2009-03-29
O que eu propus, na entrevista ao Vitor Silva, foi uma linha de eléctrico pela marginal não uma linha de metro. Metro para mim circula sempre em canal exclusivo e prioritário. À superfície ou enterrado. Se não couber ou não for viável a circulação à superfície deve circular enterrado. O Metro do Porto é um sistema de metropolitano ligeiro e não um metro de superfície. Eu nem sei o que isso é - metro de superfície. Para fazer a porcaria que fizeram em Matosinhos mais vale estar quieto. Subscrevo a posição de Alexandre Burmester.
A história repete-se, uns apreendem, outros não percebem mesmo nada.
Faz mais de 5 anos que veio a público a ideia peregrina do Metro do Porto desenvolver a linha da Boavista. Não vale a pena estar aqui mais uma vez a referir o historial e os argumentos, mas fica bem patente nas nossas lembranças que o disparate do projecto ferroviário que então se desenvolveu encontrou uma barreira clara e forte por parte das pessoas do Porto, que na altura e de uma forma pouco vista juntaram-se num objectivo comum. Haverá ainda que recordar que foi principalmente através deste blog que se divulgaram informações e se mobilizaram as pessoas.
Aprendemos nós, habitantes desta cidade, que vale a pena juntar vontades e fazer quórum, sendo que já o repetimos por diversas vezes quer através desta como de outras formas, aprenderam até algumas entidades como é o caso da Câmara, que passou a vir a público divulgar e defender algumas posições que sabe serem polémicas, e sabe-o bem esta comissão de acompanhamento para a linha do Campo Alegre. O Metro pelos vistos ou ainda não entendeu, ou não joga com as cartas todas em cima da mesa. Aliás não se percebe se é séria a sua proposta dada a sua qualidade, não se percebe se o que está em causa é provocar a Câmara por causa da linha da Boavista, ou se é vir um dia aliviar esta pressão com a chegada das próximas eleições. Naturalmente que tudo isto podia não ser assim, se por acaso não tivéssemos um Presidente de Câmara quezilento e um Ministro de Obras Públicas teimoso.
A linha do Campo Alegre é uma linha essencial ao futuro funcionamento do Metro do Porto, não só porque vem aliviar o erro da linha da Sr.ª da Hora como vem servir uma zona da cidade com muita população e, ainda, fazer um anel ao funcionamento de todo o projecto. Nestas circunstâncias seria óbvio que este projecto deveria ser desenvolvido com todo o cuidado. Ao contrário o Metro vem apresentar soluções que são de estarrecer o mais ignorante dos cidadãos.
A sua solução de fazer atravessar estes bairros com o mesmo desenho e conceito ferroviário, que anteriormente viu ser chumbada na única Avenida do Porto, é no mínimo caricata para não lhe atribuir outros adjectivos. Da mesma maneira que o Metro desenvolveu o seu projecto por terras de subúrbios, ou por terras cujas câmaras assim se deixaram interpretar, como é o caso de Gaia e Matosinhos, a linha do Campo Alegre vem esquecer o que é cidade e planta-se nela como se esta não existisse. Rompe com a malha urbana, atravessa praças e passeios, atira com pedestres e automóveis para longe e para fora, com o único objectivo de ser transporte e a horas certas. Não há meio de fazer entender ao Metro que a cidade precisa de transportes, e não é o Metro que precisa de cidade. Da forma como a trata arrisca-se a ficar sozinha e consequentemente sem utentes.
Todas as críticas que fiz e ouvi da linha da Boavista, ouvi-as outro dia pela comissão de acompanhamento desta linha: os atravessamentos, os cruzamentos à espanhola, as rotundas, a ausência de passeios e arborização, as valas, etc. Aquela resma de críticas que facilmente se adapta à cidade quando esta se deixa governar por quem deixa à solta e a desenhá-la estes “Designers” dos sistemas viários, sejam eles do Metro sejam do transito ou outros.
