2009-08-23
Eu uso um passe Andante Z2 que me custa 23,45 € por mês (0,78 €/dia) e serve para me deslocar numa área que vai da Praça Cidade de Salvador (Edifício Transparente) a Campanhã. Com a excepção das bicicletas não creio que exista outro meio mais barato de me deslocar. Já por várias vezes li aqui opiniões que consideram os transportes públicos muito caros. Noto um padrão: são pessoas que os usam apenas esporadicamente, por falta de hábito não os sabem utilizar de um modo eficiente, nem estão devidamente informados sobre tarifário, percursos e modus operandi dos sistemas de bilhética. Se fizerem um esforço prévio para se informarem concluirão que afinal até são baratos.
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Nota de TAF: Há um erro no site do Andante, nesta explicação (o que não ajuda nada quem estiver confuso...) - na segunda referência ao "primeiro anel", deve ler-se "C2, C6 e S8" e não "C1, C6 e S8".
Caro Vítor Silva
Contrariamente àquilo que possa ter ficado a pensar, não tenho rigorosamente nada contra a utilização das bicicletas como meio de transporte. Devo até confessar que estou a pensar seriamente nessa alternativa, porque a distância entre minha casa e o escritório é inferior a 2km e, com alguma frequência, faço esse percurso a pé para me manter em forma. Mas eu não sou exemplo para ninguém porque, nesse aspecto, sou um privilegiado: sou um arquitecto que trabalha única e exclusivamente em regime de profissional liberal, que não tenho patrão nem empregados, não tenho horários e, por norma, nunca ando de gravata. Como sabe, não é esse o caso da maioria das profissões. Além dos problemas que o TAF refere no seu artigo publicado no JN, andar de bicicleta tem outras implicações e constrangimentos, entre as quais destaco uma preparação física adequada, bem como indumentária e sapatos apropriados. Isto são realidades que não podemos ignorar. Além disso, também convém não esquecer o tempo da viagem. Actualmente, de moto, demoro entre 12 a 15 minutos a percorrer a distância (cerca de 7km) entre o meu escritório e a Câmara Municipal do Porto, onde me desloco com alguma regularidade. Não sei quanto tempo demoraria de bicicleta porque, apesar de nunca ter fumado, os meus 56 anos já começam a pesar…
Dir-me-ão que é uma boa alternativa para os mais jovens. A esse respeito, não tenho dúvidas. Faça um inquérito e pergunte aos estudantes universitários, de qualquer faculdade, quantos é que utilizam os transportes públicos. Como muito bem sabe, a grande maioria vai de carro. Acha que os convence a trocar a comodidade do automóvel pela bicicleta?
Caro Pedro Aroso, gostava de ouvir um argumento mais sólido em relação à eventual utilização de bicicletas na cidade do que um "acredita mesmo que a bicicleta pode vir a ser um transporte alternativo, numa cidade com a morfologia e o clima do Porto", é que parece-me quase aquele argumento de que não podia haver metro no Porto por causa da dureza do seu solo. Em relação à orografia da cidade realmente não conheço a realidade de outras cidades que possam ser invocadas positivamente para a utilização de bicicletas mas no que diz respeito ao clima tenho ideia que Londres, Amesterdão, ou na verdade qualquer cidade da Europa Central ou do Norte têm um clima bem mais problemático que o nosso.
Em economia costuma-se falar muito em incentivos... se calhar se derem os incentivos correctos para as pessoas andarem mais de bicicleta e menos de outros transportes individuais esses hábitos começam a mudar. Finalmente sugiro a leitura do artigo do TAF sobre a sua experiência pessoal com bicicletas na cidade: "Como as deslocações são habitualmente curtas, conjugando o metro com a bicicleta (para a qual as carruagens têm lugar previsto) desconfio que vou continuar nesta onda radical"
Só mais uma coisa em relação a linhas de bus, às vezes acções bem intencionadas têm efeitos não esperados e realmente nem todas as linhas de bus fazem sentido. Eu percebi isso por experiência própria e através de um artigo que li há uns tempos chamado "AVALIAÇÃO DOS IMPACTES OPERACIONAIS DECORRENTES DA INTRODUÇÃO DE CORREDORES BUS EM AMBIENTE URBANO" e que foca o caso especifico da Rua da Constituição no Porto.
