De: TAF - "Construção racional - CONVITE"

Submetido por taf em Terça, 2010-01-12 04:09

Rio Douro

Em Junho passado


SUMÁRIO: Projectar e construir habitação racional a custo radicalmente inferior ao habitual. O terreno já existe, a iniciativa vai ser gerida por mim, o edifício (construção nova) vai mesmo ser feito se, após projecto e orçamentação, se confirmar a minha tese de que o objectivo é realista.

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O que se pretende é então ganhar know-how na construção de habitação (acompanhada eventualmente por espaços contíguos de trabalho) que possa ser colocada no mercado de venda ou arrendamento a preços significativamente mais baixos que os habituais. Recorrer-se-á para isso a projectos e métodos de construção optimizados, mantendo padrões muito elevados de qualidade técnica. No caso concreto deste primeiro projecto será construção de raíz, e não reabilitação de uma pré-existência, embora algumas das soluções a adoptar possam ser aplicadas em qualquer dos casos. Finalizando-se (e ocupando-se) o primeiro edifício que servirá de protótipo (com 2 apartamentos de 90m2, aproximadamente), há também já outro local disponível para edifícios semelhantes, rentabilizando o esforço dedicado ao primeiro.

Desde há mais de 10 anos que não vejo significativas alterações no panorama nacional, e a mediocridade é considerada normal:

  • a qualidade estrutural da generalidade dos edifícios de habitação, mesmo os considerados “topo de gama”, é claramente insuficiente em termos, por exemplo, de isolamento acústico ou de patologias crónicas de construção (fendas, etc...);
  • uma parte muito significativa do tempo e custos de construção é devida à fase de acabamentos e não à estrutura propriamente dita (muitas vezes devido a requisitos insensatos dos clientes);
  • os projectos de arquitectura não dão habitualmente a devida importância aos custos de construção, pensando na estética desligada da realidade da técnica;
  • a indústria de construção possui uma enorme inércia no que respeita à adopção de métodos mais aperfeiçoados também nas pequenas obras e sistematicamente subavalia a importância de ter um bom projecto de execução.

Como filosofia geral, a prioridade vai ser dada à engenharia, evitando obras de execução complexa, demorada ou dispendiosa. A arquitectura fica com o desafio aumentado de criar um desenho com funcionalidade e estética à altura das aspirações, condicionada pelas opções negociadas com a engenharia. Assim, o esforço dedicado à fase de projecto é superior ao tradicional, assegurando desta forma uma posterior execução consideravelmente mais eficiente. Eu terei uma intervenção muito intensa em qualquer das fases, impondo requisitos e fomentando a procura de respostas que considere à altura dos objectivos que agora enuncio. Tal como escrevi num post anterior, não me interessa chegar a algo que é 10% melhor que a média; a ideia é mesmo mudar de escala. Se se concluísse que isso era impossível, então a iniciativa teria fracassado e não se avançaria para a construção. Contudo, as informações que fui recolhendo ao longo destes anos, e os contactos que fui tendo com especialistas (quase todos eles descontentes, mas resignados à irracionalidade...), indicam fortemente o contrário. Alguns exemplos soltos de regras orientadoras, sem entrar ainda em detalhes técnicos que também já estão pensados:

  • muito elevada qualidade estrutural (segurança, isolamentos, durabilidade, iluminação e ventilação adequadas, etc.);
  • nenhuns “luxos” nem “delírios tecnológicos”, nem sequer sistemas supostamente “ecológicos” de amortização mais que duvidosa;
  • organização flexível do espaço interior, permitindo eventualmente “open space” ou modificação posterior da tipologia;
  • canalizações e cablagens em galeria técnica acessível em toda a sua extensão (paredes sem nada embutido);
  • zonas de água com arejamento e luz naturais (ausência de sistemas de ventilação forçada, portanto);
  • ausência de persianas exteriores.

O convite que faço é então dirigido aos arquitectos e engenheiros que me lêem, e resume-se assim:

  • irei constituir uma equipa de trabalho não remunerado para debater uma especificação preliminar deste edifício concreto (essa foi uma das razões para ter criado a presença do blog no LInkedIn, aliás);
  • neste estudo inicial, para o qual fornecerei todos os dados necessários de partida e que pode em grande parte ser feito remotamente, recolher-se-ão e comparar-se-ão as sugestões apresentadas por todos os participantes, que deverão permitir o seu uso sem restrições;
  • o tempo que irei reservar para esta fase será curto – não quero estudar mil e uma alternativas adiando o seu teste real – mais tarde apresentarei um cronograma;
  • os projectos de arquitectura e de especialidades de engenharia para efeito de licenciamento e execução do protótipo basear-se-ão neste estudo inicial e serão por mim contratados (e agora pagos) aos técnicos que escolher na altura;
  • todos os participantes terão acesso a toda a informação desta fase e das seguintes – detalhes técnicos propostos, lista de fornecedores contactados, orçamentos, custos e prazos reais detalhados de execução, etc.;
  • com a experiência adquirida, espero que todos os participantes possam ampliar a iniciativa e realizar novos projectos. :-)

(Agradeço respostas para taf@etc.pt.)