Como na linha da Boavista, também aqui haverá de uma vez por todas que entender o que me parece óbvio. O Metro é o transporte urbano por excelência, mas só cumprirá as suas funções se for ENTERRADO. Á superfície o Metro devia ser entendido como um eléctrico, e tem que conviver com a população e adaptar-se à sua vivência e aos seus espaços.
Não existe meio-termo, e se não cabe é preferível que não se faça. Não venham é justificar que enterrado é muito caro, porque o custo da obra é incomparavelmente menor que o benefício de poder usufruir de um transporte público como é o metro. E por favor não me falem de custos, porque vem-me à memória o dinheiro gasto no Metro de Lisboa e no da margem Sul, e ainda no dinheiro que se vai pagar pelo novo aeroporto e pelas linhas do TGV.
Alexandre Burmester
--
Nota de TAF: subscrevo. :-)
Segundo a CP: Nada mais que Alta Velocidade. Investimento na linha ferroviária convencional: 0.
Entretanto, neste documento encontramos na página 15:
"No final do ano de 2005, a Rede Ferroviária Nacional tinha uma extensão de 3.613 km, dos quais 2.839 km com tráfego ferroviário, servindo uma população da ordem dos 8,5 milhões de habitantes."
"Servir", para a CP, significa o quê, exactamente? O mais interessante é que o documento faz uma análise excelente, mas não entendo como não há consequências verdadeiras e activas destas afirmações:
Pág. 17
"Comparativamente com a média europeia (UE 15), em 2003, segundo dados do Eurostat, Portugal apresentava ao nível das infraestruturas ferroviárias uma densidade, quer em termos territoriais (m/km2), quer em termos demográficos (m/1000hab), inferior à média europeia, respectivamente em cerca de 34% e 32%."
Pág. 18
"Desde os finais da década de 80 do século XX até ao início deste século, os investimentos realizados em infraestruturas em Portugal caracterizaram-se pela primazia conferida ao sector rodoviário. De facto, o investimento em infraestruturas rodoviárias neste período foi praticamente o dobro do realizado no sector ferroviário, colocando Portugal acima da média Europeia (UE15), quando se compara a densidade da rede de auto-estradas, quer em termos territoriais, quer em termos demográficos."
Cumprimentos,
Daniel Rodrigues
1. Rui Farinas: O argumento de que devemos replicar o desvario no investimento público de Lisboa não cola, na minha opinião. Só tendo credibilidade moral é que se pode criticar. A situação financeira nacional não vai permitir as megalomanias previstas para Lisboa, por muito que o status quo as reafirme. Após a campanha e pré-campanha eleitoral em que vivemos, iremos constatar isso mesmo. Por isso o que é sensato é apresentar projectos pragmáticos e concretizáveis em 2 ou 3 anos e não fantasias prometidas para depois de 2020. Os residentes do Porto merecem serviços públicos baratos, úteis, oportunos, para ajudar à crise e não promessas fantásticas. Além do mais, os pagadores de impostos, onde me incluo, também merecem respeito e o que pouparmos neste sobra para outros projectos também no Porto ou no Norte... Que melhor cartão de visita pode o Porto apresentar aos seus visitantes do que mostrar exemplos de projectos que envolvam a recuperação do passado, com custos controlados e com grande eficiência / utilização / operacionalidade? Só consegue isto quem é verdadeiramente inteligente... Construir sobre um papel branco sem controlo de custos, qualquer um o faz,... Até os lisboetas...
2. Pedro Aroso e Rui Moreira (comentário entretanto removido): Agradeço o convite mas não poderei estar presente. A parte da linha Ocidental mais crítica, porque mais cara, é a componente S. Bento - Fluvial. A ligação Fluvial - Matosinhos nunca será polémica porque pertence a uma zona excêntrica da cidade, com baixa densidade populacional e urbanística, existindo várias alternativas de traçado (litoral, Diogo Botelho ou mais a norte/interior).
