2007-02-18

De: TAF - "Porto + Gaia + um Presidente à altura"

Submetido por taf em Sábado, 2007-02-24 23:51

Caro JARF, a minha posição é baseada apenas no que me parece ser mais racional: aproveitar os activos que temos. A marca Porto é, a meu ver, fundamental. Podemos estar mal em muitos aspectos, mas não faz sentido falar em "Vinho de PortoGaia", nem "Vinho de GaiaPorto", nem noutro Futebol Clube de qualquer coisa que não seja Porto, nem de sei-lá-o-quê Património Mundial. Porto é Porto. Para quê desperdiçar este valor?

Significa isto que Gaia não tenha importância, que não possua a mesma dignidade que o Porto, que a sua população não seja porventura mais significativa hoje? Claro que não. Aproveitemos o que nos resta: a história, a tradição, o património edificado, a marca. Para mim Porto+Gaia deve assumir o nome "Porto" e ter os paços do concelho na actual Baixa do Porto. Mude-se tudo o resto que for conveniente, mas mantenham-se os símbolos que nos identificam, porque Gaia é Porto.

Escrevi em 2004:
«O Porto chegou a tal ponto de degradação que, após encontrado um consenso mínimo sobre as principais acções a executar no próximo mandato, se justificava uma candidatura independente apoiada pelos principais partidos. Trata-se de um "estado de emergência", que exige medidas radicais e excepcionais como esta.»

É nesta situação excepcional que eu proponho uma candidatura de Artur Santos Silva a Presidente da Câmara apoiado simultaneamente pelo PSD e pelo PS.

PS: uma nota relativamente a esta notícia, porque talvez me tenha explicado mal. Eu não defendo que a SRU deva garantir mais incentivos para que haja maior investimento, pelo menos incentivos no sentido de subsídios ou benefícios financeiros. O que acho é que a sociedade civil portuense tem que ser mais activa, e isso pouco depende da Porto Vivo. Não se peça à Porto Vivo para resolver problemas que não lhe compete a ela tratar, embora se devam aceitar todos os contributos que possa dar.

De: Alexandre Burmester - "E ainda a Conferência"

Submetido por taf em Sábado, 2007-02-24 23:42

Parece-me que o resumo sobre a Conferência de ontem foi bem feito pelos anteriores posts, e apenas também gostaria de realçar e parabenizar quer a iniciativa como a qualidade dos oradores.

Acrescentaria ainda as minhas conclusões, que têm sido constantes, e que resumo em 3 princípios que deveriam ser a base da Reabilitação da Baixa:

  • 1. Escala – Não se pode querer a recuperação da Baixa, quando sabemos que esta será sempre o espelho de uma grande cidade que ultrapassa as margens do Porto, sem estendermos esta ideia de recuperação à região Norte.
  • 2. Atitude – Há que definir uma Espinha dorsal que determine uma estratégia geral, que tem de ser feita pelas entidades públicas, mas que tem que ter simultaneamente a abertura e a flexibilidade de saber adaptar-se às diferentes situações, momentos, e ao mercado. Simplificar e acelerar os processos para que seja capaz de poder apadrinhar e incentivar as iniciativas privadas. Terá que estar acima das ideologias partidárias, teorias urbanísticas, fundamentalismos e de muitos tabus que ainda grassam na sociedade.
  • 3. Forma – Desenvolver novas formas de envolver as populações, quer pela participação como pela sua informação. Alterar os meios de gestão, dando-lhes maior transparência e maior rapidez de resposta. Desenvolver uma actuação multidisciplinar, e acrescentando aos aspectos técnicos e ao factor Social a História e a Cultura.

Alexandre Burmester

De: Cristina Santos - "A escolha"

Submetido por taf em Sábado, 2007-02-24 23:38

O PS e muito bem pediu contas ao Comércio Vivo, Rui Rio em vez de encarar o facto com isenção e em nome dos interesses do Porto, optou pela ironia e pela fraca democracia. Remeteu carta ao PS, à qual anexou uma listagem de 35 entidades onde a CMP tem participação, com um claro propósito de ridicularização da iniciativa socialista.

