2006-11-26
Não sei se já leram. Mas se não leram devem ler. :-)
Exa.
No Público de 30 de Novembro, Luís Ramos, transcrevia Óscar Wilde - "Qualquer um pode ser bom no campo. Lá não há tentações. É por isso que as pessoas que não vivem na cidade são tão terrívelmente bárbaras. A civilização não é, de modo nenhum, uma coisa fácil de atingir. E há duas maneiras de um homem a alcançar: uma é pela cultura, a outra pela corrupção. As pessoas do campo não têm qualquer oportunidade de praticar nenhuma delas e, por conseguinte, estagnam."
Carla Leitão imediatamente afirmou - "À paulada também se fez e faz muita civilização..."
Atendendo a estes dois pensadores e à voz do gentio que diz que V.Exa. não é dada às questões da cultura e a V.Exa. que diz que não é dada às questões da corrupção, somos levados a concluir que com V.Exa. só mesmo à paulada... Dá e recebe, como é natural. Ainda bem que não sou filho de V.Exa.
Em jeito de resumo, finalmente já sabemos - À PAULADA!
Respeitosamente, Exa.
Com os nossos melhores cumprimentos,
Paulo Espinha
Afinal, com a aprovação - só pelo PS - do Orçamento de Estado para 2007, fica confirmado que estes funcionários municipais não vão ter aumentos durante uns anos. Gostaria muito que aqueles que tanto atacaram a Câmara Municipal do Porto por cumprir a Lei por determinação do Tribunal de Contas, tivessem agora o mesmo voluntarismo crítico em relação ao Governo. Mas nem uma palavra.
Saudações,
Francisco Oliveira
P.S. - Vejo que não agradaram a alguns as perguntas que foram feitas a Rui Rio. Mas no final de tudo o que escrevem percebe-se que voltam também sempre aos mesmos casos.
Cristina Santos tem razão: a direcção da entrevista a Rui Rio no Porto Canal foi medíocre. Mais parecia um frete feito ao presidente da Câmara do que uma verdadeira entrevista. Ficaram por abordar questões tão polémicas e importantes como a linha de metro da Boavista, o Grande Prémio da Boavista, o Bairro S. João de Deus e a renovação dos Aliados, entre outros. Mesmo nos assuntos abordados as questões foram dum registo de tal modo básico que foi confrangedor assistir àquilo. Neste cenário Rui Rio safou-se bem e até brilhou na questão do Metro versus Tribunal de Contas. Campo onde a defesa da sua dama foi convincente e determinada. Fez bem porque nesta questão até tem razão. No entanto, a imagem que fica de Rui Rio, depois desta entrevista, é a mesma: um político sem dimensão política e cultural para uma cidade com ambições. Rui Rio apenas se preocupa com a gestão corrente do quotidiano, não tem um projecto que aponte caminhos para o futuro e não se lhe conhece qualquer ideia estratégica de nível metropolitano. Considera, aliás, que o seu lugar na presidência da Junta Metropolitana é secundário. Não se pode dizer, quando instado a comentar a diferença de qualidade entre o Cais de Gaia e a Ribeira, que acha que a Ribeira está muito bem, que os problemas de vandalismo são culpa das pessoas e a Câmara não pode fazer nada. Um ponto positivo da entrevista a favor de Rio foi a vontade demonstrada em recuperar, melhorar e dinamizar o Pavilhão Rosa Mota. Esperemos pelo projecto concreto para avaliarmos melhor.
Segundo o sítio internet da Invicta TV (não sei se a informação é correcta porque não é disponibilizada uma data), hoje pelas 22:30 será transmitida uma entrevista, neste canal, com o presidente da Câmara do Porto. Faço votos para que o entrevistador seja mais incisivo e menos reverente. Como não tenho TVTEL, espero que a entrevista seja posteriormente disponibilizada da Internet. Na minha opinião, e ao contrário do que me parece ser uma opinião generalizada, o Porto Canal não é tão merecedor dos elogios que lhe têm aqui feito. Não tenho nada contra programas populares, do povo e para o povo, mas em certo tipo de programação exigir-se-ia mais dum canal com as pretensões anunciadas. Há laxismo intelectual a mais em muitos programas sobre política.