3. Aliás, estamos todos a cair no engodo do governo Sócrates: Criaram a linha Ocidental para nos manter entretidos. Como seria de esperar, ninguém do governo ou PS Porto se deu se deu ao trabalho de estudar uma 2ª alternativa ao traçado pela Avenida da Boavista: a ideia visionária e de boa fé de E. Gardé, reforçada por mim em Setembro passado e por António Alves recentemente. A todos os leitores da Baixa do Porto / Norteamos / Renovar o Porto, recomendo a reflexão sobre a análise custo-benefício de usar o ramal da Alfândega e o canal da linha de eléctrico histórico da marginal para ligar por metro/eléctrico moderno Campanhã ao Fluvial (pelo menos). É que um traçado deste género, em canal próprio, rápido, também enterrado (entre a Ponte do Infante e a Alfândega), realista, realizável num futuro próximo, low-cost, parcialmente já construído, teria uma consequência importante: obrigaria necessariamente a uma capilaridade/mobilidade pedonal reforçada entre a margem do Douro (onde se situa o canal) e a cota alta e histórica, Palácio de Cristal / Bombarda / Hospital de S. António / Cordoaria / Clérigos / S. Bento onde se situam os pólos geradores de tráfego. Estou a falar concretamente de sistemas de túneis, escadas/passadeiras rolantes e elevadores e «shuttle bus». Criaria finalmente a oportunidade de recuperação da zona histórica que todos por aqui há muito ambicionam. Provavelmente um negócio muito mais lucrativo para a CMPorto do que a nova avenida na Praça do Império.
PS: Brevemente publicarei um Powerpoint alusivo a este tema.
A propósito do post aqui publicado pelo José Silva, com o título “Das políticas para a política”, passo a reproduzir o convite que a Junta de Freguesia de Nevogilde vai enviar aos moradores desta área da cidade:
“Caro Residente em Nevogilde,
Mais uma vez volto ao s/contacto para dar conhecimento público de uma iniciativa que vai influenciar a qualidade de vida na zona onde moramos.
A “Metro do Porto” está neste momento a debater com a Câmara Municipal do Porto a implementação da nova linha do Metro, desde Matosinhos até a Estação de S. Bento. Como é do conhecimento geral, uma parte do seu percurso atravessa a freguesia de Nevogilde. Para um estudo mais pormenorizado sobre esta linha, foi constituída uma Comissão de Acompanhamento, que integra as seguintes individualidades:
- Dr. RUI MOREIRA (Presidente da Associação Comercial do Porto)
- DR. LINO FERREIRA (Vereador do Urbanismo da C. M. Porto)
- ARQTº JOSÉ CARAPETO (Director Municipal do Urbanismo da C .M. Porto)
A grande questão que se coloca é a de saber se a travessia deve ser feita à superfície, ou em túnel. Assim, e para um melhor esclarecimento de todos, teremos uma Sessão de Informação no próximo dia 16 de Abril, a partir das 21:30, no Centro Paroquial S. Miguel de Nevogilde (Estúdio 400), sito na Rua Sá de Albergaria, que contará com a presença dos membros da Comissão de Acompanhamento.
A sua presença é importante, porque só assim seremos inteirados deste processo e do seu desenvolvimento, podendo emitir a sua opinião, sempre enriquecedora para a melhoria deste serviço público.
O Presidente
João Luís de Mariz Rozeira”
PS: O convite é naturalmente extensivo a todos os cidadãos que queiram participar.
Nota de TAF: Também sobre o Metro e com os mesmos participantes, há hoje às 21:30 uma sessão na Universidade Católica promovida pela Junta de Freguesia da Foz do Douro.
“A TAP está a desenvolver um sistema de code share com a CP que permitirá aos passageiros da aviação seguir viagem para destinos servidos pelos comboios Alfas e Intercidades usando o mesmo título de transporte. Em sentido contrário, a rede de Longo Curso da CP poderá alimentar os aeroportos de Porto, Lisboa e Faro.”
Esta notícia só vem dar força aos que argumentam que é imprescindível ligar tanto o comboio de velocidade elevada ao Aeroporto Sá Carneiro como também toda a rede ferroviária clássica. Isso pode ser feito facilmente tal como eu proponho aqui.