Rui Rio venceu as eleições contra os partidarismos e os lobbies, mas nesta acérrima defesa à D. Laura ele próprio se destitui da defesa do Porto, para defender a obscuridade e a falta de transparência que a sua colega de luta tem preconizado. Um Presidente tem que se assumir como imparcial, a oposição requeu informações, é do interesse do Porto tratar o assunto de forma séria e transparente, a Rui Rio compete apenas gerir o processo, sem tomar partidos em causas que o seu próprio executivo diz ter pouco conhecimento. Ou Rui Rio tambem tem partidarices?!
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Cristina Santos

De: JA Rio Fernandes - "Alianças"

Submetido por taf em Sábado, 2007-02-24 23:35

Depois de um governo PSD-CDU e PSD-CDS na cidade do Porto, só faltava mesmo ensaiar-se um PSD-PS, dito de salvação nacional. Estamos condenados a ter sempre o PSD nisto? Eu por princípio tendo a ser divergente nessas convergências que criam ambiguidades, dificultam a tomada de medidas necessárias e “empastelam a democracia” (ver o caso da Alemanha ou da Áustria). Mas não tenho uma oposição absoluta, até porque, como muito outros, já estou (quase) por tudo, depois da estagnação em que estamos e dos seus efeitos de causa e de consequência à escala regional, os quais deveriam preocupar seriamente o país.

Mas tenho um pequeno reparo. Quando disse que Artur Santos Silva seria capaz de conseguir a integração de Gaia no Porto, queria dizer a integração de Porto em Gaia, não era meu caro Tiago Azevedo Fernandes? É que esta é maior e tem mais gente… ou vamos ainda prolongar no século XXI o portocentrismo de que já Nuno Portas se queixava há mais de 10 anos e continuar a pensar que a metrópole é apenas o Porto e “o resto”? Quem lhe pergunta, como sabe, não é um defensor do status quo, antes do reforço da metrópole a 6 (Porto, Matosinhos, Maia, Valongo, Gondomar e Gaia).

Aproveito para discordar também de quem defende um Alberto João Jardim no Porto, como solução contra o centralismo. Além de que o país não tem dinheiro que chegue nem para um que fará para dois ou três, é bom assentarmos na ideia de que uns males não se combatem com outros, como (ainda?) acredito eu! Por isso, por exemplo, bom senso na rede e na gestão do metro do Porto e na administração da Metro do Porto em vez de berros é bem melhor e além disso facilita muito a crítica onde a gestão é menos boa, como pelo que dizem será o caso (também!) no metro de Lisboa.

De: TAF - "O próximo Presidente da Câmara do Porto"

Submetido por taf em Sábado, 2007-02-24 18:38

Lembrando-me da conferência de ontem e de algumas reflexões minhas anteriores, depois de ler este post da Cristina achei que era altura de começar a pensar no próximo Presidente da Câmara. Vou retomar uma proposta de Belmiro de Azevedo de 2005, perfeitamente compatível com os princípios que enunciei em 2004: Artur Santos Silva.

Dada a grave situação da cidade, seria excelente que pelo menos o PSD e o PS chegassem a consenso sobre um “programa de salvação regional” a concretizar no próximo mandato. Uma candidatura assim seria automaticamente ganhadora e, além de ajudar a tornar produtivo o trabalho da Assembleia Municipal (que nesta altura é uma vergonha para a cidade), pouparia o candidato a figuras tristes no Mercado do Bolhão à caça de mais alguns votos… ;-)

Uma proposta nestas condições dificilmente seria recusada por Artur Santos Silva:

  • 1) a eleição é de desfecho totalmente garantido, dispensando uma campanha demagógica para a qual ele não tem obviamente perfil;
  • 2) pressupõe um acordo prévio sobre um programa sensato;
  • 3) é a sequência lógica do envolvimento que ele já tem nas instituições ligadas à Cultura e à revitalização da cidade, numa altura em que está livre de funções executivas no BPI onde provou a sua competência de gestor com preocupações humanistas.

Artur Santos Silva é um nome respeitado por todos os partidos e com projecção nacional. Seria também uma óptima escolha para liderar um esforço regional para integrar Gaia no Porto (objectivo que devia figurar nas prioridades do programa do mandato), como uma etapa inicial de uma reorganização regional.

Depois de um novo Bispo que gera as melhores expectativas, este seria mais um valentíssimo upgrade aos protagonistas do Porto. :-)

PS: Este nome, no âmbito de um acordo PSD/PS, tinha a vantagem adicional de ultrapassar as patéticas guerrinhas internas nestes dois partidos: Rio vs Menezes no PSD e confusão total no PS.

