2006-07-16
Quando os Rolling Stones vão à China a malta por cá sabe.
Falta menos de uma mês para a Big Band fazer furor no estádio do Dragão, e o que se sabe?
Que publicidade tem sido feita a este enorme evento para além da que foi feita há quase um ano atrás?
Será que ao menos se vão esgotar os bilhetes e vamos encher o estádio e a cidade?
Era uma vergonha se tal não acontecesse.
Cristina Santos
Não percebo como ainda me surpreendo com as iniciativas desta câmara. Isto a propósito da constituição do Júri para as propostas do Mercado do Bolhão.
Num concurso onde os critérios de avaliação incidem 70% em aspectos técnicos, não existe no referido Júri um único arquitecto. Todo este processo do Bolhão, desde quando a figura suprema desta câmara tomou posse, se tornou uma anedota de mau gosto, dando, como sempre, uma imagem péssima da nossa cidade. Quando até já existia um projecto, onde foram gastos quase 200 mil contos em honorários, não se percebe qual a intenção de o deitar para o caixote do lixo. Acompanhei de perto a evolução deste projecto, do arq. Joaquim Massena, o qual desde o início respeitava todo o Mercado numa perspectiva de Remodelação, mantendo-se praticamente inalterável, inclusivé mantinha toda a vivência interior num claro respeito e preservação dos seus comerciantes. Parece que agora querem transformar aquilo em mais um shopping.
A este propósito recomendo vivamente a este sinistro Júri, e a quem estiver interessado, uma visita ao Mercado Municipal de la Boqueria, em Barcelona, para se perceber o que é uma remodelação de um mercado tradicional, dentro da cidade, com os mesmos comerciantes e para as mesmas pessoas. Sempre que lá entrei o movimento era bastante intenso. É que só em Barcelona existem cerca de 40(!) mercados municipais.
Esperemos para ver o que dá este espantoso concurso, com este espantoso Júri. Claro que que nele não poderia faltar a personagem da Sra. D. Laura. Esperemos que a proposta vencedora não seja a do mesmo arquitecto que interveio recentemente no Cinema Batalha.
Cumprimentos,
Pedro Lessa.
pedrolessa@a2mais.com
www.architecturalroutes.com
Gostei muito da ideia, da arquitecta Paula Morais, de se aproveitar o Pavilhão Rosa Mota para aí se fundar uma Casa do Livro. O Porto é, historicamente, um importante pólo de produção e difusão do impresso. O livro e o periódico ocupavam, entre nós e ainda há pouco tempo, um importante papel não só cultural e sociológico, como também económico. É minha convicção de que o nosso atraso (em todos os campos) se prende com a decadência da cultura do livro. Ler um livro é um acto de liberdade fundador da própria cidadania. O livro é, ainda, a tecnologia mais acessível e mais democrática, com resultados comprovados ao longo da história e por todo o mundo. Este devia ser o nosso plano tecnológico.
Para além de tudo aquilo que a Paula já sugeriu, também me parece que valeria a pena ponderar a hipótese de se instalar, nessa Casa do Livro, o Museu da Imprensa onde este passaria a usufruir de instalações muito mais dignas e integradas num complexo instalado no coração da cidade. Os próprios jardins do Palácio de Cristal têm um grande potencial, já que neles poderia decorrer a Feira do Livro (já é hora de a libertar e a deixar respirar fora do pavilhão). Um outro sector a não perder de vista, até porque é cada vez mais importante, é o do livro usado e do livro raro. O Porto tem dimensão a mais para aderir ao conceito de Book Town, mas tem a dimensão ideal para organizar uma Feira Internacional do Livro Antigo e vou dizendo que o tipo de público atraído por eventos desta natureza não é nada desprezível.
Entretanto, estamos no domínio da utopia e não será com este executivo que estas ideias serão levadas a sério. Até porque não há dinheiro (se ainda fosse uma corrida de carros antigos...). O que importa agora é estarmos atentos às manobras para não se reeditar a história do velhinho Palácio de Cristal. Eu, por mim, desconfio desta Câmara e ainda mais da Parque Expo.
PS: Tomo a liberdade de deixar aqui um link para o meu blogue (em constante reconstrução) dedicado ao tema da história do livro.
