2006-07-23

De: José Silva - "Mudança de Bitola na AMporto"

Submetido por taf em Sábado, 2006-07-29 23:23

Caros portuenses,

O tema ferrovia circular referido pelo político do PS do Porto no JN levanta várias questões.

1. Costumo dizer que o desenvolvimento económico é uma questão sociológica na medida em que a capacidade de produzir bens de elevada margem num território depende da densidade de população activa residente que a cada momento esteja motivada, tenha elevado desempenho profissional, seja empreendedora, e com conhecimentos de negócios com elevada margem. Em Portugal e também no Norte, porque somos estatisticamente ignorantes, porque não empreendemos, porque não exigimos boa gestão, acabamos por não ser tão desenvolvidos como gostaríamos. É por isso que o salário mínimo na Turquia já é maior que o nosso, que diariamente se estabelecem em Londres portugueses qualificados (fuga de cérebros) e que galegos já estão a exportar castanha para a China enquanto nós não. Isto tudo para referir que questão essencial em Portugal é a mudança de bitola ibérica de 1668mm para europeia 1435mm e não a construção de metros ou TGVs. A bitola europeia ir permitir a concorrência de fornecedores de transporte ferroviário, tal como existe nos aviões ou rodovia de passageiros. Teremos a CP, mas também a Renfe ou a SNCF a operar em Portugal. António Alves tem toda a razão. É óbvio que um transporte ferroviário circular aproveitando o ramal de Leixões faz todo o sentido. Não interessa se é gerido pelo Metro do Porto ou se pela CPPorto. O que interessa é que seja convertido para bitola europeia (1435mm), tal como as composições do Metro já o são. É anti-económico colocar um metro na Circunvalação...

2. A rede ferroviária que existe foi planeada antes da era do petróleo. O seu traçado determinou a valorização de territórios, propriedades, imóveis que perdurou na época do automóvel das últimas décadas. O petróleo está no pico de produção. Dentro de alguns anos não haverá petróleo barato e voltaremos à ferrovia. O traçado que hoje for decidido determinará a valorização ou não das nossas propriedades nas próximas décadas, beneficiando-nos e à nossa descendência.

3. Estes projectos são sempre objecto de tráfico de influências, expropriações «previamente transaccionadas» e empreitadas para conhecidos. Já Lenine o dizia nas suas críticas ao crescimento urbano do capitalismo. Eu confirmaria com alguns episódios. Um militante do PS de Lisboa dizia-me há uns 10 anos que uma importante figura portuense impulsionadora do Metro do Porto teria ganho 300000 contos de comissão para beneficiar certa empresa no concurso. Na Trofa de hoje é conhecida participação de «empresários» na vida política com o objectivo de comprar terrenos e os vender posteriormente à respectiva Câmara. Já Paulo Morais vai dizendo o mesmo no seu livro «Mudar o Poder Local», acreditando, ingenuamente, que pode Manter o Poder Central ou que este não é patrão do primeiro... A culpa é mesmo nossa: aceitamos políticos de tão baixa qualidade.

4. Este assunto é demasiado sério para ser deixado nas mãos de uma distrital partidária, de um governo que vive de propaganda ou dos centralistas do costume. A sociedade civil tem que gastar algum tempo e atenção em prejuízo da atenção ao futebol, por exemplo. É que o ramal de Leixões será nos próximos anos um eixo essencial da AMporto. Por um lado o transporte de passageiros já referido. Por outro lado a ligação há anos projectada ao porto de Leixões e Aeroporto para a intermodalidade no transporte ferroviário de mercadorias.

5. Mas as implicações estratégicas da mudança de bitola e deste ramal não ficam por aqui. É QUE, TEORICAMENTE, O COMBOIO DE VELOCIDADE ELEVADA PORTO-VIGO PODE USAR A REDE DE CARRIS DO METRO DO PORTO OU o RAMAL DE LEIXÕES CONVERTIDO PARA BITOLA EUROPEIA!!! Este ou o troço final da linha Vermelha podem ser usados pelo CVE Porto-Vigo. A discussão sobre o afunilamento Srª Hora - Trindade não pode ser desligada do reaproveitamento do ramal de Leixões nem da decisão sobre o traçado do CVE de Vigo na aproximação a Campanhã. É que pura e simplesmente não haverá grandes diferenças técnicas entre estes canais. Não haverá grandes diferenças entre Metro do Porto e CPPorto num cenário de bitola 1435 mm! Temos que aproveitar o que temos. Temos que escolher a solução que maximize a utilização e minimize os custos. Temos que impedir que os políticos se lembrem de construir novos canais ferroviários sobre terrenos previamente transaccionados... Faço votos que os leitores se empenhem na defesa dos seus interesses e se defendam dos PQT – políticos que temos.

