2008-06-08
Já que estamos em maré de piadas, permitam-me também uma. O Metro do Porto, tal como a equipa de futebol mais representativa da cidade, também é campeão no mundo e suspeito nos arredores.
Bom fim de semana :-)
O Não Irlandês é uma derrota pessoal de Sócrates. Conseguiu fazer impor a sua vontade de nos negar um referendo e os chatos dos Britânicos podem tirar o sonho de associar Sócrates e Lisboa ao nome do tratado. De facto, com tantos problemas nos quais o país está mergulhado a derrota pessoal dele deveria antes ser um sem fim de classes profissionais que reivindicam medidas que permitam, directamente, aumentar a eficiência dos seus sectores.
Durão e seus pares vieram já dizer que as ratificações são para continuar e que se 26 países estiverem de um lado e a Irlanda do outro, esta terá que rever a sua posição na UE. Mas reflictamos um pouco: se este foi o país que mais aproveitou as oportunidades da integração europeia não deveriam aceitar uma reforma da UE com relativo entusiasmo? Talvez não. Pelo menos foram um Não informado, debatido, e democrático.
O nosso Sim é uma ignorância, um voto no escuro, um passo para mais do mesmo. Mesmo que entendamos estar a favor ou contra o texto da reforma, não deveríamos ser informados e esclarecidos? Infelizmente não há partido que nos valha. Ou dizem amém, porque as grandes famílias políticas europeias assim o obrigam, ou são contra porque são contra tudo antes agora e depois.
PS: A propósito da ida de Rui Rio a Lisboa, quanto ao seu post Nicolau concordo com tudo o que diz, excepto com uma coisa: quando deixa de ser independente e quer tentar fazer-nos crer que a ida de Rui Rio a convite de António Costa é propaganda ou é uma subserviência à capital. Acha que se fosse o candidato que participou consigo nas listas das autárquicas faria melhor? Teria benesses Socialistas? Deve ser por isso que não se ouve uma única reclamação da bancada municipal socialista à falta de atenção do Governo para com a AMP...
Ao moderador do blog certamente perdoarão uma piada de fim de semana. É que ouvi agora na Antena 1 a melhor explicação para o NÃO irlandês: José Sócrates terá sido um dos arquitectos do Tratado de Lisboa. ;-)
PS: o Gabriel ilustrou no Blasfémias esta informação do noticiário da Antena 1. :-)
Cara Cristina
Há cerca de ano e meio apareceu fixado no local de avisos aos trabalhadores ferroviários em Contumil, coração operacional ferroviário da Região Norte, uma comunicação que dizia, mais palavra menos palavra, basicamente o seguinte: “Todos os maquinistas interessados em frequentar o curso de formação para condução de comboios CPA4000 (Alfa Pendular, para os leigos) deviam primeiro requerer a sua transferência para o Depósito de Tracção da CP Longo Curso em Santa Apolónia-Lisboa.”
A intenção era clara: acabar com o serviço de longo curso no Norte do país, passando tudo a ser coordenado e desenvolvido a partir de Lisboa. O que fizeram os maquinistas de Contumil? Revoltados, em vez de se lamentarem, foram ter com os seus dirigentes sindicais eleitos e foram claros: se tal coisa acontecesse os primeiros a pagar seriam eles; rapidamente voltariam a ter que trabalhar de novo no duro - i.e., voltar para a linha da frente, trabalhar de noite, de dia, dormir fora de casa, trabalhar aos domingos, feriados e dias festivos, à chuva e ao sol. Os maquinistas usaram a força de que dispunham - a capacidade de destituir dirigentes sindicais estabelecidos em Lisboa (1) - e o malfadado papel desapareceu rapidamente. Os maquinistas, no entanto, mantêm-se atentos.
Nos últimos dias os empresários de camionagem fizeram o mesmo, usaram a força, dum modo até selvagem e ilegal, mas de qualquer modo conseguiram parte do que reivindicavam. E ninguém por cá viu os aviões da Europa.
Moral da história: se não usarmos da força (2) que dispomos bem podemos esperar sentadinhos.
1) Devíamos fazer o mesmo aos nossos deputados.
2) Pode ser muita coisa: os votos, o dinheiro que temos, os impostos que podemos recusar-nos a pagar e até o nosso mau feitio.
