2011-10-09
Queria esclarecer mais alguns pontos na sequência da publicação da minha proposta para a reorganização de freguesias.
1) Independentemente da dimensão que se considere ideal para as freguesias, o que me parece impossível é que o mesmo modelo de autarquia possa ser adequado para 2000 habitantes ou para 44.000 (22 vezes mais...). Das duas uma: ou se fundem as freguesias mais pequenas, ou se dividem as maiores, mas algo tem de ser feito.
2) Não vale a pena debater muito a dimensão ideal das freguesias. Vamos ser mesmo obrigados, por causa do buraco financeiro do país, a cumprir o acordado com a troika e reduzir significativamente o seu número. É possível gerir bem qualquer dimensão de autarquia, desde que tenha a estrutura adequada a essa dimensão.
3) Na minha proposta a freguesia do Centro Histórico é bastante mais pequena que as outras. Quando Porto se fundir com Gaia (e não só), essa freguesia deveria ser fundida também com a vizinha correspondente do outro lado do Douro, tornando-se assim maior com duas partes unidas (e não divididas) pelo rio. Essa é mais uma razão para que a reorganização de freguesias se planeie em duas fases, dependendo a segunda da reorganização de concelhos.
4) Uma dimensão comparativamente menor da freguesia do Centro Histórico gera em algumas pessoas receio de que o respectivo orçamento não atinja um patamar que permita "desenvolver a freguesia" (no sentido de investir, dinamizar a actividade económica). Não me preocupa esse aspecto, por duas razões. Primeiro porque esse não é o papel da freguesia, mas sim principalmente da iniciativa privada. Segundo, porque há outras entidades públicas e privadas com missões específicas a esse respeito, como a Porto Vivo SRU, a própria Câmara, ou a nova Associação Infante D. Henrique.
5) Como consequência da fusão de concelhos, será inevitável um reforço das competências das freguesias, para que não se perca eficácia no contacto com as populações.
6) A fronteira entre duas freguesias nunca deveria ser estabelecida no eixo das vias (o que faz com que um lado da rua pertença a uma freguesia e o outro lado a outra). Isso dificulta a gestão do espaço público. Devia ser obrigatório que ambos os lados da rua (incluindo os edifícios que a ladeiam) pertençam a uma única autarquia. O limite seria fixado pelas traseiras dos lotes.
Só agora consigo enviar o meu contributo, talvez fora de horas, mas isso não é muito importante porque parece-me que é similar ao que propões. Não sou especialista em geografia, urbanismo, arquitectura, etc., por isso posso achar óbvias coisas que não fazem sentido, sendo que uma delas é a fusão das 4 freguesias do centro histórico.
No entanto, gostava que entrasse no debate a questão de como utilizar as ferramentas que temos e não tanto criar novas/diferentes estruturas. Ou seja, parece-me que a reorganização é interessante/importante(?) mas o que precisávamos mesmo era de mudar a forma como o poder é exercido. Nesse sentido estou a contar que essas novas estruturas ajudem a criar um novo contexto mais propício a uma melhor governação local. Assim, eu gostava por exemplo que:
- a divulgação de todas as reuniões públicas fosse feita, para além dos editais, em sítios na Internet conhecidos (da própria junta ou, não havendo, noutro repositório) com o mínimo de duas a três semanas de antecedência; ou então que criassem uma lista electrónica que pudéssemos subscrever de forma a ser avisados com antecedência dessas reuniões;
- que todos os documentos oficiais como plano de actividades, orçamento, relatório de actividades, inventário, actas, etc. estivessem disponíveis também online;
- que fosse possível assistir via Internet em directo e/ou diferido através de áudio e/ou vídeo a todas as sessões públicas destes organismos;
- que fosse possível consultar de forma expedita todos os contratos atribuidos pelas freguesias indicando, tal como o Estado central já faz, quem foi a entidade adjudicatária, o serviço prestado e o valor desse serviço;
- que estivesse disponível no site da junta (ou outro sítio conhecido) o curriculum vitae de todos os membros eleitos, bem como indicação de email, twitter, facebook.
