De: Cristina Santos - "A entrevista"

Submetido por taf em Sexta, 2006-12-01 11:56

Existiu um erro grosseiro na condução da entrevista com Rui Rio. É do conhecimento público que o Presidente é um homem de estilosos argumentos, gosta de ser atacado, de agir em legítima defesa, pedir-lhe explicações sobre guerrilhas não traz nada de novo e é um campo em que o Presidente está sempre à vontade.

O jornalista deveria ter abordado Rui Rio quanto ao futuro, como pretende passar da teoria à prática - o que vai fazer de concreto para a verdadeira inclusão social, reabilitar os bairros apenas? E na reabilitação da Baixa, se os privados não manifestarem interesse, a SRU corre o risco de ser um plano falhado? Vai despoluir o Rio Douro como, com que soluções?!

Podia tê-lo confrontado com o plano estratégico de Gaia, do destino do S. João de Deus, das metas. Que interessa se Rui Rio tem tempo para ir ao teatro ou ao cinema, não pode ver DVD?! O que interessa saber do Presidente é a estratégia prática que tem para o futuro da Cidade, já sabemos que fez estudos e planos, Masterplans, mas como vai conciliar isso tudo, como vai pôr os planos em prática, em que sintonia e em que tempo.

O Porto não pode continuar confinado a uma caixa de plástico, que navega sem remos sujeita à maré, se a crise se mantiver por mais tempo a caixa vai submergir e os danos sociais de quem é obrigado a navegar dentro da caixa, vão ser irreparáveis. Há que ter um mapa, ter um rumo e não houve um só minuto na entrevista dedicado a essa tema.

De qualquer forma Rui Rio sai mais uma vez a ganhar nas questões que trava em sua própria defesa, mantém a coerência quantos às resoluções tomadas, mas mais uma vez erra ao não revelar em concreto os projectos para o futuro. A sua teoria política como sempre é muito boa, tem o dom da palavra, mas faltou apontar as pedras onde pretende segurar os pés.

A posição de Teixeira Lopes revela uma ignorância extrema no tratamento das questões da Cidade, e mais uma vez confunde feijoada com tripas, podia ir fazer oposição para Gondomar. Quanto a Francisco Assis revelou-se uma surpresa o facto de supostamente estar no Porto e responder a tempo da entrevista; não obstante essa distância, as ideias parecem pelos menos mais abrangentes. Rui Sá mantém-se equilibrado e tem-nos representado muito bem, embora que a nível nacional o encarem com aquela ironia, tipo - será que este ainda tem orgulho no sotaque - mas esteve bem sempre no seu lugar.

A Porto Canal esta de parabéns, se continuar assim não lhe faltarão investidores, tem a simpatia de todos e agora foi credibilizada pelo Presidente que só responde à comunicação social «honesta».
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Cristina Santos