2006-08-27
- - Porque será que o consórcio que vai explorar o Rivoli com o seu teatro revisteiro vai poupar a câmara de críticas?
- - Foi apresentado o consórcio vencedor para o quarteirão de Carlos Alberto: e o projecto, não seria bom apresentar o projecto? Ou será que o que faz cidade é o nome das empresas?
- - Porque é que o apoio do município ao Rivoli é gastar dinheiro e os vídeos do presidente nos outdoors é investir?
- - Porque será que para ser a cidade da ciência apenas é necessário ter um antigo autocarro vazio a passear?
- - Porque será que paguei há uns longos meses a taxa de ligação à rede de saneamento e continuo ligado a uma fossa oitocentista? Que ciência oculta é esta?
- - Se o objectivo é poupar no Rivoli para fazer escolas, porque é que não se fazem túneis que serviriam para fazer muitas escolas?
- - Porque será que gosto mais de dar uma moeda ao arrumador simpático que me encontra um lugar do que pagar a taxa do saneamento que não tenho?
- - Porque será que para licenciar uma alteração na minha casa é necessário um ano e para licenciar um túnel não é necessário nada?
- - Porque será que um brutal hotel no interior de um verde quarteirão é bom e uns prédios nas franjas do parque da cidade é mau?
- - Porque será que estou farto de tanta estupidez?
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Nota de TAF: o "documento estratégico" (PDF 13MB) relativo a Carlos Alberto está um pouco escondido no site da SRU.
Caros Participantes
As políticas urbanas referentes às áreas verdes tem sido uma constante nestes últimos anos. A discussão também vai sendo bastante. Tenho verificado que este tema tem adquirido interesse no blog.
Neste sentido, deixo aqui a novidade, que saiu hoje no Jornal do Noticias, de que Gaia vai possuir um parque da cidade, aliado às práticas do desporto.
O projecto é do arquitecto Joaquim Massena e, pelo que refere a notícia, o parque será munido de um complexo desportivo e de um estádio. Parece-me que quer a cidade do Porto, quer a cidade de Gaia, estão atentas a todas estas questões ambientais tão importantes para o equilíbrio da população.
Um abraço,
Luis Bandera
Já que o Alexandre falou em espaços verdes...
PS - Já agora, apontadores interessantes:
- Ruas da Minha Terra
- "Pitch" é o novo "espaço da música alternativa"
- Bar/discoteca de 'top' europeu promete reanimar noite da Baixa
- Parceiro privado para Reabilitação do Quarteirão Carlos Alberto seleccionado
- Rua das Flores: Testemunhos - É bom saber que este blog contribuiu directamente para que mais uma pessoa tivesse vindo viver para a Baixa. :-)
A propósito do assunto de fusão entre as cidades do Porto / Gaia e Matosinhos, anexo aqui uma sugestão sobre a possibilidade de criação entre estas cidades de um corredor de áreas verdes. (Esta é apenas uma sugestão feita à medida deste blog, de uma forma simples e sem pretensões.) Tomando em consideração os espaços livres que a foto apresenta, e começando pela imensa área que existe no miolo da Foz, propõe-se nesta imagem dar a entender a possibilidade de interligação entre todas estas áreas.
(Será de notar que este miolo aguarda há anos pela famosa Via Nun'Alvares, que pretende vir a implantar uma via com 4 faixas, e frentes urbanas com prédios de 6 andares em ambos os lados, o que será uma solução completamente descabida e fora de proporção com a malha residencial existente.)
As áreas caracterizadas a verde mais escuro, e são elas o Parque da Cidade, o Parque da Pasteleira, Serralves, e um recente Parque feito em Matosinhos (que não sei o nome), correspondem estas manchas a 50% das áreas verdes públicas e actuais que se encontram representadas. A possibilidade de inserção das outras áreas (em verde mais claro) em Matosinhos, zona do Lidador, Foz e Pasteleira no Porto, e Cabedelo em Gaia poderia duplicar a oferta de área verde.
Convém ainda acentuar a ideia de estabelecer entre elas uma continuidade, através de ligações físicas entre si. (Estas ligações são fáceis de fazer, bastando para isso olhar a cidade através do google earth, e ver que em muitos locais já existem espaços livres).