Ou seja, trabalhar a forma como esses organismos, que trabalham para nós porque nós lhes delegamos essa função, comunicam connosco. E isto aplica-se quer a freguesias quer a municípios.
As Freguesias são os únicos instrumentos territoriais onde existe proximidade de “Poder” e de “Decisão” junto das populações. Não apenas porque estão próximas das pessoas, mas também porque são as únicas onde estas participam não só por espírito cívico mas também pelo sentido colectivo e social.
Fundir Freguesias é o disparate. Ao contrário, dar-lhes-ia mais poder e mais funções atribuindo-lhes maior importância. Libertaria a Câmara de muitos serviços que desenvolvem mal quer pelo seu desconhecimento local, como pelas funções politizadas que tem.
Ao contrário fundia era Autarquias e começava já por Porto, Gaia, Maia e Matosinhos.
Alexandre Burmester
Embora exista quem acredite que nós, tal como o Titanic, temos rumo (eu até acho que também temos partitura, a austeridade, e orquestra, a tróika) nada como uma voz da Igreja, que também é a voz de um Homem do Porto.
1 - A reorganização das freguesias deve ser feita em duas fases, uma baseada nos limites das freguesias actuais (ou seja, tomando cada uma delas por inteiro), e uma segunda fase em que poderia haver "ajustes finos" desses limites. Esta metodologia permitirá uma muito rápida implementação da reorganização, sem ter de esperar por estudos detalhados e negociações complexas que são indispensáveis para alterações de fronteiras. Contudo, no caso de estas alterações de pormenor serem já consensuais, deveriam ser obviamente incorporadas nesta primeira fase. Havendo posteriormente a fusão dos concelhos de Porto, Gaia e Matosinhos, deverá também ser analisado o conjunto assim formado.
2 - Não é necessária, nem recomendável, simultaneidade na reorganização de todas as freguesias. As mudanças parcelares devem ser executadas à medida que estejam prontas. Por exemplo, a fusão das 4 freguesias do Centro Histórico pode ser imediata.
3 - A fusão das 4 freguesias do Centro Histórico é importante:
- Um cenário que separasse estas 4 freguesias, fundindo-as isoladamente com outras fora do Centro Histórico, prejudicaria de forma muito grave a gestão do próprio Centro Histórico, que passaria a estar dividida por várias autarquias, à revelia da unidade urbanística e sociológica que reconhecidamente existe.
- Já existem várias organizações e estruturas associativas que actuam no Centro Histórico como um todo; qualquer cenário que separasse as 4 freguesias em causa seria violentamente perturbador da harmonização que naturalmente foi surgindo também por esta via.
- Como morador no Centro Histórico, e aí empenhado em inúmeras iniciativas comunitárias em colaboração com muitas instituições locais, posso testemunhar a vontade quase consensual da população de que, havendo fusão de freguesias, se agreguem as 4 do Centro Histórico.
- Não há diferença relevante de identidades entre os habitantes (os que sobram…) das várias freguesias do Centro Histórico; essa diferença é muito menos marcada do que a existente no interior de outras das actuais freguesias. Como exemplos comparativos, constatem-se os contrastes entre a "Foz Velha" e a "Foz Nova" mesmo numa freguesia pequena como a Foz do Douro, ou ainda a enorme variedade de gentes e espaços dentro de Paranhos ou dentro de Campanhã.
4 - Além do caso do Centro Histórico, que me parece o mais simples e consensual, sugiro o seguinte também na primeira fase.
- Fundir Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde (praias, Parque da Cidade, todo o extremo ocidental do Porto)
- Fundir Massarelos, Cedofeita, Santo Ildefonso e Bonfim (é a "Baixa", cria-se um aro em volta do Centro Histórico, o que facilita a gestão da fronteira entre estas duas zonas - é um diálogo apenas entre duas juntas)
- Fundir Lordelo do Ouro e Ramalde (Via de Cintura Interna, Via Rápida, Zona Industrial, parte central da Av. Boavista)
- Manter Paranhos e Campanhã intactas.