De: Pedro Aroso - "A Conferência no Hotel Pestana Porto"

Submetido por taf em Sábado, 2007-02-24 17:55

No essencial, o relato do Tiago Azevedo Fernandes faz uma síntese bastante abrangente daquilo que se passou na conferência. Embora tratando-se de uma iniciativa partidária (PSD), entre os presentes havia gente de todos os quadrantes políticos, facto que me parece revelador de uma certa maturidade democrática. O tema em questão é, de facto, uma preocupação de todos os portuenses e habitantes desta cidade, tornando-se impreterível convergir esforços.

De uma forma avulsa, gostava de comentar algumas ideias que foram transmitidas pelos oradores, com os quais nem sempre estive de acordo:

1. O Dr. Artur Santos Silva (não confundir com um ministro que tem um nome parecido, mas não pertence á família, porque é Santos pela parte da mãe e Silva pelo lado do pai) afirmou a dada altura que a SRU deveria recorrer apenas a arquitectos da chamada escola do Porto, começando por fazer uma pré-selecção dos nomes mais sonantes, entregando depois os projectos aos escolhidos, isto é, de mão beijada. Como devem calcular, fiquei a ferver até ao fim. Por razões óbvias, espero que o Dr. Santos Silva, enquanto membro do conselho consultivo da SRU, não seja capaz de convencer os seus pares a adoptarem esta solução.

2. O Professor Hélder Pacheco lembrou, e bem, que uma das principais causas da desertificação da Baixa deve-se à implementação do Plano Geral de Urbanização, do arquitecto francês Robert Auzelle. Inteiramente de acordo. Para quem não sabe, o plano Auzelle estabelecia que, no centro da cidade, só era permitido construir edifícios destinados a escritórios, com excepção do último andar, que podia receber habitação.

3. Destaque para a presença e participação do Dr. Lino Ferreira, vereador do Urbanismo que, ao contrário dos seus antecessores (Arq. Ricardo Figueiredo e Dr. Paulo Morais) tem revelado disponibilidade para ouvir a opinião dos arquitectos.

4. Ao Dr. Arlindo Cunha e ao Dr. Joaquim Branco falta-lhes carisma. É pena, porque admito que estão a fazer um bom trabalho, mas não conseguem fazer chegar a mensagem ao grande público e, numa questão tão delicada como esta, um pouco mais de protagonismo e visibilidade, mesmo que geradores de polémica, ajudariam certamente a dinamizar o debate sobre a recuperação da Baixa do Porto.

Pedro Aroso

De: Jorge Nuno - "A conferência"

Submetido por taf em Sábado, 2007-02-24 17:49

Estive ontem na conferência sobre a Baixa do Porto e queria deixar algumas notas.

Em 1º lugar agradecer ao blog ter divulgado esta iniciativa e assim foi possível ter tido conhecimento da mesma. Mais uma vez estiveram ao serviço da cidade.

Concordo com o que o TAF escreveu. Acho que resumiu, e bem, o que se passou. Excelentes oradores. Achei que, cada um ao seu estilo, estiveram muito bem. Acho que quem escolheu e convidou os oradores está de parabéns porque era um excelente painel. Ao ouvir o Dr. Santos Silva só me vinha à cabeça o crime que foi a sua saída da Porto 2001. A cidade perdeu muito.

Gostei também da plateia. Tiveram intervenções muito boas e com muito saber. Este é sem duvidas o verdadeiro projecto da cidade. Quero destacar também a presença do Vereador Lino Ferreira. A constante "presença" dele neste blog mostra bem um novo tipo de disponibilidade que muita falta todos nós temos sentido dos políticos em geral. Não o conheço pessoalmente, mas quantos políticos estariam naquela sala? Poucos, de certeza. Depois de eleitos são poucos os que participam neste tipo de eventos e iniciativas. Se calhar se fosse para um debate de "politiquice" a sala teria outro tipo de presenças... Mas também muitos dos que estiveram presentes não estariam lá.

Sinceramente quando os partidos falam, mas não praticam, a chamada abertura à sociedade civil só não conseguem porque não querem. Ontem foi a prova disso. Os presentes ontem foram pela qualidade do tema e pela excelência dos oradores. Não foram pela "politiquice". Ainda bem que algumas pessoas andam nos partidos pelas boas razões. Fico à espera de outras iniciativas desta qualidade. Se não for antes, dia 3 nas Jornadas da Reabilitação.

