De: António Alves - "O candidato e os combustíveis"
Caro TAF
Eu não queria estar a maçar quem nos lê com este assunto do PSD mas, como o PSD é um partido com notórias ligações ao Porto e à sua Região, e como também a definição do seu futuro, ou não futuro, é importante para o país e por maioria de razão para o futuro do Porto, cá vai.
As medidas que eu proponho não são complementares. São mesmo as principais e fundamentais e já deviam ter sido tomadas há 20 anos como aqui foi dito. A harmonização fiscal com Espanha deve ser feita através do IVA, que é um imposto global, e não do ISP. Aliás essa harmonização deveria abranger toda a União Europeia e não apenas Portugal e Espanha. Mas essa é outra guerra que a UE não está em condições de levar por diante nem sequer no médio prazo. A redução do ISP seria dar o incentivo errado aos agentes económicos. O consumo de combustíveis fósseis não deve ser incentivado pelas mais variadas razões. Desde as já velhas razões ecológicas até às mais prosaicas razões económicas que hoje estão em cima da mesa. O petróleo é um bem escasso e caro. O seu uso racional deve ser promovido e não o contrário. A economia deve ajustar-se à nova realidade e procurar soluções mais adequadas. Advogar a descida do ISP para acudir a uma situação conjuntural é demagogia populista. É inútil também. Além de aumentar o défice estatal, não impede que os combustíveis continuem a aumentar. Apenas obteríamos uma redução temporária do seu preço. Tudo indica que a escalada dos preços ainda está longe de terminar. Uma medida demagógica desse tipo seria música de violino para os ouvidos da classe média automóvel-dependente. Apenas e só! Se o seu candidato não percebe isso não lhe auguro grande futuro a ele e ao país caso um dia chegue a 1º ministro (aliás, neste campo não auguro grande futuro, com ele ou com outro, de qualquer modo). Neste campo Sócrates tem sido mais consciente. Recomendo-lhe a leitura deste artigo do professor Kenneth Rogoff hoje publicado no suplemento de economia do ‘Público’. E já agora o seu candidato que o leia também.
P.S. – Cara Cristina Santos: a mim não me incomoda nada que Braga, a antiga capital da Galécia, queira ser a capital do Norte. Primeiro porque gosto muito de Braga, cidade à qual estou ligado por razões familiares. O meu pai nasceu em S. Julião de Passos e a Casa da minha família paterna foi estabelecida numa pequena e bucólica aldeia dos arredores de Braga chamada Cabreiros que entretanto foi completamente abastardada pelas auto-estradas que lhe romperam violentamente as entranhas. Segundo porque o conceito de ‘capital’ não me diz grande coisa e eu acredito no princípio da subsidiariedade. A questão é que certas ‘elites’ bracarenses ainda não se livraram da cultura castreja e pelam-se por uma courela e um rego de água. E isso é um problema grave que limita grandemente a nossa capacidade de implementar o projecto da Regionalização.