2009-08-09
- O Porto é (estatisticamente) uma «Reserva de Índios» - sugestão de José Silva
- Isabel Alves Costa morreu hoje - comentários também no Coriscos
- Morreu cavaleira das artes
- Terreno arde quase todos os dias
- Novo Pavilhão Rosa Mota vai estar ocupado menos dias do que em 2008, um ano fraco
- Douro Filme Festival anima o Cinema Batalha
Viva!
Creio que o debate sobre a intervenção no Palácio de Cristal foi bastante esclarecedor. Na minha opinião a ideia da AEP e da CMP é boa e necessária não só para dar de novo uso ao Pavilhão Rosa Mota mas também para evitar a falência do Coliseu do Porto, conforme explicou o Eng.º António Barros. Incrível como numa primeira fase Rui Rio convidou os Srs. de Lisboa, da Parque Expo, para vir gerir o Rosa Mota. Um dos problemas das pessoas em certos cargos é não pensarem devidamente nas consequências dos seus actos. Querem resolver problemas, mas ignoram que por vezes criam outros mais graves.
Bom, a situação é a seguinte, a meu ver: temos um bom conceito com um mau projecto e com um péssimo processo. Com "péssimo processo" refiro-me à ausência de discussão pública anterior à decisão política. O projecto é mau porque prevê nova construção nos jardins do Palácio. Não irei repetir os argumentos já aqui lançados pela Campo Aberto e por várias pessoas sobre isto.
O objectivo desta mensagem é avaliar alternativas. Alternativas que viabilizem o conceito original e que não obriguem a qualquer nova construção nos jardins do Palácio de Cristal. Penso que existem, basta que haja também vontade de as procurar. O que estaria em causa, portanto, é a localização das salas anexas que segundo a AEP são necessárias para viabilizar o centro de congressos. Deixo aqui duas propostas concretas, mas agradecia que enviassem outras hipóteses e comentassem as minhas:
- - usar o edifício enorme da reitoria, fazendo-se uma passagem aérea sobre a rua;
- - ou usar os edifícios da rua de Entre Quintas, bem perto da biblioteca AG.
Sei que no primeiro caso o espaço já tem destino, mas será que vai ocupar todo o edifício? É que aquilo é muito grande! Talvez a UP possa entrar no consórcio... Aproveito para perguntar, leigo que sou na matéria, que congressos juntam 6000 pessoas... É que falando com pessoas habituadas a organizar congressos todos me disseram que normalmente andam na casa das 500-1000 pessoas...
Abraços
Nuno Quental
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Nota de TAF: julgo que está implícito neste post do Nuno, mas de qualquer modo aqui fica a informação de que a Reitoria da UP já não está no ex-CICAP (para onde vai a Faculdade de Farmácia e o ICBAS), mas sim nos Leões.
«Classificação das Portas de Ródão regulamentada
O Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional publicou, dia 20 de Maio, em Diário da República, o Decreto Regulamentar n.º 7/2009, alusivo à classificação do monumento natural Portas de Ródão.
O Governo considerou as Portas de Ródão “um relevante património natural”, que além de ser um geossítio (com particularidades geológicas, geomorfológicas e paleontológicas), inclui “outros valores geológicos, biológicos e paisagísticos”, além dos arqueológicos, “testemunho de uma presença humana com centenas de milhares de anos”. Por tudo isto, reiterou, por decreto, que “o carácter notável das Portas de Ródão justifica, per si, a importância da sua classificação”. A singularidade deste monumento natural também reafirma a sua importância em termos regionais e nacionais, o que também justifica a sua classificação.
Esta classificação, recorde-se, teve como principais objectivos “a preservação das formações geológicas e geomorfológicas e dos sítios de interesse paleontológico; a preservação das espécies e dos habitats naturais; a protecção e a valorização da paisagem; a preservação e valorização dos sítios de interesse arqueológico; a promoção da investigação científica indispensável ao desenvolvimento do conhecimento dos valores naturais referidos, numa perspectiva de educação ambiental; e a manutenção da integridade do monumento e área adjacente”.
