2006-12-17
Dias atrás referi-me às alterações das linhas dos STCP, que devendo ser alteradas suspeitava sobre a forma de decisão e o seu resultado. Hoje recebi com o jornal um destacável com os novos trajectos. Não querendo ser muito extenso nesta participação, destacarei apenas 2 exemplos bem ilustrativos do “nó” que não se desenrola na cabeça dos STCP.
O trajecto do autocarro ZH é um verdadeiro exemplo da brilhante combinação dos STCP com a lógica da divisão de trânsito da Câmara. Nem sequer é fácil de decifrar.
O trajecto que se segue “504” que se intitula de Boavista – Norte Shopping, e que se resumiria a uma linha recta entre os dois pontos, passa pelo bairro de António Cardoso, Campo Alegre, Pasteleira, Garcia de Orta, Viso, Circunvalação…. Será uma tentativa de mudar o velho 78? Ou será para enganar alguém de fora?
Muitas mais linhas existem com interessantes particularidades, como por exemplo Hospital de S. João – ZOO, (não percebi se a ideia é levar os doentes a passear, ou os animais ao Hospital).
Gostaria é de uma vez mais chamar a atenção para a importância dos Fluxos que se introduzem nos espaços urbanos, porque são orientadores e condicionantes do seu desenvolvimento. Parece-me é que, mais uma vez, decisões como estas, além de não serem colocadas à Discussão Pública, continuam também a não passar por nenhuma das entidades de planeamento das várias Câmaras e se calhar nem pela CCDRN.
Alexandre Burmester
Achei interessante a imagem aqui trazida pelo Correia de Araújo, fazendo-nos lembrar que, com a actual gestão camarária do Porto, o que são verdadeiros ex-libris da cidade (Torre dos Clérigos, etc.) não o seriam, hoje, com toda a certeza.
Concordo também com aquela sua ideia que vi escrita, já não sei se neste ou noutro blog onde habitualmente participa, onde afirmava que os arquitectos agora saídos da Escola do Porto não iriam ter as mesmas possibilidades de mostrar, na nossa cidade, as suas aptidões, como o fizeram os seus colegas nos séculos anteriores, isto porque, no dizer de alguns, o Porto já está todo construído.
Por alguma razão a Faculdade de Arquitectura do Porto está voltada para Gaia e olha para além do rio.
Luís Manuel Rebelo
Este tema volta a ser motivo para a minha participação aqui na Baixa do Porto. A partir do momento em que entreguei a proposta, que a todos aqui dei conhecimento, o desencadear de todo o processo inerente a esta actividade deixou de estar sob a minha responsabilidade e passou a estar sob a tutela dos organismos executivos da ESAP e da CESAP que após a apreciação do documento procederão ao envio de uma contraproposta e posteriormente à aprovação da sua versão final na assembleia de discussão e aprovação do plano de actividades de 2007.
Foi-me informado que este processo sofrerá agora uma pausa, durante a semana que intercala o Natal e o final do ano devido à paragem das actividades académicas nesta epoca. Isto pode, na minha óptica, inviabilizar a realização da primeira Jornada sugerida pelo Francisco intitulada "O negócio da reabilitação, factos e mitos" uma vez que muito provavelmente só teremos a confirmação definitiva da actividade em cima do dia 20 de Janeiro. Esta sobreposição temporal pode afectar a presença dos convidados da Primeira Jornada, de forma que eu só equaciono duas soluções para a resolução deste problema, um adiamento da data da primeira sessão do evento para uma posterior ou então que comecemos desde início do ano a preparar a Jornada para dia 20 ainda sem a confirmação oficial por parte da nossa anfitriã. Esta última hipótese não é totalmente desprovida de sentido, uma vez que também já me chegou um e-mail em que a Direcção Académica teve já em conta a inclusão da actividade no seu plano de actividades, pelo que os restantes procedimentos são mais formalidades estatutárias do que outra coisa.