Primeira edição de “Regime de Meia Pensão”
PROJECTO DE RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS AGITA CAFÉS DA BAIXA DO PORTO
“Regime de ½ Pensão” é um projecto de residências de autores, criadores, pensadores activos da produção literária, do teatro, música e das artes plásticas e tem como grande objectivo trazer de volta o artista a um dos espaços de excelência de criação, discussão e trabalho: os cafés da cidade. Durante muitos anos, os cafés foram locais privilegiados para o encontro de artistas e para a produção artística, embora nos últimos tempos se tenha perdido um pouco essa tradição.
A decorrer de 16 a 18 de Abril, esta iniciativa reúne um grupo de artistas entre os quais Ana Luísa Amaral (escritora), Isabel Carvalho (artista plástica), João Gesta (programador cultural/escritor), Jorge Andrade (actor) e Valter Hugo Mãe (escritor), que irão estar em produção nos referidos dias, em cinco cafés de referência incontornável da cidade do Porto. São eles: Café Ceuta, Café Guarany, Leitaria da Quinta do Paço, Maus Hábitos e Plano B). O processo criativo dos autores residentes será registado diariamente por gravação vídeo, captação fotográfica e produção de texto. O público poderá visitar os artistas residentes em qualquer altura, acompanhando assim os processos criativos de cada um dos autores envolvidos.
Para saber mais, por favor contactar Ana Conde (96 438 10 19), Ana Rocha (93 480 12 95) ou Sandra Olim (91 85 28 102).
Rui Moreira está cada vez mais no terreno da política activa (politics), abandonando em definitivo o terreno da formulação/discussão de políticas (policies). E como tal, perde coerência e credibilidade.
Aqui e aqui, afirma que o Porto deixou de ser liberal e se tornou num novo rico. Concordo com a reflexão.
Aqui defende o enterramento do metro numa zona excêntrica da cidade, com fraca densidade populacional, com o objectivo de branquear as intenções camarárias de valorizar uma urbanização, esquecendo alternativas mais baratas para a linha ocidental (percurso da marginal, que inclusive já tem carris instalados).
Enfim.
PS: Jorge Fiel também se interroga: Quo vadis, Rui Moreira?
Tenho aqui textos para publicar, mas preciso de algum tempo para poder tratar antes de outros assuntos mais urgentes. Em breve...
Mais um dia que entristece.
Hoje ao pegar no JN reparei numa notícia bastante curiosa. Julgo que todos sabemos onde se situa a Rua Costa Cabral, a Rua de Santa Justa e Areosa. Se o Sr. Alzheimer não tomou conta de mim, estes eixos estão inseridos na Área Metropolitana do Porto. Se também não me falha a memória, estes lojistas, comerciantes do Porto também fazem parte da Associação dos Comerciantes do Porto. Agora pergunto: onde anda esta Associação? Qual o papel que teve, na noticia que podem ler através deste link?
A proposta apresentada pelo deputado Rui Sá deveria também ter sido analisada pela ACP. Julgo que compete a esta Associação proteger os direitos e os interesses dos comerciantes da Cidade do Porto com o objectivo de melhorar as condições de trabalho dos mesmos. Vivemos num país com inúmeras Associações. Muitas delas demonstram trabalho realizado, enchem o nosso telemóvel com msg, enviam mails quase a obrigar-nos a participar nas iniciativas. Por outro lado, temos Associações que se regem pela inoperância. Não sei, se calhar vale a pena pensar na Cidade do Porto de uma forma global e transversal...
Ana Coimbra
Através desta notícia, cheguei ao site da Adfer, Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário. Existe desde 1988. Nunca dela tinha ouvido falar. Será que estão contentes pelo trabalho desenvolvido? Será que conseguiram os objectivos a que se propuseram?