Importa ainda perceber a possibilidade de ligação entre estas áreas verdes e as marginais junto ao mar, e ainda da marginal do Rio Douro, para Porto e Gaia. Interessaria por isso rever a ligação existente entre a Afurada e a Pasteleira, e promover uma nova ligação na zona dos molhes. (Isto para não falar na possibilidade de ligação ao Centro Histórico através das áreas livres do lado de Gaia.)
A estrutura viária existente deveria ser inteiramente repensada de forma a ter uma escala local e residencial. E dever-se-ia estudar a possibilidade de integração de transportes públicos, nas Marginais, Circunvalação, Boavista, Campo Alegre, de vias eléctricas do tipo Metro de superfície. (Considerado como transporte urbano e dialogante com a cidade, e não de comboio suburbano.)
A qualidade urbana decorrente da implantação destes corredores verdes seria extensível às três cidades e estabeleceria entre elas mais que uma ponte de ligação.
Este corredor poderia estar a ser sugerido apenas no Porto, como poderia apresentar a mesma ideia apenas em Gaia ou em Matosinhos. Mas se fossem unidas as capacidades de planeamento entre as várias entidades, percebe-se melhor as possibilidades de melhoramento das condições de vida para todos.
E se ampliarmos a imagem, com facilidade podemos entender que podemos continuar a projectar o mesmo princípio para todos os lados.
Alexandre Burmester
... ou melhor, Nevogilde. :-)
Caro Sr. Francisco Oliveira
O que supostamente vem escrito no Público da autoria do Eduardo Prado Coelho, sobre o grande sucesso do Sr. Arq. Siza Vieira, não é nada que os Arquitectos não saibam. E os deste Blog não devem ser nem mais, nem menos ignorantes.
Ignorância parece ser o espanto do colunista do Público.
Alexandre Burmester
Ontem passei por uma experiência lamentável no hospital Pedro Hispano. Atendendo a que vários leitores da Baixa do Porto terão certamente contacto com este hospital, fica o convite para a leitura.
Um abraço, do
TBR
Como nenhum dos Srs. Arquitectos que habitualmente escrevem neste blog se referiu ao caso, venho transcrever algumas passagens de um artigo que Eduardo Prado Coelho escreveu no "Público" de ontem:
"Já em Paris tinha feito uma verificação: o público, sobretudo de estudantes, que procurava ouvir pessoas como Siza Vieira, era muito maior do que para um cineasta ou um escritor. Mas quando organizei uma exposição de Siza Vieira no Centro Pompidou, com uma conferência do próprio, ao chegar vi tanta gente que supus que a fila era para algum espectáculo de cinema. Não era. Era para ouvir Siza Vieira. Muitos não puderam entrar.
Quando a Gulbenkian preparou uma conferência com Siza Vieira, foi um êxito semelhante. As pessoas espalhavam-se pelas escadas, tentando ouvir através do sistema sonoro. O entusiasmo era enorme. Intervinham. Sobretudo para colocar perguntas. Siza apresentava projectos e mostrava-se disposto a discuti-los."
Com esta transcrição pretendo apenas prestar homenagem a um portuense (embora nascido em Matosinhos) ilustre.
Saudações de
Francisco Oliveira
Caros participantes
Por me ter agradado muito a notícia que hoje li sobre as obras de renovação do Jardim Botânico portuense, entendi que divulgá-la seria uma boa forma de reinício pós-férias da minha participação aqui no blogue.
Apreciei essencialmente dois aspectos: o objectivo de se recriar o “Jardim de Sophia”, componente que faz parte quer do imaginário literário individual de muitas pessoas, quer do património cultural colectivo da cidade do Porto (que é assim valorizado), e cuja concretização é possível através do ON – Operação Norte (Programa Operacional da Região do Norte), programa inserido no III Quadro de Apoio Comunitário que visa a competitividade, a valorização e o desenvolvimento do Norte de Portugal; e o contributo, ainda que “à sua escala”, para o desenvolvimento desta região, pois não é em todas as cidades que existe a oportunidade de se visitar fisicamente um jardim cujo primeiro contacto se faz, a maior parte das vezes, através de um livro numa aula de Português!
Paula Morais
Arquitecta
Agradeço o repto do Luís Sousa que tomo por cumprimento. E como também o Rui Moreira me refere, aproveito, pedindo desculpa por me alongar. Deve-se ao vigor do retorno de férias!
Bom, basicamente o que eu penso sobre o problema do Porto, traduzido em território e em poucas palavras, parte de uma leitura com três entradas.