O resultado são 6 freguesias no total, sendo que a do Centro Histórico é consideravelmente mais pequena que as restantes, o que se justifica pelas características muito especiais que possui.
5 - Sobre este tema fui escrevendo muitos textos ao longo dos anos, apresentando argumentos adicionais que aqui omiti para ser sucinto. Eis alguns deles:
- Fusão de autarquias
- A Regionalização e a Descentralização
- Regionalização a martelo
- As fusões de freguesias e municípios
- A cidade praça a praça
Como não encontrei um mapa decente do Porto com a divisão das freguesias actuais, fiz uma montagem (pouco sofisticada) da informação da CMP com um mapa do Google Maps.
O resultado após fusões é então este:
PS: ler também estes meus esclarecimentos posteriores.
Então caros amigos, tivemos tantas jornadas de alinhamento de agulhas, para chegarmos agora a estes disparates de juntar as freguesias do Centro Histórico e chamarem-lhe o quê, "muralhas..." Vá lá, a movida está a bombar, fechem os olhos e deixem-se levar, que atrás vem aí a crise (essa marota). Só quem não percebe os valores que estão em jogo é que pode propor tamanho disparate. Aliás, ainda não nos explicaram as razões para juntar estas freguesias em particular.
Se é por causa dos Censos avisamos já que os autóctones desta zona não gostam de serem considerados apenas mais (ou menos, neste caso) um número, porque se a questão é números, os espaços construídos estão cá, é favor enchê-los de gente. Aliás (2), a grande promessa do Vosso Presidente, há três mandatos que é a re-habitação / reabilitação da "Baixa e do seu Centro Histórico". Já alguém se deu conta que ele FALHOU REDONDAMENTE! Lembram-se daquele pregão que dizia: "Amar a Baixa". O amor é tanto que continua a cair e o que não cai é deitado abaixo para se construir em betão e mesmo assim é o que se vê: vazio!
Se é para brincar aos 'puzeles', cá vai a nossa proposta: as grandes freguesias Ramalde, Paranhos e Campanhã estão esteticamente muito desproporcionadas e devem ser divididas em duas cada uma. Pode ser que assim também sejam mais fáceis de gerir. Durou tal como está duzentos anos até chegar às nossas mãos, para daqui não passar. Já agora, não se esqueçam de escrever à Unesco a pedir para desclassificar esta tralha... Não esqueçam também de, antes de asneirar, perguntar aos indígenas se eles querem ser fundidos (de fusão). As crises têm coisas más, mas algumas vêm por bem, como é o caso da falta de dinheiro para se fazerem disparates. Mouzinho da Silveira deve andar aos saltos na tumba.
Desta pacata e grande freguesia do Centro Histórico chamada Vitória, desta pequena equipa que vos adora, ssru (esta parte já é o Porto [wine] a escrever)! (Abraços fraternos para o Tiago, de quem discordamos nesta matéria.)
A reorganização das freguesias é uma questão pela qual me debato desde há uns anos. Todavia, não penso que a reorganização se deva efectuar pela simples fusão das existentes. O problema surge, assim, noutra dimensão: as freguesias mal divididas territorialmente. Efectivamente, as fronteiras entre as freguesias são ainda muito semelhantes às de há 200 anos, em que o território era predominantemente rural e a população nas freguesias periféricas era escassa, não tendo hoje qualquer sentido prático.
Nos anos 40, o Eng.º Antão de Almeida Garrett teve em conta estas considerações quando propôs um novo mapa de freguesias para a cidade no seu Plano Regulador. Apesar dos modelos urbanísticos terem mudado, penso que esta proposta pode ser um bom ponto de partida para o futuro mapa das freguesias do Porto. Convém, também, referir que a hierarquia administrativa proposta por A. Garrett é semelhante à de muitos países europeus, onde as freguesias são subdivididas em “bairros”, que são pouco mais do que unidades geográficas para dados estatísticos.
