2008-02-24

De: José Ferraz Alves - "O público e o Porto II"

Submetido por taf em Domingo, 2008-03-02 06:00

Considero que o caso da APDL – Administração dos Portos do Douro e Leixões é o único exemplo que conheço em Portugal de construção de um procedimento de financiamento articulado entre os fundos públicos e privados de apoio ao investimento, maximizando o potencial de apoios que são disponibilizados ao país para um dado projecto. No projecto da APDL está agora em causa a construção, no molhe sul de Leixões, de um cais para cruzeiros, que permita a acostagem de navios até 300 metros de comprimento, e que será uma infra-estrutura complementada com um novo porto de recreio náutico para 300 embarcações e com uma arrojada estação de passageiros.

Segundo têm referido os seus responsáveis, a Área Metropolitana do Porto integrou este projecto no pacote apresentado ao Governo para o novo ciclo de financiamento comunitário e para a sua classificação como PIN (“malfadado” processo de ultrapassagem de burocracias, só acessível a alguns, quando deveria ser o ponto de partida para a reformulação das leis para todos) e, só agora, muito bem, vai procurar um modelo partilhado de construção, financiamento e exploração. Considera que não vão faltar parceiros privados para alavancar o projecto, contando ainda com a comparticipação de dinheiros públicos.

Trata-se de um simples e verdadeiro case-study do que deveria ser um PITER (que são "programas integrados de natureza estruturante e base regional", aplicáveis ao turismo), que nunca consegui montar, pese embora o muito tentado, junto do Programa Operacional ON e da Direcção Regional da Economia e ex-API (actual AICEP). Não foi possível, por o princípio associado à distribuição dos fundos operacionais regionais ter sido a sua prévia repartição pelos seus potenciais clientes, sem a consideração do mérito dos projectos candidatados. Nem sequer de qualquer projecto existente. Se lerem a página 31 do Público de 2008.02.29, voltamos ao mesmo: "QREN para o Alto Minho só dá para um décimo dos projectos". Falaram do primado da qualidade e da selectividade dos projectos, mas já estão a partir os dinheiros por cada paróquia. Mais Portugal dos Pequeninos.

De: David Afonso - "Bolhão e Bom Sucesso"

Submetido por taf em Sábado, 2008-03-01 23:27

Diz Rui Rio que a diferença entre o Bolhão e do Bom Sucesso está no "peso institucional" e no estado de conservação de cada um deles e que isso justificará as diferentes abordagens de reabilitação e os diferentes custos inerentes. Ora, não discordando de nenhuma destas afirmações, devo dizer que nenhumas delas é determinante. O problema é que no Bolhão, ao contrário do Bom Sucesso (julgo eu), pretende-se fazer uma obra radical que implica a construção de um parque de estacionamento subterrâneo e acrescentar valências habitacionais). Façamos um exercício e abordemos a questão de outra maneira: se eliminássemos do programa o parque de estacionamento quanto mais barata ficava a obra? Se calhar barata o suficiente para não justificar a concessão do espaço por 50 anos. É irracional construir um parque de estacionamento no centro da cidade onde existe uma importante estação da rede de Metro praticamente dentro do mercado. Os parques de estacionamento associados a estações de Metro fazem sentido na periferia como estratégia de retenção do tráfego e não nos centros históricos. É irracional e entra em colisão com o desafio de o Porto de reduzir em cerca de 35% o consumo e emissão de carbono. Não me parece que estejamos a falar de um equipamento imprescindível, qualquer pessoa transporta com facilidade as pequenas compras e para as grandes compras ou para casos de mobilidade reduzida sai mais barato contratualizar um serviço de entrega ao domiclio (solução que uma associação de comerciantes poderia coordenar para todo o comércio da Baixa e centro histórico) do que construir um estacionamento subterrâneo por debaixo de um edifício histórico.