Ainda acerca da Porto Canal: li um destes dias no Público Daniel Deusdado afirmar que o Porto Canal pagava para ser transmitida através da Tv Cabo. Sendo assim o que é que impede a sua transmissão pela TVTEL?
António Alves
Ponto 1 – O senhor Presidente e bem está a assumir em relação aos Bairros sociais a posição de senhorio. Diz também que de 4 em 4 anos os inquilinos poderão beneficiar de um programa que lhes permite comprar materiais para obras a realizar nas casas municipais por 30% do custo real.
Quando os bairros foram ocupados estavam novos e nem isso evitou a sua degradação precoce, como pretende garantir a médio longo prazo a conservação e o respeito pelas obras realizadas? O grosso dos 50 mil inquilinos continua no desemprego, as rendas foram aumentadas, a formação cívica é precária, acha que o restauro dos blocos vai só por si devolver-lhes a auto-estima e condições para criarem os seus filhos? A grande maioria dos jovens dos bairros continuam sem ocupação, sem programas de inserção, o abandono escolar é um problema latente, como vai promover a inserção deste jovens que são actualmente um vulcão em trabalho de parto?
E como se dá a inserção social, os inquilinos dos bairros passam a convidar a população para visitar o bairros só porque estão pintados e não metem água?
E os inquilinos que não vivem em Bairros mas sim em casas municipais, esses vão merecer alguma atenção?
Ponto 2 – O senhor Presidente aposta no modelo SRU e nas vantagens que este modelo dá aos privados, para que estes invistam na reabilitação da Baixa do Porto.
Parte portanto do princípio que investidor com olho não deixará passar em branco esta oportunidade, mas será que a atracção de investidores não passa também pela recuperação do ambiente da Cidade, da mobilidade, da limpeza, da segurança, dos espaços verdes?
E na eventualidade de os investidores não investirem nos próximos 3 anos, o que restará de positivo, não existe esta hipótese, foi estudada esta probabilidade?
Gaia está a apostar numa dinamização do Centro histórico (ribeirinho) já alojou ocupantes dessas áreas e apresenta um plano estratégico, pensa que o Porto tem vantagens em coordenar forças em aliar-se a este projecto, o que difere entre os 2?
Ponto 3 – O senhor Presidente no mandato anterior apostou muita da sua força na tentativa de inclusão dos arrumadores, como se verifica os problemas de droga e exclusão não acabam com a reintegração de um grupo, é um processo contínuo, que exige uma força e presença constante, a droga não acabou e todos os dias há novos toxicodependentes. Estão identificados os locais de maior concentração e derivação deste fenómeno, está a ser feito algum apoio directo nesses locais? Os arrumadores continuam a ser identificados? E no que diz respeito ao controle e rasteio de doenças como a tuberculose acha que a CMP tem responsabilidades nessa matéria? Depois de 3 anos de experiência no programa Porto Feliz acha que valeu a pena, vai mudar alguma coisa ?
Ponto 4 – O senhor Presidente é um acérrimo defensor da linha do Metro na Avenida da Boavista, acha que este projecto ainda é possível? Como pretende defendê-lo junto do Governo Central? Não acha que beneficiava a AMP uma gestão independente das receitas, uma autonomia regional que evitasse a disparidade que existe entre os avanços de Lisboa depois da Expo 98 e o Porto em 2006?
Bem, isto era o que eu gostava de saber, não quer dizer que seja o mais importante, no entanto penso que será unânime que para pôr Rui Rio à prova o confronto directo com situações passadas não é a melhor opção, para «entalar» Rui Rio é preciso falar-lhe do futuro, só assim podemos medir a sua valia.
