2010-01-17

De: Alexandre Burmester - "Bora lá"

Submetido por taf em Sábado, 2010-01-23 21:56

Depois da argolada feita pela Câmara sobre o Projecto da Via Nun'Álvares, que para além de encapotar uma operação de urbanismo apresentou um péssimo projecto, veio posteriormente corrigir a mão e agora promover um Concurso Público.

A área em questão será a maior UOPG do Porto. Pela sua dimensão e importância, irá alterar toda a zona envolvente, que nada mais é que a melhor área residencial da cidade. Inclui este projecto para além de uma via de grandes dimensões, o atravessamento daquela que será uma das principais linhas do Metro. Convinha por isso a Câmara dar uma importância especial a esta operação. O concurso a desenvolver tem obrigatoriamente de ser exemplar, e ter a dimensão que a operação importa. Seria por isso de aconselhar que para além de saber montar a operação a Câmara divulgasse este concurso a nível internacional, fazendo a promoção devida, com o propósito de atrair o maior e o melhor número de concorrentes. Esta operação merece a maior atenção para vir a receber as melhores propostas.

Qualquer proposta que venha a ser apresentada, se bem desenvolvida, irá acarretar custos elevados aos concorrentes. Necessitam de ter bom conhecimento da área, o que implicará deslocações, levantamentos e estudos, e um projecto desta natureza demorará algum tempo a desenvolver. Para se tornar apetecível concorrer, sabendo todos nós que os concursos são o que são, necessita da promoção e de bons prémios.

Vem isto a propósito, porque a Câmara inicialmente propôs um 1º prémio de 5.000 euros, e agora num rompante de despesismo pensa em dobrar o prémio.

Confesso a minha profunda tristeza pela constatação, mais uma vez, da falta de dimensão que se traduz na liderança da Câmara. A explicação da falta de tesouraria e da crise não cabem nesta pequenez. Sabendo ainda mais que esta área terá os seus custos pagos pelos proprietários, e que nestes se incluem a RAR e a SONAE (por conta ainda dos imbróglios das indemnizações do Parque da Cidade). Mas afinal o que se pretende? Fazer um concurso de meia dúzia de concorrentes? Arranjar um qualquer projecto que possa mais uma vez adiar a operação? Ou ainda um qualquer projecto sem grande conotação, para que possa depois ser alterado ao gosto do freguês? (Até o concurso dos STCP tem melhores prémios.)

Ó Rui Rio, um pouquinho de grandeza e de ambição, pessoalmente não fica bem mas recomenda-se, agora à cidade? O Porto merece toda a grandeza e ambição.
Bora lá a desenvolver um concurso como deve ser.

Alexandre Burmester
--
Nota de TAF: Caro Alexandre, comentei agora este teu post com a minha mulher. Quando lhe contei o valor do prémio ela, que acha tudo muito caro e muito dinheiro, desatou à gargalhada e sugeriu que se faça então o concurso entre os alunos das escolas secundárias. É que ao menos podia ser 5.000 euros mais um fino e uma francesinha. :-)

De: Luís Gomes - "Escutas no Youtube"

Submetido por taf em Sábado, 2010-01-23 21:51

Há quem diga que as redes sociais marcam um renascimento da democracia e em particular da participação cívica. E a evolução tem-nos demonstrado isso mesmo. Tem servido em muitos casos para denunciar, subscrever, reunir apoios, dar a conhecer factos, e infelizmente sobrepor-se à justiça. Ora, esta sobreposição é tanto mais embaraçosa quanto maior for o conteúdo de provas de processos a decorrer em tribunal. O público cairá certamente na tentação de ver, analisar e dar o seu veredicto. Condenará ou ilibará, por conseguinte, as decisões que emanarem dos tribunais. Será isto benéfico?