Nesta época de Santos Populares, depois de ler o post de Nicolau Pais, lembrei-me também de como o feriado de Santo António tem contribuido nos últimos anos para a produtividade nacional agrupado pois que ao 10 de Junho. Dir-me-ão que o Santo não tem culpa e acredito que não. Certo porém é que, paulatinamente, todo o país terá de comprar as comemorações populares deste, mesmo que o seu Santo seja outro. Pois que a principal preocupação da greve dos pescadores era a sardinha...!
Mas não posso disfarçar mais aquilo que inicialmente começou há uns anos num sorriso e agora se escancara numa gargalhada: o cosmopolita parolo. Lembro-me há uns anos de estar na estação de Campanhã pela mão da minha mãe, atrás dum magala que não se despachava porque queria um bilhete para o Alentejo! E a rapariga da bilheteira dizia-lhe, "... sim, está bem, mas Alentejo onde? Tem que me dizer a terra..." e o coitado que já vinha de faces rosadas de mais a norte, respondia-lhe "ó minha senhora, disseram-me que ia para a tropa no Alentejo e agora sei lá disso...?" Retive a mágoa duma criança que assiste com pena ao resultado de anos e anos de obscurantismo e fraca educação para com alguém, que apesar de parolo de lá de cima, não tinha culpa de tentarem fazê-lo de parvo, não lhe tendo dito em que quartel tinha de se apresentar...?
Hoje não tenho mágoa, dá-me sim uma grande vontade de rir. Daqueles que, estando na capital, se referem a este país de 92000 km quadrados como tendo duas terras e uma capital: o Norte, o Algarve e Lisboa (pois que são estas apenas as placas das autoestradas que conhecem). É que, agora, esta cómoda ignorância não se deve a antecedentes históricos, são voluntários duma visão moderna e europeia. A visão moderna e europeia do Cosmopolita Parolo!
João C. Costa
P.S. É verdade, já me esquecia: é que eu também me revejo naquela tese do Carlos Magno, de que o Porto ser a capital do Norte é uma invenção de Lisboa. Faz parte da estratégia que entendo das palavras do Tiago "... e perceba que só não tem poder quando o oferece a outros" a propósito do "NÃO" da Irlanda.
- Mês de festa arranca na Rua de Cândido dos Reis - por sugestão de Raul Gomes
- S. João já começou na rua Cândido dos Reis (inclui Programa desta organização da Gesto)
- Sonae ultima proposta para o Aeroporto de Sá Carneiro
- Junta Metropolitana do Porto considera como mais importante uma gestão autónoma
- JMP e AEP discutem futuro do Aeroporto Francisco Sá Carneiro
- Metro do Porto distinguido com o Light Rail Award/2008
- Velhos galheteiros voltam aos restaurantes
- Comerciantes do Brasília aprovam estudo para constituição do fundo imobiliário
- IDT recusa Porto Feliz e quer salas de chuto no Porto
- Novo laboratório do Hospital de Santo António completamente automatizado
- «OportoShow» anima a Alfândega
Sugestões da Direcção da Associação de Promoção Social da População do Bairro do Aleixo:
"Ambas as notícias referem-se à escola do Aleixo e desmistificam os argumentos da autarquia portuense sobre o seu encerramento."
- Professores da EB1 do bairro do Aleixo lamentam possível encerramento
- Crianças do Bairro do Aleixo `tratam" da Ribeira da Granja
PS:
- Porto celebra Dia Europeu do Vento
- Tertúlia "A microgeração: energia descentralizada" - 18 de Junho (Quarta-feira), 18:00
Acabo de receber um email da Câmara Municipal do Porto, com um convite para aderir ao “atendimento online”. Passo a reproduzir:
“Estimado Munícipe,
Sabia que...
Os serviços de atendimento online e telefónico do Gabinete do Munícipe da Câmara Municipal do Porto lhe permitem tratar, comodamente e sem filas de espera, de um conjunto de assuntos camarários?
Como?
É simples:
- - Basta preencher o formulário de adesão a estes serviços, disponível no portal institucional,
- - Aguardar o seu código de acesso, e
- - Escolher o tipo de atendimento que mais lhe convém.
Adira hoje!
A Directora do Gabinete do Munícipe
Olga Maia”
Está de parabéns a Dra. Olga Maia, que tem vindo a desenvolver um excelente trabalho.
Parece que a Irlanda mostrou que os cidadãos ainda contam para alguma coisa.
Afinal na Europa a Democracia não está completamente podre!