Aproveitando a deixa que o Francisco endereçou ao Hélder no seu último post gostaria também de marcar um café com os potenciais interessados em colaborar nas Jornadas da Reabilitação Urbana no início do mês de Janeiro para acertarmos ponteiros de forma a tornar realidade um evento que com certeza trará novas soluções e perspectivas para a reabilitação do tecido histórico portuense.
Um bom Natal a todos.
Luís de Sousa
Subscrevo absolutamente o texto do último post de Hélder Sousa mas, mesmo assim, não quero deixar de desejar a todos os portuenses participantes e leitores de "A Baixa do Porto", sem excepção, um Bom Natal e um Novo Ano com um renovado e próspero Porto. Ao Tiago, também o meu obrigado.
Rui Valente
Entretanto li uma crónica sobre este mesmo assunto do Manuel António Pina no JN de ontem. Repeti o que ele disse. Os mesmos factos, as mesmas deduções.
Hélder Sousa
Caro Hélder Sousa
Por mim só tem de marcar o dia e a hora e a partir de 2 de Janeiro terei muito gosto em beber um (ou mais) copos consigo e discutirmos muito a Baixa do Porto, o Rivoli, ou qualquer outro assunto que garanta que as gargantas sequem regularmente. E descobrir que podemos até cair num qualquer consenso quanto ao estado da cidade :-)
Francisco Rocha Antunes
Caro Valério Filipe,
Eu receio que tenha lido bem. Há poucas margens para dúvidas. Resumidamente:
- 1. A CMP anuncia uma empresa concessionária que pelos vistos não existe. Houve um engano no nome.
- 2. A verdadeira empresa afinal tem dívidas ao fisco. E terá muitas outras dívidas. É uma empresa de responsabilidade limitada.
- 3. Abre-se falência desta empresa com dívidas. Cria-se outra nova, logo sem dívidas. O grande encenador La Féria é ‘contratado’ desta empresa!
- 4. As dívidas da anterior ficam algures entre o espaço virtual e os tribunais.
- 5. Produzem-se novos espectáculos, com a nova produtora, para os quais se prevêem receitas avultadas. As despesas fixas associadas ao espaço em que são apresentados e ensaiados estão pagas por uns papalvos da CMP.
- 6. Estes espectáculos ainda poderão ser apresentados nesse outro grande teatro lisboeta chamado Politeama e ainda geram mais receitas.
- 7. Se por acaso correr mal, fecha-se novamente esta empresa depois de algumas dívidas significativas acumuladas e parte-se para outra. O capital inicial do investimento foi (é) investido pela CMP.
- 8. Grande parte dos artistas e técnicos envolvidos serão do Porto, porque em Lisboa já não se trabalha fiado…
Tirando os dois últimos pontos que são ‘especulação realista’, isto parece-me um óptimo negócio em qualquer parte do mundo. Se a CMP quisesse, eu abria uma casa de pasto nestas condições. O Valério não?
Caro F. Rocha Antunes
Um dia destes temos que beber um copo. Suponho que concorda com o conteúdo do resto do meu texto? Já é um começo. (Há dias ligaram-me numa altura inconveniente por causa do edifício Loop. Fiquei de ligar de volta, mas perdi o número… era um bom pretexto para bebermos um copo!)
Para que não haja dúvidas: eu acho mesmo importante o trabalho desenvolvido neste blogue pelo Tiago e por todos os participantes. Tenho é mau feitio e às vezes não tenho paciência para bater no ceguinho. Peço desculpa por alguma inconveniência.
Hélder Sousa
Da notícia no Correio da Manhã, de que Cristina Santos deixou ontem o apontador, retiro que a Bastidores/Produções Artísticas, Lda (de que Filipe La Féria diz ser mero contratado...) tem dívidas ao Fisco, estando por isso impedida de fazer contratos com entidades públicas. A notícia diz que Filipe La Féria sempre foi, e é, o rosto visível desta sociedade de capitais privados: "que explora o Teatro Politeama, em Lisboa, onde o produtor leva à cena todos os seus trabalhos".