Pude percorrer algumas das escutas relacionadas com futebol, com suspeitos de negócios ilícitos, e de pancadaria. Elemento comum a todas elas? O Porto. Cidade essa de patrimónios incalculáveis, de gente que deu tanto ao país, de pólos culturais e económicos que marcaram sucessivas épocas da história. Essa cidade é também a cidade onde, aqui e ali, ouvem-se as histórias idas da promiscuidade entre política e futebol. Existe uma linha muito ténue entre futebol e gente que se serve dele e para ele, do negócio da diversão nocturna, do tráfico de droga, da pobreza ora de bairros desfavorecidos ora de zonas históricas deprimidas. Esta promiscuidade não é identificável pelo nível social, ela percorre todos os estratos, mas o pior é sempre o "fechar de olhos" que adeptos de desporto, cidadãos e população em geral olha para a questão, preferindo culpar a justiça e desacreditar a classe política.

Luís Gomes

De: TAF - "Apontadores"

Submetido por taf em Sábado, 2010-01-23 21:10

Caro Tiago

Haverá melhor exemplo, prático, de que a reabilitação urbana promove o emprego, até o qualificado?

Conforme a notícia de hoje do Público "Bruxelas admite usar fundos do TGV noutros projectos", aproveite-se a possibilidade que a Comissão Europeia nos está a dar para reafectar os 995 milhões de euros do TGV para projectos como a reabilitação urbana, que criam emprego, resolvem os problemas de curto prazo das grandes construtoras, dinamizam vastos sectores a montante (materiais, serviços) e a jusante (turismo) e não nos comprometem o futuro com déficits operacionais constantes.

Parabéns pela iniciativa.
JFA

Caro Frederico Torre:

Atento ao que Frederico Torre descreve neste Blog sobre “Aqueles de nós que trabalhamos…”, sinto-me na obrigação de reflectir com quem queira neste Fórum sobre o assunto. Como dizia o Arquitecto Fernando Távora: “Na Arquitectura como na Vida, tanto é verdade uma coisa como o seu contrário…”. E, assim, há muitas verdades. Eu tenho uma verdade, Frederico Torre terá outra verdade, Tiago Azevedo Fernandes aqui ao lado outra ainda. E todas serão seguramente verdade. A verdade de cada um.

(...) Ver o resto do texto e imagens em PDF.

De: Augusto Küttner de Magalhães - "E ainda Serralves"

Submetido por taf em Sexta, 2010-01-22 17:02

E ainda Serralves. Querer ir a Serralves é algo de mais normal quando se chega ao Porto e até quando se vive no Porto. Pode ser feito de automóvel, de autocarro, de táxi e, porque não?!, a pé. Ver aquele espaço ainda estando do exterior, com uma grande pá vermelha de jardineiro na parte que foi a entrada principal daquela grande quinta, que foi pertença de um nosso conde, será a primeira imagem. Entrar, e ver grupos de alunos de estabelecimentos de ensino, até crianças da pré-primária que vão fazer visitas guiadas, é tão costume! Já depois de passar o segurança/vigilantee (tão mais necessário nestes nossos dias) vemos um local de atendimento que está fechado onde por norma funcionou a compra de ingressos e prestação de informações, seguindo um pouco entramos num espaço amplo e se se quer adquire-se o bilhete para ver o Museu e para estar no Jardim, é aí o local, sempre com umas jovens e uns jovens muito prestáveis e sorridentes. Se não quisermos gastar dinheiro temos duas hipóteses, vamos ao Domingo de manhã e fazemos tudo sem qualquer custo ou deliciamo-nos por espaços que são gratuitos com a desvantagem de ficarmos “com água na boca” por pouco ver. Mas mesmo assim podemos da grande esplanada no 1º andar ver os espectaculares jardins, podemos descer e ver um vidro enorme no fim de umas escadas que parece a continuação destas e lá está o dito jardim, mas que fica à distância de um vidro intransponível.