De: TAF - "Apostas"

Submetido por taf em Sábado, 2006-07-29 16:19

Centro Histórico

Aposta 1: Rui Rio deixou de poder contar com maioria absoluta na Assembleia Municipal.
Aposta 2: Vou fazer a Aposta 3 daqui a uns tempos.   ;-)

De: JA Rio Fernandes - "Metro"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 23:53

No metro, a racionalidade parece começar a imperar, por entre algum ruído, como seria de esperar…

Para começar – primeira importante novidade! – passou a encomendar-se estudos (como na Europa!) antes de se tomarem decisões sobre as próximas linhas: lembram-se de algum estudo anterior à “decisão” da Metro em pagar os arranjos na Avenida da Boavista para os carros antigos, por conta de uma linha que vinha aí “já a seguir”? Como se compreende isto: é um adiantamento por conta de qualquer coisa que talvez o governo venha a orçamentar? Será que isso ocorreu quando o Presidente da Metro e da Câmara do Porto era a mesma pessoa? Acho que não. Mas mesmo que não tenha sido é por certo mais um exemplo de eficiência e transparência na gestão dos dinheiros públicos!

Os estudos não resolvem tudo, por certo. De resto não pode deixar de se notar que um e outro sejam elaborados por docentes da mesma faculdade (de Engenharia) e a ele estejam ligados dois colegas e amigos. Estranha-se também que, a acreditar nos jornais (Rui Rio vai gostar desta observação!) num dele participem administradores da Metro! Mas tudo isso serão pormenores.

O que mais interessa é que no dito estudo (ou estudos), aponta-se a evidência:

1. que para Gondomar são precisos dois tramos (Campanhã-Venda Nova e Campanhã-Gondomar) e não um gigantesco A;

2. que a Metro fez asneira, concentrando a sul da Senhora da Hora veículos a mais (se ainda pelo menos tivessem deixado o comboio da Póvoa descansado a levar mais gente por composição que o metro…). Sobre a primeira parece haver (agora) acordo geral. No segundo caso, a opção é entre uma ligação pela Boavista (cortando a avenida em dois) e Parque da Cidade (idem aspas) numa área de baixa densidade de utilizadores potenciais que devia ser resolvida com um eléctrico e a ligação a Norte, entre Senhora da Hora e o Hospital de São João (numa linha prolongável para Rio Tinto). Se esta aproveita a linha ferroviária que existe, como António Alves sugere (mas apenas da Senhora da Hora para Leste e não para prestar mais serviço aos mesmos poucos que saem do Porto de Leixões…) ou não; se haveria de aproveitar a Circunvalação (parece que não é exequível), ou passar por outro canal, isso já é assunto para estudo de projecto: ponderem-se as vantagens financeiras e as desvantagens do traçado sinuoso e afastado de algumas das manchas de maior densidade populacional. E decida quem paga! Mas, para já, decida-se de uma vez por todas avançar com o prolongamento do Dragão a Rio Tinto, com a ligação de Gondomar ao Porto e que fique claro a linha pela Avenida da Boavista é não só uma má solução como uma não solução, porque obriga a transbordo e mantém o entupimento da linha da Boavista à Trindade!), donde a necessidade de optar pela ligação a Norte da Senhora da Hora com a estação mais próxima de outra linha: Hospital de S. João (por área mais densa que a Boavista).

Rio Fernandes

Que a direcção política da cidade do Porto anda pelas ruas da amargura, já é de todos sabido. Mas, infelizmente para nós que cá vivemos, as oposições, desta vez a nível distrital, também demonstram uma total impreparação para assumir qualquer cargo de decisão. Senão atentemos nestas declarações de Renato Sampaio, líder distrital do PS, ao Jornal de Notícias:

«É o que o PS defende há anos a não existência da linha da Boavista mas de outra mais a Norte que faça Matosinhos/ Senhora da Hora/S. Mamede, com ligação ao Hospital de S. João. Tudo aponta para essa solução.»