Como La Féria se diz apenas contratado desta empresa (ninguém pediu uma certidão à conservatória do registo comercial?), vai constituir uma nova sociedade - sediada no Porto e com capitais privados. Pergunto-me se esta sociedade também o irá contratar. Para a CMP está tudo bem: "o que conta é a credibilidade da pessoa".
Pudessemos conhecer esta fonte da CMP, que ainda diz mais desvalorizando o problema: “A ser verdade, o que La Féria tem é que, no momento da formalização do contrato [em data a marcar], fazer prova de uma situação fiscal regularizada.”
Ora, parece-me que La Féria não tem qualquer problema:
- 1. é mero "contratado" de uma sociedade incumpridora;
- 2. vai constituir nova sociedade para formalizar o contrato com a CMP (e esta é que tem de fazer prova da situação fiscal).
Li e reli: "O que conta é a credibilidade da pessoa".
Votos de Boas Festas
Valério Filipe
vnfilipe@gmail.com
Caro Hélder Sousa
Fico contente que, apesar de ter prometido que nunca mais cá escrevia, tivesse voltado a participar. Eu, como o Hélder, acredito que aprendemos mais com as pessoas que discordam de nós do que com as que concordam com tudo o que dizemos. Isto de concordar e discordar é uma actividade importante, é a essência da liberdade.
A participação neste blogue começou por um conjunto de pessoas que espontaneamente se envolveram na discussão pública do PDM do Porto e que ficaram irritadas quando a Câmara, assustada com o sucesso da participação, decidiu fechar a discussão. O Tiago teve a brilhante ideia de criar este espaço virtual, definindo sabiamente as regras de funcionamento, como comprova o sucesso que tem. Essa é a razão porque tantos de nós estão de alguma maneira ligados à parte mais física da cidade, arquitectos, promotor imobiliário, etc. E eu, por achar que não desenvolvo nenhuma actividade reprovável, e para que melhor se entenda porque defendo determinadas posições, costumo identificar-me como promotor imobiliário. Tem a ver com a legitimidade dos interesses privados em discussões públicas e outras minudências que a poucos importam.
Eu não tenho qualquer limitação à minha liberdade de expressão que não seja a da minha consciência. Já aqui assumi, dezenas de vezes, discordâncias com a Câmara e com os seus responsáveis, tendo sido um dos primeiros a dar a cara, inclusive na televisão, contra aquela ideia errada de fazer o Metro na Avenida da Boavista, por exemplo. E sou tão cidadão como qualquer outro, nem mais mas também nunca menos.
Eu não ando em nenhum campeonato de ver quem diz pior do presidente da Câmara nem preciso de agradar a ninguém com os apoios ou censuras que faço, tendo já explicado anteriormente que acredito no Porto, na Baixa e da região em que escolhi viver e isso não está limitado a ser este ou outro o presidente da Câmara. Concordo com a prioridade que definiu para a Baixa, e não sou o único, porque todos os partidos representados no executivo municipal ainda recentemente aprovaram por unanimidade essa prioridade. O facto de não rosnar contra Rui Rio não me garante nada em termos profissionais nem pessoais, apenas não tenho feitio para estar sempre a rosnar e acho que um dos males desta cidade é o excesso de maledicência e o sistemático desfazer de tudo o que por cá se faz. Mas continuo um optimista e sei que, apesar dos rosnanços inconsequentes, os meus concidadãos são dos melhores que há em Portugal. Mas não ligue a esta minha opinião, é apenas mais um opinião, neste caso diferente da sua.
Bom 2007 para si e para todos.
