2010-01-31
A Campo Aberto e o Movimento de Defesa do Rio Tinto vêm convidar todos os interessados a uma visita de campo com o objectivo de conhecer os problemas deste curso de água, nomeadamente o entubamento recentemente levado a cabo pela Metro do Porto, a ocupação das margens e os locais ameaçados por cheias.
Numa terra onde as árvores escasseiam e a qualidade do tecido urbano é medíocre, alguns terrenos arborizados têm mesmo assim vindo a ser destruídos, como o sócio e colaborador da Campo Aberto Paulo Moura testemunhou há dias - tendo sido violentamente agredido por isso (ver notícia no JN). Queremo-nos, por isso, solidarizar com o Paulo e com todos aqueles que procuram evitar mais barbáries ambientais em Rio Tinto.
A visita inicia-se junto às Piscinas Municipais de Rio Tinto pelas 10:30 de Domingo (7 de Fevereiro). Lembramos que existe uma estação de comboio muito perto (consulte os horários). A Campo Aberto oferecerá um Mapa Verde a todos os que se deslocarem de comboio.
Apareça!
Na sexta-feira 5 de Fevereiro estive presente num debate na RTV a propósito da imposição de portagens nas SCUTs, com autarcas, deputado, movimentos de cidadãos. Num dado momento do debate, e porque se falava em termos menos apreciativos de infra-estruturas cruciais como o Metro do Porto, eu apelei para que as pessoas do Norte passassem a ser as primeiras a saber defender a sua região e a não se deixarem levar pela enxurrada de desinformação e leveza com que os órgãos de comunicação e comentadores de opinião nos tratam.
Exemplo disto é a convicção que aqui no Porto todos temos que a Câmara da cidade mais não fez, em dado momento, do que beneficiar um clube da cidade, quando no silêncio passam os 86 milhões de euros com que todos contribuimos, via Câmara de Lisboa, para o novo Estádio da Luz. Em minha defesa, esteve o ter pedido aos presentes e espectadores que lessem o nosso blogue A Baixa do Porto, em que sucessivos e documentados trabalhos do Daniel Rodrigues, do Rui Rodrigues, da Cristina Santos, do Tiago, do Jose Silva, do António Alves, ..., nos apresentam algumas realidades, com o benefício de um livre e democrático direito ao contraditório, o que permite afinar e precisar conclusões. Como pedi aos presentes para virem ao nosso blogue, e com a certeza que consegui colocar Castanheira de Pêra no mapa, as minhas desculpas, mas a estação da Refer em causa é a da Castanheira do Ribatejo e o seu valor 30 milhões de euros, mais próxima da capital, o que ainda é muito convenhamos, sobretudo para as moscas que por lá partilham o espaço.
A estação de Castanheira do Ribatejo está localizada 3 Km a Norte de Vila Franca de Xira. A sua plataforma vai aniquilar dos melhores terrenos agrícolas de classe A. Nos países ricos da Europa investem sobretudo no material circulante e na via férrea. Em Portugal, investem sobretudo nas estações e no betão. E vendem-se automotoras como as da Linha do Vouga para turismo ferroviário no Perú! Gastar 30 milhões de euros para uma estação ficar às moscas é surpreendente... Depois admiram-se que a dívida da REFER já se eleve a mais de 5 mil milhões de euros.
Obrigado, Rui Rodrigues.
José Ferraz Alves
De repente parece haver uma sensação demasiado abrangente neste nosso país que em tudo de “público” aparecem sempre os mesmos. O descontentamento com o não evoluir do país é tremendo e evidentemente que tende a aumentar. Se olharmos para a AR, para o Goveno, para os Partidos, para os Juízes, para onde quer que seja, é sempre mais do mesmo. Não que se não vá aprendendo com o andar da vida, mas muitas vezes o que se aprende e apreende não resulta e, a partir de determinada fase da vida de cada um, certas normas que foram sendo instituidas irão perdurar para sempre. Não há qualquer hipotese de mudança diferentemente positiva com as mesmas pessoas, mesmo que não as mesmas consecutivamente, se “o que vier a seguir foi o que já lá esteve”.