Ensina-nos a boa Economia que os recursos são sempre escassos. Logo, antes de nos lançarmos em novas construções, devemos primeiro verificar se o que já existe, melhorado ou utilizado de modo diferente, poderá resolver os problemas que nos atormentam. Mais ainda quando se trata de infra-estruturas caríssimas como as vias ferroviárias, sejam elas linhas de metro ligeiro ou de caminho-de-ferro pesado. E este é um caso evidente em que se deve reaproveitar o que já existe em vez de se gastar milhões na construção de nova linha de metro. O que já existe, que corresponde exactamente ao traçado sugerido (Matosinhos/Senhora da Hora/S. Mamede/Hospital de S. João), é, sem mais nem menos, a linha ferroviária de Leixões, que liga Matosinhos à Estação de Campanhã. Vejamos como:

A Estação Ferroviária de Leixões, em Matosinhos, fica situada exactamente em frente, à distância de 170 metros, do terminal de inversão do Metro do Porto no Senhor de Matosinhos. Construindo uma passagem aérea ou prolongando a linha de metro uns escassos 100 metros, constrói-se aí um interface entre os dois sistemas.

Interface Matosinhos

De: TAF - "Eu confesso"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 18:47

Se há coisa que me irrita um bocadinho é este tipo de iniciativas num site de responsáveis incógnitos em que, aproveitando a visibilidade de uma petição assinada por bastante gente, se junta um texto anónimo e de mau gosto.

De: TAF - "Porta 65"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 17:44

De: Pedro Aroso - "Político honrado não tem ouvidos"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 17:33

Caro Rui Rio

Não era minha intenção perder muito mais tempo com este folhetim do site da CMP mas, como a partir de Setembro vou passar a maior parte do tempo em Lisboa, antes de partirmos todos para férias, queria aproveitar para te dizer o seguinte:

1. Há um ano atrás, pude constatar aquilo que é a manipulação dos jornalistas, quando no dia seguinte à conferência na Universidade Católica, as notícias publicadas sobre a tua resposta à pergunta formulada pelo Rui Moreira, foram distorcidas de forma verdadeiramente ignóbil, colocando na tua boca palavras que nunca proferiste. Como se isso não bastasse, os jornalistas ainda tiveram o desplante de entrevistar o Nuno Cardoso, entre outros, que logo se disponibilizou para mandar uns bitaites, apenas com base nas mentiras que vieram a público.

2. Admito, por isso, que pontualmente o site da CMP possa ser utilizado para repor a verdade dos factos. O que não me parece aceitável, é que o Dr. Manuel Teixeira* perca tanto tempo com isso. Toma como exemplo o Pedro Santana Lopes. Duvido que em Portugal algum político tenha estado debaixo do fogo dos jornalistas durante tanto tempo e com tanta intensidade. Tanto quanto me recordo, nem como presidente da Câmara de Lisboa, nem como primeiro-ministro, nunca se deu ao trabalho de desmentir o que quer que fosse, ou mesmo processar alguém por difamação.

3. Existe um ditado que diz "Mulher honrada não tem ouvidos". Acho que o mesmo se aplica aos políticos sérios.

*Chefe de gabinete de Rui Rio

Um abraço
Pedro Aroso

De: Cristina Santos - "Em resposta a Rui Valente"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 17:21

Caro Rui Valente

Estava já a sorrir para o monitor com a ironia do seu post, quando tive que suspender o acto que antecede a cambalhota, então o Rui vem falar das minhas hipérboles? Não ouviu ainda agora que sou das únicas meninas, não se fala de cambalhotas com meninas… antes que aprofunde o assunto das cambalhotas, informo-o que respondo com humor porque os seus posts o suscitam.

