De: Nuno Quental - "Bela foto!"
Não resisto. A fotografia que Lino Cabral nos trouxe está belíssima e sem dúvida não faz jus à pobreza em que aquele espaço foi transformado. Sinto-me mal de passar na Baixa, evito-a, para não ver aquele deserto de tudo: de coisas, de gente e de ideias.
Uma provocação. De onde vem essa enigmática ideia de uniformização? Mas desde quando é que as cidades e os espaços da cidade devem ser uniformizados? À boa maneira portuguesa, "por alma de quem"?? É que realmente atiram essas ideias para o ar e parecem bonitas, parecem fazer sentido, mas sucumbem perante uma leve brisa. É que cidade é diversidade, cidade é mudança e inesperado, é ser-se surpreendido. E querem transformar a cidade num espaço único correspondente ao gosto de meia dúzia de arquitectos?!
De facto não consigo compreender isto. Um dia será substituído o granito que plantaram no chão da Avenida (em vez das flores), e que se tem reproduzido que nem coelhos, pela calçada tão bonita e que tanta vida parecia trazer ao espaço. Aqui na rotunda, bem perto de onde moro, os passeios não foram granitados mas também não lhes coube melhor sorte: foram calcetados com o negro basalto (creio que é basalto). Como na rotunda só se aproveitam o jardim e a Casa da Música, alguém resolveu (Siza Vieira ?) dar uma ajuda com um pavimento sombrio, talvez para nos adormecer.
Palavras para quê?
E já repararam como esse granito de que os arquitectos tanto gostam se suja tão rapidamente e fica realmente horroroso? Mas então por que o continuam a usar?
Boas férias, eu por cá fico em Agosto...