De: Pedro Menezes Simões - "Capital de Risco para Turismo"

Submetido por taf em Sexta, 2010-01-22 16:47

Turismo do Porto e Norte de Portugal e a Turismo Capital (Turismo de Portugal) apresentam ao Norte do país o novo fundo de capital de risco - FCR Dinamização Turística: "O fundo privilegia as intervenções que contribuam para a criação ou manutenção do emprego e para a promoção da inovação e competitividade no sector turístico nacional, sendo que, atentas às características especiais do fundo, o mesmo terá uma predisposição para tomada de níveis de risco superiores aos padrões de mercado." O fundo abrange empresas e projectos localizados em Portugal.

De: TAF - "Construção racional: emprego para engenheiro civil"

Submetido por taf em Sexta, 2010-01-22 02:10

Devido a este projecto que aqui relatei e a outros que entretanto surgiram e nos quais estou envolvido, há a possibilidade (para já é só uma possibilidade, está em estudo) de se vir em breve a criar um posto de trabalho para um(a) engenheiro(a) civil. O trabalho principal não seria inicialmente de projecto de execução, mas sim de consulta ao mercado e procura de soluções construtivas optimizadas e adaptadas aos casos concretos em estudo. Trata-se portanto de estudar, falar com arquitectos e técnicos especializados, fazer alguns cálculos para avaliação do custo de soluções alternativas de construção, procurar empresas/empreiteiros com capacidade para as executar. Seria numa primeira fase um contrato temporário e de remuneração modesta mas, correndo bem o trabalho e havendo solidez nas perspectivas de negócios de consultoria e/ou projecto seguindo estes princípios gerais, o objectivo é evoluir para um contrato sem prazo com bom salário e participação nos resultados da iniciativa, alargando-se posteriormente a equipa.

O local de trabalho é no centro do Porto. Não tenciono recorrer a esses supostos incentivos de apoio à contratação que têm sido divulgados pelo Governo. Ou seja, não será necessária inscrição no Centro de Emprego como desempregado nem nenhuma dessas trapalhadas habituais que só fazem perder tempo e paciência. O negócio ou é rentável por si e tem sucesso, ou então acaba.

Repito-me: esta é uma hipótese ainda em estudo, embora a decisão definitiva seja tomada a curto prazo. Eventuais interessados: curriculum vitae para taf@etc.pt. A todos será dada resposta. Por favor divulguem. Gostaria de ler mail de alguns candidatos já neste fim de semana. :-)

De: Augusto Küttner de Magalhães - "A nova linha do Metro do Porto"

Submetido por taf em Sexta, 2010-01-22 00:03

Tem sido um parto difícil saber-se qual o percurso definitivo da nova linha do Metro do Porto, que irá ligar Matosinhos ao centro do Porto. Ao que parece já não será pela Boavista, o que temos todos de assumir que se trata de uma medida acertada, dado que até à Fonte da Moura não tem habitantes que o justifiquem, e daí até à Rotunda teria imensas implicações com o trânsito de pessoas e veículos. Depois veio ao que parece em definitivo a alternativa/decisão para o Campo Alegre, e começou a preocupação de como seria a travessia do Parque da Cidade, já resolvida. Segue-se a travessia da futura Via Nun'Álvares que ao que conseguimos bem entender será enterrada/subterrânea, uma vez que esta via ainda não está sequer construída logo o custo será idêntico, escavar uma vala antes de feito e colocar o metro subterrâneo, ou construir em cima da via, se já estivesse feita. Medida acertada! Depois entra-se em Diogo Botelho e seria muito complicado fazer circular o Metro, automóveis e pessoas em espaço tão apertado, logo será também aí enterrada. Ao que parece terá uma parte aérea junto ao Parque da Pasteleira voltando a ser subterrânea, evidentemente única alternativa ou então aérea, e de repente aparece uma novidade que me espanta e ao que lemos, não está a ninguém minimamente preocupar. A travessia da Rua D. Pedro V, opção em viaduto por cima desta via, parece ser a decisão. Nem mais nem menos! Ali não pode passar ao que dizem por baixo do solo, logo vai por cima! Fácil decisão, se não é preto, é branco. Mas estamos a falar numa zona com bastante construção nomeadamente em altura, - veja-se todo o topo de D. Pedro V - e ao que se entende em “princípio” não obrigará à demolição de nada. Ou seja, “em fim” bem lá vão haver demolições! E quais? Que prédios? Os mais habitados, o do Vilar, a zona antes da Galiza? Será essa a única alternativa. Ou vai passar mais abaixo de D. Pedro V, quase não “incomodando” o que já lá está?