  • - Mesmo que 2 cidadãos partilhem as circunstâncias podem ter opiniões diferentes, é a soma dessas opiniões que nos dá o meio-termo - o resultado final. O Rui critica a visão obtusa de alguns, mas não alargou a sua para reconhecer que pode, em algumas circunstâncias, estar perante um ângulo morto. O sentido deste blog é ser um retrovisor, em que cada um opina conforme o ângulo que atinge.
  • - A casa recuperada na Rua das Flores, na minha opinião, sugere aos portuenses que nem só de betão compacto vive o homem, que em Milão, Paris desde há muito tempo que se restauram casas assim, com vastos soalhos em madeira e caixilharias imponentes. Que é possível restaurar em dois anos e rentabilizar o investimento. Isto é positivo, não é negativo, só é negativo porque o Rui reduz o seu leque a 3 iniciativas. Mas isso deve-se à falta de informação prestada pela CMP, de contrário lembraria o Nó do Regado, o Nó de Francos, o início do São João de Deus, os prazos cumpridos, o apoio à reabilitação urbana e tantas outras que ficam escondidas pelo mau feitio de alguém que não sabe aceitar críticas (neste caso refiro-me ao Presidente). O Rui não acha mal a casa das Rua das Flores, acha pouco, mas expressa-se de forma extremista.
  • - Certamente nem tudo é bom, infelizmente esta nova equipa está aquém das expectativas, tem havido erros, a CMP não sabe fazer a paz, só incentiva a guerra e de stress estamos nós fartos. Lembro-me que na campanha autárquica alertei para isto, que se o Executivo ganhasse com maioria iríamos ter uma mandato de ressentimento e ajuste de contas. Mas que estamos a fazer nós se não a seguir-lhe o exemplo, Rui?!
  • - A cidade escolheu e o Porto é uma cidade democrática, como posso eu sugerir que os milhares de vizinhos que votaram em massa, são asnáticos, palermas?! Não me acho nesse direito. Por vezes os textos não saem bem, mas em nenhum deles pretendo destruir o sistema, a minha intenção é que a crítica o melhore.
  • - Ficaria muito espantada que numa maioria desta dimensão não houvesse nem um só defensor do Presidente eleito, isso significava que o Blog não representava a Cidade. Nessa altura estávamos muito mal.. É preciso saber o que está bem, para em caso de mudança se exigir a continuidade dessas iniciativas, nós temos que ser diferentes, não podemos incentivar que venha um novo Executivo, altere tudo e sejamos obrigados a começar tudo de novo. Há que filtrar.
  • - Para concluir, há 2 anos que vivemos do complemento de opiniões, aprendemos, decidimos, levamos o blog mais longe quando discutimos o que aqui lemos com quem não tem acesso às opiniões, depois trazemos o feedback das conversas estabelecidas, não vê como é importante?! Nós todos discordando concordamos que isto pode ser melhor.
  • - O Rui parte sempre para uma solução drástica, um dia também nós podemos desesperar. Mas antes do desespero vamos tentar reunir sugestões que melhorem a cidade com o que temos e não com o que podemos vir a ter. O tempo urge, vamos reorganizamo-nos para saber onde podemos ajudar. Incentivar o que está bem e alertar para o que está mal, mas nem a terra vive sem o mar, nem o mar sem a terra, não há mundos absolutos Rui, nem opniões universais.

Até sempre e olhe está a ver como já me conseguiu colocar numa posição dramática, por muito que não queira, tive que acabar o último ponto a considerar a hipótese de um dia desesperar e isso, caro Rui, é inteiramente culpa sua.

De: Cristina Santos - "É obrigatório ler"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 15:26

Desculpem-me a repetição ao post do José Varela, mas de facto a carta que nos sugere da autoria de João Alpuim Botelho editada no Nortadas, merece destaque, não só pelos dados fornecidos que interessam à Cidade do Porto, como pela emotividade portuense na defesa do que se gosta e do que é nosso.

Com a devida licença do mentor do nosso Blog e com a devida vénia ao autor da carta e ao Nortadas atrevo-me a reproduzir um pequeno excerto para incentivar a leitura:

«(…) - Já agora, e para mostrar a demagogia da “oposição cultura - apoio social”: em Junho de 2003 co-produzimos o vídeo documental “Fronteiras” no Bairro do Lagarteiro, (com a produtora Zebra) sobre os miúdos que aí vivem. Durante umas semanas devolvemos-lhes dignidade e auto confiança. Trouxemo-los ao centro do Porto (alguns deles não vinham cá há anos!) e ao teatro. Mostrámos-lhes que a vida deles pode ser diferente da dos toxicodependentes que os rodeiam. Demos-lhes esperança. No bairro havia uma esquadra de polícia de onde os agentes nem se arriscavam a pôr um pé de fora. Nós passeámos por lá à vontade. Nesse mesmo bairro tinha havido uma sala de actividades de tempo livre, com animadoras empenhadas que ajudavam a manter os miúdos afastados dos “agarradinhos”. A sala estava fechada. A Câmara tinha desistido dela. (…)»

De: Rui Valente - "Sem maldade"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 15:21

Quem alguma vez leu, ou ouviu, comentários das mais diversas personalidades da vida portuense, como: Mário Cláudio, Helder Pacheco, Manuel António Pina, Rui Moreira, Pedro Abrunhosa, Rio Fernandes, Pedro Burmester e tantas e tantas outras, sobre o estado actual da cidade do Porto não terá seguramente captado abundantes pontos favoráveis ao trabalho global do actual executivo da autarquia portuense, "malgré" a sua reeleição para um segundo mandato.