Dados os critérios usados na reorganização do mapa administrativo lisboeta, como por exemplo a população actual, o número de freguesias do Porto não deverá ser inferior a 9 (menos 6 do que as actualmente existentes). Como tal, elaborei um modesto estudo cartográfico sobre o mapa proposto por A. Garrett representando uma ideia do que poderiam ser as novas freguesias. Esbocei 10 freguesias tentando redistribuir o território reunindo as freguesias menos populosas ou dando-lhes território das mais populosas. As freguesias seriam:
- “Foz” seria essencialmente a fusão de Nevogilde e Foz do Douro e algum território de Aldoar (Liceu Garcia de Orta) e de Lordelo do Ouro (Bairros de Gomes da Costa, Pasteleira, Pasteleira-Sul).
- “Fonte da Moura” como reunião de Aldoar com o território ocidental de Ramalde.
- “Campo Alegre” a fusão de Lordelo do Ouro e Massarelos, bem como a zona do Foco.
- “Prelada” corresponderia à área restante de Ramalde.
- “Cedofeita” apresentaria poucas alterações.
- “Centro Histórico” como reunião das freguesias de Miragaia, Vitória, S. Nicolau e Sé.
- “Santo Ildefonso” como reunião da actual freguesia com o território meridional da freguesia do Bonfim.
- “Paranhos” abrangeria a área compreendida entre a Via Norte e a A3.
- “Antas” surge como possível freguesia nova, englobando território pertencente a Paranhos, Bonfim e Campanhã.
- “Campanhã” ocuparia o restante território.
As juntas de freguesia das “Antas” e da “Prelada” poderiam ocupar edifícios já detidos pela CMP, como a Casa Ramos Pinto (Parque de S. Roque) ou o Gabinete do Inquilino Municipal (R. do Carvalhido) respectivamente. Não pretendo com este mapa traduzir algo finalizado mas apenas transmitir o conceito do que poderá ser uma reorganização territorial.
Porque ao contrário da de 12 de Março, esta de amanhã não faz sentido. Primeiro porque agora o país tem um rumo (mesmo que alguns discordem dele). Segundo porque o manifesto defende uma série medidas concretas que me parecem em grande parte erradas, baseadas em pressupostos também errados. A própria organização não espera grande adesão no Porto pois, e cito, "os portugueses não acreditam que haja uma alternativa às medidas que estão a ser tomadas". Pois é evidente.
Há já uns meses, por altura da divulgação da reorganização do mapa de freguesias de Lisboa, iniciei um pequeno exercício estatístico tendo por base os Censos 2001 (uma vez que eram os únicos dados disponíveis na altura) onde usando relações de escala geográfica e demográfica estabeleci uma nova reorganização da Cidade do Porto. O objectivo não foi tanto estabelecer uma resposta para a reorganização da cidade do Porto, mas sim traçar um cenário onde algumas das freguesias de poderiam fundir, devido à paridade que já hoje em dia assumem em termos de usos e de usuários.
Assim a cidade ficaria organizada em 9 freguesias, de diferentes escalas, onde as maiores se manteriam e as mais pequenas em termos de área e população se fundiriam. A lógica que me levou às soluções apresentadas surgiu sucintamente obedecendo às seguintes ideias.
- BAIXA (Cedofeita + Santo Ildefonso): Freguesia que teria uma especial atenção à promoção e regulação do maior pólo comercial e hoteleiro da Cidade.
- DOURO (Massarelos + Lordelo do Ouro): Freguesia incumbida da gestão ordenamento do território da zona Ribeirinha da Cidade com vista à consolidação urbana já em curso promovida pela iniciativa privada.
- FOZ (Foz do Douro + Nevogilde): Freguesia responsável pela qualidade da orla marítima da cidade e pela gestão de equipamentos naturais como o Parque da Cidade e a sua relação com o mar.