David Afonso
attalaia@gmail.com
- API fica no Porto
- Nova API fica no Porto
- Ministro promete a Rui Rio investimentos para o Norte
- Vigília pelo Teatro Rivoli
- Teatro Rivoli divide produtoras
- Vigília contra "leilão do Rivoli"
- Câmara está a convidar funcionários a rescindir
- Ligação Porto/Vigo com apresentação agendada para Novembro
- Planos Directores Municipais vão deixar de depender do Governo
- Alteração de preços dos parques de estacionamento discutida no executivo
- Prémio João de Almada 2006 - PDF (não tinha ainda reparado nisto)
--
- Estudo defende o metro para já até Santo Ovídio
- Exploração acaba em 2009
- Revisão das linhas para Gaia e Maia
- Extensão a Leça analisada
- Ligar Boavista e parte de Gondomar - «a linha entre a Boavista e Matosinhos Sul é considerada prioritária pelos quatro especialistas. (...) é destacado o facto da concretização da ligação "poder constituir um importante factor de requalificação urbana da zona Poente da Área Metropolitana do Porto". A equipa crê que esta ligação alternativa a Matosinhos é "indispensável para atenuar a pressão no segmento Senhora da Hora - Trindade", que, "a médio prazo", será "insustentável".» - é o descaramento total.
--
- Composição do Júri para as propostas do Mercado do Bolhão
"Comissão de Avaliação:
Presidente - Dr. José Pedro Aguiar Branco
Vogal - Eng.º Rui Quelhas
Vogal - Sra. D. Laura Rodrigues
1º Suplente - Dr. Lino Ferreira
2º Suplente - Prof. Dr. Hélder Pacheco"
Este júri parece-me bastante "exótico" face aos critérios de avaliação das propostas...
"a) Qualidade técnica do projecto: 40%
b) Solução técnico-financeira: 30%
c) Solução proposta relativamente aos actuais comerciantes: 15%
d) Prazo de vigência do contrato: 15%"
Diz o Frederico que "Assim, tem toda a lógica deixar a gestão do Rivoli para os privados, servindo o Estado apenas como apoiante de iniciativas que julge importante (como por exemplo, o Fantasporto) através de incentivos, subsídios e não só, mas deixando a gestão para quem é especializado nisso". Sem querer estar agora a entrar na discussão das vantagens e inconvenientes da dicotomia público/privado, que certamente nos levaria muito longe, penso que o Frederico não se apercebeu, certamente porque fez uma leitura superficial, das eventuais consequências desta decisão na Animação da Baixa e na Cultura da cidade do Porto.
Desde logo, não se trata aqui de uma concessão da gestão do Rivoli mas apenas dos dois auditórios de que o teatro dispõe. De acordo com a nota divulgada pela autarquia "a CMP cede o Pequeno e o Grande Auditório e os equipamentos técnicos enquanto a autarquia assume a limpeza e a manutenção do edifício e ainda as despesas da água e luz, segundo a média de consumo dos últimos três anos. A CMP recebe ainda 5% do valor de bilheteira e, em contrapartida, a companhia fica obrigada a fazer um mínimo de 300 dias de espectáculo, onde devem estar incluídas pelo menos duas grande produções e dois espectáculos infantis. O Pequeno Auditório deverá ser dedicado a produções de carácter experimental" mas a CMP continuará a manter as receitas das concessões das cafetarias.
Parece-me que estas condições são bastante penalizadoras para quem ficar com a concessão dos auditórios e muito dificilmente as companhias de teatro do Porto terão condições para assegurar esta concessão. Mas pode ser que me engane.
Isto terá certamente consequências negativas, não só para o Fantasporto mas também para outros eventos como o FITEI. É que desde que Rui Rio tomou posse que a CMP praticamente deixou de apoiar finceiramente alguns dos principais eventos culturais essenciais como sabemos para a animação da Baixa e para gerar algum fluxo turístico na cidade. Como contrapartida Rui Rio veio dizer que havia menos apoio financeiro mas, em contrapartida a CMP fornecia um importante apoio logístico nomeadamente através da cedência gratuita de salas como p. ex. o Rivoli. Neste quadro há aqui uma alteração de fundo muito importante, uma vez que esta condição fica inviabilizada. Como não acredito que a CMP passe a substituir este apoio com o pagamento financeiro do aluguer da sala é urgente que se esclareça qual será o futuro destes eventos.