Será que os problemas custo/benefício se vão resolvendo conforme quem reclama e o tom em que o faz? Ou seja, desde Matosinhos, com mais ou menos protestos e indignações, têm vindo sido a ser feitas alterações ao projecto inicial, e nesta fase final “em princípio” um viaduto não vai / não irá! Implicar demolições! Mas pode implicar! E quais? Seria talvez conveniente este tema ficar bem esclarecido, para todos bem entendermos, dado que se há zona que não justifica demolições é aquela! Tanto de degradado há a demolir nesta nossa cidade, que parece que deve haver uma certa sensibilidade em não mexer demolindo nesta zona conservada e a ser bem utilizada. Para além de prejuízos pessoais e custos materiais que a tantos pode vir a trazer. Assim, fica um alerta para naquele local haver o cuidado de a nova linha do Metro não ser algo que vai causar transtornos, perdas desnecessárias, logo ser bem estudada e bem colocada a travessia "por cima ou por baixo” da Rua D. Pedro V.

Augusto Küttner de Magalhães

De: José Ferraz Alves - "A ANJE e o Empreendedorismo"

Submetido por taf em Quinta, 2010-01-21 23:52

Na sequência de uma conversa com jovens filiados em associações de estudantes e de partidos políticos sobre a questão do empreendedorismo, da apresentação por Miguel Seabra do HUB do Porto e da forma como Sérgio Castro dos Trabalhadores do Comércio vê este tema nas indústrias criativas, na minha última entrevista José Fontes, Coordenador do Empreendedorismo, apresenta qual a posição da ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários. Eu acredito fortemente que o empreendedorismo pode ser aprendido e desenvolvido a partir da participação dos jovens em movimentos associativas e em intervenções como o voluntariado. Por isso coloco muita esperança em conseguir passar esta mensagem com o forte contributo, na próxima 3.ª feira, 26.01, de Sónia Fernandes, Fundadora da Escola de Voluntariado Pista Mágica. As respostas para os actuais problemas têm de ser diferentes.

José Ferraz Alves

PS - Tiago, completamente de acordo com a aceitação pela Região Norte desse desafio de se assumir como a Região Piloto. Sempre foi esta a perspectiva que me levou a abraçar o projecto de criação de uma Associação para a Regionalização, Norte-Sim. Pretendo causas concretas e não mais debates teóricos sem qualquer ligação à vida prática, ou respostas a pedidos de explicações que só demonstram pouco se ter aprendido do que é realmente a vida em sociedade.

Por entender que são necessárias coisas concretas e não mais filosofias sobre os direitos dos diversos estratos sociais, daí o também reiterar o meu apoio ao que Maria Augusta Dionísio tem aqui expresso sobre o problema, que tem de ser resolvido com a maior dignidade e humanismo, das pessoas que moram no Aleixo. Aliás, informo-a que na próxima 5º feira, 29.01, vou reunir-me com a Associação de Promoção Social do Bairro do Aleixo para analisarmos o que podemos fazer. E desejo a continuação das maiores felicidades a todos os que têm emprego e conseguem pagar os seus impostos, seja em Portugal ou na China, e os votos de que um dia todos consigamos ter rendimentos para pagar impostos.