Caro Luís Gomes, quando refere que "o aparecimento de candidatos autárquicos e apoiantes declarados que partilham os seus pontos de vista, estão directa ou indirectamente a inquinar o debate online." eu por acaso tenho uma ideia totalmente inversa. Acho que ter a oportunidade de incluir os meus textos e opiniões num site que pelos vistos é lido e tem a participação de políticos ou candidatos a funções políticas/públicas é na verdade uma grande mais-valia... Eu pelo menos não sei a quem me poderia dirigir (em qualquer um dos partidos) se quisesse partilhar alguma ideia com eles.
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blog.osmeusapontamentos.com
O Movimento ”Defesa dos Jardins do Palácio de Cristal”, propõe aos portuenses que se pronunciem quanto à construção de edifícios para congressos nos Jardins do Palácio de Cristal através de referendo que coloca a seguinte pergunta:
“CONCORDA COM A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS NOS JARDINS DO PALACIO DE CRISTAL PARA UM CENTRO DE CONGRESSOS?”
Uma Cidade não é propriedade de uns poucos. Na Cidade, a liberdade deve ser como o ar que respiramos. Na Cidade, os bens comuns subtraem-se ao domínio e à posse exclusivista. Na Cidade, os espaços públicos oferecem-se, sem barreiras, como ocasião de partilha da diferença, de convívio entre iguais, de cidadania cosmopolita. Jardins, praças, ruas, alamedas, praias: lugares comuns porque de todos e de todas, sem pontos de vista privilegiados, abertos até ao infinito no dia-a-dia da cidade. Densidade, complexidade e profundidade relacional, contra a lógica simplista da acumulação e do lucro. Já Eugénio de Andrade lembrava a «tarde que com a Sophia passei nos jardins abandonados da Quinta do Campo Alegre (…), o negrilho da Cordoaria, as tílias do Palácio, as magnólias de S. Lázaro, o jacarandá e o cedro glauco do Largo de Viriato». Esta é, pois, a cidade que, por acaso de nascimento ou por escolha de vida é a nossa! Cidade que odeia as palavras e os actos vis; urbe de honradez; «granito de oiro velho», punho erguido na liberdade dos gestos; desassossego e luta.
Cidadãos e cidadãs do Porto,
Uma cidade é una e íntegra. Quando nos querem mutilar, roubando-nos os Jardins do Palácio de Cristal, o lago e as árvores da infância e da memória, as vistas repousadas sobre o Douro, é contra o mais profundo de nós que atentam. Nenhum pedaço do Porto pode ser vedado aos usos cidadãos sem que cada nervo da cidade se revolte! Estas são as razões porque nós: NÃO CONCORDAMOS COM A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS NOS JARDINS DO PALÁCIO DE CRISTAL PARA UM CENTRO DE CONGRESSOS. Esta é a razão porque queremos dar a voz aos cidadãos e cidadãs do Porto com o REFERENDO.
RECOLHA DE ASSINATURAS:
Todas as terças feiras das 16h até às 18h, todos os Sábados das 11h até às 15h
Na Rua Santa Catarina – Em frente ao Café Majestic
Pelo Movimento Defesa dos Jardins do Palácio de Cristal
Soares da Luz - 919920374
- Sábado, 5 de Setembro, 16:00, homenagem a Fernando Lanhas no Clube Literário do Porto
- Bloquistas acusam Rui Rio de «roubar» espaço público - sugestão de Armando Alves
- Verba prometida chega para linha nova do Pocinho a Barca de Alva - sugestão de José Pedro Santos
- Bicicletas - Não sei se haveria muito mais gente como eu a usar a bicicleta para a vida normal e não apenas como lazer, mas sem as ciclovias no centro da cidade é muito difícil... Estou seguro de que pelo menos os estudantes que vivem na Baixa e que não têm carro são fortes interessados nessa possibilidade.