Se for concretizada esta intenção, que ditará fatalmente a extinção da Culturporto, deixa de fazer sentido haver um Vereador da Cultura em regime de permanência, uma vez que praticamente deixa de ter funções. Se eu estivesse no lugar do Dr. Fernando Almeida a única saída honrosa era demitir-me.
Nota Final: A Cooperativa Árvore é uma das instituições culturais do Porto que mais tem prestigiado a cidade. A sua actividade é suficientemente conhecida para dispensar apresentações. Há alguns anos que a CMP tinha um compromisso com a Árvore no sentido de cedência de um imóvel nas Virtudes para ampliação das suas instalações. Com a tomada de posse do Dr. Rui Rio esta intenção foi colocada na gaveta. Numa das últimas reuniões de Câmara foi aprovada a venda do referido imóvel a uma entidade denominada "Mira-Clube" inviabilizando assim este importante projecto para a cidade. Será que foi por a Cooperativa Árvore não ter assinado o célebre protocolo?
Antes de qualquer privatização gostava de ver uma regionalização, uma descentralização e distribuição equitativa da riqueza produzida.
Antes de privatizar apreciava ver esforços de combate à burocracia local, estudos sobre a eficiência, projectos.
Antes de privatizar gostava de ouvir os concidadãos pronunciarem-se, serem chamados à discussão.
Antes de privatizar gostava que a CMP apresentasse as contas do que recebeu para a referida infra-estrutura, quanto investiu, em que investiu e porque falhou.
Decidindo privatizar, quanto se lucra com isso? E o que é vai tocar aos accionistas nesse negócio?
Sim porque nós somos accionistas do Rivoli, dos SMAS da Gestão das Obras Municipais, do Metro, nós todos juntos somos os principais accionistas.
A CMP não pode simplesmente apresentar falência de um gabinete, tem que apresentar contas e ideias aos investidores.
Vai concessionar e a quem? Ao «Tio Adolfo» que por acaso até ajudou à dispersão aquosa de dividendos? E com o negócio vai receber o suficiente par subsidiar futuras actividades? Então não há lucro? É uma troca?
O Estado é o modo de ser ou de estar de algo ou de alguém, e nesta democracia o Estado é turvo, pérfido, fementido. Se o Estado fosse transparente todos viam através dele. Um Estado que esconde informação não é um parceiro leal, com que direito gere o nosso investimento, aliena-o sem nos devolver qualquer parte do investido, e ainda nos quer tapar os olhos dizendo que os dividendos vão ser novamente reinvestidos na mesma instituição que até agora não os soube gerir? E os nosso direitos enquanto herdeiros de património e investidores com taxas que podem atingir 40% do nosso rendimento?
Mais Transparência = menos sentimento de Estado. Se o Estado não se quisesse esconder do povo, não precisava de tantos funcionários públicos. Esperava de Rui Rio essa noção de rigor, o uso da transparência e não do escudo financeiro.
Mas como na sociedade empresarial global a lírica não faz sentido, espero que, para agradar ao nosso amigo Rui Valente, as nossas instituições não sejam privatizadas para Lisboa, para agradar à cidade em geral que a segregação em curso não resulte numa sala com permissão para espectáculos religiosos e sermões (dizem que este último fenómeno dá muito lucro) e, como nenhuma empresa é eterna, mais cedo ou mais tarde fecha ou passa actuações para maiores de 18, espero estar simplesmente triste pela perda de mais um bem por incapacidade produtiva.
É com enorme desilusão que leio este regulamento do PROGRAMA VIV’A A BAIXA. Obviamente os arquitectos da SRU nunca leram o seu próprio regulamento de Deontologia, e como tal, deixo aqui um excerto dos dois para perceberem que este género de alegações e insinuações num regulamento não é aceitável.
