2012-05-13
Mais uma triste notícia - Rosa Mota perdeu verbas porque falta dinheiro para suportar custo total - da nossa cidade parada. É óbvio que não me surpreende, mas é lamentável como se perde mais uma vez fundos para reabilitar a Cidade. Aliás já qui tinha alertado que achava que iria ser esse o destino da obra... Depois de perder os fundos para reabilitar a Circunvalação, agora é a vez de perder os fundos para o Rosa Mota.
Neste caso, na minha opinião, é mais grave ainda. Por um lado o Pavilhão não tem tido manutenção e por isso está num estado crítico. Quem lá vai a eventos vê bem que o Pavilhão começa a ter problemas estruturais. Por outro lado, de uma vez por todas, a Câmara Municipal tem de explicar o que correu mal neste processo. Ou andaram a enganar todos a fingir que estavam a fazer os projectos e as candidaturas, ou então é muita incompetência. Já agora seria importante saber quanto é que a Câmara do Porto já gastou em estudos e projectos de preparação desta obra. Para quem não se lembra este projecto foi apresentado em 2009, por coincidência a poucos meses das eleições autarquicas (viva a demagogia dos políticos) e as obras deveriam estar concluidas em 2013! Estamos em 2012... Enfim, quem perde é o Porto...
Pois é... não há dinheiro! A crise tem destas coisas, destes finais felizes (esperemos). Sem resgate, os BPN's deste país continuariam a financiar estes esquemas fraudulentos que o Povo português engole satisfeito com o acompanhamento do costume: a droga, a marginalidade, os rendimentos mínimos, a corja que merece o calabouço, a deportação, etc., etc.. Mas os verdadeiros criminosos esses andam por aí de colarinho branco... Ainda segundo a notícia do JN (versão papel), a autarquia apreçou-se em corrigir a fonte da notícia - uma jurista da sociedade Abreu Advogados que montou o negócio - dizendo que as participações no fundo mudaram de mãos e o principal investidor, o sr. Vitor Raposo, deixou de subscrever os 60% do Fundo, passando agora a ESPART a ter a posição dominante com cerca de 58%. Entretanto, os amigos defendem que o negócio é importante demais e que não se pode perder, pelo que a Câmara Municipal do Porto deve assegurar o negócio injetando o dinheiro que falta. Assim defendeu o prestigiado advogado portuense Lobo Xavier. Há no entanto outras questões por responder:
- 1) O sr. Vitor Raposo já não detem 60% do Fundo, mas segundo o JN já investiu 2 milhões de euros. Onde foi este senhor buscar o dinheiro? Quem o financiou? Tem fortuna pessoal que sustente tamanho investimento? Relembro aos mais esquecidos que este senhor, em 2007, apresentou ao Fisco rendimentos de 34.128 euros! Em 2008, 31.307 euros! Uma das suas empresas, a DULIVIRA tinha, em 2008, quase 10 milhões de euros de dívidas a terceiros! E um saldo liquido que acumulava prejuízos nos três anos anteriores, desde 2006, respectivamente 275 mil, 181 mil e outros 181 mil. No entanto, essa mesma empresa adquiriu, em 2005, terrenos com forte potencial urbanístico em Gaia. 15 hectares de frente para o mar o que envolveu 28 milhões, prevendo o contrato a cedência da posição da empresa DULVIRA a um fundo imobiliário (semelhante ao do Aleixo, semelhante aos dos terrenos para o IPO em Oeiras) gerido pela GESFIMO, a mesma gestora que surge associada ao negocio do Aleixo. Mais não sabemos sobre os rendimentos atuais do sr. Vitor Raposo, mas provavelmente terá ganho o EUROMILHÕES!
- 2) O Fundo de Investimento Imobiliário do Aleixo foi constituído ao abrigo de disposições legais que prevêem a requalificação urbana. Onde está, como prevê o contrato, a reabilitação dos quarteirões da Baixa?
- 3) O mesmo fundo prevê a construção de habitação nova para os moradores do Aleixo. Onde está a ser construída?
- 4) O mesmo fundo prevê, por último, um leque abrangente de isenções fiscais em sede de IVA, IRC, IMI, IMT! Vai o Ministério das Finanças, num quadro de resgate financeiro, que por exemplo acabou com as isenções de IMI, permitir que estes malandros encham os bolsos à custa de todos?
