2008-04-20
O 25 de Abril recorda-me a canção de Sérgio Godinho onde se diz que só há liberdade quando houver Paz, Pão, Saúde e Habitação. Cumpridos 34 anos, podemos concluir que grande parte desses objectivos estão concluídos. Nuns casos, em menor grau do que noutros, mas bem melhor do que existia antes daquela data.
É por isso natural que as preocupações dos portugueses se dirijam, hoje, para outros aspectos que nos coloquem a par dos países mais desenvolvidos da Europa a que pertencemos. Assim, aproveitando o magnífico dia, resolvi atravessar, a pé, a nova ponte móvel que liga Leça da Palmeira a Matosinhos. Apercebi-me, então, de dois erros de concepção que a habitual falta de reflexão dos responsáveis – Câmara de Matosinhos e APDL - determinou.
Em primeiro lugar, o agreste declive que dificulta aqueles que tenham dificuldades motoras, seja por razões de idade, defeito físico ou locomoção em cadeira de rodas. Verifiquem o declive nesta foto:
Em segundo lugar, a não incorporação de uma zona para velocípedes. O que conduz a dois tipos de problemas. Um, de falta de segurança para os peões que atravessam o seu local obrigatório, conforme o sinal colocado no início da ponte. É que as bicicletas são companhia permanente na travessia. Que não tem condições para albergar peões e velocípedes, em simultâneo. Inexplicavelmente, a circulação é aceite pelos agentes da Prosegur que fazem vigilância. Referem que não é proibido aquele trânsito! Nem têm instruções para o proibir!
Outro problema coloca-se com a dificuldade de circulação dos veículos nas suas faixas de rodagem, quando os velocípedes circulam no local mais adequado ao seu movimento. Nomeadamente, na subida a circulação não se faz a mais de 10 Km/h ou, então, terá de ser desrespeitado o traço contínuo que divide as duas faixas.
Infelizmente não há solução para os erros de concepção. É pena. Se devemos bastante ao poder autárquico trazido pelo 25 de Abril, lamento muito que este continue a fazer tábua rasa de um planeamento capaz que permitiria obras de uma maior qualidade sem agravamento de custos. É que o faz e desfaz, típico das decisões dos nossos responsáveis nacionais e autárquicos, é muito mais pesado aos bolsos dos portugueses.
Pacheco Pereira já tinha explicitado o que eu escrevi, e ontem Rui Rio confirmou:
"Aquilo que nós temos neste momento de fazer é olhar para os valores da nossa história: quem melhor representa isso, quem é que é capaz de ser presidente do partido mas simultaneamente ter uma espécie dum toque monárquico, algo que seja um traço de união com a nossa história".
As prioridades estão todas ao contrário: primeiro procuram as pessoas, e só depois se perguntam o que é que elas pretendem fazer...
PS: por falar em Rui Rio e em toques monárquicos - Câmara proibiu a venda de cravos...
Recebi duas mensagens de correio electrónico no endereço do blog cujo remetente receio possa ter sido forjado, e por isso não as coloquei online. Se algum dos participantes não viu a sua mensagem publicada, por favor contacte-me.
In Público de ontem:
«Privatização do Aeroporto Francisco Sá Carneiro; regionalização; articulação da ligação ferroviária Porto-Vigo com a aerogare e o porto de Leixões; apoio à renovação urbana no Porto e em Gaia ao mesmo nível que em Lisboa. "É sobre tudo isto, senhor primeiro-ministro, que agora o queremos ouvir". Queríamos, teria afirmado Rui Moreira, se soubesse que José Sócrates, convidado de honra do jantar do centenário do Palácio da Bolsa, o iria deixar sem resposta.»
Como o Tiago Azevedo Fernandes sabe, o Bolhão não me permitiu estar em convívio a celebrar com os companheiros do “Baixa do Porto”. Ainda ponderei o jantar… mas saí pelas 21h30. Fica para uma próxima!
Em contrapartida porque para a sessão do Redux fiz uns apontamentos e a partir da sua revisão acabou ficando um pequeno texto, gostava de partilhar as minhas reflexões sobre a cidade e o Bolhão. Até para me redimir de ultimamente andar a participar pouco.