O que acabei de dizer também é válido para a facção dos protestos que se limitam a contrapor o projecto do arq. Massena ao da TCN. Esta não foi a maneira mais feliz de orientar a contestação porque afunilou o debate para duas soluções que defendem basicamente o mesmo: tenho alguma dificuldade em perceber como o projecto do arq. Massena consegue conciliar a abertura de um fosso para o estacionamento com a preservação integral do espaço. E este afunilamento foi prejudicial porque acabou por dar alento à solução da TCN. Deste debate tipo "Dupond e Dupont" foram excluídas terceiras vias para a reabilitação do Bolhão. É claro que devemos assacar o principal da responsabilidade à autarquia que não quis envolver a cidade no debate e agiu, tal como continua a agir, de uma forma pouco prudente. Mas a cidade também se deixou dormir e quando acordou já o processo ia adiantado, talvez demasiado adiantado até. Como lembrou a Luísa Moreira, apenas alguns contestaram o concurso. Esse teria sido o momento ideal para o debate (já agora: alguém sabe onde posso consultar o programa do concurso e as actas do júri?). Neste momento, temo que já se tomaram decisões irreversíveis que muito nos irão custar (seria um sinal de boa fé se a autarquia publicasse na íntegra o contrato entretanto assinado com a TCN).

O Bolhão neste momento pode ser tudo. Queremos um mercado tradicional? Um mercado sofisticado? Nem uma coisa nem outra? Um Clérigo's Shopping? Queremos um centro cívico? Mil e uma possibilidades existirão para além da TCN e do arq. Massena. Se a cidade tivesse sido convidada a participar na escolha das premissas do concurso público hoje o debate poderia ser outro. Já se deram aqui muitos exemplos do que o Bolhão poderia ser, aqui vai outro: o Mercado Adolpho Lisboa (1883) em Manaus está a ser reabilitado para continuar a funcionar como mercado tradicional e como… pólo do Museu da Cidade! Ora aí está uma solução interessante.

PS: Ocorreu-me agora que se a Byblos não chegar a acordo com a Bragaparques para instalar na Praça de Lisboa (e não se pode mudar o nome da coisa?;) a maior livraria do país, tem uma excelente alternativa no Bolhão (sempre é preferível a um hipermercado) ou no Bom Sucesso. Cultura e peixe podem conviver pacificamente. Há que pensar de uma forma divergente.

David Afonso
davidafonso @quintacidade.com

De: Pedro Lessa - "Turismo policial"

Submetido por taf em Sábado, 2008-03-01 15:07

Junto ao Mercado Ferreira Borges

Numa época em que se tenta revitalizar a Baixa, pelos menos os privados, já que a Câmara é o que se sabe, gostaria de tentar perceber o seguinte. Estando a acontecer este fim-de-semana mais um Stock-Off no Mercado Ferreira Borges, com todas as vantagens que estes eventos geram, qual é a lógica, ou o bom senso (no caso falta dele) de aparecer na zona a Policia de Segurança Pública a multar todo o estacionamento? Estou a falar de zonas em que o estacionamento em nada estorva o normal evoluir o trânsito, mais concretamente em zona de cargas e descargas? A um Sábado? Alguém consegue explicar isto? Mais, a que propósito é que estas multas são extorquidas por uma Patrulha de Turismo? Sim, os senhores agentes deslocam-se numa viatura onde aparece pomposamente escrito “TOURISM PATROL” e têm nos braços uma faixa a dizer Turismo. Isto tem alguma lógica? Não, não tem. Assim é difícil. Basta ouvir, como ouvi, as pessoas a desabafar que “vem-se à Baixa para isto! Nunca mais”.

A única lógica que existe é que desde que os senhores agentes têm novamente percentagem nas multas, as chefias não os dominam. Tudo normal, num país distorcido a que temos vindo ultimamente a constatar, seja para fumar, seja para professores serem avaliados pelas notas que dão aos alunos, seja lá o que for.

Triste cidade, triste país.

Cumprimentos,
Pedro Santos Lessa
pedrolessa@a2mais.com

De: Correia de Araújo - "Cá e lá..."

