2008-05-25
O Porto, e o Norte em geral, acabou por não se sair mal de todo nestas eleições no PSD. Apesar de não ter sido atingido o que do meu ponto de vista era o óptimo, apenas 37,6% para a candidatura de Manuela Ferreira Leite (que agrega os principais centralistas) é um resultado bom.
Aliás, se tivesse havido uma segunda volta, o não-centralismo representado por Passos Coelho e por Santana Lopes teria vencido. Uma vitória assim pouco expressiva, mesmo que inteiramente legítima, não deixa o PSD à vontade para descurar os problemas que tantas vezes aqui no blog temos focado. Mais do que isso, Passos Coelho provou que o futuro passará por ele, tornando inevitável uma "Política 2.0".
É interessante analisar com detalhe os eleitores, os votantes e os resultados, secção a secção. Duas perguntas:
- Foram pagas as quotas de 77 mil militantes, mas apenas votaram 46 mil. Terá havido assim tanta gente (31 mil pessoas) a pagar quotas que depois decidiu ficar em casa? Pagamentos a investigar... Aliás, também se esperam agora as contas das campanhas.
- Será saudável a disparidade tão grande das proporções entre o número de militantes, a abstenção e o peso demográfico das secções? Exemplos:
- Vila Nova de Famalicão - 1.918 eleitores, 1.267 votantes
- Gondomar - 1.095 eleitores, 381 votantes
- Porto - 1.500 eleitores, 898 votantes
- Vila Nova de Gaia - 3.124 eleitores, 1.670 votantes
- Trofa - 2.216 eleitores, 1.082 votantes
Parece-me claro que é fundamental conquistar novos militantes (muitos mais!) quer para o PSD quer para qualquer dos outros partidos. Há um défice de participação política que nos deixa a todos nas mãos da "meia-dúzia" de pessoas que tem capacidade de voto nos partidos.
Outra questão é o papel e a ambição de Rui Rio. Ele espera uma derrota do PSD nas eleições de 2009 para então tentar a sua sorte após uma provável demissão de Ferreira Leite nesse caso. Só que as votações elevadas de Passos Coelho e Santana Lopes não lhe dão o conforto com que contava. Além disso Passos Coelho tem todas as condições para aumentar a sua popularidade entretanto, fazendo crescer o PSD mesmo sem estar na liderança. Ao contrário, à medida que se for expondo mais ao país e tornando mais evidentes as suas semelhanças com Sócrates, Rui Rio vai desiludir muitos dos que nele ainda têm esperança.
Vai seguramente haver "próximos capítulos". Para seguir com atenção e participar com empenho. ;-)
«O meu coração ficará no Porto» - Humberto Delgado, 14 de Maio de 1958
é o título da exposição documental organizada pelo Arquivo Distrital do Porto (ADP) e que aqui se encontra patente, até ao próximo dia 8 de Junho.
O Documento que agora se apresenta surge a propósito de um pedido de colaboração feito pelo Governo Civil do Porto ao ADP, no âmbito das comemorações dos Cinquenta anos da chegada ao Porto do General Humberto Delgado em plena campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 1958.
Pensa-se, através da estrutura expositiva montada, permitir ao público a leitura da passagem do Candidato da Oposição por esta cidade recorrendo a registos fotográficos e textuais digitalizados que nos dão conta, por um lado, da enorme adesão popular e, por outro, do olhar atento do Regime, nomeadamente das suas forças policiais.
OBS: Devo dizer que, na minha opinião, o novo monumento ao General Sem Medo não faz justiça ao homem. E aquela localização junto à escada do estacionamento...
Boa noite.
Nestas coisas de TV é usual um slogan que as promova. Eu adianto-me a qualquer eventual concurso, e dou de borla um slogan:
Grande Porto TV, uma TV de faz de conta.
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Cumprimentos de
Victor Sousa
PINTURA DE PAINÉIS ARTÍSTICOS
31 de Maio - Sábado - Início às 10h30
Artistas musicais: Grupo de Animanção Psico-Social, Rancho do Douro Litoral
Artistas plásticos: Alberto Péssimo, Epik, José Emídio
O Bolhão está vivo - As artes comandam o sonho do Mercado ser mantido.