Francisco Rocha Antunes
Morador em Miragaia
Quando comecei a frequentar este blogue achei que esta era uma boa forma de participação cívica e um bom meio para discutir e apresentar ideias sobre e para a cidade. Depois deixei de pensar assim pelas seguintes razões:
- 1. Os pressupostos que estão na base das maior parte das posições, ideias e discussões sobre a reabilitação e vivências urbanas e das propostas para melhorar a habitabilidade da cidade não me parecem os mais correctos e são seguramente diferentes dos meus.
- 2. Sinto da maior parte dos participantes deste blogue um esforço para os consensos e um sentimento de neutralidade em relação aos assuntos e em relação à Câmara do Porto. Ora, para mim, os consensos são inimigos da evolução e das mudanças e a neutralidade só favorece o que existe (sejam ideias, sejam políticas, sejam actividades várias) e dificulta a emergência de novos caminhos e novas opções. Quando damos o benefício da dúvida a atitudes e políticas camarárias, p. ex. discordando dos métodos mas achando bem os princípios, estamos a caucionar erros graves que vão trazer grande prejuízo à cidade num futuro próximo.
- 3. Parece-me ainda que muitos dos participantes estão demasiado comprometidos ou com investimentos, ou mesmo profissionalmente, para terem posições livres, descomprometidas e eficazes.
Não posso no entanto deixar de fazer algumas observações que me parecem óbvias e que temo estejam a passar despercebidas à maior parte das pessoas.
Lembro-me do tempo em que as casas tinham alcatifas e nós podíamos arrastar-nos quase sem ninguém perceber para espreitar na sala onde os adultos conviviam, à espera da chegada do Pai Natal.
Lembro-me do frio na cidade e do calor dentro de casa, dos passeios para dar tempo ao Pai Natal. Não me lembro de ter deixado de acreditar na sua existência, mesmo mais crescidos fazíamos a representação e tenho por certo que nunca disse a ninguém que o Pai Natal não existia, nem entre crianças o admitimos.
Estou curiosa em relação à nova geração, como serão no futuro, como reagirão e que festa vão fazer nesta época, os pequenos de hoje não se prendem com contemplações, para eles tudo tem uma explicação lógica, que está comprovada num arquivo qualquer e há sempre muitas justificações para uma só coisa.
Na escola já aprendem que o Natal é uma festa com várias simbologias, que há muitos séculos nasceu Jesus e há menos séculos nasceu a Coca Cola, que antes da Coca Cola um senhor inventou a árvore de Natal e os pastores não são mais que a união das raças na celebração do amor, por isso há um pastor preto, um branco e um oriental (???).
Emoções? Continuam a existir, mas num riso inocente de quem aprecia nos pais o esforço que fazem para lhe induzir a espiritualidade.
Assim e acatando a evolução, desejo a todos os leitores e participantes um excelente Natal, que os comerciantes vendam muito e que sejam muitos os presenteados, e que isso tudo sirva para fazermos uma visita aos nossos amigos e familiares.
Bom Natal Baixa do Porto
Li com interesse o post relativo à deficiente pontuação do comunicado do Juntos no Rivoli. Contudo, a questão das vírgulas é, salvo melhor opinião, uma daquelas que, com facilidade, facilmente se ultrapassa. Qualquer mão firme, qualquer caneta bem apontada ou tecla bem carregada o resolve. E bem! Se calhar até dispensa a intervenção a posteriori, basta invocar um Saramago style. Com um Saramago style já não há vírgula que resista.
E mais. Também não resiste qualquer importância da vírgula, ou ausência dela, no combate entre a forma e o conteúdo, pois que os textos serão cultos ou não, eruditos ou não, artísticos ou não, em função do conteúdo. Não creio que a perfeição do português escrito num determinado comunicado seja sinónimo de falta de cultura ou menos cultura. Todos os que, como eu, tenham formação nas “humanísticas” já leram textos exemplarmente redigidos e gramaticalmente correctos, mas cujo autor e conteúdo são, essencialmente, incultos. Ficou bem o reparo ao comunicado já que o cuidado no português nunca é demais. Mudando o parágrafo.