Se pensarmos que amanhã quem hoje é governo deixar de ser, quem virá hipoteticamente ocupar aquele lugar claro que é alguém sobejamente conhecido. Porventura de momento ninguém se posiciona – se necessário for, e espera-se que não - de não igual, de diferente, para dar um passo em frente, por certo de momento unicamente a iniciativa presidencial poderia resolver o problema a curto prazo, e depois? Mais do mesmo, mais dos mesmos, sendo que podendo não ser os que lá ainda estão, mas os que já estiveram, e os que fazem tudo para lá conseguirem chegar. Mas são sempre os mesmos, é um repetir de pessoas, de factos, de cadeias de comunicação, de informação, de governação. E se se acha que tudo tem de mudar, nada vai mudar com mais do mesmo. Assim, lentamente, sem sobressaltos, sem mais confusões temos de sentir que irão paulatinanemte de “todos” os lados, sem excepção aparecer “outros”, diferentes, sem compromissos com quem lá está ou lá esteve. Mais do mesmo, já basta assim.
Não vamos para já assumir que a mudança só exequível se implicar mudar o regime, passar de uma democracia a uma ditadura. Não! Apesar de ser um desejo abertamente pronunciado por alguns, e pensado por muitos mais, não terá de ser por aí. Podemos, devemos, temos de continuar democraticamente o futuro, mas com caras diferentes, totalmente diferentes, sem uma única figura das até aqui já repetidas, e sem compromissos com quem quer que seja. Claro que é muito dificil que “o“ ter poder não modifique as pessoas, claro que sempre modificou e sempre modificará. Mas com novas regras, ou seja sem proteccionismo mas unicamente com regulação, há que fazer aparecer “outros” que vêm desligados de “todos estes”. E esses outros, sem se acharem os donos da verdade, da tal – verdade - tanto procurada por cada vez mais, tem de assumir uma nova forma de estar, de ser e de não só ter, mas de modo algum vão decapitar os não novos, longe disso, mas tem de haver um pacto inter-geracional que faça com que os “outros”, os “não do costume” com juízo, com modéstia, saltem para a frente e os que por lá andam há muito dêem um passo – voluntário e honroso - atrás e por aí fiquem, sem aspirações de voltar a dar o passo em frente. Não resultou o que se tem passado nas últimas duas décadas e meia, não deu frutos e todos de todos os lados que hoje por aí andam da mais esquerda à mais direita, é sempre mais do mesmo, logo será para fazer ainda mais do mesmo. Algo que já deixou de dar, algo que é indispensável mudar, e sem quem “vier de novo” ter o poder como um meio de chegar a todo o lado, mas antes como uma forma de saber fazer respeitar, de saber respeitar os outros, de mudar totalmente de atitude. Não sendo fácil é urgentemente importante e os senadores que vão recuar servirão como orientadores, como facilitadores, como conselheiros, sem obrigatoriedade de serem seguidos, mas com empenho de serem – sempre - ouvidos. E depois de tanta confusão está chegada a hora de tudo com muito cuidado, bom senso, e sem importância pela importância, inerente ao poder, mudar. É urgente, é importante, é necessário.
Augusto Küttner de Magalhães
... nos moldes em que ela está a ser preparada, sem ser um processo de baixo para cima por fusão gradual de autarquias e com o envolvimento das populações:
- Assis lança Rui Rio como candidato comum a futuro líder da região.
Assim se confirma também a razão porque Rui Rio (que passou recentemente a defensor da regionalização) sempre foi evitando candidatar-se à presidência do PSD e não quis arriscar a consequente candidatura a Primeiro-Ministro. O seu cantinho afinal talvez seja mais seguro. É a regionalização à moda do "sistema".