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Movimento Cívico e Estudantil do Porto
O regresso de Menezes a Gaia parece que tem feito bem a Rui Rio. Não há nada como sentir a concorrência a apertar.
- JM Porto ameaça queixar-se a Bruxelas
Entretanto saúda-se o nascimento da Grande Porto TV, com sede em Gaia, evidentemente.
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Nota de TAF: Sobre o mesmo tema Sérgio Aguiar enviou mais um apontador - QREN: Governo nega deslocação de verbas do Norte para Lisboa - "O secretário de Estado do Desenvolvimento Regional negou hoje em declarações à agência Lusa que o governo tenha aprovado uma resolução que permita a transferência de verbas do QREN do Norte para a região de Lisboa."
Ler também a notícia no site da CMP.
A Junta Metropolitana do Porto anunciou hoje que pretende apresentar à Comissão Europeia uma queixa contra o Governo, caso não seja alterada, no prazo de um mês, a resolução que prevê o desvio de verbas do Quadro de Referência Nacional Estratégico (QREN) destinadas ao Norte para a região de Lisboa.
Cristina Barreto - Diário Económico
Segundo noticia a agência Lusa, em causa está a resolução do Conselho de Ministros nº86/2007, de 3 de Julho, que no ponto sete prevê que verbas do QREN destinadas ao Programa Operacional do Norte possam ser utilizadas em Lisboa, se forem aplicadas em projectos considerados de interesse nacional.
"A JMP pediu um parecer jurídico para saber se isto é ou não legal face às normas comunitárias", afirmou o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, no final de uma reunião ordinária da JMP, que agrupa 14 concelhos, tendo acrescentado que a avaliação efectuada conclui que "esta resolução é ilegal".
O governante considera que, de acordo com o parecer jurídico, a resolução "viola grosseiramente" normas comunitárias. Face à situação, a JMP decidiu fazer um ultimato ao governo, sendo que vai escrever uma carta à tutela, designadamente ao Ministro do Ambiente, Nunes Correia, a solicitar que até ao final de Junho "anule essa possibilidade", alterando a resolução. "Se nada fôr alterado, a JMP tem obrigação, em Julho, de apresentar uma queixa em Bruxelas", junto do Tribunal das Comunidades, frisou o autarca do Porto. Rui Rio sublinhou ainda que é um dever dos autarcas do Norte "não ficar de braços cruzados". O presidente da JMP salientou, contudo, que o desvio de verbas comunitárias para a região de Lisboa "tem sido constante", não sendo apenas "um pecado deste governo".
Caro António Alves, vamos lá ver se eu me consigo fazer entender.
1) Quando aqui usei o termo "complementares" não pretendi estabelecer nenhuma hierarquia entre as medidas, mas apenas dizer que elas não são incompatíveis entre si, que se completam.
2) Eu não defendo uma baixa dos impostos sobre os combustíveis, em absoluto. Defendo uma harmonização do preço com as economias com as quais Portugal mais directamente interage, e em especial Espanha. Escrevi sobre isso noutro lado, aliás. Acontece que os impostos estão comparativamente altos demais em Portugal, e por isso devem sofrer uma correcção permanente (e não conjuntural!) para os níveis dos nossos vizinhos.
3) O problema dos combustíveis é mundial. Não é a acção do Governo português que vai contribuir de modo minimamente significativo para o resolver. O que o Governo deve fazer é participar num esforço global. Não me choca nada que todos subam os impostos, coordenadamente. Estou por isso de acordo com o artigo que cita. O que acho também é que seria insensato Portugal fazer isso isoladamente.
4) Não basta agir sobre o IVA para colocar os combustíveis em Portugal aos preços adequados à luz do que escrevi acima. É preciso mexer também no ISP, não há outra maneira. Não é descendo o IVA 1 ou 2% (e teria que ser em tudo, aliás, não só nos combustíveis) que os valores convergem.