De: Cristina Santos - "É assim..."

Submetido por taf em Sábado, 2007-02-24 17:28

- Rui Rio no seu pior: PS preocupa-se com «dinheiros privados»
"«Registo com elevado apreço a evolução que os representantes do PS manifestam em relação ao assunto, já que, tendo-se oposto frontalmente à celebração do protocolo em causa, demonstram agora uma particular preocupação sobre a gestão dos dinheiros privados que, com grande empenho e enorme polémica, se conseguiu assegurar, para justo apoio aos comerciantes do Porto», salienta Rui Rio. Rui Rio anexou à carta uma lista das outras 35 instituições e empresas em que a Câmara do Porto tem participação minoritária ou está representado em órgãos sociais, para que Francisco Assis «possa pedir aos respectivos dirigentes qualquer tipo de informação que, a cada momento, julgue conveniente»."

- Laura Rodrigues: "Não tenho medo de uma auditoria"
- Rui Rio discorda do novo modelo de gestão do Metro do Porto
- Metro do Porto: calendário é «inaceitável»
- Reabilitação da Circunvalação terá coordenador

- Assembleia sindical europeia no Porto
- Hospital de S. João fecha primeiro ano com lucro de 2,8 milhões de euros
- Regressa ao Porto o espectáculo do trial

- Can you survive for 24 hours without your computer? :-)

Cristina Santos
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Nota de TAF: mais alguns apontadores

- Junta quer comprometer o Governo com novas linhas
- Possível abandono da Linha da Boavista divide Junta Metropolitana do Porto
- Ponte Maria Pia não oferece segurança

De: TAF - "Cheguei agora da conferência..."

Submetido por taf em Sábado, 2007-02-24 01:02

... e queria deixar aqui umas impressões rápidas.

1) Nota muito positiva para o evento. Ao contrário do que é costume nestas ocasiões, não houve "palha" nem dos oradores nem do público. Arlindo Cunha, Artur Santos Silva e Helder Pacheco tiveram intervenções interessantes e complementares. Não houve propriamente grandes novidades, mas fez-se o ponto da situação, levantaram-se questões relevantes, deu-se uma perspectiva histórica. O ambiente foi sereno sem ser morno. A sala foi pequena para o número de pessoas, com muita gente de pé até perto da uma da manhã.

2) Parece-me que da parte da SRU ainda há uma perspectiva muito "estatista", ou "intervencionista", do processo da reabilitação do Porto. Apesar de Arlindo Cunha ter sublinhado o papel da iniciativa privada, fico com a sensação de que a SRU ainda não assimilou completamente o facto de que só deve ser um "catalisador" do processo de reabilitação urbana.

Quem vai concretizar a renovação do Porto vai ser a sociedade civil, a iniciativa privada. A SRU só está lá para desbloquear o processo, dar o exemplo e colmatar as falhas da actuação privada. Por isso faz-me impressão ouvir falar tanto em planos e estratégias. Eles são necessários, mas só para a "espinha do peixe". Não se queira ensinar aos privados aquilo que eles sabem fazer melhor do que as entidades públicas. Deixemos a cidade respirar e crescer sem super-protecção.

Preocupa-me a excessiva tolerância que vejo na SRU em relação à apresentação de resultados concretos com alguma rapidez. Como bem lembrou Santos Silva, são os casos de sucesso que vão chamar gente e servir de alavanca a mais renovação e mais investimento. Não podemos esperar 10 ou 20 anos para sentirmos mudanças palpáveis. Não se pode aceitar que só haja nessa altura feedback significativo das políticas que estão a ser aplicadas agora porque, se elas se revelarem ineficazes, aí já será tarde demais e não sobrará nada para reabilitar.

É importante que a iniciativa privada assuma o seu papel. A SRU e a Câmara estão, melhor ou pior, a esforçar-se. Santos Silva sugeriu à SRU um sistema de garantia mútua para apoio a bons projectos privados que não encontrem resposta adequada no sistema financeiro - que o assunto não seja esquecido.

Gostaria de ver muito mais gente a mexer-se sem esperar apoios públicos nem condições ideais. Também gostaria de ver Gaia integrada no Porto como um primeiro passo (apenas o primeiro) para uma gestão do território mais sensata. Isto e outras coisas...