Creio que vamos ter bastas surpresas com a atribuição da gestão do Rivoli ao Filipe La Féria. Não que saiba os termos das propostas ou do modelo de contrato que será hoje votado, mas apenas porque o silêncio em relação aos números envolvidos no processo de decisão continuam cobertos por um manto (veremos se diáfano).
É quase inacreditável que no dia da escolha e decisão de entrega do maior Teatro do Porto, de um dos maiores, melhores e mais bem equipados Teatros Municipais do país a uma entidade privada, os portuenses não saibam qual o valor da contrapartida económica que esse privado irá pagar pela utilização desse equipamento de todos nós.
Será que todos aqueles que defendem ou entendem que a entrega do Rivoli a Filipe La Feria pode permitir uma maior afluência de público e pessoas à Baixa do Porto, manteriam essa opinião caso o teatro lhe fosse entregue gratuitamente? Então onde estaria a igualdade de concorrência?
Os comerciantes da Baixa pagam as suas rendas, as prestações dos empréstimos, e tudo o mais que precisam para “terem a loja aberta” e exercerem o seu comércio. Será que Filipe La Féria tem estatuto especial? Logo ele que faz teatro para multidões, dito comercial e visando o lucro?
Sinceramente, não consigo perceber, ou compreender, como se pode decidir, e muito menos avaliar uma decisão, sem que existam critérios racionais, lógicos e claros que a presidam. Neste ponto, e assunto, estamos perto do final - do Rivoli. Só falta saber se a página vira ou se a frase continua a seguir ao ponto (com maiúscula).
Rui Encarnação
Meus Caros
Gostei muito do texto que Carlos Araújo Alves nos escreveu sobre a cultura de gestão, a falta de cultura na gestão e a falta de gestão na cultura.
Não há outra maneira de dizer isto: a qualidade da gestão que tem sido praticada tem o problema de, estando basicamente certa, ser fracamente implementada, perdendo por isso os efeitos e o mérito do sentido primário, por incapacidade de alcançar patamares mínimos de eficiência.
A gestão é também ela uma ciência em rápida evolução e gerir uma sociedade que tem no conhecimento e na inovação a sua oportunidade de redescoberta e desenvolvimento exige novos modos de relacionamento com todos os actores de uma região metropolitana com o potencial e a qualidade do Porto. Até fazer política exige que se entenda isso, caso contrário o anacronismo é o que predomina, qual concerto de Natal nos Aliados desenhados por Siza, pagos pela Metro e interpretado por uma inenarrável agremiação musical auto-designada por ABBA ALIKE. Mau demais para ser feito com os meus impostos.
Francisco Rocha Antunes
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Nota de TAF: E ainda temos o Quim Barreiros na Passagem de Ano, "para acabar 2006 em Beleza" (sic)!...
Se Nicolau Nasoni tivesse vivido na era Rui Rio a Torre dos Clérigos nunca passaria de mera pretensão. Aquela "coisa" é muito alta e destoa de todo o edificado envolvente. Seria, provavelmente, pela sua altivez e volumetria, considerada uma "anomalia urbana". Felizmente Rio e Nasoni nunca se cruzaram, nem no espaço nem no tempo. Bom para ambos!
Mas há mais... oh! se há!
Pergunto: Rio já terá sobejamente reparado, por exemplo, na torre ou torreão central do Edifício dos Paços do Concelho? Aquilo está assim a modos que um pouco para o sobredimensionado, dir-se-á mesmo, volumoso e grandito.
Já agora, para compor o ramalhete, e como alguém dizia no funes, el memorioso, "o prédio do Coutinho (em Viana) ofende urbanisticamente menos do que o Paço Espiscopal do Porto". Corta!