Caro José Ferraz Alves
Sem de alguma forma estar a pretender entrar numa troca “só” de simpatias, quero muito sinceramente agradecer o que escreveu relativamente às minhas linhas sobre Serralves e sobre o Empreendorismo da Catarina Portas! Serralves, Catarina Portas, tudo o que possa representar uma linha bem conseguida de pensamento e actuação positiva entre o passado e o presente do Porto e do Norte, deve ser apoiado. Como já todos entendemos, têm de ser os jovens a dar o “passo em frente”. E agora ou nunca! Os mais velhos, ficaremos na retaguarda. Uma espécie de senadores, mas já não actores. Como é evidente o seu caso, José Ferraz Alves, ainda está nos da linha da frente, não que tenha 30 anos, mas ainda vai longe dos 50 e muito mais dos 60... Com a vantagem de não estar ligado a partidos ou algo que mesmo involuntariamente condicione ou discipline a actuação, de cada um… sendo-lhe assim possível “ser menos dependente”. Totalmente independente não será conseguível! Os jovens têm de conseguir ter mais valores, mais referências, e conseguirem: ser, fazer, aproveitar!
Já chega o culto que vem sendo feito da importância pelo e com o poder, e tem sido abrangente a todos! Já deu! Hoje pede-se mais modéstia, mais contenção, mais normalidade, e todos têm de saber viver os problemas de cada um para os saber resolver, já não à distância de um qualquer gabinete, mesmo cá no Porto, e muitos menos se esse gabinete ficar “lá no alto na capital, em Lisboa”… Estamos na hora de mudar, a mudança de valores, referências, nunca foi tão necessária. Pelo que, meu amigo, vai no bom caminho, só tem que assim continuar, assim insistindo e bem.
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Pedro Figueiredo e José Ferraz Alves
Penso ser do máximo interesse as “Conversas“ que estão aqui a ter, dado fazerem surgir ideias novas, ideias exequíveis paras se “restaurar?, reconstruir?” o Porto. Muito está por fazer, muito há a fazer. Muito empenho de todos é necessário. Com ideias e vontades, e um certo positivismo. Se continuarmos com o mal centralista, não vamos lá, mas talvez o pior mal seja só dizer mal em vez de bem fazer.
Abraço aos dois e continuem
Augusto Küttner de Magalhães
Convidam-se todos os interessados a aderirem ao Grupo de Trabalho Cidade-Campo, recentemente criado na Campo Aberto. O Grupo está aberto a sócios e não sócios.
O âmbito deste grupo prende-se com ações que promovam a solidariedade entre os consumidores urbanos de alimentos e os agricultores de proximidade (grosso modo num raio de cerca de 50Km em volta do Porto). Está ainda incluída no seu âmbito a informação e reflexão sobre a situação, na nossa região, da agricultura camponesa ou de pequena e média escala, da agricultura urbana e periurbana, a tempo parcial ou a tempo inteiro, da sua dimensão local nas autarquias, da agricultura biológica, biodinâmica, de proteção integrada, de denominação de origem, e dos mercados municipais e de rua como possível suporte aos pequenos produtores que apostem na qualidade. Esquemas de estímulo como a AAC (agricultura apoiada pela comunidade ou CSA - community supported agriculture) e as AMAC - associações para a manutenção da agricultura camponesa, serão também abordados.
A participação no grupo pressupõe a disponibilidade para participar em reuniões de trabalho ocasionais (não mais que uma vez por mês) e na lista eletrónica do grupo, lendo as mensagens que venham a circular e comentando-as quando oportuno. Se está interessado, envie email com assunto: Inscrição no Grupo Cidade-Campo para contacto@campoaberto.pt e receberá as informações que venham a ser divulgadas posteriormente à sua inscrição.
"O projecto "PortoeNorte.Come", lançado pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal, sugere este fim de semana (6 e 7 Fevereiro) Montalegre como destino gastronómico. Ao todo os "fins-de-semana gastronómicos" envolvem mais de 600 restaurantes da região do Porto e Norte de Portugal tendo como objectivo «promover um prato e uma sobremesa típicas de cada um dos 60 municípios aderentes. Em Montalegre o destaque vai para o cozido à barrosã e o doce de abóbora e queijo."
"Referir ainda que também sob a marca “portoenorte.come” irá realizar-se a primeira edição do Congresso Internacional de Gastronomia e Vinhos do Porto e Norte de Portugal, bem como a primeira Feira de Gastronomia e Vinhos a Norte, eventos agendados para o próximo mês de Maio na Alfândega do Porto."
