Bolhão terá de ser aprovada pelo IGESPAR. Deste modo, o projecto de utilização, gestão e manutenção (concessão) está condicionado à aprovação do projecto de arquitectura de reformulação e recuperação do imóvel. Isto é de facto uma garantia de que não se vai destruir o Bolhão, pois não vai ser possível construir torres ou "mamarrachos" que descaracterizem o imóvel (mas relativamente a isto não me alongo pois, como referi anteriormente, não vou estar a mandar "bitaites" daquilo que não percebo, deixo isso para os especialistas, tendo no entanto a garantia que a aprovação está dependente, não da Câmara, mas de órgãos com competência para avaliar tecnicamente estes projectos).

Cumpts,
Luis Filipe Pereira