Preâmbulo do PROGRAMA VIV’A BAIXA
b) Permitir o acesso a equipas projectistas nas áreas da arquitectura e da engenharia, com padrões de qualidade de serviço, cumprimento de normas e honorários favoráveis;
c) Promover a redução das taxas de licenciamento e agilizar procedimentos que facilitem a realização de obras de reabilitação do edificado;
Artigo 4º do PROGRAMA VIV’A BAIXA (Incentivos)
a) Aceder, com prioridade, às Equipas Projectistas instaladas na Loja da Reabilitação sita no Largo Duque da Ribeira;
- ORDEM DOS ARQUITECTOS
Regulamento de Deontologia
Artigo 6.º - Publicidade
a) A publicidade só poderá ser de carácter informativo e não persuasivo;
b) Em caso algum se poderão estabelecer comparações com outros profissionais ou autorizarem terceiros a fazê-lo;
Artigo 11.º - Deveres recíprocos dos arquitectos
d) Basear a concorrência entre colegas apenas na competência.
- Recomendações sobre Ética e Deontologia da U.I.A.
Princípio 5 - Obrigações para com os Colegas
5.3 Regra: quando propõem os seus serviços os arquitectos não devem indicar honorários, a menos que isso lhes seja solicitado. Devem dispor de informações suficientes sobre a natureza e dimensão do projecto, antes de fazerem uma proposta de honorários, a qual deve precisar claramente o âmbito dos serviços a prestar. Tal atitude visa proteger o cliente e a sociedade de arquitectos pouco escrupulosos que apresentem estimativas de preço insuficientes.
Aproveito também para agradecer à SRU por dificultar ainda mais esta luta, que também é nossa (dos outros arquitectos), em convencer promotores e clientes a recuperarem os seus imóveis na baixa. Digo dificultar porque obviamente não vou utilizar este tendencioso documento para os convencer que as equipas projectistas da Loja de Reabilitação são muito mais baratos, são os únicos que cumprem normas e que só através deles é que os projectos serão rapidamente e indiscutivelmente aprovados como já aconteceu durante o vergonhoso Programa URBCOM (sobre este e outros assuntos relacionados falarei na próxima participação com um exemplo concreto).
Este e-mail seguirá também para a Ordem,
Edgar Correia Soares, Arquitecto
Gaia vai fazendo o "trabalho de casa" de forma exemplar.
Duas notícias bem elucidativas:
- Centro Histórico de Gaia vai acolher hotel de luxo
- Masterplan pronto no final do mês
Entretanto saiu a revista da Câmara Municipal do Porto Nº11 - Julho/2006. Reparem como se promovem muitas obras privadas, que nada têm a ver com o município, excelente forma de propaganda de Rui Rio!
Miguel Oliveira
Caro Eric
Acha mesmo que é do terceiro mundo prevenir o efeito que mil convidados fazem em qualquer arruamento, seja aqui seja em Luanda? Qualquer que seja a perturbação de trânsito é melhor prevenir do que ignorar. Ou será por ser alguém de uma família notável que incomoda? A décima sexta manifestação da função pública já não mereceu qualquer reparo. Devo ser do quarto mundo, não entendo a diferença. É que já nem no terceiro mundo se usa este jargão classista.
Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário
Boa tarde!
Como em tudo, a teoria económica clássica estará certa em muitas das coisas que defende e errada em muitas outras. Se há principio nesta teoria que tem tido evidência empírica a seu favor é a defesa de que, por norma, os privados gerem melhor (não só financeiramente, mas também em termos de qualidade de serviço prestado) que as entidades públicas. As explicações para isso são várias:
- - O Estado não tem qualquer vantagem competitiva enquanto gestor de espaços culturais relativamente aos privados.
- - Qualquer entidade privada, por ter como objectivo dar lucro, tem também por objectivo satisfazer os seus clientes, já que estes são o garante do primeiro.
- - As entidades privadas não estão presas a pressões políticas nem populismos, sendo normalmente melhores gestoras do dinheiro público, quando devidamente fiscalizadas.
- - Acima de tudo, o Estado é, por norma, incapaz de compreender os custos reais subjacentes a certas decisões, o que não acontece com os privados.
E mais poderia ser dito, mas não quero deixar aqui nenhuma exposição teórica sobre teorias económicas. Peço apenas para se lembrarem do que aconteceu a muitas das empresas públicas entretanto privatizadas: conseguiram passar de prejuízos para lucros e ainda melhorar o serviço prestado. Tenho a certeza que, para cada caso em que tal não tenha acontecido, facilmente se encontram dois em que tal é verdadeiro.