Foi um bom aperitivo para as Jornadas. ;-)

De: Alexandre Burmester - "Metro - 2009?"

Submetido por taf em Sexta, 2007-02-23 19:45

Abre a notícia o site da Câmara do Porto:

"A Junta Metropolitana do Porto (JMP) vai apresentar nos próximos dias ao Governo uma proposta alternativa àquela que o Ministro dos Transportes e Obras Públicas, Mário Lino, avançou na reunião da passada quinta-feira, referente à construção das novas linhas do Metro, cujo calendário de execução foi classificado de «inaceitável»."

Parece que o governo pretende “apenas” o congelamento de toda a segunda fase da rede do Metro até o segundo semestre de 2009. Não há dúvida que este Ministro deve ter um problema sério de Autismo, por um lado não ouve as milhares de críticas às suas opções de investimento, de onde se destaca a OTA, O TGV, o buraco da REFER e o do Metro de Lisboa, por outro ainda tem a “lata” de fazer propostas pouco sérias como esta.

Esquece o governo as recentes manifestações de desagrado pelas alterações aos transportes públicos, como prova de um mau serviço que se presta?
Esquece as recentes informações sobre a pobreza da região Norte em relação ao centralismo do País?
Lembra e bem que a poupança dos gastos públicos no Metro do Porto ajudarão aos gastos desnecessários nas Ota´s?

Não se contente a Junta Metropolitana com as reivindicações que faz que são correctas e justas e não se esqueça das necessidades da população para as linhas de Gondomar e Gaia, entre outras. (Menos a da Boavista.) Acho que não necessitamos de “Pintos da Costa” nem de “Joãos Jardins”, até porque prefiro outras atitudes e outras posturas, mas espero que a Junta Metropolitana seja firme, porque terá de certeza o apoio de toda a gente.

Alexandre Burmester

De: Alexandre Burmester - "Reabilitação do Porto"

Submetido por taf em Sexta, 2007-02-23 17:39

A propósito do tema, e concordando com o Tiago, não pelas razões mas pelas consequências, diria que o que falha na Reabilitação é fundamentalmente:

  • 1. O entendimento da “Espinha do Peixe”, a sua verdadeira estrutura e a forma da sua reestruturação, para poder encontrar e remover as “Rupturas Urbanas” existentes, e promover a inserção de conectividade entre estes diferentes pontos;
  • 2. A definição de estratégias e acções capazes de serem geradoras de “Pólos de Influência”, capazes de subverter os actuais usos.

Este é o tema a que me dediquei em 1982, na Reabilitação de um bairro do Rio de Janeiro – Catete, cuja população e dimensão é equivalente à cidade do Porto. Este será o tema a desenvolver nas Jornadas de Reabilitação, quando me couber a vez.

Alexandre Burmester

De: TAF - "Um dos mitos"

Submetido por taf em Sexta, 2007-02-23 17:25

Um dos mitos da Reabilitação, e aliás dos negócios em geral, é: “um bom negócio encontra sempre investidores”. Errado. Se assim fosse a reabilitação do Porto há muito que tinha sido feita! O problema é provar que uma determinada oportunidade é um bom negócio. Em grande parte das situações, se os estudos forem sérios, isso é impossível.

No caso concreto da reabilitação faz sentido, por exemplo, tentar preparar um projecto completo de arquitectura e obter o respectivo licenciamento antes de adquirido o imóvel (ou imóveis) aos quais se destina? Quem paga o investimento que isso implica? Quem está disposto a arriscar esperar vários meses pela conclusão do processo sem ter assegurada a compra, podendo entretanto ver a oportunidade fugir? E, sem um projecto garantido, com que base se faz um plano de negócios convencional?

Mais: quanto custa um estudo de mercado, rigoroso e credível, para estimar a procura para uma oferta prevista? Pior: numa situação em que ainda não há propriamente um mercado a funcionar, que confiança atribuir a esses estudos?

Os negócios não são uma ciência exacta. Têm muito de feeling, de conhecimento não quantificável mas válido. Há ocasiões em que se verifica ser possível fazer contas detalhadas – esses casos são bons para recurso a crédito bancário ou para parcerias com investidores que possuam uma perspectiva eminentemente financeira, sem necessidade de conhecimento pormenorizado do ambiente em que decorre o negócio. Mas, e os outros casos?