Olhando para a introdução, tudo parece excelente no âmbito da associação:
"A Adfer foi criada em Maio de 1988 e tem carácter predominante técnico-científico e os seus objectivos são:
- Promover e contribuir para a divulgação das realidades e potencialidades do Transporte Ferroviário, no contexto económico e social tanto a nível nacional como internacional;
- Promover e contribuir para o estudo, debate e divulgação da temática do Transporte Ferroviário e da sua envolvente, em ordem a favorecer a sua modernização e desenvolvimento;
- Promover a convivência cultural e social e a troca de experiências entre os asosciados.
- Promover e estabelecer intercâmbio de actividades e serviços com associações similares, nacionais e estrangeiras."
Algo me parece estranho. Tendo estes objectivos nobres, porque nunca se ouviu falar da associação na defesa activa do transporte ferroviário? Após 20 anos de existência, o que terão a dizer sobre o estado actual no país da linha férrea convencional? Eis que chego à lista de sessões promovidas pela Adfer:
"Travessia Algés - Trafaria
A crise financeira e as grandes obras públicas
O futuro do Porto de Lisboa e as Travessias do Tejo
O mega TrolleyBus
A nova estação central de Lisboa
Sistemas de Comunicação, Controlo e Informação em Projectos Ferroviários
A travessia do Estuário do Tejo
Transporte Colectivo de Passageiros na Área Metropolitana de Lisboa"
Deixo ao vosso critério avaliar o porquê do "Portuguesa" no seu nome. Deixo ao vosso critério avaliar quais os verdadeiros objectivos de uma associação com sócios beneméritos excepcionais. E gostaria de ver os jornalistas fazerem uma reportagem sobre esta associação, cujas intenções, são, a meu ver, louváveis. Mas o que verdadeiramente não entendo é porque não devemos ter uma Associação Portuguesa para a Manutenção do Transporte Ferroviário (AMFER). As sessões seriam:
"- Renovação da Linha do Tua e Corgo;
- O futuro do Porto de Leixões e os Túneis do Marão;
- As novas estações de Viana, Braga, Guimarães, Viseu, Vila da Feira
- A travessia da linha da Beira Alta em Túnel
- Transporte Colectivo de Passageiros na Área Metropolitana do Porto."
Este é apenas um interlúdio irónico. Prometo regressar a uma crítica mais construtiva assim que voltar a compreender que é assim que as coisas se fazem.
PS: Já agora, quantas notícias não terão tido o selo da "Adfer" no suporte a decisões sobre a via férrea em Portugal?
De José Silva:
- Não, não é piada do dia 1 de Abril: Documento oficial de 2006 afirma que é em Lisboa que deve ser concentrado o desenvolvimento
De Pedro Menezes Simões:
- Airports Council International entrega prémios no Porto - O Aeroporto do Porto foi considerado, em 2008, o 3º melhor aeroporto europeu
De Daniel Rodrigues:
- TGV: Ferreira do Amaral diz que projecto não é prioritário - Será que esta opinião vai ter eco?
- Todos os concursos do TGV serão lançados em 2009 - Tráfego de 6.1 milhões de passageiros no primeiro ano. Isto, para quem se der ao trabalho de fazer contas são 16.712 passageiros por dia. Alguém acredita? Só para termos de comparação, o Alfa Pendular transporta 301 passageiros. Há 18 comboios diários em cada sentido entre o Porto e Lisboa (intercidades inclusivé!). Ou seja, supondo todos os comboios, cheios todos os dias, a todas as horas entre Porto e Lisboa, teríamos 10836 passageiros por dia. Como se pode continuar a acreditar nesta insensatez, enquanto o resto do país desespera tendo o automóvel como única alternativa para se deslocar?
Este modelo leva a que o crescimento/desenvolvimento de Lisboa seja sempre à custa da perda de poder / autonomia / iniciativa / gestão de verbas / poder de compra do resto de Portugal, sobretudo onde há pessoas / empresas / clientes / residentes a conquistar.