Com renovados parabéns pelo aniversário (e já agora pela iniciativa de os celebrar também).
- A cidade (o Porto pequeno e grande, de ontem, de hoje e de amanhã) e o Mercado do Bolhão.
Sou a favor do encerramento das superfícies comerciais ao Domingo. Fiquei mesmo surpreendido com o abaixo-assinado criado pela APED, uma vez que não se respeitam dois principios básicos da nossa sociedade: o Domingo sempre foi e desejo que continue a ser o dia em que todos podemos descansar, conviver com a familia e amigos. Não deve ser o dia em que vai tudo desenfreadamente consumir procurando repor a qualidade de vida que perdem com bens materiais.
Por outro lado, o argumento mais forte dos defensores da iniciativa é que cria postos de trabalho e remunera muito bem os trabalhadores destas áreas. Pois é, de facto convidava a APED a promover uma iniciativa por salários dignos porque, se assim fosse, estas pessoas não teriam de trabalhar ao Domingo para tentar equilibrar um mau salário que só é realmente animador quando se trabalha ao Sábado Domingo ou Feriado (uma vez que a remuneração hora pode ir até 100% mais do que a hora de dia útil).
Não há nada mais triste do que ver entupimentos à porta de shoppings quando se pode encher a despensa noutro dia e se pode desfrutar de uns raios de sol ao ar livre... mas é só uma opinião...
Luís Gomes
Caro Tiago
Com muito pena minha, não vou poder estar presente mais logo, quer na visita, quer no jantar. Mas não quis deixar passar a oportunidade de lhe dar os meus parabéns por estes 1460 dias (e um número mais fabuloso ainda de horas!) de dedicação à Cidade do Porto. Boas comemorações!
Paula Morais
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Nota de TAF: por acaso são 1461 dias, porque um dos anos é bissexto. :-)
Caro Sérgio Caetano
A ideia de que no Bolhão mandam os que lá estão é a melhor que vi até hoje sobre o mercado. Sugiro que lhes peça, aos que lá estão, que resolvam o problema sozinhos e que dispensem as contribuições de fora, desde os malvados dos capitalistas aos massacrados dos contribuintes. Isso é que era um progresso, que o Bolhão se resolvesse sozinho. Basta que as dezenas de milhares de subscritores do movimento passem a gastar dez euros por semana lá que tudo se resolveria. Mas, como todos sabemos, é mais fácil assinar uma coisa que praticá-la. Temos é que proteger-nos dos interesses, isso é que importa!
Eu sinto uma pressão enorme da sociedade civil do Porto contra a entrega do Bolhão sem estar movida por nenhuma espécie de interesse próprio: essa pressão começa no arquitecto que quer fazer o projecto que lhe encomendaram e que acha que é o único que serve (se eu fosse o autor também era capaz de pensar isso), continua nos jovens familiares do mesmo arquitecto e nos seus amigos que criaram espontaneamente um Movimento, têm o alto patrocínio de um Professor de Arquitectura que não tem qualquer interesse partidário na matéria, prossegue nos alunos desse Professor que não têm qualquer interesse em lhe agradar, estende-se a uma Associação de Comerciantes, não os do Bolhão, mas a do Porto, que é reconhecida pela sua falta de interesse nos consumidores, é apoiada pelos partidos que não têm qualquer interesse em que se relembre o que em tempo disseram sobre a necessidade de se dar uma solução ao Bolhão e vai desembocar nessa pérola do direito português que é a providência cautelar.
Agora, a entrega de uma garantia bancária de um valor substancial por uma empresa que venceu um concurso público é que é um acto duvidoso! Que raio de gente é esta que até se atreve a ir ao edifício da Câmara fazer essa entrega? Então eles não percebem que estamos todos a ver? Mesmo os que pelos vistos percebem muito disto? Já não há vergonha.