Enfim, pobre país o nosso! Pobre gente a nossa que se deixa enganar com tamanha facilidade. Bem sei que muitos serão os que virão contrapor com os problemas do Aleixo que merecem um fim. Também concordo! Mas nunca este, pois a principal prejudicada será a cidade do Porto! A cidade dá de barato um terreno valiosíssimo e transfere o problema da droga para a Pasteleira Nova, para o Pinheiro Torres, bairros aqui ao lado! Sempre que me debruço sobre este assunto lembro-me das palavras lapidares de Paulo Morais (aquele que escreveu uma carta aos moradores do Aleixo comprometendo-se que não haveria demolições no Aleixo e que nada seria feito contra a sua vontade!) escritas em artigo de opinião do JN: 'agora se troca o tráfico de droga pelo tráfico dos terrenos'!
- Falta de verbas põe em causa negócio do Bairro do Aleixo
Eu avisei, e avisei, e avisei, e avisei, e avisei...
Pela positiva, aqui ficam também as ligações para outros três posts meus: Aleixo, Aleixo, finalmente! e As minhas sugestões para o Aleixo.
Lembro também esta iniciativa de 2005.
Para contextualizar o negócio: Alguns dados sobre o Aleixo, Aleixo e outros apontadores e Negócio do Aleixo.
A propósito do projecto que tem em vista a alteração da Rua das Flores para uma rua pedonal suscita-me a dúvida da pertinência deste tipo de pensamento de que, de forma unívoca, o corte de trânsito é necessariamente uma mais valia. Obviamente que não nego o carácter lesivo do automóvel dentro da cidade. No entanto não posso deixar de achar que a questão não pode ser pensada sob um ponto de vista linear. Veja-se Sta. Catarina, Cedofeita, ou mesmo várias ruas de Lyon, que resultam como percursos pedonais dado o cariz dos serviços que as ladeiam. Não obstante, a Rua das Flores pode muito bem tornar-se uma artéria comercial viva e rica, não pode é cair na desregulação que se vê em Miguel Bombarda.
Em jeito de conclusão, não concordando integralmente, cito esta passagem:
“[...]Por outro lado, há o risco de a Rua do Chiado passar a ser exclusivamente reservada a peões, como já o são algumas das ruas da Baixa. Sou contrário a isso porque agrava os problemas do tráfego, e , ao mesmo tempo, torna as ruas mais inseguras durante a noite, provocando a fuga dos habitantes. Basta observar as ruas reservadas a peões na Holanda, por exemplo em Haia, para nos apercebermos deste problema. Prefiro a convivência entre peões e automóveis, que é tão viva em Roma, na multiplicidade dos diálogos e porventura dos insultos. Considero que é indispensável evitar pontos de ruptura na continuidade da cidade. Esta insistência paternalista em reduzir ou eliminar os perigos é contraproducente, porque quando uma pessoa sai de uma rua reservada a peões encontra repentinamente todas aquelas ameaças das quais está menos habituada a defender-se. O peão sabe mover-se na cidade, sem serem necessárias protecções obsessivas, como demonstram os quilómetros de canais em Veneza, sem parapeitos e sem vítimas. A piscina de Leça da Palmeira funciona ilegalmente porque não foram aplicadas algumas medidas de segurança; não obstante, nunca ali se verificou qualquer incidente.”
Álvaro Siza, Imaginar a Evidência, Edições 70, Lisboa, 2000, Pág. 101
“O Porto em Miniatura” é uma exposição de maquetas dos magníficos monumentos do Porto e que estará na Estação de S. Bento (na ala Esquerda, com acesso pela gare da estação) até ao Verão (pelo menos). Quero com estas fotografias apelar aos Portuenses que visitem em massa esta exposição… Ficaremos a conhecer melhor esta cidade a partir destes modelos à escala feitos por um senhor – já falecido – que se dedicou a este métier com afinco e dedicação durante vinte e oito anos (28!) da sua vida! É muito amor a esta causa que está ali em jogo, feita em madeira, cola e cartolina.