As Portas de Ródão passam assim a ser geridas pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), sendo dotado de um plano de gestão próprio, a elaborar no prazo de três anos a contar da entrada em vigor do Decreto Regulamentar agora publicado.
Por ser classificado como um monumento natural, dentro dos seus limites há actividades proibidas e outras limitadas, sendo a fiscalização das mesmas da responsabilidade do ICNB, das autarquias limítrofes (Vila Velha de Ródão e Nisa) e da entidade policial competente, se a infracção assim o justificar.»
in Jornal Reconquista de 28-05-09
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O Vale do Tua e a sua riqueza paisagística e patrimonial têm diferenças óbvias com o Tejo e as Portas de Ródão. A saber:
- 1) No Vale do Tua não corre o rio Tejo;
- 2) As Portas de Ródão situam-se muito mais perto de Lisboa;
- 3) Os beirões e alentejanos residentes em Lisboa são muito mais influentes que os residentes durienses e trasmontanos.
P.S. - Concordo totalmente com a classificação de monumento natural atribuído às Portas de Ródão.
O projecto das Torres do Aleixo, apresentado por Rui Rio como “requalificação urbanística”, surge mais claro na revista “Porto Sempre” do Município do Porto. A págs. 27 das 84 que constituem o número de Julho, está escrito: …"A CMP retomou o processo que, a prazo, levará, igualmente, à sua demolição”.
Confirmam-se assim os alertas já lançados sobre o escandaloso aproveitamento do “Regime Extraordinário de Apoio à Reabilitação Urbana“ para fins que nada têm a ver com reabilitação. Na verdade, a Lei nº 67-A/2007 de 31/12 – Lei do Orçamento do Estado para 2008 concede generosos incentivos fiscais (isenção de IRC quanto aos rendimentos obtidos por fundos de investimento imobiliário (FII) a constituir, tributação em IRS ou IRC à taxa especial de 10% dos rendimentos respeitantes a unidades de participação, etc) às acções de reabilitação de imóveis localizados em áreas que sejam delimitadas como áreas de reabilitação urbana. Mas a operação em causa visa retirar daquele local todos os actuais moradores. É aquilo que, em rigor, se deve designar por “renovação-deportação”, um processo de demolição de todos os edifícios com a consequente expulsão dos moradores para os arredores. Diferentemente a “reabilitação urbana” de que trata a citada Lei nº 67-A/2007 de 31 de Dezembro é o “processo de transformação do solo urbanizado, … com o objectivo de melhorar as suas condições de uso, conservando o seu carácter fundamental” (sublinhado nosso).
Sobre esta questão, o Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional em resposta a um requerimento (730/X/4) de deputados do BE, esclareceu que “a preconizada demolição dos imóveis não se integra no conceito de acção de reabilitação para os efeitos da aplicação dos benefícios fiscais previstos no novo artigo 71º do estatuto dos Benefícios Fiscais” - conf. doc. anexo. Isto significa que os promotores imobiliários envolvidos neste processo (Gesfimo e Espart) não vão poder contar para esta demolição com os benefícios fiscais destinados à reabilitação urbana.
É certo que as cinco torres do Aleixo estão há muito em acelerada degradação, em resultado do abandono pela Câmara Municipal das suas obrigações de proprietário daquele edificado. Mas o que faz correr a Câmara do Porto para este projecto é a excelente localização daquele espaço.
Reabilitar é preciso. A reabilitação do edificado, em detrimento da construção nova, é uma questão vital para as cidades. As políticas públicas têm de interromper o ciclo desastroso de mais construção, mais construção, enquanto se deixam ao abandono o património edificado e os centros das cidades. Mesmo a nível de instâncias internacionais está a ganhar força a ideia de revalorizar os centros das cidades, contrapondo essa valorização dos centros urbanos à urbanização dispersa, que pela necessidade de transporte, de mais infra-estruturas, etc, tem enormes custos energéticos, ambientais, sociais.