Submetido por taf em Sábado, 2008-03-01 14:51

Meu caro Tiago;

Não será fácil concretizar essa(s) sua(s) ideia(s). Agora, o que de facto me inquieta é perceber como nós, aqui no Porto, temos a tendência para reduzir, mingar, definhar... quando outros crescem, alargam, incham, engordam (ainda que a obesidade seja hoje um mal confirmado).

Uma rápida leitura, por um qualquer jornal, deixará sempre perceber que no Porto "se reduziu a área de construção de um determinado empreendimento em mais de 60%" enquanto em Lisboa "o Casino é três vezes maior que o previsto". Ou ainda... que no Porto, ou na sua envolvente, duas ou três mortes na noite foram transformadas em escândalo nacional, chegando-se a comparar o Porto a uma qualquer região mafiosa de contornos tenebrosos e obscuros, enquanto em Loures, concelho da Grande Lisboa, só esta semana foram seis mortes violentas... seis! Mas não se passa nada! Está tudo está bem... tudo corre bem!

Depois, para ajudar à festa, ainda há quem se mande para Lisboa a propósito do Mercado (do Barulhão, digo eu), em vez de tentarem resolver esta questão portas adentro. Pergunto: será assim que contribuem para a tão apregoada descentralização, ajudando-nos a libertar deste permanente agrilhoado em relação ao poder central?

Correia de Araújo

De: Luisa Moreira - "Santos Silva, a Câmara e os amigos"

Submetido por taf em Sábado, 2008-03-01 14:41

Depois de um período em que resolvi não aparecer por aqui para escrever - o que não quer dizer que não tenha lido muito do que aqui se passa - sinto-me na necessidade de fazer alguns comentários.

1.- A candidatura de Artur Santos Silva pelo PS e pelo PSD é, meu caro Tiago, impensável. Por um lado, porque os dois partidos nunca se entenderiam numa candidatura. A forma como partilham o poder depende, exactamente, de fingirem que não se entendem. Além disso, pergunto o que é que o Tiago encontra nesse senhor banqueiro. A Porto 2001? Deixe-me rir... para não ter de chorar.

2.- O Bolhão e a fixação do PS e do BE no projecto Massena, que é o princípio de todos os males. Tanta gente que anda a passar por lá... Se cada um deles gastasse lá cinco mil réis, o Bolhão estava de boa saúde. Se esquecermos o folklore niilista do Bloco Estriónico e o habitual populismo basbaque do PS de Assis, talvez nos possamos perguntar porque é que só o Partido Comunista prestou atenção ao tema e se levantou contra a composição do júri. Lembram-se?

3.- O tempo vai passando, devagarinho. Aos poucos, os mitos do Dr. Rui Rio vão-se esbatendo. É pena. Querem saber uma coisa? Na Avenida Montevideu, na esquina com a Rua do Funchal, existe uma moradia amarela, que esteve muito tempo à venda. Sabem de quem é? Do nosso astronauta portuense, do Mário dos Milhões que, ao que se sabe, tem bons amigos. Será por isso que está a fazer, nessa casa que não conseguiu vender, uma obra toda ela ilegal, sem licença, em que está a fechar janelas e a alterar fachadas? Nem é preciso dizer, mas se fosse eu a fazer uma marquise na Rua Marechal Saldanha, já teria sido visitada pelos meus ilustres colegas da fiscalização.

Assim vai o mundo, e esta nossa tristíssima cidade, que todos os dias vai sendo destruída por quem joga, na penumbra, estes jogos estranhos de poder.

--
Nota de TAF: A candidatura que eu defendo é independente, o que digo é que o PS e o PSD seriam obrigados a apoiá-la. Tal como expliquei antes, o principal mérito desta opção não é até o candidato em si, mas o facto de ser ela a que melhor potencia a acção da sociedade civil.