- “Como é a Estação de S. Bento?” (está lá na exposição, comparar por favor o modelo à escala e o edifício ele próprio)
- “Como era o antigo Palácio de Cristal?” (está lá na exposição)
- “Ter uma noção mais global da forma e composição do magnífico conjunto igreja e torre dos Clérigos!” (está lá na exposição)
- “Ter uma noção mais global da forma e composição do magnífico conjunto Sé Catedral – Palácio Episcopal” (estão lá na exposição, com o amplo terreiro com o pelourinho (da Sé) e o claustro a unirem e envolverem o conjunto)
- “A cadeia da Relação é “mesmo” triangular?” (está lá na exposição – magnífica implantação de um edifício magistral, original, austero, imponente, ainda hoje funcionante e funcional…)
- “Como eram - e são ainda - os antigos urinóis e quiosques do Porto? Imperdíveis peças de design urbano – nossa filiação nas escolas francesas do séc. XIX – o estilo “Beaux Arts”” (estão lá na exposição)
Algum merchandising alusivo aos monumentos - “bom e barato” - acompanha a exposição. Obrigatório comprar. Passo a publicidade. O Porto merece. O turismo precisa de “ideias” destas para ganhar corpo e expressão em acontecimentos que à cidade digam respeito.
... Ver imagens em PDF.
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Nota de TAF: Tal como noutro post anterior, este texto estava pendente para publicação há já algum tempo. As minhas desculpas ao Pedro.
Como se entende submergir uma linha ferroviária centenária, cheia de história e que é a coluna vertebral de Trás-os-Montes, passando pelo complexo a reactivar no Cachão e devendo é ser ligada de Bragança a Puebla de Sanábria, onde chegará a Alta Velocidade Espanhola, colocando-nos a 1h30 dos turistas e empresários de Madrid?
Isto é desenvolver o País, que só “miúdos patetas” que fazem projectos a partir do Terreiro do Paço e em Google Maps, que devem achar que Mirandela fica nas Beiras, não entendem. Como é possível que Miguel Sousa Tavares, um portuense de nascimento, venha falar de linha de bitola europeia em vez de TGV? Caro senhor, TGV é uma marca de comboios que circula em linhas de bitola, isto é, de largura entre carris, europeia. Não tem nada a ver com TGV's, mas com a substituição da tradicional bitola ibérica que impede a continuidade de circulação na entrada em França.
Não percebem que o despovoamento do interior Norte está directamente ligado ao encerramento das linhas ferroviárias do Corgo, Sabor, Tâmega, Tua e agora Minho e Douro? Que demora 3h40 a ir do Porto a Vigo por Caminho de Ferro? E depois temos os autarcas sem coluna vertebral a quem uma independente e forte liderança política regional, não a dos favores da CCDR, muito bem faria.
José Ferraz Alves
Futuro Partido do Norte
Se há alguma coisa de agradável na VCI, que aparentemente nada tem, são algumas das suas bordas verdejantes. Aparentemente e por conta da poluição sonora, a Estradas de Portugal, ou lá que entidade é, está a colocar barreiras acústicas, preparando-se para emparedar esta parte da cidade como se de alguma auto-estrada se tratasse. Chama-se a isto substituir uma poluição por outra, quanto a mim bastante pior.
Ao menos tivessem o cuidado de escolher outras barreiras acústicas.
Ao menos colocassem outras cores.
Ao menos vamos ter ao longo da VCI uma exposição permanente de graffitis.
Ao menos houvesse bom senso...
"Caixa financia até 83,5 milhões na OPA à Brisa", em Diário Económico de 2012.05.15
Esta Caixa… é a Geral de Depósitos, o único Banco Público, logo a que mais devia promover o desenvolvimento, algo que não se decide por decreto mas que necessita de projectos e de fundos para o investimento. A Caixa Geral de Depósitos é a entidade financeira que tem sido partilhada pelo PS e pelo PSD e que, recentemente, com o BCP tomado pelo PS, é de uma paz financeira e convivência que agrada a "todos". O apoio à OPA da Brisa é troca de dinheiro entre accionistas, que muito provavelmente será colocado logo fora do país.
É a Caixa que devia apoiar os PPP – Pequenos Projectos Possíveis, esquecidos pelos capitais de risco público e Business Angels - que vivem do dinheiro dos primeiros – e que julgam que vai aparecer na esquina mais uma Google, uma Apple, um Facebook, que lhes renderá muitos milhares de milhões. E que só investem acima de 1 milhão de euros, dado não têm tempo nem paciência nem humildade para coisas pequenas. Nem são apoiados pelo “crédito-micro” que temos no País, sem carências de juro e mínimas de capital e com spreads aviltantes, dado que são garantidos pelo Sistema de Garantias Mútuas do Estado. Portugal não apoia o empreendedorismo. Diz que sim. O que se passa nestas cabeças dos decisores económicos e políticos? “Fetiches” do tempo em que jogavam monopólio na infância - E como o humorista Bruno Nogueira muito bem retratou, deveria ter muitos recursos de Isaltino Morais quando saía a carta “vá para a cadeia” -.