"Porto e Norte", exactamente a parceria que devemos promover a todos os níveis, não só na gastronomia, como no turismo, agricultura, ensino e serviços. Um bom exemplo.
Cristina Santos
Os acontecimentos de ontem são eloquentes quanto à menoridade e fragilidade política da Região Norte perante regiões como a Madeira, os Açores e Lisboa. O que me interessa discutir não é a bondade, ou a falta dela, das reivindicações da Madeira. Isso daria também um post longo e seria muito interessante, por exemplo, comparar o despesismo da Região da Madeira com o da Região de Lisboa. O que me interessa realçar é o facto da Região Norte, com mais de 3.700.000 habitantes, ser um anão político perante a Madeira com apenas 290 mil habitantes.
Caro Daniel Rodrigues
A grande contrapartida para as populações de Foz Tua é a perda definitiva do imenso património natural/industrial que é o conjunto LINHA DO TUA / VALE DO TUA. A linha do Tua e o seu vale são indissociáveis. Não existe um sem o outro. O fantástico vale do Tua só se vê (sente) a partir da linha de caminho de ferro.
É com uma enorme mágoa que assisto a sucessivas votações na Assembleia da República, juntando infelizmente partidos da Oposição e Governo contra a linha e pelo tal plano nacional de barragens... É mesmo mágoa. Tenho raízes familiares em Foz Tua. Para mim aquele vale é qualquer coisa de fantástico. As viagens para Mirandela de comboio são (serão...) sempre uma delícia... Fi-las bastantes vezes. Não há perdão para a Barragem do Tua. E não há contrapartida que valha um vale cheio de "canyons" com milhares de anos de formação geológica. Sem a linha do Tua não há ponto de vista. Se for a pé pela linha, como já o fiz pela CAMPO ABERTO, verá... Ninguém fica indiferente. Acredite que é algo do dominio do religioso.
Pedro Figueiredo
Caro Pedro Figueiredo
Muito obrigado pelo seu texto e pela forma profunda e documentada como aborda esta temática. Não posso estar mais de acordo e de agradecer o que aprendi com o que escreveu. Mesmo muito de acordo com as respostas que o cooperativismo e o mutualismo nos podem dar, de que as sociedades de garantia mútua são em Portugal um recente caso que foi decisivo para o não desmoronamento de todo o sistema financeiro. Mas, para mim, capitalismo social pode ser tão simples como a edição de um disco cujas receitas revertem para a recuperação do Haiti, pelo que não o entendo como um conceito utópico.
Aliás, eu sou formado em economia mas cada vez mais procuro evoluir para algo que apelido de “acupunctura económica”. Parece-me que precisamos mais de pequenas acções bem identificadas e de avaliar os seus efeitos, podendo depois ter de corrigir, do que de grandes planos para mudar o mundo todo de uma só vez, assente em qualquer princípio ideológico. Que também considero importantes e necessários, mas apenas para alimentar o sonho que dará um dia origem à prática. Os dias que actualmente temos de enfrentar são de acção e pragmatismo.
(...) Ler o resto do texto em PDF.
Aos visitantes d'A Baixa do Porto:
Procura-se escritório na zona baixa do Porto, entre a Rua Sá da Bandeira e a Praça Carlos Alberto. Entre 60 e 80 m2 de área, até 600 euros de renda. A globalidade do edificio / espaços / áreas comuns deverão estar em bom estado de conservação.
