De: Teresa Stillson - "Acerca dos Ministros da gasolina"
Li com especial atenção o post do António Alves. Tenho que dizer que concordo completamente com quase tudo o que aí se diz e se aplica com especial relevância a nós, portuenses. A excessiva dependência do automóvel, o comodismo, a ausência de infraestruturas de transportes alternativos e de uma verdadeira rede de transportes ferroviários, a necessidade de investimento nos transportes sustentáveis, a necessidade de que as pessoas regressem ao centro das cidades reduzindo a sua dependência dos combustíveis, enfim, tudo o que já todos nós sabemos e dizemos conhecer dos restantes países que nos rodeiam nesta união, dita europeia.
Há apenas um problema. Todas estas reformas não se fazem num ano. Há projectos que necessitarão de, pelo menos, 10 anos até haver resultados palpáveis. Estes remoques têm portanto, e a meu ver, 20 anos de atraso. Sim, há 20 anos que temos vindo a receber “uns dinheiritos” da CEE que seriam, segundo consta, para investir na promoção de grande parte das medidas e projectos que agora compreendemos fazerem falta. Uns chamam-lhe “fado”, eu chamo-lhe “eterna incompetência”. Sim, há que não ter medo das palavras, isto do ser “tuga” tem as suas vantagens quando falamos de Pessoa, António Damásio, Saramago, Siza, Vanessa Fernandes ou Ronaldo, mas também tem ENORMES desvantagens.
Traz consigo a eterna desvantagem de um país que há 30 anos que não é capaz de gerar e criar competências aos mais variados níveis. Falta educação, formação e, sobretudo, justiça. São, não os nossos maiores falhanços, mas sim a causa primeira da nossa total FALÊNCIA. Falta-nos massa crítica, falta-nos “saber como”, falta-nos gente educada, cidadania, gente competente, gente que veja além dos quatro anos de mandato. Sem elas não é possível exigir ao país que possa responder com eficácia. Estamos portanto condenados a enfrentar, cabisbaixos, as “vacas magras”. Sim, porque a culpa é nossa! Em tempo de vacas gordas, é tão fácil viver como governar. Quando o cinto aperta é que se notam as carências e os erros do passado. O problema não são as atitudes dos “Ministros da Gasolina” mas sim “quem educou esta gente?” ou então, “por que raio é que continuamos a permitir que eles vão para lá?”
Pois é! … E agora?
Agora, meus amigos, é preciso trabalhar! E fazer sacrifícios.
Mais ainda????
Que remédio, é a nossa sina – ou “fado”! .É como perdermos a final do Euro, até a Grécia está melhor que nós - Irra pr'ás coincidências!
Olhem para a Alemanha do pós-guerra e para a Espanha depois da guerra civil! Não havia sequer o que comer, quanto mais dinheiro para comprar comida. Custa, não custa? Olhem para estes dois países agora! Olhem também para a forma como os novos estados membros estão a usar "os dinheiritos" da "CEE". Olhem e aprendam!
Teresa Stillson
Só mais uma coisa. Ao ver o debate de anteontem não pude deixar de me lembrar que aqueles protagonistas eram os mesmos (ou quase os mesmos) que à época não cessaram de apoiar o seu então líder no subserviente e vergonhoso apoio à invasão do Iraque, uma das causas do choque petrolífero que estamos a viver.