Porém, inexplicavelmente, e a avaliar pelo desconforto que essas críticas provocam nalguns, dir-se-ia que estaríamos a falar de cidades e de pessoas diferentes. O cenário do "drama" parece ser outro, que não o da cidade do Porto, onde apesar de algumas dificuldades se vão realizando coisas verdadeiramente importantes. Provavelmente, o "verdadeiramente importante" do balanço laboral da C.M.P., na óptica de alguns munícipes de compreensão mais lata mas de exigência algo definhada, deverá resumir-se a alguns despachos para a inauguração de uma avulsa casa recuperada na Rua das Flores, de WC's públicos para canídeos e principalmente para a realização de eventos desportivos relacionados com circuitos de Donas Elviras, que são, como todos reconhecemos, inicitivas prementes para a cidade do Porto.

A polémica num espaço desta natureza é incontornável. As pessoas têm conceitos e sensibilidades diferentes e pessoalmente sou um dos que a ela nunca se furta. Não por querer deliberadamente ser do contra (amo a concórdia) mas porque, mal ou bem, me deixo orientar apenas pelo que me diz a consciência e a experiência da própria vida. Às vezes, é certo, a consciência nem sempre fala positivamente de todas as pessoas e de todos os assuntos, mas também nunca o conseguiria fazer só para agradar a quem me lê. É nos estúdios de televisão que se costumam aplaudir inopinadamente os espirros e as baboseiras, mas nós não estamos propriamente num Big Brother e o Tiago (com o devido respeito) não é a Júlia Pinheiro.

O que constrange realmente é que num espaço como este, dedicado à cidade do Porto, da qual todos nos afirmámos amigos, haja lugar para o humor de gosto duvidoso e ao cinismo próprio de gente que parece não viver na mesma cidade, nem vislumbrar a dimensão dos seus reais problemas que estão longe de se confinarem a áreas específicas de actividade ou a conceitos herméticos da sociedade, da política e da própria vida.

Independentemente das nossas divergências ideológicas devia prevalecer no nosso relacionamento um elo comum, de união e de respeito, e nunca a convicção de vantagem, das ideias de uns sobre as opiniões de outros. O humor, é sempre bem vindo, mas dispensa a petulância.

Também sou dos que gostam de soltar uma sonora e sadia gargalhada, desde que o humor exista de facto, mas juro que não chego ao ponto de dar cambalhotas. Sou inábil para o contorcionismo, não há nada a fazer.

Rui Valente

De: Hélder Sousa - "Lucro"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 15:16

Lucro, s. m. (lat. lucru). Ganho, benefício: negócio de grande lucro Utilidade, vantagem.
Teatro, s. m. (lat. theatron, lat. theatre). Lugar onde se representam obras dramáticas, ou onde se dão espectáculos.
Municipal, adj. 2 gén. (lat. municipale). Relativo a município ou a municipalidade.
Município, s. m. (lat. municipiu). Cidade submetida à autoridade de Roma e que participava dos direitos de cidade romana, conquanto se governasse com as suas próprias leis. Hoje, cada uma das circunscrições territoriais em que se exerce a jurisdição de uma vereação. Os habitantes dessa circunscrição. Concelho. Habitantes de um concelho.

Espero que isto ajude quem não teve tempo de consultar o que realmente as palavras querem dizer.

Sr. Frederico Torre: ninguém falou em apoiar TODOS os projectos. Se fosse uma pessoa frequentadora do Rivoli, nos últimos 8 anos, facilmente perceberia que o Rivoli é um projecto concretizado (e um edifício) que sobressai em relação aos demais da CMP.

Hsousa

PS.: nos próximos dias não vou poder acompanhar os desenvolvimentos do blogue, com muita pena minha. Queria apenas dizer, a respeito do site da CMP, que me parece mais um pasquim desportivo do que um site de uma Câmara Municipal. Não percebo o alarido à volta da coisa nem a sobrevalorização que se dá ao editor do pasquim. O Record, a Bola e o Jogo são seguramente melhor literatura e mais divertida. Quanto mais importância se der ao tom quezilento da escrita da criatura e de quem a autoriza, mais entusiasmo ele vai ter. Mais uns meses e encontra um trabalho a sério!