Bastariam duas razões para votar NÃO.
A cidade do Porto que se inspire neste exemplo e perceba só não tem poder quando o oferece a outros.
Não pode o Presidente da Câmara Municipal do Porto ler, com certeza, a carta de Teresa Stillson, ocupado que estava a "marcar passo" com a sua presença nas marchas populares de Lisboa.
Lisboa agradece. Agradece que sejam aqui (re)alojados os empresários do entertainment em condições de luxo, já que não consegue tomar conta do seu Parque Mayer; Lisboa agradece que não se reivindique financiamento para recuperar o Bolhão e que este seja entregue de mão beijada sob o augúrio das novas tendências de (des)governação; Lisboa agradece "pouca bulha" sobre o Metro do Porto, enquanto os custos do seu congénere alfacinha disparam mais de 60%; Lisboa agradece que para aqui não se atraia nem investimento privado nem mercado de trabalho, pois assim pode "receber de braços abertos" uma geração inteira de trabalhadores jovens e qualificados que lá fazem a sua semana a preços de saldo, antes de voltarem "à paisagem" de onde vieram; Lisboa agradece que a imagem externa do Porto seja a de um resort pitoresco ao invés de um pólo científico, económico e cultural impositivo por natureza, capaz de justificar o óbvio: que é bom investimento para o Estado para aqui canalizar verbas (e também da mais elementar Justiça); Lisboa agradece que o debate sobre a regionalização fique por umas conversas de mesa de timing inócuo e legitimidade duvidosa; Lisboa agradece que não se coloque à mesa nenhuma estratégia concreta de investimento para a região, que é no fundo meio caminho andado para que equipamentos como o Aeroporto Francisco Sá-Carneiro se tornem estrategicamente redundantes e venham daí mais uns milhões para um faraónico aeroporto a Sul; Lisboa agradece que se faça tábua rasa das estratégias e sinergias criadas durante a década de 90 - o "caso do Porto" começava a destapar muita careca. Lisboa agradece que o Presidente da Câmara Municipal do Porto seja mais um político de carreira, que esses Lisboa sabe "tratar" e "receber"; alguma Lisboa agradecerá até que se tenham perdido mais 30.000 habitantes nos últimos 7 anos, com o que isso implica demograficamente e em termos de massa crítica (Lisboa não gosta, por "tradição", de massa crítica com implantação "no Norte"); esta Lisboa agradecerá as taxas de abstenção dementes com que hoje se elegem Presidentes de Câmara, porque a não-legitimidade convém sobretudo aos irresponsáveis; mas Lisboa agradece, sobretudo, que o Porto não meta medo.
Pode ser que António Costa cá ponha os pés para o nosso São João; ver para crer. Nessa noite, enquanto a bordo do habitual barco cavaqueia com Rui Rio sobre a "beleza" e a "utilidade" de festas "tão populares" que é preciso "preservar", pode ser que algum dos dois perceba que são aqueles os milhares que atentamente, os observam; e que é para aqueles milhares que trabalham, pois são aqueles milhares que contribuem para lhes pagar o salário.
Nicolau Pais.
PS- Neste post a palavra "Lisboa" (como as aspas do título pretendem declarar) surge como representativa do Poder&Vícios lá instalados, e não dos seus habitantes, também eles legítimos apaixonados pela sua Cidade tantas vezes abandonada pelos seus autarcas. Tenho defendido que esse poder não é malévolo ou qualquer outra coisa estranha, mas sim o resultado do vácuo político que, com a inconsequência de medidas populistas, se vai criando nas outras Regiões; perde-se assim a ferramenta essencial à legitimação pública das reivindicações: o Carácter. Sem ele, estamos a governar/reivindicar em "Excel" e isso só pode ser vantajoso para quem "passa os cheques".
Na Quarta-feira fomos à Direcção Regional de Economia do Norte, na Rua Central do Viso, a propósito de obter alguns esclarecimentos e dicas sobre um eventual projecto de turismo rural na zona de Cinfães, Douro. Fomos informados de que só restavam 3 funcionários nessa secção, que os projectos agora deviam ser entregues no Município que os remeteria ao Instituto de Turismo em Lisboa, esclarecimentos profundos ou orientações só mesmo neste Instituto com sede na Capital.