De: TAF - "Artur Santos Silva na Câmara do Porto"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-29 16:45

Artur Santos Silva
foto BPI

É a altura adequada de voltar ao assunto: a candidatura independente de Artur Santos Silva à Câmara Municipal do Porto, apoiada simultaneamente pelo PSD e pelo PS.

A ideia deste nome para Presidente da Câmara não é minha, é de Belmiro de Azevedo. O Porto tem hoje uma classe política desqualificada, dividida, quezilenta, preguiçosa. Santos Silva é a opção óbvia para quem pretende um nome consensual que ultrapasse os vícios da pequena intriga partidária. O seu curriculum profissional é mais do que adequado a esta missão, o seu envolvimento na defesa activa da cidade é amplamente reconhecido desde há muitos anos, o seu prestígio nacional inquestionável.

Avançando-se com o nome de Artur Santos Silva, quem no PSD se atreveria a fazer-lhe frente? E no PS? Aos dois maiores partidos não restaria alternativa a não ser oferecer-lhe o seu apoio. Talvez o "aparelho" refilasse, mas as bases (e eventualmente as estruturas nacionais) fariam valer certamente a sua força. Mais: se Santos Silva está ou não interessado em candidatar-se, é até relativamente irrelevante... Sendo-lhe proposta uma situação de eleição absolutamente garantida, ele não terá como recusar! ;-)

Artur Santos Silva não é, contudo, o "salvador" do Porto. Apesar do seu evidente valor intrínseco, ele será principalmente o catalisador da acção da sociedade civil. Num cenário em que os políticos locais deixam de estar em permanente guerrilha, haverá enfim condições para se pensar a sério em qual o papel da autarquia, qual a vocação do Porto inserido na sua região, quais os meios para alcançar objectivos em grande parte partilhados por todos os quadrantes políticos. Com a contribuição de todos, não será difícil encontrar um programa de candidatura ambicioso, realista e competente.

O Porto é muito mais do que apenas o concelho, tem que ser também a marca e o motor da Região Norte. Temos que agarrar as nossas oportunidades, aproveitar o património (em todos os sentidos) que herdámos. Por isso não podemos esperar pelo Poder Central, por decisões eternamente adiadas. Façamos aquilo que está ao nosso alcance. Por exemplo: decidamos que uma das prioridades do próximo Presidente da Câmara vai ser a integração de Gaia no Porto, sem nos fiarmos numa eventual Regionalização de contornos mais que duvidosos.

Por isso, caro leitor, se acha que este texto faz sentido, cumpra a sua obrigação: trabalhe, tal como eu me esforçarei, para que esta possibilidade se concretize. Não se desculpe com "esta gentinha dos partidos" nem com a "inércia dos cidadãos". Faça já aquilo (pouco ou muito, não interessa) que estiver ao seu alcance. Por si, pelo Porto.

De: TAF - "Um caso concreto"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-29 16:30

Ilha na Rua da Vitória


Há uns tempos tinha aqui contado que adquiri uma "ilha" em nome da pequena cooperativa de habitação de que sou presidente. Entretanto estive a estudar o assunto, a falar com os habitantes do local e das propriedades contíguas, e ontem entreguei na Loja da Reabilitação uma candidatura ao Recria + Solarh. O atendimento foi irrepreensível (simpático e competente). O processo seguirá na próxima Segunda-feira para o Departamento Jurídico da Câmara, e depois disso passará para a fase de análise técnica.

Não há nada como um caso concreto para ver como a "máquina" funciona, e com que velocidade. A exposição pública do processo é útil para outros eventuais interessados, e também para a SRU/CMP, pois ficam a perceber onde eventualmente poderão melhorar o sistema. Pois bem, "liguei o cronómetro" e vou dando regularmente notícias. ;-)

De: TAF - "Alguns apontadores"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-29 15:29

- Gerir aeroporto Sá Carneiro pode ser «um perdócio» - Belmiro
- Aeroporto recebe prémio em Genebra

- Urbanização Quinta da China com prédios até cinco pisos
- Habitação de luxo
- "Alterar o projecto era o que fazia sentido"
- Quinta da China com menos 60% de área para construção
- Quinta da China reduzida para menos de metade
- Paulo Morais pediu investigação

- Ruas da Minha Terra - para ir seguindo

- Inovação: Estado vai criar um "grande fundo de capital risco" para as PME no valor de 370 milhões de euros:
«o grande fundo de investimento em capital de risco para a inovação vai servir para apoiar dois tipos de fundos, um destinado às empresas nas fases de "seed capital" (capital semente) e "start-up" (arranque) e outro vocacionado para as PME [de maior risco]»
... Será que...?