A reabilitação da Baixa do Porto, nesta fase, é para quem sabe. Para quem conhece o meio, para quem consegue preparar uma oferta adequada à procura que sabe existir, para quem antevê o futuro da cidade e sabe contribuir para o concretizar, para quem gosta do Porto e está disposto a apostar o seu tempo e/ou o seu dinheiro antes dos outros - não por altruísmo, mas por apurado sentido de negócio.

De: TAF - "O que falha na Reabilitação do Porto?"

Submetido por taf em Sexta, 2007-02-23 15:44

A propósito da conferência de hoje à noite sobre a Reabilitação da Baixa, gostava de partilhar algumas conclusões fruto da minha experiência particular.

1) Há procura de imóveis na Baixa. Não faltam interessados em vir morar para a Baixa ou em estabelecer lá negócios. Eu conheço pessoalmente muita gente nessas condições e não faltam indicações de que assim é: veja-se o sucesso da venda das habitações da SRU na Rua das Flores, observe-se a atenção que o projecto Loop desperta, constate-se o dinamismo que nasce na Rua do Almada.

2) Há oferta de imóveis para recuperar/demolir na Baixa. Nesta altura meia Baixa está à venda, mas o preços pedidos são na maior parte dos casos muito exagerados - os proprietários estão a contar “ganhar o Euromilhões” com as suas velharias…

3) O problema: na prática, e com algumas excepções (os quarteirões das Cardosas e de D. João I são duas delas), não há capital para investir na Reabilitação. Passo a explicar porquê.

Quem seriam os candidatos a promotores imobiliários de empreendimentos na Baixa?

  • a) A própria SRU e a Câmara – não têm dinheiro nem capacidade de gestão para isso.
  • b) O Estado (Administração Central) – não investe no Porto a menos que a isso seja obrigado, e não há quem o obrigue – sozinho também não saberia o que fazer.
  • c) Os proprietários – em geral não têm visão, nem capacidade de gestão, nem idade para se lançarem em “aventuras” num tipo de projecto no qual não têm experiência. Além disso valorizam demais as suas propriedades no estado em que estão actualmente, o que impede o estabelecimento de parcerias com terceiros.
  • d) Investidores “institucionais” – têm receio das dificuldades (incerteza de prazos, complexidade da legislação, desconhecimento do mercado, inquilinos existentes) e não encontram oportunidades de negócio com dimensão suficientemente grande para ser atractiva.
  • e) Empreendedores privados com capital próprio – partilham algumas das características dos “proprietários” e dos “institucionais”. Teriam supostamente as condições para tomar decisões de forma ágil e arriscar com competência, mas preferem esperar para ver. Não gostam de estabelecer parcerias, que teriam dificuldades em gerir, e preferem actuar sozinhos.
  • f) Empreendedores privados sem capital próprio – têm a agilidade, a vontade e a competência para lançar projectos bem sucedidos, mas não conseguem vencer a barreira do financiamento – a banca não dá crédito sem haver algum capital próprio, e eles não conseguem concretizar parcerias com investidores privados que disponibilizem esse capital próprio.

Nesta fase da reabilitação da Baixa do Porto, acredito que a chave para a mudança residirá principalmente na cooperação entre empreendedores privados - os casos e) e f) -, juntando as competências e dinamismo ao capital e experiência. É preciso que estas conferências ou jornadas sirvam como catalizadores de novos negócios num tempo em que o mercado imobiliário ainda não funciona de forma eficiente. É também nestes tempos que se conseguem fazer grandes negócios: quem avança primeiro… ;-)

De: Raul Pina - "Mais um passo"

Submetido por taf em Sexta, 2007-02-23 14:37

Boa tarde a todos.

Felizmente está a desaparecer mais uma ponta do “icebergue” das casas degradadas na cidade do Porto. Estas fotografias (tiradas com o telemóvel) ilustram a demolição de 2 pequenas casas que existiam na esquina da rua de Bonjardim com a rua Raul Dória. Como vizinho destas duas “relíquias”, gostava que não se ficassem por aqui. Exemplos iguais a estes não faltam nesta zona... Os trabalhos devem estar concluídos amanhã.