5) O facto de a harmonização do preço (que também defenderia caso fosse no sentido da alta) dever ser estrutural não impede que se aproveitem os benefícios conjunturais que ela agora terá. Por que razão se deveria adiar uma correcção estrutural? Para desperdiçar as vantagens conjunturais?! Aplicar agora esta medida não tem nada de demagógico, é apenas bom senso elementar. Junta-se o útil ao agradável. :-)
Caro TAF
Eu não queria estar a maçar quem nos lê com este assunto do PSD mas, como o PSD é um partido com notórias ligações ao Porto e à sua Região, e como também a definição do seu futuro, ou não futuro, é importante para o país e por maioria de razão para o futuro do Porto, cá vai.
As medidas que eu proponho não são complementares. São mesmo as principais e fundamentais e já deviam ter sido tomadas há 20 anos como aqui foi dito. A harmonização fiscal com Espanha deve ser feita através do IVA, que é um imposto global, e não do ISP. Aliás essa harmonização deveria abranger toda a União Europeia e não apenas Portugal e Espanha. Mas essa é outra guerra que a UE não está em condições de levar por diante nem sequer no médio prazo. A redução do ISP seria dar o incentivo errado aos agentes económicos. O consumo de combustíveis fósseis não deve ser incentivado pelas mais variadas razões. Desde as já velhas razões ecológicas até às mais prosaicas razões económicas que hoje estão em cima da mesa. O petróleo é um bem escasso e caro. O seu uso racional deve ser promovido e não o contrário. A economia deve ajustar-se à nova realidade e procurar soluções mais adequadas. Advogar a descida do ISP para acudir a uma situação conjuntural é demagogia populista. É inútil também. Além de aumentar o défice estatal, não impede que os combustíveis continuem a aumentar. Apenas obteríamos uma redução temporária do seu preço. Tudo indica que a escalada dos preços ainda está longe de terminar. Uma medida demagógica desse tipo seria música de violino para os ouvidos da classe média automóvel-dependente. Apenas e só! Se o seu candidato não percebe isso não lhe auguro grande futuro a ele e ao país caso um dia chegue a 1º ministro (aliás, neste campo não auguro grande futuro, com ele ou com outro, de qualquer modo). Neste campo Sócrates tem sido mais consciente. Recomendo-lhe a leitura deste artigo do professor Kenneth Rogoff hoje publicado no suplemento de economia do ‘Público’. E já agora o seu candidato que o leia também.
P.S. – Cara Cristina Santos: a mim não me incomoda nada que Braga, a antiga capital da Galécia, queira ser a capital do Norte. Primeiro porque gosto muito de Braga, cidade à qual estou ligado por razões familiares. O meu pai nasceu em S. Julião de Passos e a Casa da minha família paterna foi estabelecida numa pequena e bucólica aldeia dos arredores de Braga chamada Cabreiros que entretanto foi completamente abastardada pelas auto-estradas que lhe romperam violentamente as entranhas. Segundo porque o conceito de ‘capital’ não me diz grande coisa e eu acredito no princípio da subsidiariedade. A questão é que certas ‘elites’ bracarenses ainda não se livraram da cultura castreja e pelam-se por uma courela e um rego de água. E isso é um problema grave que limita grandemente a nossa capacidade de implementar o projecto da Regionalização.
Não ponho qualquer resistência ao projecto Porto Bandeira Azul; a qualidade do currículo do Dr. Poças Martins serve apenas de antecâmara àquela que é, se calhar, a única medida capaz de influência estruturante na Cidade em 7 anos de Governação. Mas, como todos os planos, há o lançamento e há a execução; há os dividendos políticos a retirar e há as transformações. E é na parte da execução que centro o meu post, nomeadamente aos trabalhos executados pela Redegas, empresa a quem foi concessionada a obra necessária, e na ingerência que as fotos documentam por parte de quem encomenda essa mesma obra. Procurei no site da Câmara e no site da Junta de Nevogilde saber das condições contratuais e as razões para tal concessão e não encontrei nada - gostaria, por exemplo, de saber qual o custo da obra total, mas as placas colocadas junto aos trabalhos também nada dizem.
Por toda a Freguesia de Nevogilde surgem estes improvisados remendos, estas "bandas sonoras" improvisadas. Como se já não bastasse a inexistência de qualquer plano de intervenção ao nível da qualidade dos arruamentos ou minimização do impacto da afluência de tráfego (que se prevê aumentar exponencialmente com as mais-valias trazidas pelas Bandeiras Azuis), temos ainda que, em nome da "importância" do projecto, assistir à destruição dos arruamentos por parte de uma empresa, que, sendo privada, cumprirá apenas e tão só aquilo que o adjudicador público com ela tenha contratualizado.