O Movimento Partido do Norte, futura Federação de Partidos com sedes em várias Regiões do País, o Partido Português das Regiões, aprova a constituição de um Banco de raiz privada, sem intervenção pública, com cariz social e que terá intervenção nas regiões. Mas coloca-se longe dele, apenas o apoiará na guerra forte que lhe será movida para a sua constituição. Não precisa de intervenção pública, porque será auto-regulado pelo mecanismo das Empresas Sociais criado pelo Yunus e ficará fora do apetite dos jogadores de monopólio.
No MPN, aprendemos com o Governo Britânico, que aprovou uma comissão liquidatária que percorreu todo o sistema financeiro do país, em busca de contas com dinheiros de dividendos e juros de obrigações, e que acumularam 20 mil milhões de libras para o apoio à acção social neste país. Aprendemos com o Hospital Psiquiátrico de Girona, que se converteu no terceiro maior produtor e vendedor de produtos lacticínios na Catalunha e cujos colaboradores ajudam as suas famílias, com os salários que auferem (empreendedorismo social). Aprendemos com o que se passou com as Caixas Espanholas, cuja intervenção dos políticos na sua gestão está na raiz dos seus problemas financeiros.
Aprendemos com Muhamnad Yunus, em que ser Empresa Social tem apenas quatro regras estatutárias que fazem a diferença toda: 1º O capital dos accionistas é remunerado como se de um financiamento com risco accionista se tratasse; 2º Não pode distribuir dividendos, tendo de reinvestir os existentes na sua missão ou praticar preços que os eliminem; 3º Tem de ser sustentável económico e financeiramente; 4º Os gestores recebem “success-fee”, não pelos lucros, mas pelos novos empreendedores sustentáveis que apoiem, pelo número de empregos que ajudem a criar, pelo número de casas habitadas que consigam financiar na reabilitação.
José Ferraz Alves
Secretário Geral Movimento Partido do Norte
Continuam a realizar-se os “passeios JN pelo Porto”, aos últimos domingos de cada mês, passeios magnificamente guiados pelo Germano Silva. Este aqui relatado foi em Campanhã e muito se aprende ouvindo Germano Silva. Foi uma autêntica missa protestante, com Germano como Pregador (aos peixes…). Nas imagens:
- A Praça da Corujeira, espelho da degradação do espaço público desta “zona Oriental”… excluída do glamour e pseudo-glamour do “West Side”, sempre o preferido da CMP laranja…
- Os bairros do Falcão e do Monte da Bela, a provar que os edifícios com os materiais à vista se revelam bem mais expressivos que outros que conhecemos: Betão, Pedra, Tijolo e Madeira… também a provar a feliz ideia da CMP – incluída na renovação das fachadas dos bairros – que é a execução das obras de fecho das entradas e caixas de escada exteriores dos bairros sociais… faz sentido, dada a devassa da entrada a que os inquilinos nestas situações estão sujeitos.
- Impressionante foi o número de pessoas – cerca de 200 – que acabou por participar nesta “autêntica acção de Cidadania” que é “Conhecermos a nossa cidade”… ”Mestre Germano não dura para sempre. Portuenses, aproveitai a sua sabedoria!”
... Ver resto do texto e imagens em PDF.
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Nota de TAF: Este texto estava pendente para publicação há já algum tempo (atrasei-me...), mas não perdeu actualidade.
Não percam mesmo a oportunidade de recuar durante quase meia hora até ao Porto de 1956, conforme sugestão aqui deixada por Teodósio Dias.
Outros apontadores:
- Achegas sobre o Porto Barroco I
- Achegas sobre o Porto Barroco II
- Achegas sobre o Porto Barroco III
- Sé do Porto - Demolição da zona envolvente nos anos 40
- O funicular dos Guindais original
- Terrasse Elisabete (projecto do Alexandre Burmester)
- Bancos têm 3,5 mil milhões de euros em casas para vender
- Entrega da casa paga dívida?