PS: no site da CMP - Novo projecto para a Quinta da China

De: Pedro Bismarck - "Manual de instruções opozine [29fev.01mar]"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-29 15:16

Já está online mais um manual de instruções para este fim de semana.
Quase tudo o que vai acontecer no Porto neste fim-de-semana em opozine.blogspot.com!

PB
[opozine]

De: José Ferraz Alves - "O público e o Porto I"

Submetido por taf em Sexta, 2008-02-29 14:30

Caros Tiago e José

Há dias em que me recolho com a sensação de ter falhado e de não ter feito algo que devia. E ontem, à saída da Católica, ainda não tinha isso bem percepcionado. Mas, depois daquela hora em que conversámos, tive isso como certeza e que o caminho era partilhar convosco, hoje, essa angústia. Que decorre da perfeita sensação que tive, naquela sala, que mais do que dos excelentes oradores e comentadores, o objectivo era procurar as respostas na audiência.

O Rui Moreira e a Luísa Bessa foram bem exemplificativos dessas situações. O que significa isso? Eles já procuram as ideias e as soluções fora do grupo habitual, não por falta de capacidade destes, claro, mas porque é preciso pensar e fazer diferente. E porque todos temos o nosso papel. Também a este nível. E não, não é preciso recorrer às habituais pessoas da cidade para encontrar respostas. Essas já fizerem o seu papel e continuam a apostar em criar condições para que outros apareçam, com as suas ideias. O Eng.º Belmiro de Azevedo revelou bem o cansaço que sentia, de um longo dia que tinha passado.

E aí surge o vosso papel nos blogues. Que representam uma afirmação de cidadania. E não é preciso cair na tentação de lançar ideias todos os dias. Porque isso é forçar. Haverá um dia em que surge o click. As ideias também são fruto de um esforço de construção. Mas quando tem de ser, elas são mais fortes do que nós. E quando lutamos muito por uma ideia, ela torna-se boa. Eu comprometo-me a partilhar e a não ser egoísta naquilo que penso e no que quero para a região. Até hoje, procurei um interesse material na minha acção. O que ganho com isto, a quem devo transmitir, etc. E a ser demasiado fechado nessas opções. Mas não tanto como o devia. Porque tudo começa e acaba em nós. E é só à nossa consciência que devemos prestar contas. Mas, quem mais merece as minhas ideias é a minha cidade. O Porto. E, boas ou más, vou dá-las à cidade. Por vosso intermédio, se me ajudarem.

*/*

No caso do tema de ontem, sobre a necessidade de um novo ciclo de obras/investimento público, a minha pergunta imediata é: mas que rigidez é esta que temos no país que nos obriga tanto a falar de obras públicas? De facto, de que massa precisamos, da de cimento ou da cinzenta? O Prof. Oliveira Marques foi muito honesto e inteligente. Não precisa de mais de 300 milhões de euros para gerir, por ano, de investimento, a partir daí, entra-se no desperdício e nas deseconomias de escala.

Eu tenho trabalhado com o pequeno investimento de carácter privado, pelo que estou muito mais focalizado nesta segunda realidade. Sei que o pequeno investimento privado é feito por empresas que, estando inseridas numa dada cadeia de valor, recebem os rendimentos decorrentes do nível de despesas públicas do Estado transmitidos por patamares, acabando por ter efeitos directos que são marginais para a sua actividade – i.e., o seu volume de negócios.