Tudo isto para dizer que o Estado deve, na minha opinião, concentrar-se naquilo em que é insubstituível (Justiça, Segurança, etc) e naquilo em que os privados, seja por não deverem, seja por não poderem, não forem capazes de fornecer. Não quer isto dizer que o Estado não deve intervir nos outros sectores da economia quando achar que o interesse dos cidadãos não está a ser defendido, significa apenas que esas intervenção deve, digo eu, ser feita sem fazer do Estado gestor ou dono, já que nestes campos está mais que provado que o Estado é, no minimo, ineficiente, para não dizer imconpetente.
Assim, tem toda a lógica deixar a gestão do Rivoli para os privados, servindo o Estado apenas como apoiante de iniciativas que julge importante (como por exemplo, o Fantasporto) através de incentivos, subsídios e não só, mas deixando a gestão para quem é especializado nisso.
Um Estado que quer fazer tudo é um Estado que não faz nada.
Frederico Torre
--
Nota de TAF: de acordo. :-)
Desposa amanhã uma das donzelas do clã Mota-Engil. Vai daí, com medo que não houvesse lugar para que os mais de mil convidados pudessem calmamente estacionar, vai de cortar a via pública por 24h, com o beneplácito da Câmara Municipal do Porto, que aliás fez deslocar 4 dos seus funcionários para a colocação de 2 placas de sinalização.
Contactada telefonicamente a CMP, informaram-me que é por “razões de carga e descarga”. Talvez a dita donzela seja um pouco espaçosa. A ver vamos. Isto passa-se em Portugal. No Porto. Mais propriamente na rua de Sabrosa. Nem o José Eduardo dos Santos se lembraria de semelhante prepotência.
Atentamente,
EB
A ideia da Arqª. Paula Morais, de transformar o pavilhão Rosa Mota num espaço dedicado ao livro (A Casa do Livro), onde poderiam ocorrer bibliotecas temáticas periódicas, é muito interessante, tendo em conta o local privilegiado onde se encontra, bastante apelativo à tranquilidade e à prática da leitura. Desse ponto de vista, parece-me mesmo estar melhor localizado do que a própria Biblioteca Pública Municipal do Porto, em S. Lázaro, hoje em dia antro de prostituição, sujidade e vadiagem. Resta saber se a rentabilidade de tal projecto suportaria os custos de manutenção (ainda que minimizados em relação ao Multiusos). Não sei se não seria de aproveitar a ideia para conjugar o tema do "livro" (por exemplo) com o tema da "arte" e articulá-los em simultâneo no mesmo espaço a fim de o tornar um pouco mais dinâmico e atractivo.
De qualquer forma, estou inteiramente de acordo com a ideia de acabar definitivamente naquele espaço com a festa da Queima das Fitas ou qualquer outro tipo de manifestações, onde a balbúrdia e o álcool são o "prato do dia" garantido.
O problema, nesta como em todas as obras pretensamente interessantes para o grande público, está sempre a jusante. Há sempre quem se prontifique a executá-las com ideias altamente arrojadas, mas depois de concluídas a frustração é quase sempre inevitável. Ora são os materiais seleccionados, ora são os acabamentos, fica sempre no ar uma imagem de inacabado, de mau gosto e de impreparação dos supostos responsáveis. Fica enfim a eterna imagem de que continuam a ser oferecidas "pérolas a porcos", ou seja, a ser dada a primazia aos oportunistas e aos incompetentes. Mas como quem manda pode, e eu não posso mandar em quem manda, fico-me pela constatação dos factos e pelo meu impotente comentário...
Rui Valente
Sou a favor que se privatizem os serviços do Governo central que tem custos materiais e produtivos, já quanto à privatização de serviços próximos do cidadão, os do município acho que não muda nada.
Privatizar numa maioria governativa nunca pode ser benefício, nem podemos encarar este facto com esta passividade, o municipio privatizou quase há um mês um bem natural que é de todos e nem sequer pediu a nossa opnião. Isto são assuntos para debater até à exaustão, para serem paulatinamente aplicados e verificados, lembrem-se que ninguém nos indemniza se falhar. Pode até estar muito correcto mas não é assim pela segregação, e depois pela pressão, que se privatiza aquilo que o povo manteve por tantos anos.