- MURALHAS FERNANDINAS (Sé + Vitória + Miragaia + São Nicolau): Freguesia do centro histórico, a funcionar como mecanismo de consolidação e preservação da zona da cidade classificada como Património da Humanidade.
Obviamente que estas ideias necessitariam de maturação, porém apontam uma visão de gestão integrada da cidade, onde cada freguesia teria departamentos próprios, articulados com o município na busca de uma cidade mais coerente e estruturada.
- Porto e Lisboa - dados em PDF baseados nos Censos 2001 (ver também quadro de 2011 para o Porto)
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Nota de TAF: sobre este assunto, lembro a possibilidade de contribuição activa, tal como esta do Luís, dos participantes d'A Baixa do Porto.
Não é o post do ano, mas é sem dúvida o comentário do ano. Mais uma vez o comentador «anti-comuna». É também uma lição para a actual liderança do MPN completamente a leste do que é verdadeiramente o Norte.
"Quando a Ford e a VW decidem instalar-se em Portugal, escolheram a zona Vila do Conde / Maia como local preferido. E tinham um argumento de peso: já havia uma linha de mercadorias que ligava essa zona (incluindo o agora concelho Trofa) ao Porto de Leixões. Os custos de ligação ao Porto de Leixões eram muito baixos. Além disso, a maioria do IDE alemão estava no Norte, como essa Continental, que agora parece que ficam contentes por ver a empresa em dificuldades, podendo pôr em risco a viabilidade da fábrica no… Norte."
... Ler o resto no Norteamos
No próximo dia 12 de Novembro, Sábado, entre as 16h e as 20h, um grupo de ateliers de arquitectura localizados na baixa do Porto está em modo "Open House", no âmbito da 1ª edição do “4000 Ateliers - Percurso pelos Ateliers de Arquitectura da Baixa do Porto”. A ideia, já realizada noutros países, e aqui implementada por 5 jovens arquitectos de forma totalmente independente, tem como princípio dar a conhecer os arquitectos e os seus espaços de trabalho, as ideias, os projectos e as obras, num espírito de festa e de celebração da Arquitectura.
... para o desenvolvimento socioeconómico da Euro-região do Noroeste Peninsular
Na Euro-região do Noroeste Peninsular vivem 6,5 milhões de habitantes, cerca 12% da população da Península Ibérica. O Norte de Portugal e a Galiza são regiões densamente habitadas, com peso económico significativo no total dos respectivos países e que não só partilham um mesmo espaço cultural como têm interdependência económica crescente. Trata-se de um quotidiano interligado, com trocas comerciais em mais de 1,5 mil milhões de euros ao ano, aproximadamente 7% do comércio ibérico, com um contingente significativo de trabalhadores migrantes e uma média superior a 14.000 veículos ligeiros circulando diariamente entre Tui-Valença do Minho, naquela que é a fronteira mais utilizada entre os dois países. Assiste-se também ao aumento da influência do aeroporto Francisco Sá Carneiro em toda a euro-região, chegando a receber, em 2010, cerca de 600.000 passageiros galegos, algo como 12% da procura total do aeroporto português.
No entanto, as opções centralistas dos governos dos dois lados da fronteira têm descurado o potencial económico desta região. As crises económica e financeira que se vivem dos dois lados da fronteira, e as políticas de austeridade que têm sido impostas, apenas agravam a situação. O poder de compra na Euro-Região é inferior ao da Península Ibérica e o desemprego é superior: no Norte de Portugal a taxa de desemprego ronda 13% e o desemprego jovem está acima de 25%; na Galiza o desemprego jovem está acima dos 27% e o desemprego total acima dos 15%. São necessárias políticas de investimento público concertadas que aproveitem o potencial do Norte de Portugal e da Galiza para promover o desenvolvimento económico e combater o desemprego. É imperioso que se reveja a forma como são programados os fundos europeus destinados à cooperação territorial e à cooperação transfronteiriça em particular, nomeadamente no âmbito do INTERREG, e a adopção de posições concertadas a nível europeu que defendam o tecido económico e social da Euro-região.