Quanto às jornadas, concordo com a organização proposta por Rio Fernandes, não me ofereço como oradora, como já viram tenho um escasso poder de síntese, distribuam tarefas, as me tocarem serão cumpridas.
Existiu um erro grosseiro na condução da entrevista com Rui Rio. É do conhecimento público que o Presidente é um homem de estilosos argumentos, gosta de ser atacado, de agir em legítima defesa, pedir-lhe explicações sobre guerrilhas não traz nada de novo e é um campo em que o Presidente está sempre à vontade.
O jornalista deveria ter abordado Rui Rio quanto ao futuro, como pretende passar da teoria à prática - o que vai fazer de concreto para a verdadeira inclusão social, reabilitar os bairros apenas? E na reabilitação da Baixa, se os privados não manifestarem interesse, a SRU corre o risco de ser um plano falhado? Vai despoluir o Rio Douro como, com que soluções?!
Podia tê-lo confrontado com o plano estratégico de Gaia, do destino do S. João de Deus, das metas. Que interessa se Rui Rio tem tempo para ir ao teatro ou ao cinema, não pode ver DVD?! O que interessa saber do Presidente é a estratégia prática que tem para o futuro da Cidade, já sabemos que fez estudos e planos, Masterplans, mas como vai conciliar isso tudo, como vai pôr os planos em prática, em que sintonia e em que tempo.
O Porto não pode continuar confinado a uma caixa de plástico, que navega sem remos sujeita à maré, se a crise se mantiver por mais tempo a caixa vai submergir e os danos sociais de quem é obrigado a navegar dentro da caixa, vão ser irreparáveis. Há que ter um mapa, ter um rumo e não houve um só minuto na entrevista dedicado a essa tema.
De qualquer forma Rui Rio sai mais uma vez a ganhar nas questões que trava em sua própria defesa, mantém a coerência quantos às resoluções tomadas, mas mais uma vez erra ao não revelar em concreto os projectos para o futuro. A sua teoria política como sempre é muito boa, tem o dom da palavra, mas faltou apontar as pedras onde pretende segurar os pés.
A posição de Teixeira Lopes revela uma ignorância extrema no tratamento das questões da Cidade, e mais uma vez confunde feijoada com tripas, podia ir fazer oposição para Gondomar. Quanto a Francisco Assis revelou-se uma surpresa o facto de supostamente estar no Porto e responder a tempo da entrevista; não obstante essa distância, as ideias parecem pelos menos mais abrangentes. Rui Sá mantém-se equilibrado e tem-nos representado muito bem, embora que a nível nacional o encarem com aquela ironia, tipo - será que este ainda tem orgulho no sotaque - mas esteve bem sempre no seu lugar.
A Porto Canal esta de parabéns, se continuar assim não lhe faltarão investidores, tem a simpatia de todos e agora foi credibilizada pelo Presidente que só responde à comunicação social «honesta».
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Cristina Santos
Em 3 de Junho, o Dr. Paulo Duarte escreveu aqui um texto sob o título "Mistificações em torno da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto relativa ao caso da Frente Urbana do Parque da Cidade".
Nesse mesmo dia, escrevi um comentário ao seu texto em que repeti, várias vezes: "espere para ver..."
Já viu o JN de hoje?
Lino Ferreira
Relativamente às jornadas, por certo que não falta gente com ideias e possibilidades de participar no debate.
Falta todavia alguém assumir a liderança da iniciativa: já propus em correio pessoal que o fizesse o Tiago Azevedo Fernandes (que diz que está metido em coisas a mais!). Outra boa possibilidade, numa solução muito lusitana, é assumir a responsabilidade o primeiro que falou disso (que confesso não saber quem foi).
Seja como for, é preciso definir um dia, um local, um modelo e um objectivo. Avanço sugestões:
Dia – uma tarde de sábado (16 de Dezembro?)