Actividade principal: design
Qualquer informação, contactar por favor 91 744 80 64 ou svapina@gmail.com
Obrigado
Raul Gomes
"A Iberdrola tem, actualmente, dois grandes projectos energéticos em Portugal, ambos à espera de arrancar e que são as novas barragens na bacia hidrográfica do Douro, no âmbito do plano nacional de barragens, e a central da Figueira da Foz, que lhe permitirão controlar este rio internacional em termos de aproveitamento hidroeléctrico, já que controla as barragens do lado espanhol. Do ponto de vista estratégico, as barragens constituem um activo mais valioso para a Iberdrola." (sic)
Este parágrafo está extraordinariamente mal escrito, mas levanta alguns comentários que devem ser argumentos válidos na defesa de uma bacia hidrográfica do Douro que maximize o benefício para as populações locais: quais são as contrapartidas da construção de barragens no Tua e no Sabor para a Região Norte e, em particular, para o Nordeste Transmontano? Não me refiro às contrapartidas certamente negociadas directamente com presidentes da câmara para o munícipio, mas directamente aos seus residentes. Por exemplo, extinção do IVA para quem residir nas margens. Do IRC para as empresas. Como se mede o benefício para o país no seu todo? A independência energética? Se o activo é valioso para a Iberdrola, que parte do risco é que ela está a assumir, e de que fatia do retorno irá beneficiar?
Era útil que os concelhos em causa, ou um think tank dedicado ao Norte, pedissem que todo esse impacto fosse avaliado, por exemplo, pela FEP ou pela EGP, e que tivesse em consideração o lobbying do Norte: uma maximização dos benefícios, como disse.
Cumprimentos,
Daniel Rodrigues
Caro Augusto Kuttner de Magalhães
Obrigado pela atenção que tem demonstrado a temas que aqui também tenho debatido, como o empreendedorismo e a actividade cívica dos mais jovens. Começo por lhe referir que, ao ler a sua descrição sobre Serralves e a sua envolvente, consegui estar a ver e a sentir o espaço, pelo que lhe agradeço ter trazido esta sua capacidade para este nosso espaço de expressão e de partilha de ideias e de projectos. Também totalmente sintonizado com o excelente exemplo da empreendedora Catarina Portas. Talvez seja este o segredo, respeitar e perceber o passado, para depois o saber actualizar para os dias de hoje. Muitas vezes penso nessa aplicação à cidade do Porto e a importância que historiadores, sociólogos e geógrafos têm na concepção de uma nova actualidade e a quem os engenheiros, advogados e economistas mais deveriam recorrer. É um ponto para irmos debatendo, mas sabe que vejo mais o Porto à imagem de uma Praga ou Budapeste do que da Barcelona que os novos criativos - tecnocratas - da CCDRN nos estão a apresentar? Repito a minha afirmação, "o Porto deve ser pensado a partir das realidades de Praga e de Budapeste". E não devemos assumir o turismo como desígnio da cidade, mas sim a busca da identidade adormecida para a sua reabilitação social, como todos os novos exemplos ligados à cultura e à formação universitária. Concordo inteiramente com desígnios, causas, como os lançados pelo Prof. Alberto Castro, de converter o Porto em cidade Erasmus ou cidade das energias renováveis, por exemplo. Depois, os turistas acabam por aparecer. O turismo não é uma causa...
Sobre a importância da necessidade de mudança associada ao empreendedorismo, deixo, com a sua autorização e agradecimento, umas palavras de Paulo Vieira de Castro, mentor do projecto Dharma Marketing e Director do Centro de Estudos Aplicados em Marketing do ISAG - Instituto Superior de Administração e Gestão, que vou entrevistar no próximo dia 9.02 no meu Bloco Notas na RTV:
Se me permitem sugerir, aqui vai a mais recente deligência do Bloco de Esquerda relativamente ao Aleixo. Por justiça, porque fiz também referência ao PCP, fica aqui este registo. Falta apenas saber se o PS, o das "mil caras", é coerente com a posição mais recente (defendida pelos vereadores e deputados municipais) e trava o negócio no Governo, inviabilizando a esta negociata.
Maria Augusta Dionísio
Caro Daniel,
Aquilo que você e bem propõe, chama-se Desconcentração de Serviços da Administração Pública, isto é, uma gestão centralizada/hierarquizada mas fisicamente não concentrada numa única cidade ou região, com as vantagens que efectivamente existem e aponta. Reparemos:
- Havia exemplos no Porto de Desconcentração efectiva da Administração Pública: O INE com competências distribuídas pelas delegações, o Centro Português de Fotografia e a API. Com o PRACE, foram extintos ou esvaziados para Lisboa.