Enfim... com este novo e apressado "Plano Definhador Municipal" (PDM) e com um Presidente "Cortador de Cérceas e de Sonhos", restará ao Porto ir por água abaixo ou, se se preferir, pelo rio abaixo até se afundar de vez.
Correia de Araújo
À semelhança deste caso que aqui mostrei, também não percebo o evidente desleixo com que foi escrito este comunicado do Juntos no Rivoli. Não me refiro ao conteúdo, que não estou a analisar, mas apenas à forma, ao deficiente português usado.
Não serei certamente eu a melhor pessoa para avaliar a qualidade da escrita, mas quem invoca argumentos culturais (ainda por cima na área do Teatro) devia ter mais cuidado pelo menos com o local onde coloca as vírgulas.
Se isto fosse uma iniciativa individual, ou um post rápido num blog, podia encontrar-se a explicação num lapso momentâneo, na pressa da redacção. Contudo, sendo supostamente o produto de um esforço colectivo, é difícil de perceber como tantas falhas possam passar despercebidas a tanta gente! Afinal onde está a Cultura?
PELO PORTO JUNTOS NO RIVOLI
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4000-101 Porto
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Comunicado
Um processo duvidoso, um futuro comprometido
Depois de cinco anos de gestão da sua exclusiva responsabilidade e em que a principal preocupação do executivo municipal e do seu presidente foi a de, lentamente, destruir o projecto do Rivoli Teatro Municipal e da Culturporto, a maioria na Câmara Municipal do Porto prepara-se para dar a machadada final num projecto que foi e é reconhecidamente um projecto válido e importante para o desenvolvimento e fortalecimento duma Cidade que se quer moderna e desenvolvida.
A anunciada alteração dos trajectos dos STCP está desde logo a dar origem às reclamações típicas de uma sociedade que assim se manifesta sempre que se muda alguma coisa. Não sei se com ou sem razão, mas desconfio…
A introdução do Metro (Eléctrico moderno), vem obrigatoriamente alterar a estrutura de movimento dos transportes públicos. A pergunta óbvia é se nesse estudo se introduziram as novas migrações dentro do espaço metropolitano. É notória a ancestral ideia dos STCP, que sempre fizeram passar todos os trajectos pelo centro da cidade, num movimento concêntrico e centralista, contrariamente à possibilidade dos movimentos circulares. Antigamente o maior número de deslocações tendia para o Centro da cidade, e hoje contrariamente constata-se que as deslocações são fundamentalmente entre as cidades limítrofes.
Até hoje vivi em diferentes áreas da cidade e trabalhei noutras tantas, mas nunca consegui até hoje encontrar um transporte alternativo ao automóvel. E não me refiro à possibilidade de apanhar apenas dois transportes, no mínimo são três, com a agravante de ter de passar sempre por locais fora de mão. A impressão que tenho, e que sempre a tenho mantido, é que quem dirige o trânsito é primo de quem estabelece os trajectos dos transportes públicos. Vivem num tão grande emaranhado de conceitos e de incompetências, que esquecem com regularidade que a linha mais curta entre dois pontos ainda é uma recta.
Se calhar tudo isto é bem pensado e bem estruturado, apenas a informação é que ainda não atingiu cá o povo. Infelizmente estas entidades públicas ainda pertencem ao século passado e ainda não perceberam que, se não envolvem os utentes nas suas opções e estratégias, só podem depois queixar-se de si próprias quando sofrem dos “males” da Democracia.
Nota:
Tenho pena de ver desaparecer a famosa linha do “78”. Sempre que se queria mostrar a cidade a alguém era só sugerir o uso desta carreira. Afinal desde Matosinhos até ao Hospital de S. João, passando pelo Centro era uma completa volta turística. Acho até que esta linha devia ter direito a uma história, um romance ou algo do género, além de que ela só por si era a prova viva da competência dos serviços públicos.
Alexandre Burmester