Francisco Rocha Antunes
Pelos vistos, especulador imobiliário*
*a única definição de especulação imobiliária que encontrei é demasiado má, tecnicamente falando, para merecer ser aqui transcrita
PS – A aparente discrepância entre as notícias sobre o Igespar não é tão anormal quanto sugere: é regra comum os projectos mais complexos antes de serem formalmente submetidos sejam objecto de apreciação prévia. Chama-se a isso bom senso.
Alguém sabe quem é o autor da estátua que se encontra no Jardim do Foco, na Boavista?
Obrigado,
Rui Oliveira
Caro Tiago,
Os meus parabéns por mais este ano que hoje se completa. Lembro-me perfeitamente do teu primeiro post, e como resultou de um bloqueio do fórum que a CMP fechou, ou tentou “pôr na ordem”. A tua reacção é a que mais falta nos faz: em vez de te queixares, decidiste fazer o que estava ao teu alcance para suprir aquilo que tu, e muitos depois de ti, reconheceram fazer sentido: criar uma praça pública virtual.
O que nós precisamos não é de outras pessoas, é de mudar um pouco as que cá estão e que gostam do Porto. Eu, que não acredito em revoluções, acredito em mudanças importantes e irreversíveis. Tiago, o mérito da participação cívica não panfletária no Porto é muito teu. Obrigado pelo enorme esforço que sei que isto representa para ti. O teu esforço não nos deixa ser tão egoístas ou preguiçosos como temos tendência para ser. Até logo.
Francisco Rocha Antunes
16-04-2008 - Portugal Diário
'A empresa holandesa TranCroNe (TCN), que venceu o concurso público para a reabilitação do Mercado do Bolhão, entregou na Câmara do Porto uma garantia bancária de 2,5 milhões de euros, referente àquela obra, informa a agência Lusa. A garantia, que representa 10 por cento do valor da obra de construção, foi emitida pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e entregue ao princípio da tarde nas instalações da autarquia, no antigo Palácio dos Correios.'
A Empresa TCN tem um fascínio por edifícios dos Correios, e a obsessão é tanta que até já motivou buscas da Polícia Judiciária às suas instalações... A TCN de Pedro Neves começa a jogar à defesa perante a persistência e determinação dos cidadãos do Porto em defender a preservação do seu património arquitectónico e cultural. Como é do conhecimento público está a correr um processo jurídico para travar a concessão do Mercado do Bolhão à multinacional de especulação imobiliária TCN-Tramcrone.
Caso o processo seja desfavorável às pretensões da Câmara do Porto, terá a autarquia que devolver em dobro o valor da caução à TCN?
Irá Rui Rio aceitar a caução e arriscar um acto ruinoso de gestão para a autarquia?
Estará o presidente da Associação de Comerciantes do Mercado do Bolhão com os dias contados?
Não perca os próximos episódios...
VERDADE OU MENTIRA? Descubra as diferenças:
04-03-2008 - IOL Portugal Diário
'O projecto que a empresa TramCroNe (TNC) deseja para o mercado do Bolhão está a ser acompanhado pelo Igespar (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico), disse esta terça-feira o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto como noticiou a Lusa.'
23.04.2008 - Jornal Público
'Dois meses depois de o Bloco de Esquerda (BE) ter questionado o ministro da Cultura, António Pinto Ribeiro, sobre o polémico projecto de reconversão do Mercado do Bolhão, apresentando pelo promotor holandês TramCrone, o Ministério da Cultura informou ontem que não deu entrada nos 'serviços centrais ou periféricos' do ministério 'nenhum projecto' relativo ao Bolhão.'
Sérgio Rui
- CDU acusa autarcas socialistas do centro histórico de quererem transferir instalações para associação ligada ao PS
- Transferências para IPSS retiradas
A intenção até poderá ser boa, mas esta ideia de criar uma IPSS em nome individual dos presidentes das Juntas, em vez de ser através da participação institucional delas, parece-me muito infeliz.