O Bloco de Esquerda e o Bloque Nacionalista Galego defendem:
Para quem não sabe ainda, vai-se realizar, a partir de inúmeras organizações e a partir do núcleo que organizou as super-manifestações do 12 de Março, uma manifestação no Porto, Praça da Batalha, 15 de Outubro, 15 horas.
O melhor: o ressuscitar do "Internacionalismo", pois a manifestação não só se realiza em várias cidades de Portugal, como em inúmeras cidades internacionalmente, e na onda das manifestações "Indignadas" do movimento espanhol 15M. Aqui vai o manifesto, disponível na net. E convido os Portuenses das mais diversas camadas "ideológicas" a sair à rua. Motivos para indignação, luta e descontentamento não faltam. O que falta é resolver a crise. Lá estaremos! Milhares de pessoas.
Pouco a pouco vou recuperando as leituras e os mails atrasados...
- A maior fotografia tirada em Portugal é no Porto. Tem 14 gigapixéis, sugestão de Pedro Rios
- Património municipal: "Em relação a este assunto, a ser verdade é realmente um escândalo. É possível ter mais detalhes? Faz sentido isto?", pergunta Carlos Oliveira
- Reabertura da Casa das Brincadeiras, sugestão de Circolando
- 15 de Outubro: Batalha volta a receber manifestação, sugestão de Pedro Figueiredo
- A Revista Dédalo convida para a festa de lançamento da próxima publicação, 14 Outubro (sexta-feira), Plano B
- Crónicas do Primeiro Mundo XCI, sugestão de Miguel Barbot
- CM Matosinhos exige explicações sobre exclusão do Norte da bitola europeia, sugestão de José Silva: "De facto, excluir o Porto de Leixões da ligação ferroviária em bitola europeia parece uma brincadeira. Partido do Norte, Rui Moreira, Rui Rio, CCDRN?"
- Ninguém quer ser responsável pela Ponte de Dona Maria, sugestão de Carlos Oliveira, chamando ao mesmo tempo a atenção para Estradas Portugal: «erro de cálculo» custa milhões
- Conferência - Promover a Reabilitação Urbana / Regenerar as Cidades / Dinamizar o País, 19 de Outubro, Exponor
- 30 propostas (in)úteis para a Praça de Lisboa?
- BPI, CGD, Turismo e Instituto de Habitação avançam com 335 milhões em fundos, sugestão de Patrícia Soares da Costa
- E depois do Bom Sucesso? Vendedores procuram um futuro sem o mercado, sugestão de Pedro Rios
- Tertúlia com Dom Manuel Clemente, 19 de Outubro (Quarta-feira), Palácio da Bolsa, sugestão de CDS/PP Porto
- Que TRAMA é este que assalta a cidade do Porto com música e outras artes?, sugestão de André Gomes
- Novo Hotel B&B Porto Centro, sugestão do próprio hotel
- Baixa do Porto vira palco de 30 concertos no dia 15
- Serralves é monumento nacional
- O Citex agora é Modatex
- Chiara fez um jardim e uma horta e quer dá-los ao povo
- Hasta pública de lote de terreno municipal no Campo Alegre deserta
- O texto do discurso de Pedro Passos Coelho
A convite da Fundação da Bonjóia, vou hoje falar sobre a vida no Porto durante o segundo conflito mundial. Falaremos da existência cinzenta da cidade, num período de penúria e privações, mas também das relações atribuladas entre os alemães e a sua relação com a então nascente Sinagoga Judaica. Histórias curiosas e poucos conhecidas da nossa história recente.