Desfraldar bandeiras é fácil; difícil é manter a qualidade da Governação. Pena é que a seriedade propalada não transborde para a qualidade da administração do bem público.
Nicolau Pais
PS- As fotos documentam apenas uma parte do problema; seria impossível, tal é a dimensão da "praga", aqui documentar também as Ruas de Corte Real (em toda a sua extensão haverá talvez 12 destes "rasgos") ou Gondarém, por exemplo. As minhas desculpas pela falta de qualidade fotográfica - de qualquer forma, um rápido circuito a pé permitirá averiguar da veracidade do problema, capaz de "abanar" em certas situações, um autocarro.
PS de Cristina Santos: Acresce ao que aqui foi dito por Nicolau Pais o facto de por conta desta prioridade, e não desprestigiando o valor do projecto em curso e a sua urgência, estar o resto da Cidade à espera dos serviços das Águas do Porto para a ligação de ramais de saneamento, pagos há mais de 8 meses.
Li com especial atenção o post do António Alves. Tenho que dizer que concordo completamente com quase tudo o que aí se diz e se aplica com especial relevância a nós, portuenses. A excessiva dependência do automóvel, o comodismo, a ausência de infraestruturas de transportes alternativos e de uma verdadeira rede de transportes ferroviários, a necessidade de investimento nos transportes sustentáveis, a necessidade de que as pessoas regressem ao centro das cidades reduzindo a sua dependência dos combustíveis, enfim, tudo o que já todos nós sabemos e dizemos conhecer dos restantes países que nos rodeiam nesta união, dita europeia.
Há apenas um problema. Todas estas reformas não se fazem num ano. Há projectos que necessitarão de, pelo menos, 10 anos até haver resultados palpáveis. Estes remoques têm portanto, e a meu ver, 20 anos de atraso. Sim, há 20 anos que temos vindo a receber “uns dinheiritos” da CEE que seriam, segundo consta, para investir na promoção de grande parte das medidas e projectos que agora compreendemos fazerem falta. Uns chamam-lhe “fado”, eu chamo-lhe “eterna incompetência”. Sim, há que não ter medo das palavras, isto do ser “tuga” tem as suas vantagens quando falamos de Pessoa, António Damásio, Saramago, Siza, Vanessa Fernandes ou Ronaldo, mas também tem ENORMES desvantagens.
Traz consigo a eterna desvantagem de um país que há 30 anos que não é capaz de gerar e criar competências aos mais variados níveis. Falta educação, formação e, sobretudo, justiça. São, não os nossos maiores falhanços, mas sim a causa primeira da nossa total FALÊNCIA. Falta-nos massa crítica, falta-nos “saber como”, falta-nos gente educada, cidadania, gente competente, gente que veja além dos quatro anos de mandato. Sem elas não é possível exigir ao país que possa responder com eficácia. Estamos portanto condenados a enfrentar, cabisbaixos, as “vacas magras”. Sim, porque a culpa é nossa! Em tempo de vacas gordas, é tão fácil viver como governar. Quando o cinto aperta é que se notam as carências e os erros do passado. O problema não são as atitudes dos “Ministros da Gasolina” mas sim “quem educou esta gente?” ou então, “por que raio é que continuamos a permitir que eles vão para lá?”
Pois é! … E agora?
Agora, meus amigos, é preciso trabalhar! E fazer sacrifícios.
Mais ainda????
Que remédio, é a nossa sina – ou “fado”! .É como perdermos a final do Euro, até a Grécia está melhor que nós - Irra pr'ás coincidências!
Olhem para a Alemanha do pós-guerra e para a Espanha depois da guerra civil! Não havia sequer o que comer, quanto mais dinheiro para comprar comida. Custa, não custa? Olhem para estes dois países agora! Olhem também para a forma como os novos estados membros estão a usar "os dinheiritos" da "CEE". Olhem e aprendam!