Para este tipo de empresas, estará em causa a possibilidade do investimento público induzir efeitos de multiplicador da despesa, com capacidade de alavancagem e de criação de valor. Para esse efeito, não deverá ser medido a partir do seu impacto directo no volume de negócios das empresas, mas por via indirecta, por outros negócios que, como consequência, se possam vir a desenvolver, e com outros clientes, que não o Estado. E de preferência, com entidades não nacionais.

Poesia in Progress


Sexta-Feira 29 (hoje), pelas 22h00, haverá nova sessão da série Poesia in Progress, organizada pela Livraria Poetria, no Café Progresso. Desta vez, o tema - Arquitectura, os poetas da luz e do espaço – interessará, eventualmente, a alguns dos habituais frequentadores de A Baixa do Porto.

Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
Elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
Respirei – ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas

Ruy Belo


José Carlos Tinoco e Cláudia Novais, acompanhados pelo piano de Juca Rocha, dirão poemas de Filipa Leal, Ruy Belo, Álvaro Siza Vieira, Rui Knopfli, Rui Pires Cabral, Rubem Braga, Albano Martins, Luiza Neto Jorge, Herberto Helder, Italo Calvino, José Pedroni, Mário Cláudio, António Cândido Franco, Helder Moura Pereira, Sophia de Mello Breyner e de Pablo Neruda.

Carlos Romão

Vejamos, o Bolhão ser feio é opinião do Luís Gomes, é subjectiva, vale tanto como a minha e de outras pessoas que acham o contrário, nomeadamente a enorme quantidade de turistas que o visita diariamente; mal organizado e sem condições para deficientes - é natural, à época entendia-se construir assim, estacionamento, de facto não tem, mas transportes não lhe faltam. Os preços da minha fornecedora estão afixados, e a balança dela é registadora, e mais, os produtos são de qualidade - naturalmente não serão todos assim, mas o mercado e a fiscalização devem dirimir essas coisas, certo?

Sem dúvida são necessárias obras e uma reorganização, talvez os comerciantes devam pensar em reorganizar o seu negócio, isso não me compete avaliar, na minha opinião dentro do mercado há mais vida do que nas redondezas. Há uma questão que não abordou, que é a de saber quantos Dallas e Clérigo's Shoppings queremos nós criar - sim, porque o que eu temo é isso mesmo, uma reedição do Clérigo's Shopping.

Há ainda mais uma coisa que gostaria de comentar, em relação às rendas, não se encontra nada por menos de 300€ num país onde grande parte da população não ganha 1000€ (aliás o ordenado mínimo são 400€), não apenas os preços da habitação são desadequados às condições de vida da população como as consequências de tudo isto devem ser atribuídas à pobreza, digo eu...

Cumprimentos :-)
--
Elena Henriques

De: Cristina Santos - "A força da elite cultural"

Submetido por taf em Quinta, 2008-02-28 11:51

A classe da cultura e do entretenimento tem demonstrado uma capacidade de mobilização e representação humana excepcional. Nunca imaginei que tivessem tal força ou representatividade. Na verdade, ao longo destes anos, pouco liguei aos seus espectáculos, performances e coisas que tal. Os portuenses de um modo geral também lhe prestaram atenção insuficiente, o Rivoli dava prejuízo e os cartazes de entretenimento pouca gente atraíam. O que me leva a concluir que, se as forças que os artistas empenham agora para protestar tivessem sido canalizadas para criar uma cultura de vanguarda, original e criteriosa, o Porto seria hoje um expoente máximo na arte cultural.

Esta força tem que ser sem dúvida aproveitada, mas e como? O que exigem os artistas dentro do razoável, para criarem na cidade esta mobilização que canalize todos para a cultura e não para o protesto? O que é que precisam da cidade e dos munícipes para se agregarem e desenvolverem esta atenção sobre eles, mas no panorama que lhes compete, que é desenvolver por meio do entretenimento?