Para além dos “Compromissos de Aalborg” (12 de Junho de 2004) que no seu ponto 5 defendem “reutilizar e regenerar áreas abandonadas ou socialmente degradadas, evitando a expansão urbana, dando prioridade ao desenvolvimento urbano no interior dos aglomerados, através da recuperação dos espaços urbanos degradados e assegurando densidades urbanas apropriadas”, também a “Declaração de Leipzig” de 24 de Maio de 2007, dos 27 ministros do Urbanismo e Ordenamento do Território da União Europeia chama a atenção para a necessidade do “renascimento dos centros urbanos”.
Qualquer solução para a degradação das torres do Aleixo tem de levar em conta os seus moradores, o “direito ao local”, uma política de habitação centrada nas pessoas e não no negócio imobiliário. Rui Rio não tem qualquer legitimidade política para, a dois meses de terminar o seu mandato, fazer agora o que se comprometeu a nunca fazer – demolir as torres do Aleixo. Mudou de opinião, “enganou-se” sobre o Bairro do Aleixo, enganou os moradores, enganou a cidade e a comunicação social. Afinal, não é só o Terreiro do Paço a desrespeitar o Porto. Nos Paços do Concelho também se desrespeita a cidade.
Cumpts. do
José Machado de Castro
Pontos prévios:
1. Do ponto de vista estritamente financeiro, só faz sentido vender terrenos em Agosto de 2009 se entendermos que os próximos meses vão ser, a este nível, ainda piores do que os últimos, de profunda crise nos mercados imobiliários. Sendo essa decisão, ainda por cima, tomada por quem quer influenciar o rumo da governação no país, a mesma demonstra pouca confiança nas suas própias capacidades de reversão da actual situação económico-financeira.
2. Ter uma visão social da política é essencial, sobretudo num Porto que tem tido uma total ausência dessa dimensão no processo de reabilitação, físico, da cidade. O que separa as diferentes alternativas que temos para as administrações municipais do Porto não é a identificação e o ataque aos problemas, que aí estamos todos de acordo, mas sim em qual o modelo para o fazer. Já tinha escrito que podemos todos concordar com a demolição das Torres do Aleixo, mas que há uma grande diferença em fazê-lo, se como ataque ao problema do tráfico de droga ou uma resposta às trágicas condições higiénicas, de segurança e de acessibilidades que este errado modelo de construção tenha induzido. O dizer que se "pretende acabar com os cancros dos bairros irrecuperáveis em nome da justiça social e da segurança urbana", revolta-me profundamente, representa um testemunho de falta de capacidade e parece-me mais próxima de uma tristemente e histórica “solução final”.
3. Sobretudo, há um errado estigma sobre o Bairro do Aleixo, que tem, previamente, de ser corrigido antes de proceder à deslocalização dos moradores. Porque também entendo que uma parte da solução passa pela mudança dos que a queiram fazer.
4. Também me parece que o maior problema até está nos descampados próximos da primeira torre, que pergunto e quem são os proprietários daquela parcela de terra e porque nunca foram usados como equipamento urbano, desportivo, para os jovens do Aleixo.
5. O desleixo em relação às partes comuns dos prédios não é um problema de drogas, muitas vezes são questões económicas, que decorrem do modelo de construção em torre, que acarreta custos de condomínio que depois não são suportados… Existem idosos que estão presos nas suas habitações porque os elevadores das torres não funcionam!
6. ... E os cadastrados devem ser tratados pela justiça e pela polícia como tal, estejam onde estiverem, vivam onde viverem.
7. Por outro lado, de uma vez por todas, deve-se terminar com a designação de habitação social e substituir por bairro, por bons bairros, dado que as cooperativas da cidade mostram bem como se pode construir “habitação social“ de qualidade.