Teresa Stillson
Só mais uma coisa. Ao ver o debate de anteontem não pude deixar de me lembrar que aqueles protagonistas eram os mesmos (ou quase os mesmos) que à época não cessaram de apoiar o seu então líder no subserviente e vergonhoso apoio à invasão do Iraque, uma das causas do choque petrolífero que estamos a viver.
O que disse em resposta ao texto da Cristina Santos em nada define ou encerra a minha opinião acerca daquilo que seria melhor para a cidade, em termo de autonomia. Espero tão ansiosamente pela regionalização como pela saída do Dr. Rui Rio. O que quero dizer com isto é que, tal como o Vítor Pereira diz agora, a regionalização não vai resolver todos os nossos problemas; se continuarmos a eleger pessoas pseudo-sérias, pseudo-justas, pseudo-capazes vamos ter, quem sabe, uma pseudo-cidade: é isso é, suponho, tudo o que menos queremos.
Isto porque temos todo o direito de questionar o que é feito da política cultural? O que é feito do conceito do Porto cidade da experiência artística? Porto a capital da cultura? E a do Bolhão, o que há a dizer? E a política de reabilitação dos PER? E a quantidade de milionárias indemnizações que a Câmara está obrigada a pagar por actos ilícitos que qualquer jurista detecta? E a reabilitação da Harmonia? O que pensará a CMP acerca do seu próprio sistema de avaliação e aprovação de projectos? Como funciona esse departamento? Será aceitável que um investidor espere quatro anos pela aprovação de um projecto? É esta a cidade atractiva?
Cumprimentos,
Pedro Bragança
Aproximar as pessoas da política, como tão bem disse o Senhor Presidente da República mas não soube concluir, é aproximar o povo dos órgãos de decisão. Por outra palavras: regionalização.
Temos que partir do princípio que todos os candidatos que venham a defender esse processo estarão de boa fé e de livre vontade num projecto que acreditam para o país. Os políticos que o contrariam é que não estão no mínimo a ser honestos, o seu interesse é manter a fidelidade dos cargos que sabem que perdem, mal deixem de ter as costas quentes dos grandes grupos de «decisão», nessa altura vão ter que ser efectivamente competentes e isso é um risco. A falta de regionalização, de proximidade ao povo, faz da Democracia um sistema quase ditatorial. A acontecer em tempo útil vai fazer muito bem aos políticos do Norte, vão passar a esgrimir com Lisboa de igual para igual, evoluem, lidam com as situações in loco.
Lisboa tem que concordar que algo tem que ser feito, também sofre o aumento dos impostos, do custo de vida, até aqui nada resultou, e as promessas por cúmulo mantêm-se as mesmas. Portanto vamos apanhar a Espanha, vamos regionalizar, antes que percamos o poder financeiro para reivindicar soluções. Vejam que já nem no Porto as manifestações têm qualquer impacto, há que ir a Lisboa, agora imagine-se um agricultor transmontano tem que fazer 500km para se manifestar porque a sucursal que possa existir na sua área não manda nada, ganha, gasta e não tem autoridade. O agricultor paga impostos como nós, à mesma taxa, o aumento de custos com a regionalização é um embute e que não seja, rola por nossa conta e nossa decisão.
O Governo também não conhece o transmontano, conta com as comanditas do seu partido para pressionarem o agricultor, porque são vizinhos, porque depois não lhe vende a campa no cemitério, não lhe lê a carta que ele não sabe e assim garante o voto, votou em quê? O agricultor não sabe, como o agricultor outro qualquer, por isso o facto de os termos eleito não é bem assim, a maioria está demasiado distante para gozar a Democracia. A crise não é isto ou aquilo, a crise foi gerada pelos que lá estão e há muito lá se mantêm e alguns querem voltar a ir. Evite-se ao menos isso, regionalize-se.