- O tipo de participação no blog - Recebo regularmente comentários e sugestões (privados ou publicados aqui) sobre a forma como os participantes interagem e sobre a natureza "de campanha" de alguns posts. Não vejo nenhum inconveniente em que as forças políticas, formal ou informalmente, aqui exponham os seus pontos de vista. Pelo contrário, acrescenta valor ao debate e acredito que contribui para melhorar a qualidade do próprio exercício da Política. É importante que o calor da discussão não prejudique a honestidade intelectual dos argumentos apresentados nem fomente a proliferação de posts sem conteúdo verdadeiramente útil. Por vezes fico na dúvida se deveria ser mais selectivo na aceitação de textos, mas acabo frequentemente por preferir deixar ao leitor o julgamento do valor daquilo que está a ler (e passar rapidamente à frente se for "palha" ou alguma pequena "escaramuça"). Se A Baixa do Porto estiver a ser útil como um dos locais onde estão em contacto produtivo "políticos" e "cidadãos comuns", os objectivos terão sido cumpridos. :-)
Embora considere que convidar personalidades com ligações ao Porto, para darem o seu contributo, pudesse ser relevante, admito que tal não seria muito exequível. Considero também que, dado o aparecimento de candidatos autárquicos e apoiantes declarados que partilham os seus pontos de vista, estão directa ou indirectamente a inquinar o debate online. Contudo e porque não resta outra alternativa, faça-se então um compêndio das ideias que forem sendo deixadas por cá.
Mobilidade
O tema é sensível, e do interesse de todos os portuenses, e daqueles que se deslocam ao Porto para trabalhar ou em lazer. Julgo que existem 4 grandes eixos: estacionamento, qualidade de circulação (vulgo qualidade das estradas), circulação de transportes públicos e parques de estacionamento.
Estacionamento: Foi uma das desilusões com a actual governação. São cada vez mais os carros em segunda fila, mal estacionados e começa a ganhar relevo o fenómeno do "em cima do passeio" (algo que eu só julgava existir em Lisboa de forma consentida). Não se pode admitir por exemplo que se estacione em largos e em cima de jardins na Baixa da cidade quando existe um parque que cobra um valor fixo (1,8€) por 9 horas. Aqui é mesmo falta de fiscalização. Propunha 5 medidas:
- - 1. mais fiscalização (mais bloqueadores, reboques em toda a cidade, ou seja reorganizar as equipas geograficamente em vez de as concentrar à volta do centro) reordenamento das baias de estacionamento e acções de sensibilização para as zonas de paragem provisória e descargas.
- - 2. Em cada quarteirão deveria existir um espaço de estacionamento exclusivamente reservado para cargas e descargas e que estivesse muito bem sinalizado.
- - 3. Renegociação dos contratos com as concessionárias dos parques de estacionamentos. Deveriam contemplar tarifários diferenciados consoante a hora de entrada, o dia de entrada,o número de passageiros, o motivo para estacionamento (apresentação de comprovativo de residência ou de emprego fixo)
- - 4. Corredores BUS: como disse o Sr. Pedro Aroso e bem, colocar corredores BUS não é sinónimo de mais mobilidade nos transportes públicos. No caso do Campo Alegre foi tomada uma boa decisão. Existem contudo alguns locais onde faz sentido o corredor BUS. Estou convicto de que deveriam existir mais corredores BUS nas zonas adjacentes à Avenida Boavista, e zonas adjacentes às Antas. Mouzinho da Silveira, por exemplo, deveria ter estacionamento apenas de um dos lados, e proceder-se à colocação de um corredor BUS para os milhares de pessoas que saem para Gaia pela ponte inferior e para a zona oriental.
- - 5. Para último, deixo uma medida de pensamento "fora da caixa". Defendo a criação de uma parceria com a ABZHP e com os STCP de uma linha nocturna e apenas aos fins de semanas que ligue as zonas de animação nocturna e com os principais pontos de transporte nocturnos (metro, comboios). Existiriam certamente menos carros a vandalizar as ruas e menos álcool em movimento.
