De: Rui Valente - "Sem maldade"
Quem alguma vez leu, ou ouviu, comentários das mais diversas personalidades da vida portuense, como: Mário Cláudio, Helder Pacheco, Manuel António Pina, Rui Moreira, Pedro Abrunhosa, Rio Fernandes, Pedro Burmester e tantas e tantas outras, sobre o estado actual da cidade do Porto não terá seguramente captado abundantes pontos favoráveis ao trabalho global do actual executivo da autarquia portuense, "malgré" a sua reeleição para um segundo mandato.
Porém, inexplicavelmente, e a avaliar pelo desconforto que essas críticas provocam nalguns, dir-se-ia que estaríamos a falar de cidades e de pessoas diferentes. O cenário do "drama" parece ser outro, que não o da cidade do Porto, onde apesar de algumas dificuldades se vão realizando coisas verdadeiramente importantes. Provavelmente, o "verdadeiramente importante" do balanço laboral da C.M.P., na óptica de alguns munícipes de compreensão mais lata mas de exigência algo definhada, deverá resumir-se a alguns despachos para a inauguração de uma avulsa casa recuperada na Rua das Flores, de WC's públicos para canídeos e principalmente para a realização de eventos desportivos relacionados com circuitos de Donas Elviras, que são, como todos reconhecemos, inicitivas prementes para a cidade do Porto.
A polémica num espaço desta natureza é incontornável. As pessoas têm conceitos e sensibilidades diferentes e pessoalmente sou um dos que a ela nunca se furta. Não por querer deliberadamente ser do contra (amo a concórdia) mas porque, mal ou bem, me deixo orientar apenas pelo que me diz a consciência e a experiência da própria vida. Às vezes, é certo, a consciência nem sempre fala positivamente de todas as pessoas e de todos os assuntos, mas também nunca o conseguiria fazer só para agradar a quem me lê. É nos estúdios de televisão que se costumam aplaudir inopinadamente os espirros e as baboseiras, mas nós não estamos propriamente num Big Brother e o Tiago (com o devido respeito) não é a Júlia Pinheiro.
O que constrange realmente é que num espaço como este, dedicado à cidade do Porto, da qual todos nos afirmámos amigos, haja lugar para o humor de gosto duvidoso e ao cinismo próprio de gente que parece não viver na mesma cidade, nem vislumbrar a dimensão dos seus reais problemas que estão longe de se confinarem a áreas específicas de actividade ou a conceitos herméticos da sociedade, da política e da própria vida.
Independentemente das nossas divergências ideológicas devia prevalecer no nosso relacionamento um elo comum, de união e de respeito, e nunca a convicção de vantagem, das ideias de uns sobre as opiniões de outros. O humor, é sempre bem vindo, mas dispensa a petulância.
Também sou dos que gostam de soltar uma sonora e sadia gargalhada, desde que o humor exista de facto, mas juro que não chego ao ponto de dar cambalhotas. Sou inábil para o contorcionismo, não há nada a fazer.
Rui Valente