De: Pedro Aroso - "Saudosismos"

Submetido por taf em Segunda, 2009-08-24 16:57

Nos últimos dias tem-se assistido, aqui na “Baixa”, a uma verdadeira cruzada contra todas as obras efectuadas no âmbito da “Porto 2001” e do “Metro do Porto”. Alguns vão mais longe, associando o nome do actual Presidente da Câmara a essas intervenções, apesar deste se ter limitado a concluí-las. Devo dizer que segui com particular atenção todos os debates promovidos pelo Eng.º Nuno Cardoso em torno do programa “Porto 2001: regresso à Baixa”. Tanto quanto me recordo, não ouvi na altura qualquer contestação, com duas excepções:

  • - a) A primeira partiu do arquitecto paisagista Sidónio Pardal (autor do projecto do Parque da Cidade), que manifestou várias reservas às soluções propostas pelo Arq.º Solà Morales para o arranjo da marginal (viaduto, Edifício Transparente, envolvente do Castelo do Queijo). O que se passou no Rivoli nesse fim de tarde foi uma vergonha, com a claque afecta ao lobby da FAUP a insultar o homem de cada vez que ele pedia palavra.
  • - b) Numa segunda fase, foi a “Comissão de Acompanhamento da Junta de Nevogilde”, então formada pelo Arq.º Marques de Aguiar, Arq.º Luiz Botelho Dias, Eng.º Diogo Alpendurada e eu, a despoletar um movimento de contestação à destruição do desenho dos jardins da Avenida de Montevideu. Apercebendo-se do erro, o Eng.º Nuno Cardoso mandou suspender de imediato as obras, mas a ordem não foi acatada pela D. Teresa Lago, sendo mesmo necessário chamar um piquete da PSP para impedir a carnificina dos jardins, como de resto acabou por acontecer, por deliberação superior.

Apesar de todo o transtorno que implicaram as obras da “Porto 2001”, o balanço que faço é positivo. A cidade dispõe hoje de um vasto conjunto de parques de estacionamento subterrâneo, que não existiam, os pavimentos das ruas e dos passeios foram renovados e uma boa parte do centro da cidade devolvida ao peão.

Em relação à Avenida dos Aliados, confesso que não entendo este saudosismo por aquela manta de retalhos, ao bom estilo do Estado Novo, com canteiros pindéricos e desenhos bacocos nos passeios de calcário e basalto, dois materiais que nada têm a ver com a nossa cidade, e que alguns teimam em chamar de “calçada à portuguesa”. Deixo aqui uma sugestão: façam uma pesquisa sobre o Rossio e depois digam-me aquilo que acham destes "lindos jardins".