Cristina Santos
Pelo que vejo dos últimos comentários a ideia da regionalização continua a correr-nos nas veias. A ideia de que ela poderá resolver todos os nossos problemas. Até já se fala do Dr. Rui Rio a primeiro ministro (PM). Sendo a esperança a última a morrer, não creio que a regionalização resolva grande coisa. Por várias razões, desde logo porque existem vários políticos que foram eleitos pelas gentes do Norte, Sul, Este e Oeste, mas apenas defendem a capital e o seu poder macrocéfalo. Há imagens que até náuseas me dão, uma delas foi ver o Dr. Fernando Gomes )antigo presidente da Câmara do Porto) na conferência de imprensa da Galp (aqui pode ser levanta outra questão, que não vem para o caso, que é a promiscuidade entre a política e o negócio). Em seguida porque ao regionalizar iríamos estar a criar pequenos centros de poder, decisão e desenvolvimento. Sendo que 10 são mais do que um, já seria melhor, contudo haveria sempre quem fosse prejudicado. Assim, mais do que regionalizar por regionalizar, importa definir em que moldes regionalizar e se regionalizar.
Quanto à atitude do Governo de vender parte da Quinta do Covelo à cidade do Porto, apenas me dá vontade de rir. Quando se espalha aos 7 ventos que a situação não é assim tão má, quando se cortam as torneiras aos municípios, quando se pede mais à população, quando o preço dos combustíveis sobe a cada dia, quando a natureza é cada vez mais importante, ..., o Governo quer vender espaços verdes e árvores ao município. Simplesmente hilariante! Será isto mais uma manobra de diversão? Já não chega a vontade de implementar portagens em volta do Porto, ainda quererem mais dinheiro para aplicar na sede do império? E nós como nos governamos? É óbvio que a Câmara mais tarde ou mais cedo terá que vender o terreno para empreendimentos imobiliários, de modo a poder ter verbas para gestão corrente e tentar fazer algum investimento e desenvolvimento da cidade.
Bom dia
Tendo lido o vosso blog entendi enviar esta apresentação - Tetto Project - que julgo ser de todo o interesse na área da reabilitação de coberturas antigas. É uma área que não existia em Portugal e neste momento já aplicamos cerca de 4.000 m2 na cobertura da reitoria da Universidade do Porto entre outras obras a nível nacional. Não compreendo é o porquê de ser tão difícil contactar a SRU para marcação de reunião para apresentar este produto, após inúmeras tentativas tem-se revelado infrutífero, não se consegue chegar à fala com as pessoas correctas.
Atenciosamente
José Artilheiro
Gestor de Produto, Odem
Tlm: 93-6219828
E-Mail: jose.artilheiro@odem.pt
O meu amigo, e sempre bem informado, Dario Silva enviou-me estes dados referentes ao número de veículos automóveis segurados em Portugal. E isto a propósito de quê? A propósito do aumento dos preços dos combustíveis, obviamente. Pelo que podemos ver, existiam em Portugal, no ano de 2006, 4.206.618 veículos ligeiros segurados. O que dá, grosso modo, um automóvel para cada 2,46 portugueses. Na realidade dá uma média de 1 automóvel para cada 1,9 portugueses adultos. Incluindo, obviamente, os que não conduzem, não usam o automóvel, ou já não têm idade, por serem muito idosos, para conduzir. Daqui não viria qualquer mal ao mundo. Poderia até ser um sinal de riqueza e bem estar. Mas não é. Para milhões de portugueses a posse de um automóvel é a única forma de se deslocarem eficientemente na sua vida quotidiana. Há também muito comodismo e paradigmas culturais errados associados a esta realidade. Mas, julgo, não invalidam a desmesurada dependência de milhões de cidadãos do transporte particular. A tudo isto devemos acrescentar a também excessiva servidão das empresas ao transporte rodoviário por camião.
A escalada dos preços dos combustíveis, que não é conjuntural e, mesmo depois de corrigida a momentânea especulação, é um fenómeno que veio para ficar, coloca em causa toda esta realidade socioeconómica. O tempo da energia barata acabou. Muitos orçamentos familiares estão a rebentar pelas costuras. Às galopantes subidas das prestações mensais do crédito à habitação somam-se as cada vez maiores despesas com combustíveis. Para muitos é o descalabro. Conheço famílias a gastar 500 euros de combustíveis mensalmente.