- 1. Mudou a dimensão da cidade. Hoje a maioria em que a larga maioria de nós vive o seu dia-a-dia existe num espaço pluri-municipal, com uma cidade-centro pequena (tem metade da área de Lisboa) e que continua em perda, ou seja, que é cada vez mais semelhante às que a rodeiam, em densidade populacional, em número e diversidade de estabelecimentos industriais, de comércio, ou serviços de todo o tipo, como em relevância política. É o conhecido “efeito donute”, com o esvaziamento de pessoas e actividades a começar no centro histórico e a aprofundar-se (ficando buraco), ao mesmo tempo que se alarga, à Baixa e a ambos os lados do Douro, à VCI e nalguns pontos para lá da Circunvalação.
- 2. A cidade é mais dual. Na Foz e na Boavista, como em Leça e Granja, estendendo-se para Vila do Conde e Espinho, reforça-se um espaço ocidental de alguma qualidade, de habitação mais cara e espaços melhor cuidados (até o Estado ajudou, com o Polis na frente atlântica e a Casa da Música na Boavista), comércio com inovação, hotelaria e serviços de gama alta; opondo-se a Bonfim e Campanhã, mas também a boa parte de Valongo e Gondomar, onde se mantém a dependência nos movimentos diários casa-trabalho e em diversas outras dimensões se reforça uma certa suburbanidade (que o Estado parece incentivar, por exemplo no atraso pelo serviço de metro…).
- 3. Aumentou a diferença entra a “nossa” cidade e a dos “outros”, entre a cidade privada (de uso colectivo) e a cidade pública, ou seja, com notáveis excepções ainda (espero que seja ainda!) vivemos um tempo em que o transporte colectivo e a circulação a pé são desvalorizadas, perante o automóvel, em que os centros comerciais (ou “certos” restaurantes, “certas lojas”) são os reinos do conforto (sobretudo a certas horas e sobretudo excepto aos domingos, quando é para “os outros”), sempre abertos, limpos e seguros, como os aeroportos e a universidade, onde se chega e se estaciona. O passeio das ruas fica para os outros e a cidade antiga fica insegura e suja (o desleixo no centro histórico do Porto é vergonhoso para o turismo e para quem lá vive e um notório retrocesso ao que já tivemos!) enquanto as obras de “requalificação” retiram conforto. Já viram como as pessoas se sentam de lado na pedra fria na Cordoaria? Já viram que não há sítio agradável para se estar na maioria das nossas praças? Por certo que a maioria já percebeu que o espaço público do Porto (e infelizmente não só, mas também em Matosinhos e Vila do Conde, por exemplo) está a ficar cinzento (entre granito e asfalto), desconfortável ao caminhar (refiro-me à “pedrinha” de granito), monótono (por “liso” e descolorido) e sem flores (e sem vida também…). Já não bastava aos centros comerciais a vantagem dos horários, do acesso fácil e estacionamento gratuito, da sua inserção em plena mancha urbana, da sua boa concepção e gestão… e francamente mais usados em relação aos espaços verdadeiramente públicos do que nas cidades espanholas, francesas, alemãs, …
Sobre este tema e outros que lhe estão associados, quem desejar, como o Luís Sousa, pode contactar-me que eu faço chegar alguns dos meus textos mais recentes. Segue lista:
- - Sustainable urbanism: reducing, recycling and reusing in a larger and more complex urban space, in Lois Gonzalez, Ruben (ed) Urban changes in different scales; systems and structures, Santiago de Compostela, Publicacións da Universidade de Santiago de Compostela, 2006, pp. 251-264.
- - Contributos para a coordenação territorial no “Grande Porto”, in Porto Cidade Região, Porto, Reitoria da Universidade do Porto, 2005, pp. 263-274.
- - L'urbanisme commercial et la crise du commerce indépendant et du centre-ville au Portugal, “Sud-Ouest Européen”, nº20, Presses Universitaires du Mirail, 2006, pp. 107-114.
- - Villes et stratégies d’aménagement du territoire : le cas de Barcelos (Nord-Ouest de Portugal), “Sud-Ouest Européen”, nº18 (número especial de homenagem a François Guichard), Presses Universitaires du Mirail, 2005, pp. 85-91.
- - A reestruturação do comércio e os tempos da cidade, Porto, “Linha de Terra”, nº2, Universidade Lusíada Editora, 2004, pp. 77-89.