Ora bastaram as palavras Capital e Lisboa para a conversa seguir para a regionalização, para a necessidade desta, para a sucção que estavam a fazer às entidades públicas representadas no Norte, e que só as empresas percebem já que, exceptuando os directamente visados, os trabalhadores por conta de outrem só perceberão quando não restar nada, dos obstáculos que Braga parecia ter à regionalização, até que o funcionário remata: "- Estão a levar tudo e agora preparam-se para nos levar o Rio."
Pensei tratar-se de uma piada, só quando a conversa prosseguiu para a necessidade de calarem «o homem que mais gritava pela regionalização» Sr. Pinto da Costa e agora quererem amansar o Rio porque este já percebeu que é por aí o caminho, é que eu atingi que era o Rio Presidente e não o Rio Douro.
Tentei sossegar as hostes argumentando que o senhor em questão era um homem de visão, que não passaria 4 anos numa legislatura centralista e absurda, que as suas preferências vão sempre para novos projectos e condutas, era quase garantido que este iria preferir marcar um novo rumo no país, pelo caminho da regionalização.
Tristonhos, mesmo os colegas que até aqui não gostavam do Rio e que muitas vezes me enxovalharam por opiniões que emiti neste blog, foram unânimes em afirmar que o assédio era muito grande e a tentação poderia ser fatal. Atraindo Rio os centralistas apaziguavam alguns ânimos a Norte que de facto parece estar em vias de se exorcizar, e punham o senhor a governar o partido e não o país, num soma entre os grandes, como até aqui se tem visto e logrando qualquer tentativa de regionalização. Rui Rio só lhes interessa para isso, para serenar o Norte, insistiam.
Estando a opção sempre na mão do político, sendo a nossa democracia apenas uma escolha entre iguais, concluímos que se Rio trocasse o Norte por um lugar refastelado no centralismo, só nos restaria tapar os ouvidos às promessas que com certeza fará ao Norte e abstermo-nos em massa nas próximas eleições.
Mas e Braga e os militantes social-democratas, será que alinhavam nisso?! Pouco crentes lá viemos embora, na certeza de que se os projectos de turismo passam pela entrega em municípios pequenos politicamente vendidos e atrofiados, talvez fosse melhor organizar um grupo de 20 ou mais pessoas em que cada um contribuísse com pequenas quantias e avançar, sem Estado, sem Lisboa, sem Instituto de Turismo sem representação. Fosse como fosse a realidade é que era inevitável ir a Lisboa e, nesse caso, vamos meter os papéis na mala, sabemos que devíamos ir para criar forças e os vencer, mas é difícil ganhar ânimo, somos bairristas e ter que ir a Lisboa é para nós uma enorme humilhação.
Como se esperava e ele próprio disse: Rui Rio nas marchas de Sto. António.
Há coisas que não são coincidência.
A Plataforma de Intervenção Cívica da cidade do Porto vai realizar um debate aberto à cidade:
"PARTICIPAÇÃO E CIDADANIA"
no "CLUBE DOS FENIANOS DO PORTO" - AVENIDA DOS ALIADOS N.º29 - Sábado, dia 14 de Junho às 14:30h.
PAINEL:
- - Arquitecto MANUEL CORREIA FERNANDES - MODERADOR
- - Doutora ELISA FERREIRA - Deputada no Parlamento Europeu - "O ESTADO E A GESTÃO PÚBLICA"
- - Doutor JOÃO TEIXEIRA LOPES - Professor e Sociólogo - "O PATRIMÓNIO E A MEMÓRIA COLECTIVA"
- - Engenheiro RUI SÁ - Vereador na Câmara Municipal do Porto - "OS EQUIPAMENTOS AO SERVIÇO DOS MUNÍCIPES"
- - Arquitecto JOAQUIM MASSENA - Mestre em Restauro e Reabilitação do Património - "A MEMÓRIA E A OPERACIONALIDADE NO PATRIMÓNIO"
Para mais informações:
manifestobolhao.blogspot.com ou José Maria Silva 933409304
Um Abraço e Participem.
