De: Paula Morais - "O funcionamento do comércio ao Domingo em Paris: o balanço de 10 anos de experiência"
Caros participantes, e, em especial, cara Cristina Santos,
Com o objectivo de trazer a este blogue mais alguma informação que considero ser deveras interessante a propósito do tema do meu último post, e porque também entendo que é sempre possível aprender com o exemplo das experiências realizadas por aqueles que efectuaram mais cedo o mesmo percurso que nós, aproveito então para divulgar um documento elaborado pelo Centro Regional de Observação do Comércio, da Indústria e dos Serviços (CROCIS) da Câmara do Comércio e da Indústria de Paris, e intitulado “Rue des Francs-Bourgeois à Paris: 10 ans d’expérience d’ouverture dominicale” (redigido em francês).
Este documento, de 4 páginas, corresponde ao n.º 33 (Dezembro de 2001) da publicação “Enjeux Ile-de-France: l’économie francilienne en bref”, e faz parte de um conjunto de documentos que a Câmara do Comércio e da Indústria de Paris publica periodicamente nos quais esta entidade reúne e sistematiza os principais dados da estrutura e conjuntura económica que permitem identificar e analisar as evoluções da mesma neste departamento parisiense.
Como o próprio nome indica, este número é dedicado ao balanço dos 10 anos de experiência no funcionamento do comércio ao Domingo nas lojas situadas na Rua Francs-Bourgeois em Paris (localizada no centro do Marais, próximo dos museus Picasso, Carnavalet e Victor Hugo), tendo sido elaborado com base num inquérito efectuado in loco aos comerciantes. Após a apresentação do contexto jurídico, e da descrição das lojas que integram a rua, neste documento é possível obter dados sobre o número de lojas abertas ao Domingo, quais os respectivos horários de abertura, que adaptações em termos de organização interna foram realizadas, bem como que compensações e contra-partidas foram identificadas com o funcionamento do comércio neste dia da semana.
Apenas a título de curiosidade, e para não me alongar muito, aproveito para destacar algumas informações que mais me chamaram a atenção:
- - do número de lojas instaladas na rua (75), 88% abrem ao Domingo;
- - a principal razão invocada pelos comerciantes com as lojas fechadas é a pesada penalização em caso de incumprimento da lei (depreendo que seja relativa a legislação laboral);
- - algumas lojas fecham à Segunda de manhã, e outras fecham à Terça (dia de fecho dos museus do quarteirão);
- - a oportunidade de trabalho em part-time, por ex. para estudantes;
- - balanço final positivo;
- - é dado destaque nos guias de turismo (principalmente japoneses) que as lojas abrem ao Domingo;
- - e claro, a expressão da gíria comercial muito representativa dos ganhos da actividade que é dita com entusiasmo pelos comerciantes “C’est une rue à deux samedis!”.
Paula Morais
Arquitecta