Concluindo, o modelo de resolução do problema que considero fazer sentido e a diferença, por todas as causas que discrimino, é, parcialmente, o do Dr. Paulo Morais, “Paulo Morais acusa Câmara de entregar Aleixo ao Bandido”, “ .. deveria ser a autarquia a assumir o realojamento das famílias do Aleixo, estimando que se gastaria cerca de 1% do orçamento camarário neste processo, … e com esta decisão a Câmara ficaria liberta para fazer um jardim ou um parque naquele magnífico local fronteiro ao Rio Douro … ou, em alternativa, mais tarde, poderia recorrer à hasta pública tendo como base o custo do realojamento”.
Apenas com a diferença de que nem todas as torres precisam de ser demolidas. Por todos estes disparates que têm sido tomados para votar ao ostracismo pessoas que são honestas e trabalhadoras, não tenho dúvidas de que o Bairro do Aleixo pode vir a figurar na história do Porto como um seu emblema. E puxo o meu lado mais romântico, de querer acreditar que ainda muitos vão querer afirmar com digno e justificado orgulho que são ou foram moradores do Bairro do Aleixo. Termino com o que ouvi do Dr. Hélder Pacheco, ontem, “a cidade está em todos os sítios, o bem e a dignidade estão em todos os locais.”
José Ferraz Alves
- Já agora, alojamento mesmo em frente à Estação da Foz do Tua - publicidade gratuita :-)
Outros assuntos:
- Câmara do Porto quer adjudicar demolição do Aleixo já neste Verão
- Reabilitação Urbana: Normas que suscitaram dúvidas a Cavaco não contrariam Constituição
A barragem do TUA vai ficar na zona desta fotografia. Fica na Foz do Tua onde este rio se cruza com o Rio Douro. Mesmo que a barragem tenha a cota mínima, os primeiros 15 Km ficam debaixo de água. É o que iria acontecer no troço da via que se pode ver nesta fotografia.
Aos senhores da Douro Azul: quem estiver no Rio Douro, nos barcos, passa a ver, do seu lado, um gigantesco muro de Betão com mais de 200 metros.
José Ferraz Alves
Rede Norte
Esta sugestão um percurso de comboio ligando duas cidades património da humanidade, ao longo de um percurso ele mesmo património da humanidade, poderia ter um apoio inequívoco da parte da Unesco, com promoção imediatamente gratuita para todo o mundo e com a possibilidade de Portugal ser imediatamente apresentado como um destino de grande qualidade, com preocupações culturais.
Mas o mais interessante neste percurso que serviria mercadorias do Porto de Leixões para a Europa, seriam os efeitos laterais: incrementar os laços entre as duas cidades (Porto e Salamanca), potenciar todo o turismo, contribuir para o desenvolvimento de Trás-os-Montes, beneficiar as populações do Vale do Douro que poderiam contar com mais comboios, com mais frequência. Espero que os candidatos a deputado pelos distritos do Norte peguem nesta ideia, e a usem como trunfo para conquistar mais votos. Com uma fracção do custo do TGV seria certamente possível fazer um upgrade à linha do Douro, devidamente enquadrado no cenário que atravessa.
No entanto, um ponto prévio que me parece essencial, é, uma vez mais, a ligação por via férrea do Aeroporto Francisco Sá Carneiro à linha de Leixões. Eu não entendo como este assunto, de tão óbvio, benéfico, com todo o potencial que tem, ainda não saltou para a discussão pública e política séria, e não está já a ser executado. A própria administração do Aeroporto do Porto devia estar a fazer pressão nesse sentido, todas as câmaras municipais ao redor deviam estar a fazer lobbying à Refer e CP, a AMP devia salientar a urgência deste pequeníssimo investimento. Indicar que se está à espera das decisões sobre o TGV é uma falácia: no aeroporto serão necessários comboios rápidos que estarão na rede de bitola europeia, mas no entretanto, serão necessários igualmente comboios regionais que terão de circular em linha de bitola ibérica.