Quando ontem li a explicação do JN sobre uns terrenos nas Antas, logo me veio à memória o campo do Covelo, que o Salgueiros transformou de montureira e silvado num dos melhores recintos de jogo nos anos 20. Mas valorizada a propriedade, logo o sr António Paranhos, dono do pedaço, pretendeu rentabilizar o investimento, o que passou pelo despejo do popular clube em Março de 1930. Manifestações de muita gente, apelos das forças vivas, onde o bispo da diocese e o governador civil são figuras de topo, não demovem aquele senhor, e o clube vê-se na rua. Hoje o espaço continua cheio de silvas, as árvores já foram embora, e o Estado quer vender o espaço á cidade, "valorizado", já se vê. Melhor que isto só a história do campo do "Faísca"
--
Cumprimentos de
Victor Sousa
Caríssimo Presidente
Com certeza que não passeia há muito pela Foz, nomeadamente pelas Avenidas do Brasil e Montevideu, nem pelo Parque da Cidade. Acho que só lá deve ir quando há corridas de automóveis. Talvez por isso não imagine sequer a "bandalheira" que por ali se passa. Desculpe-me o palavrão mas é a única forma "decente" que eu encontro para classificar o que se passava ontem de manhã, 10 de Junho, naquela zona.
Compreendo que as obras que estão a ser levadas a cabo possam ser importantes e necessárias. Agora, nada justifica que, num feriado, quando milhares de portuenses pretendem calmamente aproveitar o sol que, este ano, tarda, sejamos confrontados com: carros carrinhas e camiões a circular no passeio, pedras, pó e porcaria pelo chão. A Esplanada do Molhe está transformada num ENORME ESTALEIRO e mais parece uma qualquer feira de equipamento de construção de estradas. O passeio à cota baixa está quase inteiramente destruído. A balaustrada ora está a ser recuperada, como logo a seguir é deitada abaixo pelas máquinas. A praia está completamente impraticável e o fim das obras nem sequer se vislumbra.
Às dez da manhã, quando passeava com a minha família, fui obrigada a desviar-me de uma "retro-escavadora" (acho que é assim que se chama) que circulava impunemente no passeio. Às dez e meia tivemos de nos acautelar, igualmente no passeio, de uma carrinha cujo motorista circulava a falar ao telemóvel. Quando o questionei, disse-me simplesmente - estou a trabalhar! Eu, efectivamente não estava a trabalhar e, por isso, calei-me!
Às onze, no Parque da Cidade, ao fundo da 2ª Rua Particular do Castelo do Queijo, havia sido cortada a passagem de quem descia em direcção à praia, por um grande buraco junto ao qual uma máquina e dois carros estavam estacionados enquanto os trabalhadores bebiam uma "cervejita". É que o dia estava a começar soalheiro! Às onze e meia, notei que as árvores do jardim da praia do Homem do Leme (pelos vistos a única que tem bandeira azul) servem sobretudo para abrigar os carros dos empreiteiros, da canícula!
E eis que, ao meio dia, vemos chegar à esplanada do Molhe um jipe cinzento que, pela forma como galgou o lancil e estacionou ostensivamente sobre o passeio junto à guitarra gigante que parece estar ali apenas a atrapalhar as obras, imaginei transportar alguém importante. Acorri, esperançada, pensando que poderia ser o Presidente em pessoa a visitar as grandiosas obras do Projecto Bandeira Azul e que logo ali teria oportunidade de lhe dar os parabéns pelo que tinha presenciado. Mas não, presunção minha, V. Exa. só costuma vir quando tudo já está pronto. Disseram-me tratar-se de um tal engenheiro Poças Martins que, pelos vistos, é o cérebro desta operação tão bem organizada. E não só, também pelo esventramento selvagem de grande parte das rua da Foz e Nevogilde. Sim senhor, com gente assim não duvido que tudo estará pronto a tempo do próximo Grande Prémio, em 2009.
E assim terminou mais uma manhã de desportos radicais que conseguiu toldar por completo o "glamour" da operação montada pela outra empresa municipal, a Porto Lazer, entre o Castelo do Queijo e o Edifício Transparente, onde o "Mens Sana in Corpore Sano" do Basquetebol, Futebol e outros desportos infantis, calmamente convive com o colesterol das francesinhas, o malte fermentado da cerveja e os decibeis dos altifalantes. "Pane et Circenses".
Teresa Stillson
No passado Sábado experimentei um pouco da «Serralves em Festa», uma verdadeira síntese dos reais motivos pelos quais o Porto cosmopolita está a anos-luz da Braga que insistem em manter inusitadamente rural.