Local – ESAP (perfeito: tem um bom auditório com entrada pela Rua de Belomonte e talvez seja possível envolver alguns docentes e os alunos, especialmente os de Arquitectura)
Modelo – uma possibilidade (bastante tradicional, mas que funciona bem) é criar dois painéis de 4/5 pessoas para intervenções de 10 minutos cada, seguindo-se debate. Talvez valha a pena trazer exemplos: Santiago de Compostela / Guimarães / CRUARB / Porto (SRU) … (6x10 minutos + 50 minutos de debate) e abrir uma mesa-redonda com moderação de um jornalista para debate público entre geógrafo, arquitecto, engenheiro de mobilidade, promotor imobiliário, gestor de SRU, vereador da CMP, vereador da CMG, mais um ou dois participantes do blog… (60 minutos de debate entre si + 60 minutos de debate aberto a todos os presentes).
Objectivo – contribuir para a reabilitação e revitalização da cidade histórica. Por isso, todas as intervenções deveriam centrar-se em propostas/soluções/acções de intervenção no centro histórico de Porto e Gaia e na Baixa do Porto.
Naturalmente estas sugestões valem o que valem: há muitas mais possibilidades de data e local, modelo, participantes e objectivos. Pretende-se apenas ajudar o(s) organizador(es).
Rio Fernandes
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Nota de TAF: De facto estou mesmo cheio de trabalho (só o blog são umas horas por dia!) e tenho que tratar da minha subsistência... Darei todo o apoio que puder mas haverá de certeza quem tenha mais disponibilidade e preparação do que eu para liderar a iniciativa. O blog está à disposição para ajudar a organizar e divulgar as Jornadas, como é evidente. Já agora, o autor da sugestão foi o Francisco.
Como o prometido é devido, aqui estou eu para informar todos os ilustres participantes da Baixa do Porto que tenho praticamente garantido um espaço para a realização das jornadas da reabilitação aqui sugeridas, e muito bem, pelo Francisco e que eu tal como outros participantes apoiamos efusivamente. Porém, para levarmos a cabo esta iniciativa temos que quanto antes organizar uma pequena comissão que determine os moldes da iniciativa, a sua inter-disciplinaridade e uma proposta da calendarização.
Este pequeno texto orientador necessita de ser entregue com brevidade à instituição em causa, para que conste no plano de actividades desta no ano de 2007, para que o espaço nos seja cedido sem qualquer conflito em termos estatutários. A instituição em causa é a ESAP, Escola Superior Artística do Porto, uma instituição tutelada pela CESAP, vulgarmente conhecida como Cooperativa Árvore, uma instituição privada de utilidade pública que sempre desenvolveu a sua actividade na área do centro histórico que é exactamente o objecto dos debates que pretendemos levar a cabo. Devo demonstrar o meu agradecimento público às pessoas que dirigem os organismos responsáveis por este tipo de actividades, que me receberam e que se disponibilizaram prontamente a apoiar esta nossa iniciativa.
Era óptimo que no início da próxima semana o texto fosse enviado a requerer o espaço como acima indiquei, motivo pelo qual penso que até Sábado à noite se apresentassem os interessado a organizar este evento que estou certo trará o debate e a apresentação de caminhos para a recuperação desta nossa cidade
Com os melhores cumprimentos
Luís de Sousa
Normalmente não me aquece e nem arrefece a eterna questão Lisboa vs Porto. Nem a novíssima questão do Metro me incomoda por aí além e, ao contrário do que diz a Cristina, aqui neste caso, só nos podemos queixar de nós próprios. Que venha um novo modelo de gestão para a Metro do Porto por aí abaixo que eu apenas me limitarei a encolher os ombros. Se eu desejasse algum mal a Lisboa até propunha que Valentim & Cia fossem estagiar para o Metro de Lisboa, mas até consta que eles por lá também estão muito bem servidos. Aliás, não há empresa pública alguma entre nós que não esteja bem servida de Valentins e diria até que é para isso mesmo que elas existem. Adiante.