O potencial parece gigantesco. Seria interessante que a ACP, que tanto investiu em estudos para o NAL, ou a CCDRN, que tem no seu eixo prioritário um "Apoio a investimentos de interesse Municipal e Intermunicipal", como medida 1.2, "Redes e Sistemas de Transportes Locais" fizessem a devida análise custo/benefício para o comprovar, e não ficarmos apenas pelas aparências. Estou certo que as Universidades do Porto e Minho estão dispostas a contribuir com recursos de qualidade para tal estudo. Num momento de eleições, é uma boa oportunidade para colocar o Norte no centro da discussão política, que se vai concentrar certamente nos bons investimentos públicos.
Cumprimentos,
Daniel Rodrigues
Estou com alguma dificuldade em publicar rapidamente tudo o que me chega. Aqui vão alguns apontadores que fui recebendo e outros que fui recolhendo. É provável que nos próximos dias o ritmo de actualização tenha de ser menor. Logo se vê.
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- Faltas de Comparência - a minha crónica quinzenal no JN
Vejo que a Diana Krall actua no Pavilhão Rosa Mota no dia 11 de Outubro. Agrada-me a ideia daquela sala receber concertos desta dimensão, independentemente de me agradarem os nomes alinhados. Mas tenho alguma curiosidade de saber quem está a organizar este concerto - e concertos próximos. Alguém está a par disto?
PS: Já percebi que é a Música no Coração.
Já que os intelectuais da nossa cidade transformaram a nossa Av. Aliados com magníficos jardins e alegre na Av. dos Feirantes fria cinzenta com um tanque verde, deveriam restituir novamente a Praça D. Pedro IV do início do séc. XX, para tapar as feiras que os intelectuais gostam de fazer no cimento cinzento que transformaram o nosso coração da nossa Mui Nobre e Sempre Leal Cidade Invicta.
Para os mais aficionados envio este horário de 1968 do "Serviço Trissemanal em Automotoras Directas entre Porto e Salamanca, com Ligações a Madrid”. Neste mesmo site (www.ocomboio.net), mantido pelo meu amigo e brilhante fotógrafo ferroviário Dario Silva, poderão também encontrar outros documentos de inegável valor histórico na sua “Biblioteca Digital Ferroviária”.
O traçado da Linha do Douro não se coaduna com “altas velocidades” porque tal implicaria intervenções demasiado danosas numa paisagem que urge preservar a todo o custo. Mas uma velocidade homogénea entre 90-100 km/h de Caíde para cima, como propõe aqui o Professor Manuel Tão, porque até aí já se praticam velocidades até 120 km/h, é mais do que suficiente para o tráfego de mercadorias, o objectivo prioritário - onde 80 km/h de velocidade comercial já é um luxo -, e, também, absolutamente compatível com o tráfego de passageiros na vertente turística como até para um tráfego regular de passageiros menos apressado como era na década de 60 o serviço trissemanal de automotoras. Este serviço poderia hoje assumir o título de World Heritage Triple Crown International Train Service: iniciar-se-ia tanto de um lado como do outro numa cidade classificada como Património da Humanidade pela UNESCO - Porto e Salamanca – e atravessaria o fantástico Vale do Douro, detentor do mesmo galardão. Tudo isto é Marketing.
Caro Nuno Quental,
Como eu concordo consigo... Ainda vou mais longe. A foto apresentada vem demonstrar o poder do Photoshop (ou outra aplicação de tratamento de imagem):
- 1 - O céu foi arranjado
- 2 - Os edifícios não estão assim branquinhos como aparecem na foto
Para além disso, a perspectiva foi bem escolhida dado que não mostra o espelho de água (que só espelha nos primeiros dias, porque depois vem o verdete) e porque mostra o que de mais bonito tem esta avenida, que são os edifícios, a estátua e as árvores que se safaram nem sei como.
