De: Frederico Torre - "O papel do Estado e o Rivoli"

Submetido por taf em Sexta, 2006-07-21 16:16

Boa tarde!

Como em tudo, a teoria económica clássica estará certa em muitas das coisas que defende e errada em muitas outras. Se há principio nesta teoria que tem tido evidência empírica a seu favor é a defesa de que, por norma, os privados gerem melhor (não só financeiramente, mas também em termos de qualidade de serviço prestado) que as entidades públicas. As explicações para isso são várias:

  • - O Estado não tem qualquer vantagem competitiva enquanto gestor de espaços culturais relativamente aos privados.
  • - Qualquer entidade privada, por ter como objectivo dar lucro, tem também por objectivo satisfazer os seus clientes, já que estes são o garante do primeiro.
  • - As entidades privadas não estão presas a pressões políticas nem populismos, sendo normalmente melhores gestoras do dinheiro público, quando devidamente fiscalizadas.
  • - Acima de tudo, o Estado é, por norma, incapaz de compreender os custos reais subjacentes a certas decisões, o que não acontece com os privados.

E mais poderia ser dito, mas não quero deixar aqui nenhuma exposição teórica sobre teorias económicas. Peço apenas para se lembrarem do que aconteceu a muitas das empresas públicas entretanto privatizadas: conseguiram passar de prejuízos para lucros e ainda melhorar o serviço prestado. Tenho a certeza que, para cada caso em que tal não tenha acontecido, facilmente se encontram dois em que tal é verdadeiro.

Tudo isto para dizer que o Estado deve, na minha opinião, concentrar-se naquilo em que é insubstituível (Justiça, Segurança, etc) e naquilo em que os privados, seja por não deverem, seja por não poderem, não forem capazes de fornecer. Não quer isto dizer que o Estado não deve intervir nos outros sectores da economia quando achar que o interesse dos cidadãos não está a ser defendido, significa apenas que esas intervenção deve, digo eu, ser feita sem fazer do Estado gestor ou dono, já que nestes campos está mais que provado que o Estado é, no minimo, ineficiente, para não dizer imconpetente.

Assim, tem toda a lógica deixar a gestão do Rivoli para os privados, servindo o Estado apenas como apoiante de iniciativas que julge importante (como por exemplo, o Fantasporto) através de incentivos, subsídios e não só, mas deixando a gestão para quem é especializado nisso.

Um Estado que quer fazer tudo é um Estado que não faz nada.

Frederico Torre
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Nota de TAF: de acordo. :-)