Digam, exponham, dentro do razoável apresentem um projecto que seja tão mobilizante como os protestos que ultimamente encabeçam, a Cidade lucra e os artistas lucram também, negoceiem, exponham-se. A força desta elite é incontestável e tem que estar a nosso favor, não contra nós. Tem que se pensar neste assunto, são um grupo de força viva, Rui Rio vai ter que encontrar um ponto de equilíbrio justo, que os leva a lutar pela cidade.

Dentro do Rivoli ninguém ouvia estes artistas, talvez por eles próprios estarem acomodados. Cá fora ouvem-se bem, e têm força. Imaginem o que seria um destes seus espectáculos, criado para atrair atenção positiva para a Cidade, um movimento na Rua em defesa das nossas artes, um elogio ao Porto e à Cultura que no Porto se cria.

De: Luís Gomes - "Bolhão"

Submetido por taf em Quinta, 2008-02-28 00:57

Não estava a pensar sequer escrever sobre o Bolhão e vou tentar ser poupado porque já vi por estes lados tanto veneno a propósito desta questão que apenas gostaria de tecer algumas considerações. Primeiro a questão da conservação: o Bolhão sempre foi feio, mal organizado, sem higiene, sem condições para os deficientes, sem condições de estacionamento. E com... preços muitas das vezes não afixados, com muitos vendedores a pagarem rendas míseras, com vendedores sem caixas registadoras, limitando-se a ir ao avental e colocar no bolso porque era tudo lucro. Impostos só mesmo o pagamento do valor da renda.

Isto foi sempre um ciclo vicioso, e permitam-me que faça uma analogia da malha urbana da Baixa com o Bolhão: rendas baixas, falta de incentivos à reparação, e depois quem é inquilino não quer sair porque sabe que se o senhorio intervier no edificado depois irá pagar muito mais.

Entrando agora nos argumentos deliciosos e apaixonantes dos participantes permitam-me apenas fazer dois comentários: ao ver as fotos da "manif" só dá vontade de esboçar um sorriso amarelo, porque de facto senti logo que os manifestantes, políticos mal disfarçados e jovens que nem pareciam nada aquela malta alternativa de esquerda frequentadora do Piolho (eles já não fizeram o teatrinho da barricada no Rivoli?), e por fim os clássicos "velhotes" que param para ver a multidão passar...

Apaixonante é também ver como alguém fica imobilizado quando chega a hora de defender o seu trabalho. É que se Rui Rio acredita neste projecto não basta assobiar para o lado à espera que isto passe, tem de explicar para quem não é economista que o comércio tradicional tem de criar condições para atrair a classe média, que gosta de conciliar a compra de produtos frescos com alguns bens essenciais, ao mesmo tempo que faz a sua pausa de almoço ou que sai do seu emprego.

Eu dar-lhe-ia dois conselhos se me permitir a ousadia: reveja os conceitos de aversão à mudança e de comunicação informal. Eles estão ligados e são o principio do fim deste fait diver político.

Luís Alexandre Gomes

De: Ana Araújo / Fernando Dionísio - "Arquitectura Sustentável"

Submetido por taf em Quarta, 2008-02-27 22:43

A procura de uma menor poluição no uso dos nossos abrigos (edifícios), leva ao aparecimento de novas noções, que alguns formulam novas directrizes, exemplo disso é o que designa por Arquitectura Sustentável.

No passado longínquo imitámos os animais que nos rodeavam, na forma de encontrar ou escavar abrigos, uma época em que éramos 100% ecológicos e com custos muitos baixos, a força física. Fomos evoluindo na construção dos abrigos, aumentarmos em número e os abrigos também, a quantidade destes tornaram-nos poluentes. Como a quantidade é um parâmetro intocável, resta-nos a qualidade para reduzir a poluição.