Enquanto passeava pelos magníficos jardins, lembrei-me dos parques que o poder autárquico está a dever a Braga e aos bracarenses. Mal habituados e pouco exigentes, aceitamos sem grandes controvérsias que nos impinjam que «é bom viver em Braga», uma cidade sem um único espaço verde para verdadeira e livre fruição dos bracarenses. Prometeram-nos um Parque Norte, um Parque da Ponte, um Parque do Picoto, um Parque em Lamaçães e muitos enormes parques de diversões, mas a verdade é que nos quedamos sem nada. Nada.
Mas a Fundação Serralves é bem mais que um parque ou jardim... É um centro de arte e de espectáculos eclético e a transpirar modernidade, tal como o Vila Flor em Guimarães ou o Centro Cultural de Belém em Lisboa. Braga continua a fazer-se em torno dos prédios, a que se acrescenta a nova jóia que dá pelo nome de «centros comerciais» gigantes, em descrédito e em desuso na Europa moderna, mas que hão-de entupir-nos até às entranhas nos próximos anos.
Em Braga, nem se aproveita o Cávado nem o Este, não se aproveita verdadeiramente o património nem a história, não se promove a arte nem a cultura. Falhámos redondamente na tentativa de colocar a cidade na rota cultural, arquitectónica e turística de Portugal e da Europa e, pior que isso, continuamos a falhar quotidianamente na simples tarefa de colocar a arte, a natureza e a cultura na rota dos bracarenses.
Em síntese, continuamos a frustrar a tentativa de ancorar esta cidade na modernidade. Mas talvez esse nunca tenha sido objectivo.
(Também no blogue Avenida Central.)
Pedro Morgado
--
Nota de TAF: eu diria que Porto, Braga e Guimarães (mas não só) são parte de um mesmo espaço geográfico que teimamos em não gerir em conjunto, com regionalização (numa das suas muitas variantes) ou sem ela.
Como é obrigação de qualquer 'Amigo' digo até para o ano. Como é obrigação do bom senso de cada um: Fabuloso!
Serralves em Festa, 2008
Ref.ª: António Alves
Respeito a sábia, e prudente, opinião de Nuno Fernandes no seu post, principalmente quando refere, no final, que «A escolha do Tua é tão difícil como qualquer outra grande decisão respeitante à ocupação do território - deve por isso mesmo ser enquadrada por uma discussão séria de prós e contras, a curto e a longo prazo»; com efeito é mesmo uma decisão difícil de tomar mas, o que (trans)parece é que essa decisão foi, contrariamente, fácil de tomar por quem (supostamente) de direito: é necessário construir uma barragem, logo afogue-se a linha férrea, por mais potencialidades turísticas - já que as restantes são sempre postas de parte - que tenha.
Nesse sentido, e como de resto tenho manifestado, mesmo implicitamente, no meu "et verte", não sou a favor da construção da barragem. Porquê? Pegando em informações de terceiros,
- 1. a barragem não terá (pelo menos nas primeiras décadas de operação) retorno energético positivo. Ie, a energia que gerará dificilmente cobrirá a energia que gastará a ser construída;
- 2. se o Estado pagasse a troca das lâmpadas incandescentes, ainda existentes em funcionamento nos lares e edifícios em Portugal, por lâmpadas economizadoras, o montante envolvido seria menor - e o ganho energético maior.
Resta-nos o único aspecto que reputo útil nesta barragem - o armazenamento de água, o "petróleo do século XXI" como alguém já se lhe referiu. Mas justifica afogar a tal linha férrea "só" por isso? Como escreveu José Augusto Moreira, a págs. 28 (caderno Local) do Público do passado dia 24 de Maio: "Imagine-se uma decisão que passasse pela destruição do Mosteiro do Jerónimos ou da Torre de Belém, aproveitando esses espaços privilegiados para aí serem construídas novas e rentáveis infra-estruturas para o turismo ou outra qualquer actividade. O mesmo se diga em relação à Torre dos Clérigos, Estação de S. Bento, a Sé de Braga ou a Universidade de Coimbra. Impensável, como é evidente, por mais rentável, estratégica ou urgente que fosse a dita obra. (...) Do que trata é de manter um importante património histórico-cultural e não de uma mera questão de transportes, como com hipócrita desfaçatez o governo e a EDP parecem fazer querer às populações."
A linha do Tua, e repetindo o que já foi dito em 'n' outros locais, está integrada no zona do Douro, Património Mundial. Será porque "só" serve «uma série de povoados mais ou menos distantes da linha» etc., etc. e está a mais de uma centena de quilómetros de uma urbe importante do país, pode ser simplesmente afogada?
Emídio Gardé