O que me irrita são as pequenas coisas. Aquelas coisas que me atrapalham no dia a dia e que vão confirmando que em Lisboa se perde cada vez mais o sentido de realidade. Dois pequenos exemplos:
1. Quando procurava informações sobre o Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) no www.portaldahabitacao.pt encontrei este interessante e útil documento Método de Avaliação do Estado de Conservação dos Edifícios. Trata-se de um manual de instruções para preenchimento da Ficha de Avaliação do Estado de Conservação (a ficha tem 2 páginas, mas o manual de instruções tem 26...). A páginas tantas deparo-me com o ítem Época de construção onde se lê: «a época de construção deve ser classificada em uma das seguintes categorias: anterior a 1755 – Edificações pré-pombalinas; 1755-1864 – Edificações do período pombalino e similares; 1865-1903 – Adulteração das referências pombalinas e significativo aumento do número de pisos. Período compreendido entre a entrada em vigor das primeiras posturas municipais sobre construção, em Lisboa (1865), e a publicação do Regulamento de Salubridade das Edificações Urbanas (1903)». Pois é... pergunto se estas instruções serão aplicáveis a todo o resto do país. Mesmo para o Porto esta periodização tem o seu quê de excêntrico, não obstante os Almadas... Parece que alguém se esqueceu de alertar o LNEC para a circunstância de o NRAU ser uma Lei nacional e não uma disposição municipal. A não ser que, olhando pelas janelas dos seus gabinetes, estes técnicos acreditem que não há nada mais para além de Lisboa.
2. Com o intuito de analisar as potencialidades de um edifício na zona histórica do Porto para aí se instalar um pequeno equipamento hoteleiro, tentou-se marcar uma reunião na Direcção Geral de Turísmo (DGT). Como existe uma delegação dessa Direcção-Geral no Porto, pensámos que poderíamos resolver aí mesmo o nosso problema. Para nosso espanto a delegação do Porto só poderia se pronunciar sobre projectos no âmbito do Turismo Rural! Para qualquer outro assunto deveríamo-nos dirigir a Lisboa porque só aí existem os técnicos habilitados a emitir pareceres sobre projectos para empreendimentos em contexto urbano. Resultado: perdeu-se um dia de trabalho de duas pessoas (do cliente e do técnico que o acompanhou), quando numa meia-hora se poderia resolver o problema por cá. E ainda por cima nem sequer consideram a possibilidade da videoconferência.
(PS: Ora aí está um excelente serviço que a Loja do Cidadão poderia fornecer ao país. Salas de Videoconferência ligadas aos serviços sitiados em Lisboa!).
David Afonso
attalaia@gmail.com
Fiquei extasiado com esta notícia!
Um casal da Guarda conseguiu a façanha de entrar de carro na estação de metro dos Aliados... Acho que o presidente da câmara devia galardoar o motorista, pelas suas grandes contribuições para a inter-modalidade de transportes! Portugal precisa de mais gente assim!
daniel
Hoje às 21:30h Rui Rio vai ser entrevistado no Porto Canal no programa De Olho na Câmara, após longo silêncio vamos ver o que tem a dizer, ou o que não diz.
Um abraço
Nuno Gonçalves
Uma recomendação para a SRU.
Uma das causas para as dificuldades em obter financiamento para a reabilitação urbana é certamente a corrupção nos bancos. O problema da corrupção é muito grave e difícil de provar, mas há meios para minorar os seus efeitos. Por isso devia merecer uma atenção especial da SRU para se tentar em conjunto com as instituições financeiras monitorar os processos (e os prazos!) de decisão. Como é que geralmente actua um corrupto nestes casos? Do mesmo modo que nas autarquias: atrasa decisões até ao limite do ridículo, pede sistematicamente novas informações, evita comprometer-se com respostas escritas mas não se inibe de dar "palpites" apenas verbais, sugere que se "vá avançando" na esperança de mais tarde revelar "dificuldades inesperadas" quando o processo já for a meio, etc. Ou seja, "coloca-se a jeito" para que o cliente/requerente, supostamente desesperado ao fim de tanto tempo, lhe ofereça um "incentivo". O corrupto raramente toma a iniciativa de propor seja o que for, o que obviamente dificulta a prova e, formalmente, inverte a posição passiva ou activa dos intervenientes na ilegalidade. Como esta situação se confunde com a simples desorganização que também existe frequentemente nestes meios, só uma vigilância atenta do decorrer dos processos pode evitar esta praga que nos desgraça.