De: F. Rocha Antunes - "Cristina Santos"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 15:13

Minha Cara Cristina

Não consigo imaginar a Baixa sem os seus textos. E sem o seu exemplo de militância e participação. Agora já temos a Arquitecta Paula Morais a escrever regularmente, mas durante anos a Cristina foi a única mulher a escrever sistematicamente aqui. Os seus textos são como são, os seus.

E prefiro os seus textos aos do editor do site da CMP. Eu nunca falei do site mas evidentemente faz-me confusão a utilização de um espaço público para o serviço da maioria que domina politicamente a Câmara, seja esta ou outra qualquer. Mas infelizmente não é nada de novo, apenas está num formato mais moderno: qualquer câmara do país tem um órgão de comunicação local ao seu serviço, aqui no Porto optaram por usar o site institucional. Preferia que fossem mais parcimoniosos ao fazê-lo mas, como ensina o Povo, as acções ficam com que as pratica.

Francisco Rocha Antunes

De: Luís de Sousa - "Caem bombas no Líbano"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 15:10

As bombas que caem no Líbano e as recentes discussões relativas à falta de lugar para albergar eventos como o Fantasporto e o Fitei, devido à futura gestão privada do Rivoli, fizeram-me pensar que se calhar usar a sala de visitas da cidade seria uma boa opção, sendo claro que temos que pensar em "comprar mobília" para a praça que a Metro do Porto nos limpou e pavimentou "impecavelmente" (esqueçamos blasfémias como a maior tigela de caldo verde do mundo em frente ao Garrett).

A solução do arquitecto Siza é contestada, é discutida, mas a verdade é que está implementada e agora temos que tirar partido dela através daquilo que ela tem melhor, a amplitude e a inclinação que a torna num anfiteatro continuo desde a Câmara até ao D. Pedro IV.

Assim sugiro que guardem os "biblos" (as pobres estátuas que surgem agora descontextualizadas e perdidas em pedestais calcários que flutuam no mar de granito) e comecem a mobilar a sala com equipamentos temporários que possibilitem a realização de eventos anuais como o Fantas e o Fitei. Os arquitectos estão sem dúvida receptivos a concursos (que já não ocorrem na cidade vai para uma década), o arquitecto Siza seria finalmente reconhecido pela sua intervenção (por ter visto algo que os outros não viam para além dos canteiros e nos dar a possibilidade de reinventar a avenida dependendo da ocasião) e a cidade ganhava um novo ânimo sócio-cultural.

Quando se fala de um afastamento generalizado das pessoas em relação às artes, nada melhor que levar a arte para a rua, fazer da cidade uma sala de espectáculos e mudar a sua rotina durante o período de duração dos eventos tendo obrigatoriamente o cidadão comum que se confrontar com a arte e com o trabalho dos artistas. Este tipo de estrutura temporária, é uma mais-valia até para as próprias companhias locais que poderiam montar espectáculo em qualquer parte da cidade, e sensibilizar mais cidadãos para o papel da arte na sociedade contemporânea.

A arte na rua não perde nobreza nem dignidade, ganha prestígio e visibilidade pública. Se queremos educar-nos mutuamente temos que começar no sítio onde todos nos encontramos mesmo antes de nos conhecermos, na rua. Podem assumir esta minha ideia como um devaneio mas há momentos em que temos de divagar. "Afinal, posso não chegar à lua mas tirei os pés do chão." (Da Weasel in Hino Galp)

Cumprimentos
Luís de Sousa

P.S. Caro Rui Valente, obrigado pela atenção que deu à minha sugestão. Contudo devo esclarecer que ainda não sou formalmente arquitecto (estou em formação), embora me sinta desde o momento em que optei pelo ingresso na faculdade. Assim sendo trate-me por Luís pois aqui a profissão é o que menos interessa.

De: César Costa - "A «Árvore» decepada"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 12:15

Antes de mais, um obrigado a José M. Varela pelos esclarecimentos relativos ao processo de venda do edifício contíguo à Cooperativa Árvore. Devo em nome da transparência referir que nada me liga à "Árvore". É um local que frequento, como tantos outros, onde tento contaminar-me com um pouco mais de cultura. O que me preocupa é a hipótese de se ter definitivamente posta em causa a sua tão desejada ampliação. No meu ponto de vista, tem prestado enormes serviços à Cidade e ao País, e só por isto (e não só...) mereceria outra atenção.