Demolição

Demolição

Demolição

Abraço
RAUL PINA
http://www.raulpina.net

De: Cristina Santos - "Apontadores"

Submetido por taf em Sexta, 2007-02-23 11:37

De: Luís de Sousa - "Jornadas da Reabilitação Urbana"

Submetido por taf em Sexta, 2007-02-23 05:44

Jornadas da Reabilitação Urbana - versão para imprimir aqui

Venho hoje, em nome de um grupo de pessoas que há cerca de dois meses se reuniu e articulou esforços para a dinamização de uma discussão de enorme importância para a cidade, anunciar a primeira Jornada da Reabilitação Urbana que se irá realizar no próximo dia 3 de Março pelas 14:30 na ESAP, junto ao Largo de S. Domingos.

Nesta primeira Jornada, o organizador Francisco Rocha Antunes comprometeu-se a gerar discussão em torno de um tema da chave da reabilitação urbana, que é o Negócio a que esta está intrinsecamente ligada. O tema é por isso "O Negócio da Reabilitação: mitos e factos" e contará com a participação do economista José Silva que juntamente com Francisco Rocha Antunes lançará a discussão sobre 3 pontos relacionados com esta temática:

  • "O promotor imobiliário hoje",
  • "O negócio da reabilitação: características específicas", e por fim
  • "Os mitos mais correntes do negócio da reabilitação".

Apresentados que estão os intervenientes, resta-me convidar todos os participantes e leitores da Baixa a no próximo dia 3 de Março, Sábado, comparecerem e enriquecerem o debate com as suas sempre valiosas opiniões.

Cumprimentos
Luís Sousa
coordenador das Jornadas da Reabilitação Urbana

De: F. Rocha Antunes - "A espinha do peixe"

Submetido por admin em Quinta, 2007-02-22 23:05

Cara Maria Almeida

Não tenho tempo, infelizmente, para apresentar aqui as notas que tirei da conferência da Ad Urbem, mas talvez os meus outros dois colegas de blogue, o Tiago e a Paula Morais, o tenham feito e possam partilhar connosco. Como sempre o tempo escasseia e eu primeiro tive que enviar ao coordenador das Jornadas de Reabilitação o meu programa para a primeira sessão.

Vou apenas explicar o exemplo da espinha do peixe, tal como eu percebi do que disse o Arquitecto Nuno Portas. Disse então que, na sua opinião, os urbanistas deverão preocupar-se essencialmente com a definição e qualificação dos vários espaços públicos e com as ligações entre eles (aquilo a que genéricamente chamou tubos), criando um esqueleto, uma espinha de peixe, que depois os promotores imobiliários se encarregarão de preencher como souberem. O caso que apresentou foi o do bem sucedido urbanismo praticado na zona das Avenidas Novas em Lisboa, em que foram definidos apenas os espaços públicos e as respectivas ligações e foram os diferentes operadores privados que ao longo dos anos foram preenchendo os espaços de construção, dando forma ao corpo daquela parte bem sucedida da cidade.

Espero ter ajudado.

Francisco Rocha Antunes
promotor imobiliário

PS. É sempre de saudar qualquer esforço de discutir a Baixa, mas parece-me escusado exagerar a nobreza da iniciativa. Não precisa disso para ser evidentemente útil. Infelizmente não poderei estar presente.

De: J. Freitas - "O Comércio, a Cidade, comentários..."

Submetido por taf em Quinta, 2007-02-22 22:41

Hoje estive menos tempo na loja. Fui à Baixa tratar assunto de comerciante. Ao passar na Rua Santa Catarina fui abordado por duas meninas que se me dirigiram no sentido de lhes dispensar só um minutinho, diziam. Bom, como eram duas jovens lá parei. Foram directas. Sabe, disseram elas, estamos a recolher assinaturas para ver se se consegue tirar a D. Laura da Associação dos Comerciantes. Curioso pergunto, como assim se nem sabem se sou comerciante? Ao que elas respondem que não interessa a profissão, interessa sim a assinatura e o número do BI, porque é para arranjarem assinaturas contra a D. Laura que lhes estão a pagar. Vejam lá ao que se chegou!

Lá segui o meu caminho, obviamente sem ter assinado coisa alguma, e eis-me chegado à Praça da Batalha. Qual não foi o meu espanto ao ver passar uma viatura donde provinha uma voz, em tipo megafone, dizendo que o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio andava a recolher assinaturas para entregar um abaixo assinado na ACP no sentido de pressionar a Direcção a acordar o CCTV (Contrato Colectivo de Trabalho Vertical). Seria suposto que tais assinaturas pertencessem a empregados do comércio. Pelos vistos servem quaisquer umas.