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Aqui ficam também alguns apontadores:
- Câmara anula outra vez frente urbana do Parque na Boavista
- STCP vai concluir em breve a reestruturação
- Guerra aberta entre Metro e Tribunal de Contas
- Rio e Paulo Morais apoiam listas diferentes à Concelhia
- "Há um enorme espírito empreendedor no Porto"
- O PortoCanal tem que pagar para existir
Por sugestão de TeoDias:
- "Há mais de 500 casas vazias"
- Estação Campo 24 Agosto reabre
De acordo com uma notícia publicada no site da CMP, a empresa "Metro do Porto" irá accionar criminalmente o Diário de Notícias, o seu Director e ainda o jornalista Carlos Lima, pela publicação da manchete onde se afirma que a Metro do Porto está a ser "investigada por suspeitas de gestão danosa".
Pedro Aroso
Caro Tiago
Tens razão, os processos são diferentes. Um era o «apito dourado», outro era o processo autónomo no Ministério Público de Gondomar, que acusava Valentim Loureiro, enquanto Presidente da Metro do Porto, de tráfico de influências. Nomeadamente de «combinar» obras e concursos da Metro do Porto com empreiteiros, que se transformavam em Mecenas do Boavista Futebol Clube. O problema é que quem acusava era Gondomar, mas o móbil do crime era de outra comarca. Isto foi arquivado, mas envolveu a Metro do Porto ao ponto de Oliveira Marques vir negar que tais acusações pudessem ser possíveis, uma vez que os empreiteiros suspeitos nem sequer tinham obras com a empresa. O único processo que ainda subsiste é o de Bruxelas, que veio processar a Metro do Porto pelos contratos públicos efectuados sem rigor.
O que pretendo dizer é que à data a que se reportam as acusações o Presidente do Metro era o Major Valentim Loureiro, que foi acusado das infracções a que o relatório do T.C. alude, excepto as acusações assessórias: plafonds do cartão de crédito e os ordenados, estas acusações nunca foram provadas. Se tivessem sido provadas, não estavam em causa todos os directores executivos eleitos pelo Governo e pela JMP, não estaria em causa a empresa mas o seu gestor, uma só pessoa, um só móbil para o disparate, uma forma de alguém assumir financeiramente as responsabilidades. O Governo também foi dando o seu aval às obras a realizar, nomeadamente IPPAR nos Aliados.
Há gente no Porto capaz de gerir com transparência, mas ao Governo não interessam as provas porque as condenações encerram os casos, a este Governo centralista só interessa a suspeita, e de suspeita em suspeita vai adiando as decisões para com os portuenses. Não é justo que por culpa de alguns, incluindo a culpa do Governo e da sua Justiça Pública, o Porto venha a ser penalizado, ou que a Metro perca a relativa independência.
- Metro do Porto terá sido utilizado para contrapartidas
- Metro do Porto nega adjudicação a subempreiteiro
- Bruxelas avança processo contra a Metro do Porto
Há que fazer uma nova ofensiva no caso da Av. dos Aliados após o arrasamento das contas do Metro por parte do Tribunal de Contas. As obras são ilegais.
Ficou demonstrado por entidade diferente que a posição das pessoas que fizeram a acção popular é correcta já que parte da argumentação destas coincide com a do tribunal.