Quanto às críticas da candidata do Bloco, mais uma vez não estou de acordo. Existem ciclovias de lazer apenas (porque o Porto apresenta desníveis muito grandes e seria impraticável ciclovias que promovessem uma verdadeira substituição do uso de automóveis). Porventura acho a ciclovia da marginal do rio uma perfeita anormalidade uma vez que existem passeios estreitíssimos e muitas das vezes os peões são passados a ferro por corredores que mais parece virem de competições desportivas. Se me disser que as vossas propostas são para aumentar a rede de ciclovias para lazer nomeadamente e nas zonas orientais da cidade, então aí sim temos uma convergência.
Bom fim de semana,
Luís Gomes
No meio de diversos assuntos que têm mobilizado o debate n’A Baixa do Porto, creio que há um tema que tem escapado e cujas repercussões para a Cidade são importantes e, por isso, merecedoras de atenção.
O Eng.º Rui Sá, Vereador da Câmara Municipal do Porto, em deslocação aos Caminhos do Romântico (ver notícia JN de 12.07.2009) alertou para o facto de estar previsto, no âmbito da linha de metro do Campo Alegre, o atravessamento, em viaduto, do vale de Massarelos e da Rua D. Pedro V. E, no local, chamava a atenção para o impacto que essa solução pode ter para um dos mais interessantes e bonitos vales do Porto, dado que esse atravessamento destrói terrenos rurais, o sossego de várias habitações situadas no vale e a própria paisagem. Na sequência dessa chamada de atenção, apresentou uma proposta na reunião de Câmara de 21 de Julho, onde propôs a criação de uma comissão de acompanhamento deste projecto (à semelhança do que tinha sido feito para analisar se o metro se devia deslocar à superfície ou enterrado em Diogo Botelho) – proposta que foi aprovada.
Posteriormente, num artigo publicado no JN (1 de Agosto), o Administrador do Metro, Eng.º Jorge Delgado, afirmou que, tendo em conta aquele percurso, não há alternativas a esse atravessamento e que tudo depende do “desenho” do viaduto. Preocupa-me esta inevitabilidade, que não foi devidamente justificada e que pode pôr em causa uma das mais belas zonas do Porto. Não é possível um percurso em que o Metro desça à Praça da Galiza e suba o Campo Alegre até ao Pólo 3 da Universidade? Não merece esta situação a atenção e o debate dos Portuenses?
Oh Catarina, mas que grande confusão vai dentro da sua cabeça… Então agora a Câmara Municipal do Porto organiza corridas de Fórmula 1 no estádio do Dragão?
Bom, ainda bem que fala nos STCP, porque eu esqueci-me de referir um aspecto muito importante e que tem sido determinante no desaparecimento de alguns corredores bus: refiro-me à redução, ou mesmo eliminação, de algumas carreiras de autocarro, em virtude da concorrência decorrente das novas linhas de metro. Acha que faz algum sentido manter faixas reservadas aos transportes públicos, sabendo que só lá passa um autocarro de hora a hora?
E acredita mesmo que a bicicleta pode vir a ser um transporte alternativo, numa cidade com a morfologia e o clima do Porto? E no seu caso pessoal, imagina-se a utilizar a bicicleta todos os dias para ir trabalhar? Não lhe parece que os eleitores do Porto estão à espera de ideias realistas, em vez de fait-divers de carácter mais ou menos naif?
Vou relevar-lhe um segredo, que não é novidade para os meus amigos, nem para as pessoas que me conhecem: desde 1994, não sei o que é andar de carro na cidade, porque me desloco sempre de moto. Esse sim, é um meio de transporte alternativo, rápido e muito mais barato que os transportes públicos, que são caríssimos.
Caros,
Depois de dar uma vista de olhos pelos diversos apontamentos e escritos durante o presente mês de Agosto 2009, senti vontade de escrever umas linhas. Então cá vai:
CONCEITO DE DEMOCRACIA - "o único sistema político no mundo em que, quaisquer que eles sejam, os conseguimos mandar embora sem ter que andar à chapada" - não é minha a definição, mas até hoje não vi melhor.
