De: Pedro Aroso - "A Conferência no Hotel Pestana Porto"
No essencial, o relato do Tiago Azevedo Fernandes faz uma síntese bastante abrangente daquilo que se passou na conferência. Embora tratando-se de uma iniciativa partidária (PSD), entre os presentes havia gente de todos os quadrantes políticos, facto que me parece revelador de uma certa maturidade democrática. O tema em questão é, de facto, uma preocupação de todos os portuenses e habitantes desta cidade, tornando-se impreterível convergir esforços.
De uma forma avulsa, gostava de comentar algumas ideias que foram transmitidas pelos oradores, com os quais nem sempre estive de acordo:
1. O Dr. Artur Santos Silva (não confundir com um ministro que tem um nome parecido, mas não pertence á família, porque é Santos pela parte da mãe e Silva pelo lado do pai) afirmou a dada altura que a SRU deveria recorrer apenas a arquitectos da chamada escola do Porto, começando por fazer uma pré-selecção dos nomes mais sonantes, entregando depois os projectos aos escolhidos, isto é, de mão beijada. Como devem calcular, fiquei a ferver até ao fim. Por razões óbvias, espero que o Dr. Santos Silva, enquanto membro do conselho consultivo da SRU, não seja capaz de convencer os seus pares a adoptarem esta solução.
2. O Professor Hélder Pacheco lembrou, e bem, que uma das principais causas da desertificação da Baixa deve-se à implementação do Plano Geral de Urbanização, do arquitecto francês Robert Auzelle. Inteiramente de acordo. Para quem não sabe, o plano Auzelle estabelecia que, no centro da cidade, só era permitido construir edifícios destinados a escritórios, com excepção do último andar, que podia receber habitação.
3. Destaque para a presença e participação do Dr. Lino Ferreira, vereador do Urbanismo que, ao contrário dos seus antecessores (Arq. Ricardo Figueiredo e Dr. Paulo Morais) tem revelado disponibilidade para ouvir a opinião dos arquitectos.
4. Ao Dr. Arlindo Cunha e ao Dr. Joaquim Branco falta-lhes carisma. É pena, porque admito que estão a fazer um bom trabalho, mas não conseguem fazer chegar a mensagem ao grande público e, numa questão tão delicada como esta, um pouco mais de protagonismo e visibilidade, mesmo que geradores de polémica, ajudariam certamente a dinamizar o debate sobre a recuperação da Baixa do Porto.
Pedro Aroso