Cara Maria Augusta Dionísio

Tenho todo o prazer que se dirija directamente a mim... a falar todos nos entendemos, ou pelo menos tentamos!
Reconheço que pensei durante uns bons minutos entre deixar ou não a referência ao Aleixo no meu post, exactamente porque queria evitar levar a discussão para a questão da demolição do seu bairro. Acabei por decidir deixar ficar porque a verdade é que é uma questão demasiado importante para não ser debatida...

Antes de mais, deixe-me que lhe diga que a questão do "trabalhar" não se refere obviamente ao Aleixo, onde tenho a certeza que uma grande maioria trabalha bastantes horas e paga impostos, mas sim ao contínuo deitar abaixo que vejo cada vez mais neste blog (e numa crescente parte da sociedade) relativamente a quem criou riqueza pessoal através do seu trabalho e decidiu investir numa boa casa num sítio que gosta, num bom carro ou mesmo numa casa para os "filhinhos". Sabe, da mesma maneira que a si seguramente lhe custa ver todos os habitantes do Aleixo associados a crime e drogas por causa duma pequena minoria, também me custa a mim ver todos aqueles que criaram riqueza à custa do seu esforço (como os meus pais, já que eu até agora certamente criei muito pouca) serem sempre culpados de todos os males por causa da pequena minoria que realmente enriqueceu injustamente, através de negociatas / crime / injustiça.

Quanto ao Aleixo, a verdade é que sou claramente contra o modelo de bairro social, uma vez que mais vezes do que não terminam por criar zonas não integradas na cidade, sem diversidade económica e cultural e, fruto muito provavelmente de serem geridas pelo Estado, com fracas condições e qualidade de vida. Acredito que o melhor modelo de habitação social é aquele que recorre ao arrendamento privado disponível, onde o Estado serve de avalista e, se necessário, apoia o pagamento da renda durante determinado período, mas sempre a preços de mercado, exposto à lei da procura e oferta e à Lei de Arrendamento Urbano.

Como vê, não tenho nada contra o facto do Estado apoiar aqueles que necessitam e acho mesmo que é provavelmente a sua mais importante função (a redistribuição social), segundo a mesma CONSTITUIÇÃO de 1976, aquela que nasceu após a Revolução de Abril.

O que não defendo é que alguém por ser inquilino do Estado tenha mais direitos que eu... Se eu arrendar uma casa hoje, naturalmente a um privado uma vez que não tenho acesso a aluguer do Estado, sei que 1) irei ver a renda ser aumentada anualmente em linha com a inflação; 2) irei ser expulso da casa ao final de uns meses sem pagar a renda (ou pelo menos deveria ser se a justiça funcionasse como devia) 3) ao final de 5 anos (julgo) o senhorio tem o direito de terminar o contrato de sua livre vontade e fazer com a casa o que bem lhe apetecer (o que me parece justo visto que a casa é dele). Inclusive vender o terreno a alguém que está disposto a pagar por ele! E então terei de procurar outra casa, provavelmente noutro bairro, possivelmente a um preço mais alto e com menos condições se não tiver possibilidade de pagar mais, deixando para trás família e amigos. Diga-me por favor onde é que está a igualdade perante a lei que defende quando a Senhora tem aparentemente mais direito à sua casa no Aleixo que eu tenho à minha na Boavista, só porque o seu senhorio é o Estado e o meu é privado? Porque é que no seu caso é tráfico de pessoas e terrenos e no meu não?