Sei bem que a questão do Rivoli é mais mediática, mas como portuense fico um pouco mais triste ao ver instituições com que fui "crescendo e aprendendo", serem tratadas e "esquecidas" desta forma.

Cumprimentos.
César Costa

Caros participantes,

Porque, como já anteriormente referi, actuo perante a comunidade sempre como cidadã-arquitecta, venho hoje partilhar a surpresa com que li a notícia sobre a mais recente proposta de classificação pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR): mais especificamente as Piscinas das Marés, comummente conhecidas como “a Piscina de Leça”.

Quando o próprio autor da obra a caracteriza publicamente* como uma obra “ilegal”, por não satisfazer os requisitos da comunidade para este tipo de obras, nomeadamente os que dizem respeito à segurança para os seus utentes, como é então possível que essa mesma obra passe a integrar o património cultural dessa mesma comunidade, servindo inclusive “de referência” para outras obras semelhantes?!

Desta vez, e para não me alongar muito na descrição da minha opinião, limito-me a citar as palavras de um autor, também arquitecto (que ensina arquitectura numa faculdade espanhola). Federico García Erviti, na pág. 13 do livro de sua autoria “Compendio de Arquitectura Legal”, publicado pela Mairea/Celeste, menciona: “Lejos quedan los tiempos en que ‘las catedrales eran blancas’ – como dijo Le Corbusier – y no se aplicaba el reglamento. Hoy la arquitectura es también un producto de consumo que exige el imprescindible control social de una actividad cuyo resultado está directamente vinculado a la vida diaria de todos los ciudadanos. Y ésta es, en último término, la razón de imponer esos innumerables límites que afectam tanto al processo de creación del objecto arquitectónico como a su própria materialización.”

Paula Morais
Arquitecta

Nota* Álvaro Siza Vieira, na pág. 101 do livro de sua autoria Imaginar a Evidência, publicado pela Edições 70, refere: “Esta insistência paternalista em reduzir ou eliminar os perigos é contraproducente, porque quando uma pessoa sai de uma rua reservada a peões encontra repentinamente todas aquelas ameaças das quais está menos habituada a defender-se. O peão sabe mover-se na cidade, sem serem necessárias protecções obsessivas, como demonstram os quilómetros de canais em Veneza, sem parapeitos e sem vítimas. A piscina de Leça da Palmeira funciona ilegalmente porque não foram aplicadas algumas medidas de segurança; não obstante, nunca ali se verificou qualquer incidente.”

De: Cristina Santos - "Site, JPP, e a tuberculose"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 11:56

O nosso amigo Tiago Azevedo demonstra desde sempre uma simpatia pelo político Pacheco Pereira. Pacheco Pereira não cabe no meu bairrismo. Rui Moreira é uma figura pública com destaque nacional, uma figura digna de representar as nossas elites, que aproveita o seu lugar de destaque para motivar a sua região. Pacheco Pereira não o faz.

Aceito que não o faça, que tente separar profissionalismo da vivência, mas não me diz nada as críticas que possa fazer à cidade, porque nunca a elogia, nunca a defende e raramente a representa.

As elites são aqueles que têm um lugar privilegiado e o usam em proveito da região, como os artistas fizeram no Coliseu, como Rui Moreira o faz constantemente, Rio Fernandes, Pulido Valente, e tantos outros que não sendo públicos estão a dirigir um negócio local e quando falam incentivam o Porto e levam-no com eles para qualquer lugar onde vão.

Essa elites parecem estar a morrer, com medo de vir a precisar de um lugar em Lisboa.

Quanto ao site da CMP, mais uma vez a ideia é boa, a aplicação é má. O responsável pela edição trabalha demais, exagera, não é necessário ser tão mesquinho e levar tudo tanto a peito, não há tempo para isso. Faz-me lembrar aquelas pessoas que se envolvem em lutas em nome da dignidade, só porque alguém lhe dirigiu uma palavra menos própria de dentro de um carro.

Quem tem dignidade não entende que todos os insultos lhe sejam dirigidos, nós desconhecemos metade das quezilas, a CMP é que as anuncia. Não sendo o executivo propriamente lerdo isto só pode ter como objectivo desviar-nos a atenção e isso é que está mal.

Depois há outra coisa neste fenómeno, eu começo a sentir-me ameaçada na minha originalidade, o editor dos posts da CMP consegue escrever tantos posts quanto eu, tão longos e despropositados quanto os meus, com preconceitos quase da estirpe dos meus e digamos que própria redacção é quase tão má e objectiva quanto a minha.