BOM SENSO - diferente de senso comum e presente ou não em qualquer intervenção humana; a sua falta nem sempre é detectável à primeira vista e pode ter consequências a curto, médio e longo prazo verdadeiramente devastadoras. Resulta, quando se verifica, normalmente da adequada e equilibrada integração de diferentes factores sociais, técnicos, tecnológicos, históricos e económicos, etc.
A propósito do post de Pedro Aroso
1. A existência de ciclovias de lazer e desporto, embora importante, não tem qualquer impacto nas políticas de mobilidade e sustentabilidade das cidades; só existe impacto se forem de utilidade nas deslocações diárias pendulares casa-trabalho e serem portanto promotoras do uso da bicicleta em detrimento de veículos motorizados.
2. Os 11 km de faixa bus que desapareceram estão registados nos relatórios da STCP. Em 2002 existiam 32,3 Km e em 2006 já só existiam 21,3 Km (página 71 do relatório de 2007). Sobre este assunto acrescentarei ainda três esclarecimentos adicionais:
- - as faixas bus correspondem a menos de 5% dos percursos totais e são essenciais para aumentar a velocidade média dos autocarros (estudos de impacto ambiental apontam para que basta aumentar em 1Km para serem muito significativas as poupanças de combustível, o que tem impacto directo tanto nos custos como nas emissões de CO2);
- - a STCP tem feito um esforço grande de redução de emissões, 50% da frota é a gás natural (a maior concentração da Europa), e é inaceitável que o executivo camarário não acompanhe de modo algum esse esforço;
- - a questão das faixas de bus foi suscitada diversas vezes pelo Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal e, em 2007, foi também apresentada pela vereação socialista uma proposta para "Novos corredores bus para a cidade do Porto" (que não foi aprovada pela maioria PSD/PP).
3. A cidade do Porto tem uma população activa que promove eventos e actividades muito diversificadas, mesmo em condições muito adversas. Mas não há dúvida que os eventos em que a autarquia mais aposta, e que mais divulga e utiliza até para promoção externa da cidade, são desportos motorizados: corridas da Boavista, aviões no Rio Douro, fórmula 1 no Estádio do Dragão.
Caro Ricardo Coelho,
Eu estive no mesmo debate em que se discutiu o projecto para o Palácio de Cristal e, independentemente do que acho do seu raciocínio, considero abusiva a terminologia que utiliza ao classificar de salteadores as empresas que se propõem investir nesse projecto. Uma coisa é discordarmos ou concordarmos com a forma de um determinado projecto, outra bem diferente é dizer que quem pensa diferente de nós é um salteador.
Somos todos responsáveis pela qualidade da vida cívica. E podemos escolher a forma e o tom em que participamos, mas também somos responsáveis pelas suas consequências. A sua classificação é malcriada e lamentável e não ajuda a defesa dos jardins do Palácio, ao contrário do que certamente era o seu objectivo, porque afasta da discussão as pessoas que não estão para discutir nesses termos.
Cumprimentos,
Francisco Rocha Antunes
Empresário por conta própria
No debate que tivemos no Círculo Literário do Porto sobre o projecto de requalificação do Pavilhão Rosa Mota, o presidente da AEP justificou a destruição do lago com os ganhos dos congressos empresariais. O Engº José António Barros admitiu que o novo edifício nos Jardins do Palácio era essencial para viabilizar o negócio porque daria umas excelentes vistas sobre o rio para os congressistas, justificando assim porque não poderia ser o edifício construído noutro ponto da cidade. Por sua vez, os congressos empresariais são fundamentais porque darão um empurrão ao emprego na cidade. Mas nunca foram apresentados números relativamente a quantos empregos serão criados por estes congressos, de forma a podermos avaliar se, de facto, valeria a pena a Câmara endividar-se os viabilizar.