Saudações Tripeiras
César Santos Silva
Enquanto não actualizo o blog com os posts que estão pendentes para publicação e com os apontadores sugeridos, aqui ficam já dois assuntos mais urgentes:
- Cidadania 2.0 em transmissão directa, agora mesmo, sugestão de Vítor Silva
- Propostas para reorganização de freguesias no Porto - O PSD/Porto está a fazer um trabalho de auscultação dos militantes e da cidade sobre este assunto, para elaborar uma proposta. Eu tenho dado a minha contribuição interna como militante e farei chegar ao partido as propostas que me queiram enviar, devidamente (mas sucintamente...) justificadas, que também publicarei aqui no blog. Sem prejuízo de outras alterações no resto da cidade, eu defendo que sejam fundidas as 4 freguesias do Centro Histórico: Sé, São Nicolau, Vitória e Miragaia. Por isso quem quiser faça-me chegar as suas ideias, de preferência até Sábado de manhã.
Há já quase 40 anos, era eu miúdo, fui com os meus pais lanchar à Pousada de Óbidos. Nunca mais me esqueci. Fiquei impressionado com o requinte do local (até porque naquela idade pouco conhecia do mundo). Uma decoração sóbria mas ao mesmo tempo solene, muito elegante. Um atendimento irrepreensível de delicadeza e competência. E, principalmente, aquilo que na altura me deixou verdadeiramente encantado: o leite que pedi veio servido num copo de pé alto. :-)
Desde esse tempo sempre entendi que as pousadas tinham um papel especial. Eram de algum modo uma montra da qualidade que Portugal sabia ter, do bom gosto distintivamente nacional que conseguia oferecer. Eram uma referência que nos orgulhava, marcando ao mesmo tempo um nível de exigência a que nos devíamos obrigar. Pelo menos para mim, eram um símbolo do país, algo intrinsecamente nosso.
A intervenção do Estado na economia deve ser muito limitada, com raríssimas excepções só por motivos muito especiais: esta é uma delas. Daí que tenha ficado preocupado quando, há alguns anos, foi assinado um contrato de concessão das pousadas com o Grupo Pestana. Por muito competente que este grupo hoteleiro pudesse eventualmente ser, os objectivos nunca seriam os mesmos de uma gestão estatal. Parece-me evidente que não faz sentido subsidiar as pousadas, que tem de haver equilíbrio orçamental e racionalidade económica. Mas o Estado também pode ter boa gestão (sejamos exigentes!) na missão de "representação nacional" que as pousadas devem ter.
Ontem resolvi visitar novamente a Pousada de Óbidos e, não resisti, pedir novamente um copo de leite. Os meus receios eram fundados. Não foi o facto de o copo ser vulgaríssimo, foi o de ser quase tudo mais "normal", de perder o carácter especial que valorizava uma pousada, tantas delas a funcionar em edifícios que são monumento nacional. Apesar do atendimento ter sido muito bom (o problema não é a qualificação dos trabalhadores), há claramente um défice de gestão. As instalações estão gastas (o que só por si nem seria grave) e, principalmente, um pouco desleixadas. É o fecho que está solto, a mancha na parede, a falta do prato e do guardanapo a acompanhar o copo. É o enorme painel de propaganda ao Grupo Pestana completamente fora de propósito, o móvel a servir de suporte de venda de livros, a entrada pouco cuidada.
Vem isto a propósito de quê? Tendo eu uma perspectiva bastante liberal quanto à Economia, mantenho a convicção de que há alguns serviços que devem continuar a ser assegurados directamente pela Administração Pública. Desde que não se faça concorrência desleal aos privados nem se replique actividades que o mercado já assegura de forma adequada, o interesse público pode recomendar que sejam estruturas públicas a garanti-los. Porque, repito, os objectivos não são os mesmos dos privados - o "óptimo" na gestão para um privado não é o mesmo "óptimo" da gestão pública. Esta onda, presente muito intensamente no Porto, de privatizar serviços ou património públicos, só com o pretexto de que "assim é que vão ser bem geridos", não faz sentido. Há privatizações que serão sensatas, mas nunca justificadas por esta razão.