Abordo este assunto na sequência do debate de ontem na SIC entre os candidatos à liderança do PSD. Acerca deste tema, um queria baixar o ISP, outro constituir um fundo, um outro baixar o IVA, o quarto nem sequer percebi bem o que propunha. Tudo medidas paliativas. Aspirinas que aliviam momentaneamente a dor de cabeça mas não curam nada. Nenhum deles propôs, por exemplo, levar para a frente, com carácter de urgência, o alargamento das redes de metro do Porto e de Lisboa (duma vez por todas em irrepreensível paridade), o arranque definitivo do metro em Coimbra, a implementação de uma rede de caminho de ferro ligeiro no Minho e a correcção do traçado da Linha algarvia de modo a que sirva eficazmente todo o seu litoral; a construção de uma ligação ferroviária moderna da Região Norte a Espanha e Europa para que a nossa indústria exportadora possa reduzir os custos associados à nossa condição periférica e diminuir a sua dependência do camião; ou então a promoção do uso do transporte público através de compensações fiscais (porque raio eu não posso descontar os 280 euros anuais que gasto na aquisição do meu passe mensal no IRS?); e também o anúncio de medidas que promovam o regresso das pessoas ao centro das grandes cidades, financiado a sua recuperação urbanística e aumentando a oferta de habitação a preços comportáveis, passando estas a residir mais perto do seu local de trabalho. A solução passa por preparar o país para que a maioria das pessoas possa dispensar o uso dos automóveis nas suas quotidianas deslocações entre a casa e o emprego/escola. As famílias poupariam milhares de euros anuais. Todo esse fluxo monetário poupado seria mais bem empregue na compra de alimentação (também cada vez mais cara), cultura e lazer. Todos viveríamos melhor e a economia ganharia com isso. Seria mais diversificada. A malta do lóbi automóvel teria que mudar de ramo porque a quantidade de dinheiro manter-se-ia a mesma, apenas seria aplicada noutro tipo de bens. Os impostos sobre os combustíveis devem ser baixados apenas nas duas actividades económicas cada vez mais fundamentais: a agricultura e as pescas. Acreditem: estamos a entrar numa era de regresso ao básico e fundamental.
Obviamente que nenhum dos postulantes a líder do PSD se lembrou de falar nestas coisas. Também ninguém esperaria tal de um conjunto de pessoas que toda vida foi funcionária pública ou político profissional. Pareciam quatro candidatos a ‘ministro da gasolina’. Mas este mal não é exclusivo do PSD.
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Nota de TAF: Caro António Alves, as medidas que propõe são, a meu ver, complementares de uma baixa do ISP que me parece recomendável para colocar os preços dos combustíveis em níveis próximos dos de Espanha. Já aqui me tinha referido a isso. Quanto aos candidatos ao PSD, sublinho que há um que está especialmente receptivo à participação da sociedade civil na definição das políticas a adoptar. E esse mesmo também definiu opções estratégicas onde essas preocupações estão consideradas para posterior concretização em acção governativa. ;-)
Caro António Alves
Que nada impeça Braga de começar a trabalhar já nesse sentido, a requerer com empenho linhas ferroviárias, transportes públicos eficientes que distribuam e façam circular pelo menos o seu distrito, mais segurança, menos imobiliário. Tem que se impor quando o Governo ignora Vieira do Minho que tem capacidades únicas para turismo, e outras sedes de concelho. Tem que ser menos submissa, está a entregar o seu futuro de mãos beijadas e a retroceder a cada dia que passa. Tal como nós, a situação é semelhante e por isso temos que nos unir. Braga quer empenhar-se, ser capital do Norte, pois que avance, isso é óptimo para a região.
Agora o que todos temos que entender é que a Regionalização não é uma oportunidade de investimento imediata, trata-se de aproveitar todos os recursos existentes, e criar uma infraestrutura regional funcional e viável. Na situação em que o país se encontra não se poderão construir sedes e vias só para regionalizar o país, há que regenerar os tecidos, aproveitar tudo o que existe da forma mais económica possível. Se Braga tiver condições para se propor a capital do Norte, desde que tenhamos os recursos humanos adequados, não há qualquer problema, Braga e o Porto são vizinhos e duas cidades de extrema importância para o país, tem é que já ter condições para que não se perca tempo e a operação falhe. De resto força Braga, é importante que avancem e tomem uma decisão, há muitos anos que espero voltar a fazer a meias o São João.