- - A cidade, os municípios e as políticas: o caso do “Grande Porto”, Porto, “Revista de Sociologia”, nº13, Faculdade de Letras da U.P., 2004, pp. 227-251.
- - “Porto-Gaia” e a cidade-metrópole: contributo para responder à necessidade de reorganização do território metropolitano, Porto, “A Obra Nasce”, nº2, Fundação Ensino e Cultura da Universidade Fernando Pessoa, 2004, pp. 70-85.
- - Reabilitação de centros históricos e reutilização da cidade: o caso de Porto-Gaia, in Conservar para quê ?” (coordenação de Vítor Oliveira Jorge), Porto/Coimbra, FLUP/CEAUCP, 2005, pp. 213-230.
- - Restructuration commerciale et temps de ville, in Temps des Courses, Course des Temps (direcção de Jean-Pierre Bondue), Lille, USTL, 2004, pp. 55-67.
Relativamente ao PNPOT fico satisfeito com o adiamento do prazo-limite. Sou dos que li os dois relatórios finais e ficou francamente satisfeito na generalidade e muito em particular com algumas medidas francamente interessantes. Como sempre acontece com o que achamos bom, só temos pena que não tenha ido mais longe.
Além de alguns reparos de pormenor (que já fiz chegar por via electrónica e um dos quais entronca na questão da taxação dos imóveis a que Cristina Santos e Rocha Antunes muito bem fazem referência), deixo 3 grandes votos (e promessa de empenho pessoal):
- 1. Que o governo – todo o governo (nos seus vários ministérios); este governo e os próximos – tome(m) a sério as orientações do programa;
- 2. Que ele seja apreendido e adoptado por técnicos e políticos em todos os demais instrumentos de planeamento que, de tantos e tão poucos operacionais, por vezes se atropelam entre si (PDMs, PROT’s, PER’s, …)
- 3. Que a administração do território aumente a sua eficiência para corresponder ao programa, com articulação regional das políticas como mínimo obrigatório (e regionalização depois de referendo, espero que) e aumento dos níveis de cooperação inter-municipal, o que na minha opinião e no caso de Porto e Lisboa (que já conheceram juntas metropolitanas sem poder), deverá passar pela transferência de competências para as metrópoles. Isso, no caso do Porto, meu caro Rui Moreira, não deveria caminhar para uma a meu ver popularmente inaceitável e territorialmente perversa mega autarquia de GaiaPorto ou Gaiorto (no nome respeito a ordem alfabética e também a dimensão relativa dos municípios), mas antes para a transferência descendente de competências por parte do Estado central (ou da sua participação em empresas de transportes, de água, saneamento, …) e ascendente dos municípios (por exemplo em matéria de planeamento estratégico e urbanístico) para um órgão de gestão dirigido por um presidente que não poderia acumular funções e reuniria a área geográfica de Porto, Matosinhos, Maia, Valongo, Gondomar e Vila Nova de Gaia. Só assim se poderiam combater (ou pelo menos minimizar/orientar) com maior eficácia as 3 tendências fortes do território antes identificadas (todas três potencialmente nefastas, especialmente a terceira) e não se andava a perder tempo e dinheiro com conversas de revitalização da Baixa enquanto se abrem mais mega-shoppings ao lado; de retorno ao espaço público das pessoas, oferecendo-lhes cinzento, monotonia e comércio do passado ou de produtos de baixo custo; a procurar-se cativar utentes para o metro e a construir-se mais estacionamento automóvel no centro; a recuperar bairros no município do Porto e a fazê-los iguais, só que agora em Gondomar ou Valongo; a “erradicar” arrumadores nuns lados e não noutros, …. Enfim…
Desculpem se o tom pareceu amargo. Por detrás, há optimismo. E a descoberta, todos os dias, de coisas novas e interessantes, sobretudo associadas à capacidade individual de vermos, vivermos e melhorarmos em pequenas coisas a nossa cidade (é à cidade alargada e multimunicipal que me refiro) e também o prazer de perceber como a cidade é capaz de se auto-regenerar e de se manter ano atrás de ano, século atrás de século, tendo já conhecido muito disparate e estar aí, sempre nova e sempre possível de ser transformada. Para o que cada um e todos acham como o melhor!