Para começar, “Prado do Repouso” deve ser dos nomes mais bonitos que se pode dar a qualquer coisa, cemitérios incluídos. Depois, a beleza deste nome é afinal uma beleza entre várias (“et pluribus unum”): nesta cidade também temos as Ruas do “Bonjardim”, “Boavista”, “Alegria”, “Paraíso”, “Lindo Vale”, “Campo Lindo”, “Paraíso”, “Flores”… A toponímia de um certo Porto é campestre e optimista.
As Arquitecturas deste cemitério formam um catálogo de estilos, exemplar para quem queira aprender pela observação um pouco mais sobre a História da Arquitectura (dos vivos). Neste pedaço da cidade (a parte que aos mortos pertence) temos tipologias várias: jazigo de família, campa rasa individual, unidades colectivas compostas de múltiplas gavetas, como em qualquer cidade (dos vivos) temos as correspondentes moradas em “prédio de rendimento”, “vivenda individual”, “bairro”. Os estilos, esses, são os mais variados dentro da mesma tipologia: surgem jazigos neo-góticos, neo-românicos, neo-clássicos, modernistas “Art-Déco”, modernistas estilo “estado novo”, “naturalistas”, ”simbolistas e monumentais”, etc… Resumindo: vale mesmo a pena passear por este lugar e percorrer os estilos arquitectónicos “todos” e todos no mesmo sítio. E com uma qualidade espantosa, talvez rara. (Talvez porque a especulação imobiliária de cemitério ainda não tenha chegado ao “roubo da qualidade”).
“Os Arquitectos”, fomos a maior parte educados no modernismo. E, em virtude desta educação, existe na classe um gosto dominante pelo Minimalismo típico dos cemitérios protestantes anglo-saxónicos, tipo “cemitério de guerra” minimal repetitivo, que faz ressaltar antes as qualidades do espaço “jardim”. “Preferiríamos uma cidade dos mortos tipo Brasília…” por oposição ao típico cemitério católico feito de múltiplas intervenções individuais e “individualistas” consideradas muitas vezes de gosto duvidoso… Como em geral nas nossas “cidades dos vivos”, aliás. Por mim, existe o direito à memória individual distinta e distintiva na “imagem” deixada pela última morada, independentemente da beleza ou não-beleza dessa imagem “urbana” do conjunto”. Mas cada um dirá se o prado do repouso é um bom lugar urbano nesta cidade para além de poder ser de futuro um bom lugar para morar (repousar).
- Ver fotografias em PDF - um e dois.
Já regressado ao Porto, em breve publicarei alguns apontadores pendentes. Para já ficam só estes:
- Moradores e comerciantes do Porto contra "movida" da Baixa - Não é exactamente contra a movida, mas contra os excessos e a total ausência de acção das autoridades.
- Moradores, comerciantes e trabalhadores da Vitória contra excessos da “movida” nocturna - Este título é mais correcto.
- O Público ontem também se referiu a este assunto e hoje volta a ele.
- Galicia pierde todo su poder financiero
"225 años de historia, el primer banco fundado en Galicia y 14.111 empleados en 2.222 oficinas se diluirán mañana cuando el consejo del Banco Pastor apruebe ser absorbido por el Banco Popular. La operación alumbrará la quinta entidad financiera de España, con 174.000 millones de euros en activos. Pero despide más de dos siglos de actividad de la familia Barrié, símbolo de la élite financiera gallega y fundadora de otra gran empresa, Fenosa, que corrió la misma suerte cuando se vendió a Unión Madrileña en 1982. El Pastor será una simple marca comercial para las oficinas de Galicia."
Esta notícia do “El País” faz-me lembrar os bancos portuenses que foram sugados pelo vórtice lisboeta. É certo que o capital não tem pátria, as zonas francas, como a da Madeira, são a prova disso, mas lá que a Galiza fica mais pobre, como o Porto ficou, fica. Há quem diga que, não tarda, Madrid sugará Lisboa.