- - Para os que combatem este «status quo», acabei de enunciar a forma de o destruir: a solução passa por acabar com as bases que sustentam o modelo;
- - Acabar com o «financiamento». Estou moderadamente optimista com o que a crise actual está a fazer nesse aspecto; A propósito, ler este artigo, que, como todos os marxistas, acerta apenas no diagnóstico: «Dívida ao estrangeiro aumentou 54% durante o governo Sócrates - No fim de 2008 o crédito ao imobiliário, à construção e habitação era dez vezes superior ao credito à agricultura, pesca e indústria»;
- - Passar para o estado regional as actuais funções do estado central relacionadas com o desenvolvimento económico (infraestruturas, incentivos às empresas, planeamento do território, ambiente, gestão da educação pública, etc). Portanto, Regionalização com fusão de autarquias, com extinção de governos civis/CCDRs, e com eliminação de funções económicas do Estado Central; A oportunidade para uma nova ofensiva para uma Regionalização 2.0 está do lado de Rui Moreira já no dia 23 de Abril;
- - Reduzir o peso do sector dos SNT na actividade económica da região de Lisboa (por exemplo, deslocalizando para o resto de Portugal a administração pública central, como PSLopes tentou fazer em 2004, ou sedes de empresa / institutos públicos).
Insultar lisboetas nada resolve. Inclusivé, eles sentem-se pessoalmente ofendidos e com razão. Aliás, você Ventanias, por várias vezes já me chamou à atenção disso mesmo.
PS: Este artigo é também uma homenagem ao Pedro do blogue Portuense. Imagine-se, o autor de um blogue sobre o Porto foi recentemente viver para Lisboa. Mais um.
(Antiga Recolha da STCP na Boavista - foto de Raquel Vieira da Silva, designer do grupo e fotógrafa)
Vem a calhar dizer que o grupo Inner City está a organizar para os dias 17 e 18 de Abril um Fórum alargado sobre o Porto, a meu ver, indispensável, para quem se sente intimamente entusiasmado e apaixonado pela cidade.
De resto, o interesse deste evento justifica-se desde logo pela presença como oradores de Elisa Ferreira, Francisco Barata, João Teixeira Lopes, Teresa Lago, Ana Paula Delgado, Álvaro Domingues, Alberto Castro, Manuela de Melo, Isabel Alves Costa, Álvaro Barbosa, Diogo Feio, Paulo Morais, Luís Mota de Castro, Guilherme Pinto, Emídio Gomes, Celso Ferreira, Mário Rui Silva, Manuel Laranja, Carlos Lage, José Alberto Rio Fernandes, Manuel Graça Dias, entre alguns outros, com temas transversais e de absoluta importância para a cidade.
A abordagem está a ter um trabalho logístico e de organização como nunca antes vi nesta cidade. Durante os dias do Fórum estará em circulação um jornal, sessões paralelas de música durante o almoço e jantar e a Faculdade de Arquitectura vai ser um espaço bem adaptado a tudo isto.
Fica o convite. Pelo que sei dentro de dois ou três dias os bilhetes (esgotam ao 350º) estarão disponíveis para ser levantados na FNAC, Bertrand, Leitura, Associações de Estudantes...
Interessante é também não ficar por aqui e dar utilidade crítica aos discursos, através do workshop aberto aos estudantes de Ensino Superior, de intervenção em seis lugares 'efémeros' da cidade: Avenida Paiva Couceiro, Avenida da Ponte, Rua de Santa Catarina, Salgueiros, Zona da Asprela e Separador Central da Avenida da Boavista.
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O «norteador» Ventanias comentava: «Diria que é chegado o tempo de começarmos a denunciar os erros de planeamento que justificam as opções do Governo, sem cairmos sempre na tentação de reduzir as questões ao eventual prejuízo do Porto e do Norte».