Não concordo com o método, não conheço a forma, e cheques em branco, a uma maioria que agora só se preocupa em descartar património, eu não assino.
Repito o repto do Tiago quanto à pergunta de António Alves e pensem bem na descapitalização, se tem custos para o orçamento municipal também tem verba cabimentada no OE.
Cristina Santos
A propósito do escrito pelo Sr. Luis Sousa e porque na última quarta-feira fiz a pé todas as ruas que ficam no interior do quarteirão Praça, Almeida Garrett, Flores, S.Domingos, Belomonte, Taipas, Cordoria e Clérigos, pude também verificar que neste momento há realmente muito trânsito no arruamento sul da Praça da Liberdade. Mas não fiquei muito preocupado porque também verifiquei que tal é devido às obras na Praça Almeida Garrett e pareceu-me que quando tudo pronto haverá fluência e parecerá que haverá menos trânsito.
O que me assustou foi o estado de degradação geral de todo o edificado naquele quarteirão. Eu sempre conheci como velhas as ruas de Belomonte, S.Miguel (eu tenho ideia de que já foi nesta rua o Arquivo de Identificação), S. Bento da Vitória, de Trás, Caldeireiros, etc, mas realmente nada foi feito durante mais de meio século ou mesmo mais. Não acredito que seja possível recuperar tudo, mesmo em meio século, e menos acredito que volte a haver tanto morador para encher tanta casa, já que as pessoas se vão aproximando dos seus locais de trabalho ou de maior oferta deste, e não vejo que incentivos possam ter para fazerem o contrário.
Quanto a zonas só para peões, é preciso muito cuidado para estabelecê-las. Santa Catarina melhorou muito com o estacionamento no Via Catarina e nos Poveiros. O mesmo aconteceu em Brito Capêlo, Matosinhos, depois dos estacionamentos que foram feitos nas proximidades. O Porto não é uma grande capital europeia como Londres, onde quem quer ir de carro à baixa até tem que pagar uma portagem. Somos pobres e somos pequenos como país e como cidade.
Saudações
Francisco Oliveira
Caros participantes
A propósito dos Aliados fiz em tempos aqui referência àquele que considero ser um factor fundamental a todo e qualquer processo de revitalização urbana: as ocupações, ou utilizações, dos espaços edificados. Pois bem, tendo também já aqui expressado por algumas vezes a minha opinião de que os frutos da participação e discussão pública sobre os assuntos da Cidade são sempre benéficos para a Urbe, aproveito então a recente notícia sobre o futuro do Pavilhão Rosa Mota para lançar um repto aos participantes deste excelente espaço de debate público que é “A Baixa do Porto”: encontrar em conjunto uma utilização para esta notável obra de arquitectura.
A título de incentivo para o debate, devo dizer desde já que discordo da ideia entretanto apontada de destinar o Rosa Mota a um Pavilhão Multiusos, ainda que tenha sido essa a sua função (de forma espontânea) nos últimos tempos. A minha principal justificação para esta discordância é desde logo a questão dos custos (quer de construção, neste caso reabilitação e readaptação, quer de manutenção) que um pavilhão deste tipo comporta. Por não ter uma utilização direccionada ou específica, toda a estrutura edificada deverá então ser preparada para receber as mais diversas ocupações – espectáculos musicais, desportivos, feiras, exposições, etc. Por sua vez, cada uma dessas possíveis ocupações comporta requisitos específicos e não raramente opostos, de iluminação, acústica, térmicos, entre outros. Deste modo os custos, quer de instalação, quer depois de manutenção, são então necessariamente reflexo de tal diversidade e complexidade, ou seja, elevados.
Por outro lado, por se implantar num espaço cuja principal característica é, na minha opinião, a excelente aproximação da Cidade com a Natureza (os Jardins do Palácio de Cristal, com magníficos exemplares de “património verde”), entendo também que as futuras utilizações do Rosa Mota, ao contrário do que já muitas vezes sucedeu com arraiais e concertos de “Queimas das Fitas”, não devem colocar em risco nem oferecer perigos a tal património.