Queria agora chamar a atenção para um pormenor, ou, para ser menos diplomático, uma mentira, que passou no debate. Disse o presidente da AEP que uma das condições que a Ryanair colocava para implementar uma nova base no Porto era a criação de um grande centro de congressos no Porto. Isto desde logo soa a estranho - eu, pelo menos, não imagino os empresários a voar em low cost. Mas a mentira desfez-se ontem, quando se soube que a tal base da Ryanair será inaugurada já nos próximos dias, muito antes do previsto início das obras que vão arrasar os Jardins do Palácio. Ou seja, a decisão está tomada e obviamente não será revertida se os cidadãos do Porto rejeitarem as novas construções nestes jardins.
Num país em crise, quando tudo o resto falha esgrimem-se promessas de crescimento económico para justificar todo o tipo de esbanjamento de dinheiros públicos. Assim foi com a nova construção nos Jardins do Palácio, justificada com o empurrão que dará ao turismo. Mas os Jardins do Palácio, tal como estão, são uma atracção turística que, conjuntamente com o resto do património da cidade, com a Casa da Música, com os Museus Soares dos Reis e de Serralves, etc., podem realmente permitir-nos criar um pólo de turismo de qualidade. Já perdemos o Palácio de Cristal, que poderia hoje ser uma das maiores atracções turísticas do país. Saibamos ao menos manter aquilo que ainda temos de bom no Porto.
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Ricardo Coelho
Não é por repetir uma mentira várias vezes que ela se transforma numa verdade. Vem isto a propósito do post anterior, publicado por uma senhora do BE que, com a maior das desfaçatezes, afirma:
“o desinteresse do actual executivo camarário pela promoção da mobilidade sustentável é total, como demonstra a inexistência de uma política de promoção dos veículos não poluentes, o desaparecimento de 11 km de faixa “Bus” entre 2003 e 2006 (1/3 do total) e mesmo a quase exclusividade dos desportos motorizados como eventos da cidade”.
- - 1- Que eu me recorde, o actual executivo foi o primeiro, e único, a implementar uma rede de ciclovias (nem sempre bem aceite por alguns peões, como é o caso da marginal entre o Passeio Alegre e o Castelo do Queijo). Ainda esta semana fui surpreendido com mais um troço, ligando o Parque da Cidade à Avenida Marechal Gomes da Costa, com passagem pelo liceu Garcia da Orta. As obras estão a decorrer, sendo já visíveis as marcações.
- - 2- 11km de faixa de “Bus” desapareceu? Posso saber onde foi buscar esse número? Já agora sabia que, em muitos casos, os corredores bus têm sido a principal causa do definhamento do comércio de rua? E já reparou que no troço entre a Praça da Galiza e o Hotel Ipanema o trânsito melhorou substancialmente desde que foi eliminado o corredor bus, sem que a velocidade dos autocarros tivesse sido afectada?
- - 3- Os “eventos da cidade” resumem-se aos “desportos motorizados”? Realmente a senhora não deve viver no Porto pois, caso contrário, devia saber que as corridas de automóveis na Boavista só têm lugar de dois em dois anos, enquanto que as provas de atletismo e afins são um massacre quase semanal, que se repete ao longo de todo o ano, sobretudo para os moradores das freguesias da Foz e Nevogilde.
Caro TAF,
tomo a liberdade de responder ao seu artigo do JN e de o informar que a criação de ciclovias tem um papel importante no programa de mobilidade do Bloco de Esquerda para a cidade do Porto. No blog portocidade.bloco.org, onde promovemos o debate de um programa para a cidade do Porto e avançamos com as nossas propostas, a promoção da deslocação em bicicleta, e a criação de condições para que tal aconteça de facto e em segurança, é abordada tanto no documento sobre mobilidade como no documento sobre as prioridades para a cidade.
Aliás, a promoção da deslocação em veículos não poluentes e o combate à tirania do automóvel são essenciais à qualidade de vida na cidade; têm impacto imediato na mobilidade e na qualidade do ar. Como saberá o desinteresse do actual executivo camarário pela promoção da mobilidade sustentável é total, como demonstra a inexistência de uma política de promoção dos veículos não poluentes, o desaparecimento de 11 km de faixa “Bus” entre 2003 e 2006 (1/3 do total) e mesmo a quase exclusividade dos desportos motorizados como eventos da cidade.
