De: TAF - "Posso dar as tácticas?"
Depois do bidé, passemos a assuntos mais elevados como a Câmara Municipal. (Há quem, atendendo ao estilo dos actuais autarcas, considere polémica a qualificação de “mais elevado”, mas aceitemo-la em tese.)
Defendi há dias a candidatura independente de Artur Santos Silva a Presidente da Câmara do Porto com um projecto de integrar Gaia no Porto, sob o apoio simultâneo do PSD e do PS. Não tenho contudo ilusões de que as estruturas locais do partido escolham essa opção por sua livre vontade. Caso se concretize o cenário, será pela conjugação de dois factores:
- - uma vontade significativa manifestada pelos simpatizantes de ambos os partidos (muito mais do que pelos militantes e pelos aparelhos);
- - uma quase imposição por parte das Direcções nacionais.
Repare-se:
- 1) Marques Mendes ultrapassava assim a eterna rivalidade entre Rio e Menezes, pois Santos Silva seria naturalmente apresentado como de categoria superior a qualquer dos anteriores;
- 2) Sócrates conseguia para o Porto um nome credível com vitória garantida, fazendo esquecer a vergonha a que se tem assistido desde há longos anos nesta estrutura local e evitando uma luta fraticida que se adivinha;
- 3) os líderes do PSD e do PS podiam apresentar-se com uma postura de “estadistas”, uma vez que adoptavam uma solução consensual em nome dos superiores interesses da região e do país.
Quem ficaria a perder: obviamente a pequena política da região e o centralismo lisboeta.
Não acredito numa candidatura independente contra os partidos, nem sequer apenas para vereador. Não só não obteria votação com qualquer significado, como seria até contraproducente. A mudança que há a fazer é por dentro, regenerando o sistema, minando as bases que sustentam os vícios actuais.