Resumindo:
- Plantaram-se árvores: óptimo
- Removeu-se a calçada: péssimo
- Removeu-se o manto verde que era um regalo: péssimo
- Acrescentou-se um espelho de água que agora é uma banheira cheia de verdete: péssimo
No meu entender a avenida continua majestosa, mas menos bonita e mais cinzenta. Gostos não se discutem, mas não ouço ninguém dizer que gosta da obra que foi feita, a não ser nos comentários de hoje aqui n'A Baixa do Porto. E mais, há edifícios que necessitam urgentemente de reabilitação, estão velhos, sujos e não mereciam este abandono... E pior, vem a Elisa agora dizer que quer substituir as Magnólias... Como dizia o diácono: ó Balha-me Deuzzz
Ora vivam! Esta por variada vai em pontos,
- A Nuno Quental: Quando pensei em fazer um comentário à sua contribuição lembrei-me da piada do outro, quando ainda tinha graça, na rádio, «Não é falastes, é dissestes!». Neste caso não é a uniformização, é a moda! E como todas as modas, antes de deixar de ser moda - e talvez por isso mesmo - vai ao exagero. E daí parte-se para o oposto...
- Eu sempre defendi incluindo neste blog que «if it ain't broke, don't fix it» e que o novo - a moda do momento - tem o seu lugar lá onde se faz de novo, sejam eles edifícios, casas ou monumentos. Que diabo, deixem o que está, estar. Esta mania das mudanças / arranjos / reforma dos espaços públicos que dá pelo já temível nome de REQUALIFICAÇÃO era, no passado, moderada pela falta de recursos (quem não se lembra do «Fazia-se pouco, mas fazia-se bem»?). Pois agora não. Há dinheiro barato e bastante. Mas a oferta é temporária que há que aproveitar rapidinho (br). O resultado é esse de que fala. Na ânsia de se fazer muito em pouco tempo, corta-se nos concursos, vai-se de acordo com o estilo que está em vigor: para o justificar contrata-se os arquitectos de nome (na moda) que sempre têm projectos na gaveta. O resultado? Faz-se muito, provavelmente não tão bem assim, mas estraga-se o que já estava feito.
- A Pedro Menezes Simões: Este assunto já nos ocupou espaço neste blog. Lembrar-se-ão da ideia de imitar a Fonte dos Medicis do Jardin du Luxembourg em Paris: Meu Deus, como é possível dizer-se estas coisas em público?! Eu sempre preferi a justificação mais prosaica de quenão há eira sem tanque.
- A Lino Cabral que escreve «A novíssima Praça da Liberdade»(...), agora, «um aborto de avenida»(...) antes, e «Retiraram-se as floreiras e plantaram-se árvores. Devolveu-se dignidade e grandeza ao coração do burgo»: A dignidade e a grandeza já lá estavam. E havia árvores. E bancos para sentar. E fontes. A iluminação essa - há que dizê-lo - está melhor, se bem que a outra, a de estádio, bem forte e do alto, dava mais nas vistas, concordo...
Abraços que eu também fico por cá.
Alexandre Borges Gomes
Bruxelas
Não resisto. A fotografia que Lino Cabral nos trouxe está belíssima e sem dúvida não faz jus à pobreza em que aquele espaço foi transformado. Sinto-me mal de passar na Baixa, evito-a, para não ver aquele deserto de tudo: de coisas, de gente e de ideias.
Uma provocação. De onde vem essa enigmática ideia de uniformização? Mas desde quando é que as cidades e os espaços da cidade devem ser uniformizados? À boa maneira portuguesa, "por alma de quem"?? É que realmente atiram essas ideias para o ar e parecem bonitas, parecem fazer sentido, mas sucumbem perante uma leve brisa. É que cidade é diversidade, cidade é mudança e inesperado, é ser-se surpreendido. E querem transformar a cidade num espaço único correspondente ao gosto de meia dúzia de arquitectos?!