Quanto à questão de viver nos bons espaços da cidade e quem tem direito a eles, a verdade é que tais espaços são limitados, o que torna impossível a todos nós viver neles como num mundo perfeito. Assim sendo, algum processo temos de usar para escolher quem tem esse direito e quem não... Um possível critério que podíamos usar era o de que quem chegou primeiro é quem tem o direito de ficar (como defende no Aleixo, não?). Mas, se assim fosse, estaríamos a cometer a injustiça social de esses lugares estarem reservados aos "privilegiados" que tiveram a sorte de nascer num bom espaço! E aqueles que tiveram o azar de nascer num mau espaço, pois... azar!... Outra opção se calhar era sortear esses lugares... mas a mim parece-me terrivelmente injusto deixar algo tão importante à mercê da sorte! Outra opção ainda seria deixar a cada um decidir o quanto importante é para si viver num bom espaço e quanto está disposto a fazer para ter esse privilégio (obviamente dentro da lei). Assim, aqueles que dessem mais importância ao sítio onde vivem poderiam esforçar-se para ter o privilégio de viver num bom espaço, enquanto outros que dão mais importância a ter um bom carro, ter tempo livre, ou viajar, ou estar com os amigos, ou estar com a família, podem esforçar-se por ter aquilo que lhes dá prazer. Certamente parece-lhe justo, não? Ora é exactamente isto que o sistema económico faz, dá o direito a todos nós de optarmos por aquelas coisas que gostamos mais em detrimento de outras que, ainda que também possamos gostar, são menos importantes para nós do que para outros. E de todos os sistemas que já tentamos enquanto civilização, a verdade é que nenhum até hoje combinou tão bem o direito de cada um de escolher livremente o que quer para si, com o dever de respeitar o direito dos outros a terem também acesso às mesmas coisas, que são escassas (como as boas localizações) e portanto impossíveis de todos nós beneficiarmos ao mesmo tempo.

Provavelmente o que escrevo acima pode parecer-lhe um pouco violento, ou como diz, conservador. Eu até descrevê-lo-ia como insensível. A verdade é que ainda que possa não lhe parecer tenho perfeita noção que a sociedade não dá acesso igual hoje em dia a educação, ambiente familiar estável, etc, para que todos possamos concorrer em igualdade na altura de procurarmos aquilo que queremos para nós. Mas então o que devíamos estar a discutir era como criar essa igualdade de oportunidades, não lhe parece?

Com o maior respeito,
Frederico Torre

De: Cristina Santos - "O Aleixo..."

Submetido por taf em Quinta, 2010-01-21 23:38

A luta que Maria Dionísio aqui tem protagonizado pelo Aleixo é de facto digna de registo. Mas o bairro do Aleixo é de todos, e ao assumirmos a sua existência as responsabilidades não são apenas suas, nem da sua família, nem dos restantes moradores, mas da sociedade em geral. E é nessa consciência que a sociedade deve decidir. Não se pode pedir à sociedade que apoie a existência do bairro como se fosse apenas uma questão de mantê-lo de pé e não envolvesse outras responsabilidades, que pesarão na consciência de todos. Acima de tudo é preciso considerar se as crianças desse bairro podem ou não ter acesso à vida que merecem e se é isso que a sociedade lhes quer garantir, ou um gueto.

Diz que trabalham e pagam impostos, mas serão poucos os que fazem essa excepção, a maioria reembolsa na totalidade, porque se ganhassem acima da média então estariam a impedir alguém necessitado de ser ajudado ao abrigo da Constituição. Agora deve a voz dos que não pagam ser ignorada? Claro que não, mas também devem deixar que o resto da sociedade participe nas decisões, até porque decisões como essas, de deixar crianças sujeitas a um ambiente degradado, vai pesar no futuro de todos, os que pagam e que não pagam. E há que pensar bem.

O bairro pode melhorar, é viável, já fizemos essas questões muitas vezes, será aceitável transferir moradores para outros bairros, para todas estas só encontro um não. E não me preocupo minimamente com os terrenos. Mais uma vez, acho a sua luta digna, uma representação do bairro que deveria ser norma, mas a Maria Dionísio não mora aí sozinha. Será que os outros moram tão bem como a Maria Dionísio? Quantos pedidos de transferência há por parte de moradores desesperados, que cumpre à sociedade defender? Qual o índice de criminalidade? E a juventude, gostava de ouvir a juventude e as crianças, será que vivem bem?

Com os melhores cumprimentos e todo o respeito pela sua posição,

Cristina Santos

De: TAF - "Transmissão em directo"

Submetido por taf em Quinta, 2010-01-21 17:28

- A Última Aula de Alexandre Alves Costa, já a seguir (marcada para as 17h30).