- Ainda há alguns serviços desconcentrados no Porto: a sede da Fundação da Juventude e Direcção de Obtenção de Recursos Humanos. Até quando?
- Lembro que há cerca de 6 anos um primeiro ministro iniciou o seu governo com medidas desta natureza, na altura chamadas de «Deslocalização». Durou apenas 4 meses no cargo...
- O problema a Norte é a falta de poder e defesa dos interesses específicos e legítimos junto da actual Administração Central. Propõe-se a Regionalização, a Fusão de Autarquias / Descentralização e também se deveria propor a Desconcentração de serviços.
- Infelizmente a Norte não abunda a capacidade nativa de reflexão estratégica e portanto nem todos os caminhos que levam a uma maior autonomia e desenvolvimento são explorados. Reparemos como por exemplo o semanário Grande Porto tem como «tema/foco» a Regionalização que é apenas um meio e não o objectivo correcto (este deveria ser um maior desenvolvimento e autonomia).
José Silva
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Nota de TAF - uma pequena correcção: a Fundação da Juventude é uma entidade privada.
Temos falado das injustiças relativas ao PIDDAC Norte/LVT. Como podemos medi-las no nosso dia-a-dia? Por exemplo, podemos analisar um dos orçamentos que é disponibilizado (do Ministério da Educação) para 2009, bem como o seu antecessor. Página por página, vamos desvendando mistérios:
Por exemplo, o Ministério da Educação confia à Entidade Executora "Direcção Regional Educação de Lisboa e Vale do Tejo" 22.386.667€. As suas congéneres aparentam todas ser bastante incompetentes: a nenhuma são atribuidos mais de 8 milhões de euros. Melhor manterem-se os valores monetários aconchegados na Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, no Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação e no Gabinete de Gestão Financeira.
Logo a seguir, deparamo-nos com uma nota: as intervenções da responsabilidade da Parque Escolar não constam do PIDDAC do ME. Espero que a Parque Escolar seja mais equitativa na distribuição do seu esforço financeiro porque, uma vez mais, LVT tem mais empreendimentos e esforço financeiro, quer em fase de conclusão financeira, quer em curso de execução que qualquer outra das regiões. Porque nunca é demais dizê-lo, LVT tem aproximadamente menos 1 milhão de habitantes que a região norte: (INE) LVT: 2.819.433; Norte: 3.745.439. Recebe mais 4 milhões de euros para as Instalações para os Ensinos Básico e Secundário.
Prosseguindo, as rubricas na Programação Financeira Plurianual continuam animadoras para LVT: mesmo falhando o financiamento comunitário, enquanto a gestão permanece na cidade das 7 colinas não há falta de dinheiro: há que compensar a região pela visão injusta de Bruxelas. Sumarizando nos valores totais com programas de 1998 até 2012, incidindo em instalações, apetrechamento ou conservação e remodelação do parque escolar, chegamos aos seguintes valores:
- Norte: 49 877 551 €
- Centro: 157 801 763 €
- LVT: 187 123 240 €
- Alentejo: 49 437 249 €
- Algarve: 9 718 613 €
São os dados concretos para o período acumulado de todo o esforço financeiro.
De repente, magia. Afinal, a programação financeira, por NUTS II, atribui ao Norte o maior financiamento de todo o país, seguido de LVT e Centro. Curioso. Há de facto umas quantas rúbricas que por alguma razão não eram reveladas (Modernização de Escolas com Ensino Secundário e Plano Tecnológico da Educação), que podem ter equilibrado o assunto. Aceita-se, confiamos na boa vontade do ministério. O que já é mais complicado de compreender é por que motivo todas as regiões têm um financiamento comunitário superior ao financiamento nacional, com a honrosa excepção de... LVT. Ou seja, a solidariedade europeia não encontra reflexo na solidariedade nacional. Podemos pensar que é uma visão de futuro: no fundo, como a educação é para quadros superiores e estes acabam por ir para a Lisboa, é preciso preparar já escolas para os filhos destes. No longo prazo, mantendo este esquema, será possível reduzir o esforço financeiro com as regiões mais deprimidas do país: a região NLVT, "Não Lisboa e Vale do Tejo".