O problema, caro Ventanias, é que as decisões do governo passam sempre por prejudicar o Norte ou resto de Portugal. Não por causa de qualquer obsessão malévola dos lisboetas, administração central ou «máfias» que circulam o Terreiro do Paço. Eles nem sequer pensam nisso. A razão é muito prosaica. É que, no resto de Portugal e sobretudo na metade Norte, está o mercado / população / empresas / clientes que rentabilizam os projectos de natureza socialista (diria melhor, de natureza estalinista) que Lisboa permanentemente emite (Expos, CCBs, Benficas 6 milhões, NAL, «ligação à Europa por TGV», concentração da administração pública central, privatização de serviços públicos como por exemplo a ANA, etc).
Tudo isto tem a ver com o modelo de crescimento económico da região de Lisboa: Concepção e administração de Serviços não Transaccionáveis (SNT). Enquanto o Estado Central tiver funções ao nível da economia, houver impostos nacionais ou europeus para gastar e a actividade económica da região de Lisboa se concentrar no fornecimento de SNT (administração pública, comunicação social / cultura, sistema financeiro, gestão de energia, gestão de infra-estruturas, etc) o modelo desenvolvimento económico por Drenagem permanecerá. Os respectivos lideres empresariais estarão sempre a procurar novas modas / ideias / projectos para fornecer o Estado Central e para angariar clientes no resto de Portugal. Exemplos recentes são a centralização de serviços de assistência civil ou gestão do fornecimento água, como explica o 1º parágrafo da história da Águas de Portugal.
Começo por me apresentar. Nuno Gomes Lopes, licenciado em arquitetura, escritor em construção, poveiro de Varzim e funcionário da rede. Neste momento, tendo terminado o meu primeiro romance, passeio por páginas de interesse regional e procuro construir uma imagem dum Portugal menos centralizado, e dum Norte mais eficaz.
A ferrovia é o início e o fim do transporte sustentável, seja em metro de superfície, comboio suburbano, regional, inter-regional ou em Alta Velocidade, e apoquenta-me o desnorteio do país nesta questão. Tenho vindo a compilar no meu blogue o que imagino ser (até que me provem o contrário) o mais consistente arquivo de notícias relativas à ferrovia em Portugal, às quais vou juntando as minhas considerações pessoais. No últimos meses comecei a transformar estas observações em algo real, através do desenho de diagramas da rede ferroviária nacional, e ultimamente através do desenho com referência geográfica da ferrovia no Norte (o que existe e o que proponho). Parto de mapas existentes e, em formato de CAD, vou desenhando. Entretanto descobri o openstreetmap.org, que me permite desenhar as linhas com referência geográfica (mapas de satélite), o que já me fez desenhar a linha entre Lousado e Guimarães e a linha desativada entre Guimarães e Fafe, a desativada linha Póvoa de Varzim - Famalicão e a linha entre Livração e Amarante. Todos estes desenhos/diagramas verão a luz do dia proximamente.
Quando assumi estes projetos ferroviários, acabara de fechar a linha do Tua. Nos meses que se seguiram foram desativadas as Linhas do Tâmega, do Corgo, o Ramal da Figueira da Foz e o troço Guarda-Covilhã da Linha da Beira Baixa. Todas, à exceção da do Tua, foram encerradas para obras. Esperemos que assim seja.
O que me move não são estes desenvolvimentos recentes ou a futura rede de Alta Velocidade / Velocidade Elevada. O que me move é a substituição do paradigma automóvel, que tanto nos tem custado em termos sociais, ambientais e monetários, por um paradigma mais 'saudável' e bastante mais moderno: a ferrovia, disposta em rede, integrada, em bitola europeia. Assim sendo, aceito o convite de Daniel Rodrigues. Infografias e afins é comigo, amigo. Se não o Governo, façamos nós o Plano Ferroviário Nacional.
E um abraço para António Alves, que ouvi em entrevista e que é um sincero e informado defensor da ferrovia no Norte.
--
Nuno Gomes Lopes
P.S. Proponho, em jeito de convite envergonhado, que se faça uma sessão (num sítio público, mas não necessariamente em sessão pública) em que eu vos possa mostrar o estado atual da minha investigação, e em que especialistas como António Alves possam falar sobre o tema. Sugiro o Porto ou outro qualquer sítio onde me possa deslocar de comboio.
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