Julgo que, no caso do Bloco de Esquerda, ninguém duvidará que não só implantaremos as medidas referidas caso vençamos as eleições, como não deixaremos de as apoiar e de lutar por elas na oposição. Os candidatos do BE comprometem-se a ocupar os cargos para que forem eleitos e a defender o seu programa, tanto na Câmara como na Assembleia Municipal, em qualquer dos casos.
Os melhores cumprimentos,
Catarina Martins
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Meus Caros
O Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) é a Lei 58/2007 de 4 de Setembro aprovada na Assembleia da República. Existe há dois anos depois de muita discussão e debate públicos. Será que é apenas mais uma sugestão? Nunca mais ouvi político nenhum falar disto, nem me parece que vá ouvir no próximo mês. O que é pena, já que era importante para o Porto, para a Baixa do Porto, e para esta região saber-se pelo menos o que acham sobre o assunto os candidatos a governantes.
O programa de acção é muito claro e como é Lei alguém vai ter de o cumprir. É uma espécie de Grande PDM: goste-se ou não, tem de ser respeitado. Cabe aos cidadãos zelarem pelo seu cumprimento, já que mais ninguém o vai fazer de certeza. A título de exemplo, e por saber que o assunto é caro a alguns de nós, está lá escarrapachado o seguinte:
“Objectivo Estratégico 2 – Reforçar a competitividade territorial de Portugal e a sua integração nos espaços ibérico, europeu, atlântico e global.
Objectivo específico 2.2 – Melhorar os sistemas e infra-estruturas de suporte à conectividade internacional de Portugal no quadro ibérico, europeu, atlântico e global.
Medidas prioritárias:
...
5. Concluir e executar o Plano Director da Rede Ferroviária Nacional, articulando as soluções de alta velocidade nas deslocações internacionais e no eixo Lisboa – Porto – Vigo com a concretização de um plano para a rede convencional, reforçando a interoperabilidade segundo padrões europeus, com destaque para a migração da bitola, eliminado os estrangulamentos à circulação de comboios de passageiros e de mercadorias (2007-2010).
6. Promover a integração da rede ferroviária do território continental nas redes ibérica e europeia de passageiros e de mercadorias, garantindo a possibilidade de transferência modal da rodovia para a ferrovia e reforçando, assim, a competitividade nacional e o papel de Portugal como plataforma de elevada acessibilidade no espaço europeu e global (2007-2013).
Objectivo específico 2.3 – Reforçar a capacidade de as cidades se afirmarem como motores de internacionalização e desenvolvimento
...
Medida prioritária 2 – Incentivar a elaboração de programas estratégicos que potenciem a competitividade dos principais espaços de internacionalização da economia nacional, com destaque para os Arcos Metropolitanos de Lisboa, do Porto e do Algarve, para o sistema metropolitano do Centro Litoral e para a Madeira."
Vale a pena explorar o conjunto de documentos para se perceber que não falta definir sequer o que fazer, só falta mesmo é fazerem! Isso devia ser um dos temas da campanha.
Francisco Rocha Antunes
Gestor de Promoção Imobiliária
Numa iniciativa da Campo Aberto, irá realizar-se no próximo dia 2–Setembro–2009, quarta-feira , pelas 21h:30m no Clube Literário do Porto uma apresentação do Plano Regional de Ordenamento do Território da Região Norte (PROT-N) que está em discussão pública até ao próximo dia 8 de Setembro.
Programa
- - 21h:30m - Início da sessão
- - 21h:40m às 23h:20m – Apresentações (sobre as temáticas: mobilidade, natureza e biodiversidade, ordenamento do território e cidades) / Debate
- - 24h:00m - Fim (provável) da sessão
Contamos ter a participação de alguns convidados que iremos divulgar posteriormente.
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Nota de TAF: por indicação de F. Rocha Antunes, aqui fica a apontador directo para os documentos da discussão pública do PROT-n.