Meus Caros,
O Governo decidiu adiar o fim do prazo da discussão pública do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) para o próximo dia 31 de Outubro. Valia a pena fazerem um esforço para lerem o que é proposto nesse Programa, que passará a ser o topo da pirâmide de todos os instrumentos da política de ordenamento do território e como tal influenciará, por muitos anos, o que se deve ou não fazer nesta matéria fundamental. E serve para enquadrar o sentido das questões de reorganização de freguesias e concelhos que aqui se tem discutido.
Transcrevo para aqui o que é especificamente proposto para a nossa região, o Noroeste:
"Região urbano-metropolitana do Noroeste – Opções para o Desenvolvimento do Território
- Reforçar o papel da metrópole Porto no sentido da sua afirmação como principal centro terciário do NO peninsular, desenvolvendo as acessibilidades, as funções aeroportuárias, portuárias e de plataforma logística intermodal e as funções ligadas à ciência e à cultura, explorando o potencial das novas tecnologias e qualificando os serviços urbanos em geral;
- Ordenar o território e estruturar o policentrismo, criando âncoras para o desenvolvimento de um terciário avançado, dando prioridade, para além da afirmação da metrópole Porto, ao reforço e organização do triângulo Braga-Guimarães-Vila Nova de Famalicão e apoiando a emergência de sistemas urbanos sub-regionais em especial nas áreas mais críticas para a estruturação do território;
- Reordenar e qualificar os espaços industriais para a transformação das estruturas empresariais, apostando em espaços de qualidade e em relações de proximidade e forte interacção, o que implica uma ruptura com o modelo actual de unidades dispersas e estruturas industriais locais fortemente especializadas;
- Consolidar uma rede de espaços qualificados de acolhimento de actividades inovadoras e de base tecnológica;
- Criar redes de cooperação inter-urbana capazes de promoverem a reorganização espacial dos serviços não mercantis, de forma a permitir ganhos de eficácia (escala, especialização, multifuncionalidade) e de qualidade;
- Organizar o sistema territorial de mobilidades, de modo a reforçar polarizações urbanas e a estruturar sistemas urbanos sub-regionais, e conciliar o serviço público de transportes com a racionalização do uso do automóvel;
- Qualificar as periferias da AMP e ordenar a implantação de equipamentos e infraestruturas de referência;
- Promover e tornar operativas as redes necessárias à superação dos défices ambientais e controlar os impactes ambientais da urbanização difusa e dos previsíveis processos de abandono de algumas instalações industriais."
Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário
PS. Cara Cristina, a necessidade do Estado ir buscar impostos está a fazer maravilhas pela eficiência da máquina fiscal. Não tarda a eficiência vai chegar aí. Lembro-me de uma proposta de um professor meu de economia, o falecido Prof. Doutor Alfredo de Sousa, que sugeriu ao Governo de então o mais simples dos mecanismos de correcção dos valores matriciais: a auto-declaração. Cada proprietário declarava voluntariamente o valor que entendia que a sua casa valia, e pagava contribuição autárquica sobre esse valor, mas com uma contrapartida: esse valor declarado era o valor pelo qual o Estado podia expropriar a casa. Não foi aceite, e agora temos este sistema que tem o enorme mérito de ser objectivo. Podia-se era fazer como em Espanha: por cada ano que a casa estivesse vazia, o valor da contribuição autárquica duplicava em relação ao ano anterior, sem qualquer limite máximo. Ajudava a acelerar a resolução do problema.
Diz Francisco Oliveira:
«… mesmo a partir do Governo e com a mesma dureza com que nos cobram impostos, impor a "obrigação" de aproveitar o que está construído. Com as câmaras municipais não poderemos contar muito porque concelho que tenha poucos habitantes e pouca indústria não terá onde colher receitas.»
- 1- O valor patrimonial das casas devolutas tem que ser actualizado, é inadmissível que o governo continue a fechar os olhos ao valor que os proprietários pedem pelas casas devolutas nos centros das grandes cidades e ao mesmo tempo aceite os valores patrimoniais declarados.
- 2- Se os proprietários consideram que as suas casas abandonadas valem milhares de Euros, então devem pagar imposto de acordo com o valor imóvel que dizem possuir.
- 3- É fácil, basta disponibilizar dois agentes tributários e efectuar um rastreio de todos os imóveis à venda há mais de um ano, apurar-se o valor exigido pelos proprietários para venda e actualizar de imediato o VPT para 55% desse valor.