Não paremos por aqui: o próximo quadro mostra-nos mais uma visão, desta vez por distrito. Recorremos de novo ao INE: Distrito do Porto: 1.824.123 habitantes, Distrito de Lisboa: 2.238.484 habitantes. Finalmente, Lisboa à frente. A programação financeira concede 10.223.200€ a Lisboa, 9.601.600€ a Setúbal, e 3.101.818€ ao Porto. Lisboa à frente, em frente, em cima, por cima, para cima! Uma vez mais a alínea "Vários Distritos do Continente" esconde a provável realidade de que o Porto é sempre beneficiado, e eu calo-me nas minhas dúvidas: porque hei-de duvidar da bondade do Ministério da Educação?
Vendo os detalhes dos projectos, o Porto parece sempre mais poupadinho, o que quer dizer sem visão estratégica: deixemos para Lisboa o papel de farol iluminador da nossa sociedade. Aliás, quem diz Porto, diz Baião, Lousada, etc... no planeamento do ME, não consta nada para o concelho do Porto. Atirado para o Parque Escolar, presumo. A grande magia opera-se mais uma vez no final: a região Norte conta de facto com dinheiro para o Plano Tecnológico e modernização de escolas. Quais, não se sabe. Tão pouco interessa que a maior parte deste valor venha do financiamento tecnológico. Assim se faz o centralismo!
Não vou prolongar mais esta análise, cada pessoa a poderá fazer por si. Próximos capítulos para análise é a execução orçamental. Aí creio que será muito mais visível a disparidade.
Cumprimentos,
Daniel Rodrigues
cacique.blogspot.com
«Na entrevista que deu ao Expresso, Teixeira dos Santos disse que o TGV terá de ser adaptado à nova realidade orçamental. Ou seja, Teixeira dos Santos está a dizer que é preciso escolher: se faz sentido apostar na linha Lisboa-Madrid, já não faz sentido apostar nas linhas Lisboa-Porto e Porto-Vigo.»
Os escribas do centralismo já pegaram na deixa. Vias ferroviárias modernas em bitola europeia só em Lisboa. Vigo fica mais perto.
... do Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento:
Economia dirigida a partir de Lisboa. Qual a razão para que estes diversos organismos (lista abaixo), que são centros de decisão para políticas nacionais, numa era em que existe vídeo-conferência, Internet, telefone, uma rede de transportes rápida e acessível, não esteja distribuida pelo país? Note-se que o argumento "eficiência de recursos com a centralização" neste caso não é válido: quase todas estas entidades que orbitam em Lisboa têm as suas próprias instalações em códigos postais bastante distintos, pelo que assumo que ou estão indirectamente a subsidiar os taxistas de Lisboa, stands automóveis e postos de abastecimento combustível, ou usam a mesmíssima vídeo-conferência, Internet, telefone.
Já que todas têm de existir, ao menos que os postos de trabalho subjacentes estejam a dinamizar outras zonas do país. Se não houver pessoal competente, por exemplo no Porto, acho que podemos garantir que serão bem recebidos os actuais na Invicta: podem alugar ou comprar casa construída por empresas locais, usar os serviços de restauração, aproveitar a alta qualidade do nosso ensino, os equipamentos culturais. Estes salários são bem-vindos à região e, no fim-de-contas, os impostos pagos no final do ano são os mesmos: o Estado central certamente não se queixará.
Cumprimentos,
Daniel Rodrigues
Nota: mais organismos de outros ministérios aqui: miserável, cada um conclua!
Nota 2: não encontrei o orçamento detalhado de cada ministério. Era interessante saber quais os custos de financiamento de cada um destes organismos. O resto do país devia exigir uma parte deste bolo apetitoso. À cabeça, o Porto.