Pelo que tenho vindo a saber, parece que desta vez há alguém capaz de enfrentar e argumentar com os Sindicatos na defesa dos interesses dos empresários. Já é tempo de os Sindicatos também entenderem que a diminuição das vendas no sector retalho é algo a ter em conta. Não é só aumentar anualmente a percentagem da inflação, mas também se deve ter em conta o decréscimo de vendas. Leia-se o relatório do INE que informa que de Outubro de 2005 a Outubro 2006 a diminuição das vendas no comércio a retalho foi de 10%.

Meus caros, deixem para lá as assinaturas e analisem a conjuntura a fim de se encontrarem acordos realistas.

Dos vários "contributos" que aqui circulam, quero salientar o sentido e a responsabilidade política, sim, porque é mesmo muito raro ver um partido político a realizar foruns de discussão, debater e confrontar ideias. Estamos mais habituados a "ler" a opiniões "direccionadas" que visam outros interesses, pessoais ou ainda mais graves os interesses corporativistas.

Não posso deixar passar esta conferência sobre "A Baixa do Porto e a sua reabilitação" (6ª feira dia 23, pelas 21h30) no Hotel Pestana Porto (na Praça da Ribeira) com os oradores:

  • Dr. Arlindo Cunha (Presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana)
  • Prof. Helder Pacheco
  • Dr. Artur Santos Silva

Este trio é sem dúvida notável e uma mais-valia, por certo vão prestar um excelente contributo sobre o assunto. A sociedade tem que debater ideias, "sonhar" ter uma consciência crítica e ter um papel mais interventivo. O progresso surge do debate de ideias, não podemos esperar que os outros pensem por nós. Escrevem-se muitos artigos, crónicas, mas é raro promoverem-se debates de ideias, este é um sinal vivo da verdadeira função dos partidos políticos... debater ideias e concretizar projectos.

Por fim quero felicitar quem organiza e dizer que, na minha humilde opinião, é este tipo de iniciativas que gera desenvolvimento e cria a consciência na sociedade de que a participação de todos é fundamental.

Carlos Castro

De: Carlos Araújo Alves - "Lisboetização e João Jardim"

Submetido por taf em Quinta, 2007-02-22 19:37

É fácil, barato e dá..., vende, não escandaliza, será poético ou pitoresco, o destino, talvez, ou o fado, sim, é isso, o fado... Ninguém se escandaliza com isto

GDP Nuts 2004 - Eurostat

mas riem, fazem jacota, reduzem ao ridículo a atitude de João Jardim sem cuidar sequer de saber se haverá ou não razões para que alguém se indigne contra o polvo do centralismo.

Não precisarei de dizer que não sou fã de Jardim, mas mais ridículo que esse governante eleito serão aqueles também eleitos e todos que com eles se acomodam que reduziram o país a Lisboa, alheando-se ou escarnecendo daqueles que, não prestando vassalagem ao poder central, porventura sobressaem ou mostram serviço!

Há dias fiz referência a um excelente texto do André Moura e Cunha a este propósito, mas o que melhor ilustra esta nova boçalidade centralista é o desdém e contundente ostracização que os aparelhos partidários, os meios de comunicação, blogues e quase todos quantos em Lisboa se sustentam que devotam a quem, por outras paragens prestou serviço às populações sem cuidar de ir ao beija-mão - Narciso Miranda, Luís Filipe Meneses, Abílio Fernandes, Fernando Gomes e outros. Estes senhores nunca foram condenados em processos judiciais que decorressem da sua actividade política, mas sobre eles fazem recair, continuada e despudoradamente, um manto de suspeição absolutamente serôdio!

Olhem para o que esse quadro quer dizer, olhem para os investimentos do Estado em benefício de Lisboa (basta OTA e TGV, não se percam em mais contas), olhem para o que têm permitido que aconteça a este país! Para já parece que nada acontecerá para além da publicação destas vergonhas, mas não esperem vassalagem nem acomodação para sempre de todos quanto têm, boçalmente, prejudicado. Eu não me sinto representado por nenhum governo central! É tempo de acordarmos o país para a discriminação a estão votadas todas as regiões fora da área metropolitana de Lisboa!

Carlos Araújo Alves
Ideias Soltas

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