- 4- Some-se a isso a aplicação das taxas de penalização para casas devolutas.
- 5- As Câmaras municipais devem proceder a vistorias e obrigar os proprietários a manter os seus imóveis em bom estado de aparência (pelo menos), as vistorias não podem ser feitas só por requerimento de lesados, a Câmara é lesada diariamente com a obstinação destes proprietários.
Se o mercado de venda de prédios devolutos for regulado e adequado às condições do PDM local, rapidamente se renovam as casas para moradias bifamiliares, ou unifamiliares.
A cidade precisa de jovens, de famílias – os jovens querem viver cá, mas não podem face ao preço requerido pelos herdeiros dos mausoléus que aguardam ainda a idade do ouro betonado; o PDM não permite grandes construções para incentivar a conservação; as casas não permitem grande ocupação, portanto se os proprietários não se mentalizam, o governo deve regular efectivamente este negócio para o interesse do país.
Faça-se circular a mercadoria, a bem da Nação!
Vivo na nossa cidade há 59 anos. Residi na Praça da República, na Rua da Torrinha, na Rua do Almada (dois locais), Rua da Conceição, Rua Alferes Malheiro, depois um pequeno intervalo em Gouveia (Serra da Estrela) e agora na Rua Honório de Lima. Trabalhei na já desfeita EFANOR (antes do Engº. Belmiro por lá ter passado) e com isto quero dizer que conheço bem tudo o que foi acontecendo com o nosso Porto e não só com a baixa.
E deste conhecimento retiro o seguinte: as zonas industriais estão todas fora da cidade, os centros comerciais também, os Bancos expulsaram os cafés para a periferia e agora encerram dependências no centro e não só. Portanto, tanto importa juntar freguesias e concelhos como não. Tudo continuará no sítio em que está hoje ou, a mudar, será ainda mais para a periferia (a Exponor já vai para a Feira e o Nassica já está perto de Vila do Conde). Nada a fazer? Não, claro, há muito para fazer. O Porto será uma zona residencial, como o será a Gaia do rio e do mar. Mas será uma tarefa para décadas.
Se se der uma volta pela cidade veremos que não é só a baixa que está desertificada. Corramos Costa Cabral, S. Roque da Lameira, Amial, etc. e todas as suas transversais e veremos tanta casa velha e abandonada. Foi o resultado da suicida política do arrendamento. Concretamente, para mim, só teremos que apoiar quem queira, mesmo a partir do Governo e com a mesma dureza com que nos cobram impostos, impor a "obrigação" de aproveitar o que está construído. Com as câmaras municipais não poderemos contar muito porque concelho que tenha poucos habitantes e pouca indústria não terá onde colher receitas.
Saudações portuenses de
Francisco Oliveira
Estes dados agora revelados pelo INE apenas vêm confirmar uma realidade de que muitos de nós, que habitamos ou ocupamos diariamente o centro histórico, já nos havíamos apercebido. Contudo devo confessar o que me alertou para a real dimensão desta realidade foi uma palestra do Geógrafo Prof. Rio Fernandes numa das ocasiões em que esteve na ESAP como convidado em aulas abertas
promovidas pelo Antropólogo Prof. Fernando Matos Rodrigues. Nessa ocasião abordou temáticas como a desertificação do centro histórico, o efeito causado pelo fenómeno das grandes superfícies comerciais cobertas e também o da especulação imobiliária em zonas não urbanizadas. Aí o Prof. Rio Fernandes apresentou a sua análise da cidade e também algumas perspectivas para o futuro da mesma.
Penso que seria interessante se o Prof. Rio Fernandes aqui nos pudesse brindar com essa sua análise, assim como as perspectivas que tem sobre o futuro da cidade, para aprimorar ainda mais a discussão aqui recentemente lançada pelo Tiago Azevedo Fernandes e discutida por Alexandre Burmester, Francisco Oliveira e Rui Moreira. Além disso acho que seria interessante que apresentasse os benefícios de uma gestão supramunicipal efectiva, para além de dar a sua opinião sobre uma hipotética fusão do Porto com municípios adjacentes como Gaia, Gondomar ou Matosinhos.
Cumprimentos
Luís Sousa
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Nota de TAF: Vale a pena ler o que Rio Fernandes já tem escrito aqui no blog sobre este assunto. Já agora, o que eu penso está explicado aqui, aqui e aqui.