- AMIgaia e IAPMEI criam programa «Gaiaempreende»
- Gaia abre mais um troço do passeio marítimo e fluvial que irá da Ponte D. Luís até Espinho
- Celebrações do 25 de Abril na cidade do Porto
- 25 de Abril comemora-se com música e desfile
- Liderança do Bolhão vai a votos
- Liderança da Associação dos Comerciantes do Bolhão decidida a 15 de Maio
- Partituras de Suggia voltam ao Conservatório - Perfil: Guilhermina Suggia
- Conservatório do Porto recebeu oficialmente o legado de Guilhermina Suggia
- Sócrates no centenário do Palácio da Bolsa, Ricardo da Fonseca recebeu medalha da Associação Comercial do Porto
- José Sócrates e figuras do Porto reunidas para os 100 anos do Palácio da Bolsa
- Sócrates deixou sem resposta repto de Rui Moreira para privatização do Sá Carneiro
- Movimento quer entregar abaixo-assinado contra comércio ao domingo
- Movimento Cívico divulgou iniciativas para tentar travar liberalização dos horários
Eu simpatizo com esta opção de fechar em todo o lado (incluindo centros comerciais) o comércio ao Domingo. Já sei que há alguns inconvenientes e que, objectivamente, é uma restrição à liberdade das pessoas. Mas as vantagens suplantam esses inconvenientes. Há inúmeros outros casos de "restrição à liberdade" que são consensualmente aceites apesar de, em rigor, não serem absolutamente necessários. Um exemplo: as regras de protecção do património, que limitam o tipo e o volume de construção no centro histórico do Porto. O assunto já foi debatido aqui no blog, com opiniões em ambos os sentidos, embora por vezes com pressupostos diferentes. O encerramento ao Domingo é aliás a regra em inúmeros "países desenvolvidos" (muitos deles também pertencentes à União Europeia) com uma economia de mercado saudável. Não estaríamos a inventar nada de novo e protegíamos alguns valores que, também objectivamente, são prejudicados pela situação actual.
- Esta g€nt€ tem cá uma lata!!! - sugestão de Emídio Gardé
- Mundo Perfeito: Fotografias de Fernando Guerra - sugestão de Luísa Cardoso
Mais um ano que se completa, com o incontornável destaque para o Tiago Azevedo Fernandes mas com a dedicação admirável de uns quantos, e, seguramente, com a fidelidade de muitos mais leitores. Parabéns e cá estaremos daqui a um ano a felicitar pelo penta!
José Maria Montenegro
- Às 18:00 em frente ao edifício do Jornal de Notícias ou às 18:30 directamente na Fundação. Pontualmente.
- Às 20:30 na sala do 1º andar do restaurante Solar Moinho de Vento. - PS: descobri agora que o restaurante tem um site.
Ah, e já são 4. Mais de 7000 posts! :-)
Gostaria de convidar todos os participantes e leitores do Baixa do Porto a estarem presentes na próxima sessão do seminário Porto Redux ou>(re)habitar a baixa. A sessão 2 vai decorrer amanhã, quinta-feira, dia 24 de Abril, pelas 19h no espaço OFICINA da Galeria Fernando Santos (em frente ao Centro Comercial Bombarda).
Obrigado a todos,
Apareçam!
Pedro Bismarck
#24 Abril [Quinta] – 19h*: cidades - emergências/permanências
Nuno Portas [Arq], Joaquim Branco [SRU-Porto Vivo], Rui Moreira [Eco], Alexandra Gesta [Arq], Rio Fernandes [Geo], Nuno Grande [Moderação]
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Nota de TAF: É pena que coincida com a visita à Fundação Escultor José Rodrigues, senão eu próprio iria aparecer. Contudo, como é perto do restaurante, dará tempo a quem for ao Porto Redux, se quiser, ainda ir ao jantar do blog. :-)
Enquanto, infelizmente, alguma coisa se vai perdendo (neste caso, de índole cultural)... outra, pelo menos, se vai ganhando.
Assim está o Porto, neste vai e vem constante!
Correia de Araújo
Notícias de última hora: Alberto João Jardim vai avançar com o apoio do Filipe Menezes.
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Nota de TAF: Acho bem que apareça o AJJ. Esse fica como o representante do populismo, MFL como a escolha das “elites velhinhas”, e PPC passa a ser mais evidentemente a opção sensata. ;-)