Como o Rui Rodrigues bem disse, é apenas o fim do princípio. É uma excelente decisão, já esperada, que agradecemos à Eng.ª Ana Paula Vitorino por a ter tomado. Como é óbvio, falta a jóia da coroa, que é ligar a linha do Douro a Puebla Sanábria, por Mirandela e Bragança, a tal linha do Tua. Esta é uma decisão bem mais difícil de tomar e que distinguirá quem for capaz de a assumir. E a da Douro não será nunca assumida pelas pessoas da Região Norte como prémio de consolação.
José Ferraz Alves
Rede Norte
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Resende, 26 Ago (Lusa) - O Governo anunciou hoje que já está concluída a negociação entre a REFER, a CP, o IPTM e a CCDR-N, com envolvimento de municípios quanto à ligação Pocinho-Barca D'Alva, na Linha Ferroviária do Douro.
"Existe um compromisso de fazer uma intervenção na linha para criar condições que possibilitem a sua utilização por comboios", adiantou a secretária de estado dos Transportes. Ana Paula Vitorino precisou que, numa primeira fase, irá circular na linha um serviço especial com finalidade turística. A REFER ficará responsável pela recuperação daquele troço, o que representará um investimento de 25 milhões de euros passíveis de candidatura a fundos comunitários.
O anúncio foi hoje feito à margem da inauguração de infraestruturas nas zonas ribeirinhas de Resende e Baião, Douro, que vão permitir a reposição da travessia entre as duas margens do rio e o consequente desenvolvimento da região. Na ocasião foi também assinado um protocolo de colaboração entre os municípios de Baião, Resende e o IPTM com vista à reposição da tradicional "passagem das barcas" entre as duas margens do Douro, que no passado representou uma elevada relevância no intercâmbio e troca de mercadorias e na ligação à ferrovia.
A secretária de Estado dos Transportes referiu ainda que actualmente há três níveis de investimento na linha ferroviária do Douro, nomeadamente no âmbito da sua total electrificação, na eliminação de passagens de nível para além da intervenção no troço Pocinho-Barca D'Alva. "Na linha Porto-Régua assumimos o compromisso de fazer toda a electrificação da linha (tendo já sido) lançado o concurso para o troço de Caíde e o Marco de Canavezes e estando a ser desenvolvido o projecto entre esta localidade e a Régua pela REFER", salientou a governante. Quanto à eliminação de passagens de nível, Ana Paula Vitorino frisou que "está em curso uma ampla obra desde Caíde até à Régua".
Ana Paula Vitorino sustentou que, com os investimentos nas linhas ferroviárias, "este governo criou um novo paradigma". "Enquanto outros no passado encerraram caminhos-de-ferro, este governo está a construir novas linhas, a modernizar as já existentes e a recuperar as já abandonadas", frisou.
LYL/JAM, Lusa
Estimado Pedro Aroso,
Este é o problema com se escrever directamente a pessoas que não conhecemos e que não nos conhecem. Bem sei que não se referia a mim em especial. Foi só um pretexto para escrever. Tudo no meu post é pensado e sentido, excepto a última linha que era a brincar. Por isso, sou eu que lhe peço desculpas.
Abraço,
Alexandre Borges Gomes
Bruxelas
Caro Alexandre Gomes
Enquanto escrevia o meu post, não estava a dirigir-me a ninguém em particular, por isso peço desculpa se fui deselegante consigo.
Ainda bem que trouxe para este debate a Praça de Carlos Alberto. De facto, havia um projecto da autoria do meu colega Virgínio Moutinho, que o então vereador do Urbanismo (Arq.º Ricardo Figueiredo) resolveu mandar para o arquivo morto, optando por repor aquilo que lá existia. Não sei se fez mal ou bem, mas de uma coisa estou certo: livrou-se de mais uma polémica.
O que eu não entendo é o silêncio em torno da patética estátua de homenagem ao General Humberto Delgado, recentemente inaugurada. Não é preciso ser arquitecto para perceber que aquela coisa está mal implantada e, pior do que isso, não tem escala. Sendo eu um admirador incondicional da obra do escultor José Rodrigues, não consigo perceber como foi possível embarcar naquele disparate.