Quanto às nossas elites, estão cansadas, já viram este filme muitas vezes e perderam sempre a luta. Mas agora as condições começam a estar reunidas para se avançar, vamos todos pôr de parte as claques partidárias e estruturamo-nos. Acreditem os partidários do costume, lêem estes lemas e estão cheios de medo que efectivamente se avance, entre eles dizem que o povo não tem garra e tal, isto é história pensam eles, depois vêm a público dizer que não vale a pena, a passar-nos a mão no pêlo, mas no fundo estão cheios de medo de perder o lugar. O povo pelo contrário já não tem medo nenhum, chegou àquela linha decisiva, já não tem nada a perder, não tarda muito começa a avançar.
Um abraço
Ps. Pedro Bragança, ontem esqueci-me de esclarecer que pouco imposto entrego à minha Cidade, uma insignificância perante os outros impostos, vou pagando uns reboques mensalmente, taxas, de resto o imposto não tem mesmo significância nenhuma.
Cristina Santos
Símbolo Galaico Portucalense
Cara Cristina Santos
Concordo consigo. Mas olhe que vamos encontrar muitas dificuldades. O povo é submisso, ‘abovinado’, lá para Braga gostam mais do Benfica do que da própria terra, sonham ser a ‘capital’ do Minho isolado, e falar-lhes do Porto é falar-lhes no diabo. As elites portuenses, por sua parte, são muito bem representadas por uns senhores pomposos, ocos e verborreicos, que só se mexem quando alguém pretende erigir um prédio qualquer que lhes tape a vistas, ou acham que a plebe lhes tomou o partido de que se julgam proprietários. Tenho mais esperança na miséria galopante que se anuncia. Porque essa sim vai iluminar algumas consciências e o estômago vazio é o mais eficaz promotor da revolta.
Caro Pedro Bragança
Não acha que se canalizássemos os nossos impostos para aplicação directa na região, a Dr.ª Elisa Ferreira teria o dobro das condições para governar o Município?
Se repararmos bem não é só o Porto que está neste estado de crise, Braga, Coimbra, têm problemas semelhantes, as autarquias do país não passam de sucursais administrativas, o poder decisivo depende em primeira mão das verbas que o Estado central cabimenta, portanto, nenhuma a Norte está bem.
Não conheço bem o projecto que a Dr.ª Elisa Ferreira apresenta, gostaria de o ver aqui publicado, para que o pudéssemos avaliar e pensar antes da azáfama das eleições. De qualquer forma o Autarca, Ministro ou Deputado da região que não defenda a Regionalização, terá que apresentar um projecto muito bom, para convencer que com isso consegue vencer a crise. Da minha parte sem uma luta pela regionalização, sem um candidato que se empenhe na sua defesa, o meu voto será pela primeira vez inutilizado, não acredito que se resolva a situação regional sem se resolver o excesso de centralismo.
Melhores cumprimentos e espero que venha a ter razão e a Dr.ª Elisa Ferreira tenha um projecto para o Porto superior, porque aos portuenses interessa sempre o melhor independentemente da cor do partido. Como já disse anteriormente, a politica não é futebol e o povo não deve ser claque. Não tenho qualquer objecção à troca de Presidente, voto em função do projecto, raramente voto em função do cabeça de lista.
O melhor para o Norte é o que queremos todos.
No seu post dirigido à Cristina Santos, o Pedro Bragança afirma que «o Dr. Rui Rio ocuparia de modo exemplar a função de Presidente de Junta de Freguesia de Campanhã, ou Lordelo... Seria, até, um memorável presidente do Grupo dos "Passarinhos da Ribeira" ou do "Clube Desportivo e Recreativo Luz e Vida"». Não duvido disso. Estou certo de que essas instituições acolheriam o Dr. Rui Rio de braços abertos mas, como deve calcular, o prestígio de que goza o Presidente da Câmara do Porto, um pouco por todo o país, faz dele o candidato mais sério à sucessão do Eng. José Sócrates. Até lá, vamos aproveitar ao máximo o seu empenho na gestão da nossa cidade, porque gente séria e dedicada à causa pública é uma espécie em vias de extinção.
Pedro Aroso