A poluição pode ser reduzida, nas formas que concebemos, no tipo de materiais que usamos, assim como nos consumos energéticos necessários para as nossas noções de vida e conforto. As soluções existem, a sua divulgação e aplicação é uma necessidade. A dificuldade está sempre na introdução da evolução, para que todos os intervenientes no imobiliário incorporem as soluções propostas. Soluções, que são pequenos passos, existentes isoladamente há décadas, e quando usados em conjunto tornaram os abrigos menos poluentes. A pergunta que surge é: porque é não foram aplicadas anteriormente!?

  • - Eram novidades no passado, a novidade tem custos, por isso não se aplicavam. Esse custo evitou a massificação.
  • - O futuro Habitante, pouco sensibilizado, não exigia dos Promotores Imobiliários esta premissa, e estes não as equacionavam pelo custo. Sendo este sempre um parâmetro importante para o utilizador final, com a qualidade ecológica imposta por lei, a massificação de técnicas existentes vai tornar os custos acessíveis para os utilizadores.

Os agentes deste sector comportam novas necessidades, e agora aplicam a expressão de “Arquitectura Sustentável” como norma de marketing, e não como noção de intervenção. Eis que pouco nos diz esta expressão, serve para todos imaginarem ser “sabe-se lá o quê!?”, e para todos quererem comprar.

Ana Araújo / Fernando Dionísio

De: TAF - "Alguns apontadores de hoje"

Submetido por taf em Quarta, 2008-02-27 22:15

De: TAF - "Alguns apontadores"

Submetido por taf em Terça, 2008-02-26 19:00

De: Luís Filipe Pereira - "Fantas"

Submetido por taf em Terça, 2008-02-26 17:54

Aí está um exemplo do Porto liberal que deverá ser tomado como exemplo e inspiração! Ainda que com redução do apoio de "dinheiros públicos" (ao contrário de outros festivais - nomeadamente o Indie de Lisboa), apresenta uma programação maior e mais ambiciosa. Ou seja, ao romper com a dependência da "generosidade" do Estado, consegue quebrar as amarras que poderiam domesticá-lo de modo a criar não criar sombra (concorrência) ao que se faz na capital.

Será que não é mais do que evidente que deve ser este o caminho que a nossa região deve seguir? Devemos portanto deixar de pensar em Lisboa, para pensarmos o país e o mundo a partir da nossa região. Adaptando uma frase célebre do J. Sampaio, há mais vida para além de Lisboa, sejamos nós audazes o suficiente para o fazermos!

De: TAF - "Serralves, inaugurações Sexta-feira passada"

Submetido por taf em Segunda, 2008-02-25 19:01

Pomar e Alvess. As obras não eram grande coisa (apesar de tudo, melhor Alvess que Pomar), mas isso também não é especialmente relevante. O importante é que Serralves é um ponto de encontro, um pretexto como outro qualquer para as pessoas (muitas!) se encontrarem. Lazer e networking. E um pouco de Cultura.


Inaugurações em Serralves


Inaugurações em Serralves


Inaugurações em Serralves


Inaugurações em Serralves


Inaugurações em Serralves


De: TAF - "Sugestões de apontadores"

Submetido por taf em Segunda, 2008-02-25 14:49

- Já está disponível o terceiro vídeo das conferências Olhares Cruzados Sobre o Porto, na Católica, neste caso com a minha modesta opinião expressa a partir da 1:41:40.

- Sugestão do Instituto Português de Fotografia: "No próximo dia 28 (Quinta-feira), pelas 21h 30m horas, a Fotógrafa Ana Paula Carvalho abordará no IPF do Porto (Rua da Vitória, 129, tel 223326875), o tema da Fotografia de Arquitectura e Interiores. A entrada é livre."

- Fantasporto 2008
- Fantasporto amplia oferta em ano de corte no orçamento - Programa do dia
- "Fantas" começa com o grande vencedor da noite dos Óscares

- Mostra lembra vida da Praça do Anjo
- Defesa do Bolhão chega ao Parlamento
- Criar cidades compactas
- "O Rivoli estava morto", "É um homem sem medo"

Hoje às 22:00: Alexandros Tombazis em conferência na Casa da Música

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