De: Maria Augusta Dionísio - "Aqueles de nós que TAMBÉM trabalham..."

Submetido por taf em Quinta, 2010-01-21 17:11

Caro Frederico Torre

Li o seu post com toda a atenção, e como referiu o meu bairro, tomei a liberdade de me dirigir directamente a si. Para começar, informo-o que também trabalho e também pago impostos e que não vejo mal nenhum que aqueles que geram riqueza e ganham poder de compra, de forma honesta, possam aplicar o seu dinheiro como bem entendem, dentro, é claro, dos limites que a ética demanda. Concorda comigo que eticamente é reprovável aplicar essa riqueza no tráfico de pessoas, de droga ou de terrenos.

Ora, sendo assim, não achei de bom tom a sua referência ao local onde vivo há mais de trinta anos, ajudado pelo ESTADO, como manda a CONSTITUIÇÃO de 1976, aquela que nasceu após a Revolução de Abril. A menos que queiram propor um novo modelo de ESTADO, aquele que ainda vigora no nosso país estabelece igualdade de todos perante a LEI. A riqueza não é, portanto, factor de distinção dos cidadãos perante a LEI (pelo menos no papel, pois bem sabemos que o dinheiro compra bons advogados e a propalada igualdade perante a LEI cai por terra).

Por isso lhe digo: a "classe média/alta" a que se refere e da qual diz fazer parte tem todo o direito em viver onde quer. Mas o problema não é esse, é outro. Trata-se de saber que raio de cidade queremos nós. Uma cidade que reserva os bons espaços para os ricos e atira os pobres para a periferia? Infelizmente, deixe que lhe diga, sempre assim foi. O Aleixo onde vivo, por acaso, fugiu a essa lógica que construiu bairros sociais em zonas que hoje são consideradas nobres. O terreno do meu bairro foi já na altura em que foi comprado caro para os valores da época.

Para terminar, acredite que respeito a sua opinião sobre o modelo de sociedade que defende. Mas a virtude do modelo de sociedade em que vivemos é tão só a possibilidade de discordar de si, dizê-lo sem medos, e lutar, pelo voto, para que ideias tão conservadoras não sejam maioritárias.

Maria Augusta Dionísio

De: TAF - "Regionalização"

Submetido por taf em Quinta, 2010-01-21 13:49

"Pedro Passos Coelho (...) sugere que na actual legislatura se «levante o travão constitucional que obriga à simultaneidade na criação das regiões». (...) O objectivo é permitir que, assim, na próxima legislatura, possa ser criada «uma região-piloto no país»"

"(...) vários passos que podem começar a ser dados na senda da descentralização, para chegar a «um recorte de base territorial para o qual se podem ir transferindo algumas competências, em grande parte de baixo para cima e com fortes doses de experimentação». Nomeadamente, aproveitando sistema de regiões NUT e o Plano nacional de Política de Ordenamento do Território"

Uma posição sensata que me parece mais eficaz para o Norte do que o modelo que tem sido ultimamente defendido (5 regiões, todas criadas ao mesmo tempo e nos mesmos moldes).

De: Pedro Nunes - "EIA da Linha do Campo Alegre - Consulta Pública"

Submetido por taf em Quinta, 2010-01-21 13:22

O Estudo de Impacto Ambiental da Linha do Campo Alegre, entre Matosinhos Sul e São Bento, está disponível para consulta pública no site na Agência Portuguesa do Ambiente. No entanto, lamento que no referido documento não esteja disponível qualquer tipo de desenhos que poderiam auxiliar a análise do mesmo.

Felizmente, o mesmo não acontece com o documento referente ao troço da Linha D - Santo Ovídio - Vila D’Este, também disponível para consulta pública.