Por isso agora os meus amigos Pedro Aroso e Francisco Rocha podem deixar de me dizer que escrevo muito, que é preciso o «ler mais», a CMP com este editor já vai em 540.000 visitas, sim meus amigos, esta é para voces tomarem nota. :-)

Um abraço a todos e por favor não esqueçam a fabulosa notícia do Projecto PORTA 65, continuo sem encontrar link, mas o fim dos bairros sociais e o apoio ao arrendamento parece-me, à primeira vista, uma medida excelente.

Ah, quase me esquecia de voltar a abordar este tema, sugiro a todos que se informem quanto às excelentes medidas que estão a ser tomadas neste sentido no CDP de Vila Nova de Gaia - um exemplo a seguir no Porto sem dúvida. Deixem-se de exigências e depressões, mãos à obra que só no concelho do Porto é que o índice de tuberculose subiu. Mais tarde voltarei a isto é que também não posso exceder o número de linhas, isto não é propriamente o site da CMP. Não é?!

Cristina Santos
--
Nota de TAF: Nunca achei que JPP, ou qualquer outra figura, pudesse ser o "salvador do Porto". :-) Esse papel cabe à sociedade civil.

De: José M. Varela - "A Culturporto e o Rivoli"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-28 02:39

Referi num post anterior que o processo de concessão dos auditórios do Rivoli era mais um acto numa peça de teatro que era a extinção da Culturporto e a criação de novas estruturas controladas directamente pelo presidente da CMP. Todo este processo foi aliás um requintado exercício de hipocrisia política, em que se justifica a sua extinção com as consequências do processo de asfixia que ele próprio criou. Logo em 2002, apesar de o Vereador da Cultura da época ter algumas propostas interessantes a verdade é que nunca teve meios nem apoio político do presidente.

Esta achega serve para chamar a atenção para uma interessante (e importante) carta do ex-programador João Alpoim ao ex-vereador Marcelo Mendes Pinto e que foi publicada no Nortadas com toda a história do processo da Culturporto entre 2001 e 2004 e que de certa forma vem confirmar algumas coisas que eu escrevi anteriormente.

Nota Final: O César Costa interrogou-se noutro dia sobre a natureza do negócio entre o "Mira-Clube" e a CMP relativo à venda de um imóvel junto à Árvore. Efectivamente, conforme dizia a notícia do JN foi vendido por €700.000,00 e a Árvore declarou-se "perplexa" com a notícia. De referir que esta entidade tinha tido anteriormente um contrato de arrendamento com a CMP por cerca de (salvo erro) €25 mensais e que caducou em 2001. Nessa altura a CMP moveu um processo em tribunal para reaver o imóvel (na altura já desocupado e sem actividades), com o objectivo de viabilizar a ampliação da Árvore. Este ano os advogados da CMP receberam instruções para retirar o processo porque "podia prejudicar a CMP". Quanto à natureza do "Mira-Clube" penso que esta notícia deve ser esclarecedora.

José Manuel Varela

De: Rui Valente - "Ambição, precisa-se!"

Submetido por taf em Quinta, 2006-07-27 22:54

Seguindo a recomendação do Arq. Luís Sousa, tive a curiosidade de visitar o site www.big.dk e sendo um leigo em arquitectura (mas interessado) não deixei de ficar fascinado com os arrojados projectos que lá se destacam. Vale mesmo a pena ver.

Gostava era de ver ambição e capacidade de iniciativa para levar a cabo no nosso país (já nem falo do Porto, para não provocar alergias) um projecto desta envergadura.

Cumprimentos
Rui Valente

De: Cristina Santos - "Duas grandes notícias"

Submetido por taf em Quinta, 2006-07-27 22:50

O Governo anunciou uma medida excelente no que diz respeito a habitação social. Propõem que não se construam mais bairros sociais e em alternativa subsidia-se o arrendamento.

Ora isto não podia ser melhor, alem de espevitar o cidadão para que o conceito de habitação social não é uma casa para toda a vida, estimula a reabilitação urbana e o mercado de arrendamento. Penso que esta proposta dá pelo nome de Porta 65.

Outra boa notícia é a classificação pelo IPPAR da Chá da Boa Nova e da Piscina das Marés.
--
Cristina Santos

De: TAF - "Finalmente!"

Submetido por taf em Quinta, 2006-07-27 18:18
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