Vou limitar-me a expor uma notícia da AICEP, de Portugal:
“As exportações de componentes para a Galiza aumentaram 600% nesta última década, atingindo o volume de 300 milhões de euros em 2008. A indústria automóvel portuguesa é constituída por cerca de 200 empresas com um volume de vendas superior 4.600 milhões de euros, segundos dados da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA). Espanha, com a Galiza no topo, absorve 18,8% da produção total de componentes fabricados em Portugal, atrás da Alemanha (24,4%) e à frente de Portugal (17,4%).
Portugal dispõe de uma vasta rede de Parques Industriais com excelentes infra-estruturas, sobretudo no Norte mas também no Porto, em Aveiro e em Lisboa. Várias empresas galegas já se deslocalizaram para o norte de Portugal, principalmente para os Parques de Valença, atraídas pelas óptimas condições dos parques, solo industrial e mão-de-obra barata, incentivos fiscais, boas acessibilidades e ausência quase total de conflitos laborais. Apesar desta deslocalização e da Galiza não conseguir nenhum novo investimento no sector automóvel desde 2007, o Cluster Automóvel da Galiza – CEAGA considera Portugal uma oportunidade e não uma ameaça, e aposta por consolidar e reforçar uma rede de fornecedores de componentes automóveis no Arco Atlântico: Galiza, Portugal e Marrocos. Portugal tem uma crescente indústria automóvel impulsionada agora pelo governo através das novas tecnologias associadas ao sector, sobretudo com o carro eléctrico e com o investimento de 150 milhões de euros do consórcio Renault – Nissan, que vai instalar em Aveiro uma fábrica de baterias para carros eléctricos.”
Para além disso, na Eurorregião Galiza-Norte de Portugal vivem quase 7 milhões de pessoas, o dobro da de Lisboa e Vale do Tejo. A Costa Atlântica, da Corunha a Setúbal, terá pelo menos 10 milhões de habitantes. Galiza, Norte de Portugal e também Castela-Leão, para os nossos distritos do interior, são soluções para a nossa crise de ideias e de ideais, por muito que isso custe. A liberalização e regionalização dos caminhos de ferro um investimento estratégico e estruturante crucial para o nosso futuro.
José Ferraz Alves
Rede Norte
Hoje ouvi na RTPN o senhor Renato Sampaio dizer que o "TGV" Porto-Vigo sem a componente mercadorias "fica 200 milhões de euros mais barato". Pura ignorância ou demagogia. Primeiro, entre Porto e Vigo nunca esteve previsto nenhum "TGV"; segundo, a componente mista é essencial para rentabilizar a linha; terceiro, velocidades máximas de projecto de 250 km/h - que é o caso - implicam à partida uma linha com traçado (rampas e curvas) apto para comboios de mercadorias e passageiros - um exemplo é a actual Linha do Norte onde se praticam velocidades máximas de 220 km/h, caso contrário as velocidades seriam muito superiores.
As notícias de hoje sobre um novo "estudo" que põe em causa a rentabilidade da Linha Lisboa-Porto e Porto-Vigo em contraste com Lisboa-Madrid são a prova de que o governo de Lisboa já começou a campanha para deixar cair tudo menos a ligação Lisboa-Madrid, garantindo desse modo o monopólio da bitola europeia a Lisboa; ligação essa que estranhamente será "sustentável" apesar de, segundo a RAVE, atrair metade do tráfego de passageiros da ligação Lisboa-Porto. Se tudo isto não fosse trágico seria, no mínimo, hilariante.
Se eu dependesse do Porto de Leixões ou do Aeroporto Sá Carneiro, começava já a tentar mudar-me para o mais próximo possível de Vigo. Lá haverá futuro. Por aqui não.
Quanto aos estudos, ambos originários da Universidade do Minho, convém que por lá se entendam porque eu conheço outro, da autoria do doutores Carballo-Cruz, Cadima Ribeiro e Rui Ramos, chamado "EFEITOS ECONÓMICOS DA MELHORIA DA LIGAÇÃO FERROVIÁRIA PORTO-VIGO NA EUROREGIÃO NORTE DE PORTUGAL-GALIZA", que sustenta o contrário, no caso do Porto-Vigo, ao que se diz que conclui o agora surgido.