Por estas razões entendo que a utilização a dar a este espaço deve ser direccionada e especializada, bem como deve apresentar-se ambientalmente compatível com as características dos espaços verdes que o envolvem. A minha sugestão é a seguinte: da mesma forma que a cidade já possui um edifício direccionado especificamente para a Música, e que, como se pode comprovar, também por uma notícia recente, se mostra perfeitamente capaz de responder às necessidades nesta área, porque não ter um edifício especializado em Livros, neste caso, uma Casa do Livro? Por possuir as condições de iluminação que um espaço destinado a leitura requer, bem como uma localização central, estar dotado de um parque de estacionamento e possuir uma envolvente já consolidada, com alguns equipamentos de apoio já instalados (como a Biblioteca Municipal Almeida Garrett, mais dirigida a um público juvenil, e o auditório que a acompanha), as obras a realizar não comportariam custos tão elevados. Por outro lado, poder-se-ia aproveitar o excelente legado de livros que a Biblioteca Pública Municipal do Porto (localizada em São Lázaro) possui – um dos mais completos do País –, e organizar, por exemplo, bibliotecas periódicas especializadas: os livros disponibilizados para consulta no Pavilhão seriam organizados tematicamente de acordo com períodos temporais pré-definidos e durante todo o ano (com horários alargados e extensíveis a Domingos e Feriados); por exemplo, um mês dedicado a livros de História, outro mês dedicado a livros de Arte, outro a livros científicos, etc. O espaço de leitura poderia também ser acompanhado com espaços relacionados com os Livros, tais como espaços para apresentação e lançamento de obras literárias, espaços para exposições, espaços para cibernautas, entre outros.
Entendo ainda que uma ocupação deste género, pela localização e acessibilidade que possuí, traria igualmente benefícios à escala metropolitana, uma vez que poderiam ser realizadas parcerias e redes de cooperação entre diferentes bibliotecas da região (bibliotecas públicas municipais, bibliotecas de universidades e outros estabelecimentos de ensino, de entidades privadas, etc).
Paula Morais
Arquitecta
PS – Já agora, sobre a importância da iniciativa privada na gestão municipal, deixo aqui o meu habitual exemplo: os BID’s de algumas cidades norte-americanas, que, curiosamente, tiveram origem em questões de limpeza do espaço público.
Nesta questão do Rivoli há uma coisa que me preocupa: acautelará a CMP a realização do Fantasporto, mesmo quando o Teatro estiver concessionado a uma entidade privada? O Fantas é um evento demasiado importante para a vida cultural da cidade, assim como para a sua projecção internacional, devendo ser acautelada a sua realização no futuro.
António Alves
A intenção da Câmara de privatizar o serviço de recolha do lixo agrada-me, embora os métodos sejam os piores e mostrem uma falta de coragem política para resolver um problema aparentemente tão simples e que com a evocação de um melhor serviço e economicamente mais viável reuniria um apoio unânime junto dos munícipes.
A reconversão do Palácio das Cardosas em Hotel de Luxo foi acolhida com entusiasmo por grande parte da sociedade portuense pois encaram-na como um pólo atractivo que trará maior vivência à Baixa. Se o empreendimento for bem sucedido, os turistas que nos visitam terão o seu quarto junto à "Sala de Visitas da Cidade", com banhos de rio ou de "piscina" a poucos metros de distância. Como pedestre convicto que sou, ando e observo a realidade do Porto com mais calma que os aficionados do "Grande Prémio da Boavista", e vou reparando que em frente aos Hotéis da Cidade os turistas embarcam em autocarros privados a várias horas do dia, com preferência para as 10 e 17 horas, o que não causa grande embaraço ao trânsito automóvel pois esses hotéis normalmente estão situados em ruas pouco movimentadas, ou quando isto não acontece possuem uma entrada recuada em relação à rua o que permite o estacionamento dos ditos autocarros. Pois então eu aguardo para ver o que vai suceder no Palácio das Cardosas que se encontra provavelmente na zona de maior tráfego automóvel na zona baixa da cidade, sem possibilidade de estacionamento dos ditos autocarros em nenhum dos seus alçados laterais e na fachada principal as coisas ainda se complicam mais, pois têm logo em frente o cruzamento mais caótico da cidade, tem paragens de alguns transportes públicos e no futuro terá supostamente uma linha de eléctrico a funcionar de forma regular. É um problema de tráfego automóvel e de mobilidade que vou seguir com atenção pois desde há algum tempo acho que a intervenção na Avenida dos Aliados teria sido uma boa oportunidade para repensar o trânsito automóvel numa zona que muitos pretendem que se assuma como espaço público qualificado. Não penso que uma mega-rotunda circundada por carros (minto, às vezes também a atravessam a meio) e sem equipamentos dinamizadores no seu centro possa algum dia ser um verdadeiro espaço público qualificado. Caros automobilistas compulsivos o centro histórico vive-se melhor a pé, sem fumos e com liberdade de movimento maior do que aquela que temos com as peles de zebra mal estendidas em floreados graníticos. Convido-os a espreitarem a evolução das cidades europeias que há 40 ou 30 anos viviam este excesso de tráfego automóvel nas suas zonas mais emblemáticas, como nós nos confrontamos agora, e vejam a libertação gradual de grandes praças e de ruas do tráfego automóvel a favor dos pedestres (vejam o antes e o depois e escolham o que mais vos agradaria ver no Porto).