O Ministério Público arquivou em Abril deste ano o processo em que acusava o Major Valentim Loureiro de garantir as empreitadas do Metro do Porto a empreiteiros específicos, que como contrapartida financiavam o Boavista. No rol de empreitadas incluía-se a inserção da linha do Metro na Casa da Música e as obras da Rotunda da Boavista.
Se o Mistério Publico decidiu pelo arquivamento do processo é um bocado tardio vir agora o TC dizer que as obras foram concessionadas de forma ilegal, que não existiu concurso público, etc. As entidades estatais não condenam os culpados em sede própria, nunca conseguem provas e agora sem provas querem vir retirar-nos a Gestão do Metro do Porto? Para terem provas disso tinham que ter condenado em tempo próprio.
Até concordo que as provas sejam evidentes, mas a Metro do Porto é que não pode ser prejudicada por isso. Compete ao Ministério Público averiguar as situações e culpar quem é culpado, não é toda a Região. Falta-lhes a coragem para culpar um só político e sobeja-lhe a arrogância para culpar todo o povo?
Em Democracia todos temos que ter a mesma base de oportunidades e o Porto não as tem tido, óbvio que o Major Valentim Loureiro nunca deveria ter retomado o cargo de Presidente, nem sequer se deveria manter como administrador executivo depois de toda esta trapalhada, mas por um não pagam todos.
O Ministério decidiu - está decidido, só espero que nós portuenses esqueçamos a personagem que está em causa e juntos defendamos o Metro do Porto. O Major Valentim é uma situação à parte, uma coisa é o Metro do Porto, outra coisa é o Major, que é um cidadão adulto responsável pelos seus actos.
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Nota de TAF: Sem conhecer pormenores de nenhum dos processos, julgo que o que foi averiguado pelo Ministério Público é diferente daquilo que o Tribunal de Contas analisou. Pode estar ligado, mas não é a mesma coisa.
A "Metro do Porto" tinha sido uma 'conquista do Norte': uma entidade regional gerida pela gente da terra. Por isso muito elogiada (a partir do Porto) e querida no Norte.
Ao que parece, quem não tem dentes não pode também ter as nozes. Vai daí o "papá Estado" vem deitar a mão à Metro e pôr ordem na casa, não sem antes dar um valente puxão de orelhas (merecido) aos prevaricadores compulsivos que se tinham auto-nomeado donos da Metro do Porto.
Mais um Porto, 0 - Lisboa, 1.
Com tendência a piorar.
Abraço,
Emídio Gardé
Em 2005, a gestão do Metropolitano de Lisboa foi indiciada pela Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira, por suspeita de gestão danosa e de financiamento do CDS/PP. No mesmo ano, uma auditoria do Tribunal de Contas detectou irregularidades, irresponsabilidade, incompetência e uma derrapagem de 61% na construção da linha do Campo Grande - Odivelas.
Consequências disto? Cortes nas verbas para o Porto.
Não é que não haja razão nas acusações formuladas ao Metro do Porto, o problema é que as acusações visam sobretudo tombar os sempre em pé, o Sr. Valentim e o Sr. Narciso. Este último deixou Matosinhos num bom caminho, dá indícios de poder ser um bom autarca. O mesmo não se pode dizer de Gondomar, que parece um concelho de 3º mundo, não tem 1 Hospital, 1 Biblioteca, 1 Museu, 1 Universidade e nem sequer tem metro. A população sobeja pobreza, as casas são de péssima qualidade, os arruamentos de fugir.
Não percebo porque o Valentim foi eleito para a Metro do Porto, afinal que provas de boa gestão tem dado?! Mas até é bom assim, até é bom que o TC nos acuse, se o problema é o cartão de crédito e o vencimento do Valentim temos a oportunidade de ouro para o dispensar, sem o irritar muito, com justificativa e livres dos seus acessos de ira.
Não é Porto, mas é Póvoa...
Abraço
Blog: Impressões de um Boticário de Província
Post: Presidente da Câmara em guerra com a blogosfera