De: Cristina Santos - "Atracção fatal"

Submetido por taf em Sexta, 2008-06-13 12:40

Na Quarta-feira fomos à Direcção Regional de Economia do Norte, na Rua Central do Viso, a propósito de obter alguns esclarecimentos e dicas sobre um eventual projecto de turismo rural na zona de Cinfães, Douro. Fomos informados de que só restavam 3 funcionários nessa secção, que os projectos agora deviam ser entregues no Município que os remeteria ao Instituto de Turismo em Lisboa, esclarecimentos profundos ou orientações só mesmo neste Instituto com sede na Capital.

Ora bastaram as palavras Capital e Lisboa para a conversa seguir para a regionalização, para a necessidade desta, para a sucção que estavam a fazer às entidades públicas representadas no Norte, e que só as empresas percebem já que, exceptuando os directamente visados, os trabalhadores por conta de outrem só perceberão quando não restar nada, dos obstáculos que Braga parecia ter à regionalização, até que o funcionário remata: "- Estão a levar tudo e agora preparam-se para nos levar o Rio."

Pensei tratar-se de uma piada, só quando a conversa prosseguiu para a necessidade de calarem «o homem que mais gritava pela regionalização» Sr. Pinto da Costa e agora quererem amansar o Rio porque este já percebeu que é por aí o caminho, é que eu atingi que era o Rio Presidente e não o Rio Douro.

Tentei sossegar as hostes argumentando que o senhor em questão era um homem de visão, que não passaria 4 anos numa legislatura centralista e absurda, que as suas preferências vão sempre para novos projectos e condutas, era quase garantido que este iria preferir marcar um novo rumo no país, pelo caminho da regionalização.

Tristonhos, mesmo os colegas que até aqui não gostavam do Rio e que muitas vezes me enxovalharam por opiniões que emiti neste blog, foram unânimes em afirmar que o assédio era muito grande e a tentação poderia ser fatal. Atraindo Rio os centralistas apaziguavam alguns ânimos a Norte que de facto parece estar em vias de se exorcizar, e punham o senhor a governar o partido e não o país, num soma entre os grandes, como até aqui se tem visto e logrando qualquer tentativa de regionalização. Rui Rio só lhes interessa para isso, para serenar o Norte, insistiam.

Estando a opção sempre na mão do político, sendo a nossa democracia apenas uma escolha entre iguais, concluímos que se Rio trocasse o Norte por um lugar refastelado no centralismo, só nos restaria tapar os ouvidos às promessas que com certeza fará ao Norte e abstermo-nos em massa nas próximas eleições.

Mas e Braga e os militantes social-democratas, será que alinhavam nisso?! Pouco crentes lá viemos embora, na certeza de que se os projectos de turismo passam pela entrega em municípios pequenos politicamente vendidos e atrofiados, talvez fosse melhor organizar um grupo de 20 ou mais pessoas em que cada um contribuísse com pequenas quantias e avançar, sem Estado, sem Lisboa, sem Instituto de Turismo sem representação. Fosse como fosse a realidade é que era inevitável ir a Lisboa e, nesse caso, vamos meter os papéis na mala, sabemos que devíamos ir para criar forças e os vencer, mas é difícil ganhar ânimo, somos bairristas e ter que ir a Lisboa é para nós uma enorme humilhação.