Pedro Nunes

De: Vânia Castro - "Alguns comentários"

Submetido por taf em Quinta, 2010-01-21 11:37

Cara Maria Dionísio, levantou a questão essencial: será que as petições servem para alguma coisa?

Eu sou apoiante de causas humanitárias, ecológicas, defesa dos animais, entre outras, e tenho visto algumas iniciativas terem bons resultados (especialmente no estrangeiro). Outras vezes, como os casos que mencionou, nada acontece. Leva-me a crer que depende dos interesses instalados e de quem beneficia ou não da situação. Infelizmente, é mesmo assim, em Portugal pelo menos. Basta ver o destaque dado à petição pela "Verdade desportiva" que, tendo a sua validade, teve um destaque impressionante na comunicação social, que não é dado a outras questões.

Mas eu sou optimista, e acho que mais vale fazer alguma coisa que ficarmos parados :) Não lhe sei informar exactamente os moldes em que funcionam tais petições, mas sei de um site onde podem ser criadas gratuitamente. Depois deve divulgar o link para que as pessoas possam assinar. O site é: www.petitiononline.com. Haverá outras maneiras mais eficientes ou com mais probabilidade de sucesso, mas lamento não poder ajudar mais. Espero ter sido de utilidade, e boa sorte na defesa da sua causa!

Caro Pedro Menezes Simões,

Pode dizer-me se há pipocas no Nun'Álvares? Sim, eu sou um desses ETs que não come pipocas no cinema e que não me importo de pagar mais 0,50€ para não ter de aturar o basqueiro :)

De: Frederico Torre - "Aqueles de nós que trabalhamos..."

Submetido por taf em Quinta, 2010-01-21 11:34

Como seguidor deste blog desde há muitos anos, noto uma tendência que me preocupa em muitos daqueles que participam... Parece que a cada dia que passa é cada vez mais mal visto aqui pertencer à comunidade de pessoas que trabalha, gera riqueza e ganha poder de compra, consegue com o seu esforço e suor (e não com o apoio do Estado) comprar uma casa no centro da sua cidade (quarteiroes da SRU) ou num local com vistas para a espectacular foz do Douro (futuro Aleixo).

Alguém me pode explicar afinal porque tem esta "classe" média/alta menos direito que o resto da sociedade a viver onde deseja? Afinal, não é exactamente essa "classe" responsável pela grande maioria dos impostos pagos no país que permitem depois ao Estado (e bem) apoiar a população que por qualquer motivo necessite, dando-lhe acesso, entre outras coisas, a habitação? Então gera a riqueza e partilha-a só para depois ter menos direito que aqueles com quem partilhou?

E já agora, porque é que é tão errado comprar um piso e arrendá-lo? Não é exactamente esse mecanismo que permite a muita gente que não tem possibilidade de comprar de viver no centro da cidade?

Por favor, expliquem-me isto...
Frederico Torre

PS - Sim, muito provavelmente faço parte dessa "classe" média e espero que um dia da alta. Não, não tenho nenhum piso em aluguer no centro da cidade. Pago impostos (em Espanha, onde trabalho) não só por obrigaçao mas também porque acredito que compete ao Estado dar a todos as mesmas condições que eu tive para também eles criarem riqueza. Não vejo é porque devo ser penalizado por isso...

«Hernández explicou que a posta en marcha do Eixe Atlántico da alta velocidade ferroviaria "vai cambiar radicalmente esa realidade e potenciar as tres terminais cos centros das tres cidades". Así, engadiu que o primeiro paso que se vai a dar para fortalecer o sistema aeroportuario galego consiste en asinar o "comité de rutas", que xestionará a oferta das liñas aéreas e segundo a Xunta permitirá que os galegos teñan máis servizos e posibilidades de mobilidade aérea.»

In A Peneira Dixital

Por cá, o governo do Estuário do Tejo, que também manda em nós, prepara-se deliberadamente para dar vantagem aos galegos.

De: TAF - "Alguns apontadores"

Submetido por taf em Quinta, 2010-01-21 11:25
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