De: F. Rocha Antunes - "Liberdade e participação"
Caro Hélder Sousa
Fico contente que, apesar de ter prometido que nunca mais cá escrevia, tivesse voltado a participar. Eu, como o Hélder, acredito que aprendemos mais com as pessoas que discordam de nós do que com as que concordam com tudo o que dizemos. Isto de concordar e discordar é uma actividade importante, é a essência da liberdade.
A participação neste blogue começou por um conjunto de pessoas que espontaneamente se envolveram na discussão pública do PDM do Porto e que ficaram irritadas quando a Câmara, assustada com o sucesso da participação, decidiu fechar a discussão. O Tiago teve a brilhante ideia de criar este espaço virtual, definindo sabiamente as regras de funcionamento, como comprova o sucesso que tem. Essa é a razão porque tantos de nós estão de alguma maneira ligados à parte mais física da cidade, arquitectos, promotor imobiliário, etc. E eu, por achar que não desenvolvo nenhuma actividade reprovável, e para que melhor se entenda porque defendo determinadas posições, costumo identificar-me como promotor imobiliário. Tem a ver com a legitimidade dos interesses privados em discussões públicas e outras minudências que a poucos importam.
Eu não tenho qualquer limitação à minha liberdade de expressão que não seja a da minha consciência. Já aqui assumi, dezenas de vezes, discordâncias com a Câmara e com os seus responsáveis, tendo sido um dos primeiros a dar a cara, inclusive na televisão, contra aquela ideia errada de fazer o Metro na Avenida da Boavista, por exemplo. E sou tão cidadão como qualquer outro, nem mais mas também nunca menos.
Eu não ando em nenhum campeonato de ver quem diz pior do presidente da Câmara nem preciso de agradar a ninguém com os apoios ou censuras que faço, tendo já explicado anteriormente que acredito no Porto, na Baixa e da região em que escolhi viver e isso não está limitado a ser este ou outro o presidente da Câmara. Concordo com a prioridade que definiu para a Baixa, e não sou o único, porque todos os partidos representados no executivo municipal ainda recentemente aprovaram por unanimidade essa prioridade. O facto de não rosnar contra Rui Rio não me garante nada em termos profissionais nem pessoais, apenas não tenho feitio para estar sempre a rosnar e acho que um dos males desta cidade é o excesso de maledicência e o sistemático desfazer de tudo o que por cá se faz. Mas continuo um optimista e sei que, apesar dos rosnanços inconsequentes, os meus concidadãos são dos melhores que há em Portugal. Mas não ligue a esta minha opinião, é apenas mais um opinião, neste caso diferente da sua.
Bom 2007 para si e para todos.
Francisco Rocha Antunes
Morador em Miragaia