Em relação à gestão privada de determinados equipamentos, culturais e não só, é muitas vezes do ponto de vista da gestão económica e programática uma boa opção. Porém não sei se já repararam que por vezes esta opção limita a nossa utilização do bem público. Barram-nos a máquina fotográfica à entrada (apelando motivos de segurança) não nos deixam entrar com mochilas onde temos material essencial para o exercício do desenho achando que esta prática se limita ao acto de riscar num bloco com um mero lápis, isto quando não nos barram também o lápis e o bloco à entrada apelando ao envio de um requerimento à administração para obter autorização para poder praticar uma linguagem tão natural como a que nos sai pela boca quando falamos... numa palavra RIDÍCULO, (pior que isto só mesmo um segurança que me impediu de percorrer e de me deleitar na relva do Museu Serralves há um mês atrás) mas enfim.
Cumprimentos
Luís Sousa
Caro amigo
Vamos mentalizar-nos de uma situação – a Porto Vivo está a agir como uma privada, para as empresas de reabilitação é uma concorrente em vez de uma aliada, já entendemos que o objectivo desta entidade não passa por incentivar a reabilitação, passa por dar exemplos de reabilitação mostrando como se lucra com isso.
A minha opinião sincera é que o mercado corrente tem parcerias melhores e mais eficientes, mas a Porto Vivo goza de outras vantagens burocráticas, a Porto Vivo está no sistema e faz parte dele – vai ser difícil concorrer contra isso, nós as PME estamos condenadas a ficar de fora na primeira rodada. O que realço é que esta estratégia não é nova, as empresas de reabilitação já a praticam há algum tempo e o objectivo de todas é estabelecer as melhores parcerias.
A parceria da Porto Vivo é limitada, porque devia ter parceiros em vários tipos de mercado – pelo menos o intermédio e o de luxo. Mas é o luxo que escolheu e é no luxo que tenta estabelecer a melhor parceria, já se sabe que quem não tiver poder de compra tem que procurar outra empresa.
Agora não se pode garantir desconto ao cliente numa empresa em que não se acordou essa colaboração, se escolheu como fornecedor o Mesquita madeiras não pode garantir desconto na carpitaria do Ti Zé. Nisto tudo só há uma certeza quem tem a melhor parceria tem a melhor empresa.
E não te preocupes, porque se a Porto Vivo não seguir essa lógica fica fora do mercado num instantinho, para mim esta parceria pode ir por água abaixo devido a um aspecto que eles vão sentir e não tarda. Numa obra de restauro quase não pode haver stocks de materiais, ora estabelecer parcerias com empresas com sede no Sul, que não têm hipótese de andar a enviar camiões a meia carga... faltar 2 vigas por defeito no corte e esperar 3 dias... encomendar por fax com 15 dias de antecedência, aquilo que se pode fazer pelo telefone em qualquer boa empresa da região... isso só mesmo para empresas públicas (safam-se sempre nos prazos acordados)... Mas vamos aguardar o número de candidaturas a esse programa para verificar se a Porto Vivo acertou na parceria.
Um abraço
Cristina Santos