De facto não consigo compreender isto. Um dia será substituído o granito que plantaram no chão da Avenida (em vez das flores), e que se tem reproduzido que nem coelhos, pela calçada tão bonita e que tanta vida parecia trazer ao espaço. Aqui na rotunda, bem perto de onde moro, os passeios não foram granitados mas também não lhes coube melhor sorte: foram calcetados com o negro basalto (creio que é basalto). Como na rotunda só se aproveitam o jardim e a Casa da Música, alguém resolveu (Siza Vieira ?) dar uma ajuda com um pavimento sombrio, talvez para nos adormecer.
Palavras para quê?
E já repararam como esse granito de que os arquitectos tanto gostam se suja tão rapidamente e fica realmente horroroso? Mas então por que o continuam a usar?
Boas férias, eu por cá fico em Agosto...
O podcast de Agosto foi com Pedro Principe do blog Rato de Biblioteca e falamos sobre as bibliotecas na época da tecnologia e web2.0. Mesmo a propósito do tema que gravámos no Clube Literário do Porto.
A determinada altura, a propósito da necessidade de comunicação que estas instituições têm, Pedro Principe referiu: "todas elas [bibliotecas] quando fazem o seu site colocam uma opção de menu que é apresentação-missão, (...), mas é preciso é contar a vida dessas bibliotecas, como é que essa missão se está a realizar" e realmente parece-me que cada vez mais é necessário comunicar o processo em vez de / para além de comunicar os fins a atingir, como aliás se pode ver na questão do Palácio.
Foi de facto uma conversa que andou à volta do mundo das bibliotecas mas com observações a propósito do tema das tecnologias que me parecem aplicáveis a muitas outras organizações públicas (e privadas).
Ver outras notas no site. Duração total – 1:10:00 - Podem descarregar o programa directamente ou subscrever o podcast através deste link.
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blog.osmeusapontamentos.com
António Alves deixou um manifesto de uma clareza e de uma importância tão estratégica para o Norte de Portugal que não posso deixar de o agradecer, reforçar e pedir a todos um empenho conjunto no mesmo sentido. No âmbito da Rede Norte, suportados pela competência e idoneidade de Rui Rodrigues e de António Alves, já afloramos este tema. E vamos reforçar o nosso empenho no mesmo sentido que é apontado neste texto. Sinceramente, bem mais competente e capaz do que as indicações, ou serão ordens?, que vamos recebendo, via conferências de imprensa e jornais, do que devemos fazer no país.
Não devo escrever nem mais uma palavra, apenas pedir a todos a leitura do texto do António Alves.
José Ferraz Alves
Rede Norte
Já que se volta a falar da Avenida dos Aliados, aproveito para fazer um reparo que já há muito me parece relevante.
O espelho de água terá sido construído com a melhor das intenções, mas com muito pouco bom senso. Como seria previsível desde o início, ele tem antes servido a função de piscina: nos dias de calor é frequente ver crianças e jovens a refrescarem-se em cuecas naquela água imprópria para consumo. Não é nada dignificante que este tipo de situações pitorescas sucedam naquele que é o salão nobre da nossa cidade. Não é a forma como pretendemos viver a Baixa, não é assim que nos posicionamos como um destino turístico de qualidade (que contraste com a imagem do vinho do Porto...), e não impressiona potenciais investidores estrangeiros.
Estamos sempre a tempo de corrigir o tiro e retirar dali a "piscina". Ou então assuma-se que é uma piscina, limpe-se a água e contrate-se um nadador-salvador. Assim é que não.
Publicado em simultâneo no TurisPorto
(fotografia HDR)
E única! A novíssima Praça da Liberdade que vai das Cardosas ao Paço. Corrigiu-se a praça interrompida por um aborto de avenida. Retiraram-se as floreiras e plantaram-se árvores. Devolveu-se dignidade e grandeza ao coração do burgo. Estranho que hajam tantas resistências argumentando com o pitoresco e a teimosia.