2007-07-15
Realmente concordo com o nosso leitor assíduo, Vereador Lino Ferreira, porque ainda não temos conhecimento da versão final aprovada em reunião de Câmara. Conheço pelo menos 3 versões do Projecto, em que em todas enferma dos mesmos erros, e que foram já por diversas vezes apontados. Aguarda-se esta versão final, para naturalmente podermos fazer uma análise mais rigorosa, e naturalmente com sugestões construtivas. Pena é que o debate podia ter começado antes, e o período de discussão pública apanha um tempo de férias, o que não permite que se tenha muita calma para tratar do assunto. Assim sugeria que se pudesse alargar esse período, como já sugeriu o F. Rocha Antunes.
A via Nun`Alvares é uma necessidade que ninguém refuta, e apenas o que se pretende é poder vir a ter uma discussão pública séria e profissional. Não há nem deverá haver aqui qualquer interpretação de confrontos, políticos ou pessoais, mas apenas aqueles que sejam de ordem urbana, e na qual acredito que todos os envolvidos apenas pretendam o melhor para a cidade.
Contudo sei que a largura da via mantém os 37 metros, e foi apenas sobre esse assunto que me pronunciei. Parece que este é o único assunto no qual o Plano tem trazido as pessoas a alguma discussão. Sem dúvida que é um dos factores fracturantes e pouco contributivos para a Freguesia, mas nem é o único, nem mesmo o pior. Basta perceber que a largura da via poderá ter diferentes desenhos, sejam com a introdução de canteiros centrais, como alguém já sugeriu, sejam outros. Outras razões apresenta este Plano para que em nada contribua para a requalificação desta área mas, na devida altura e na posse dos documentos actualizados, se fará a devida análise e sugestões.
Ainda sobre a largura das vias, e sobre a falta do “conhecimento dos factos”, passo a esclarecer, mesmo que o Porto em nada se assemelhe quer com Lisboa, Barcelona, Munique, ou outra cidade das referidas, e em que as avenidas referidas como por exemplo as “Novas” de Lisboa, e outras, encontram-se em zonas centrais e em áreas de prédios multifuncionais em nada se enquadram com o local de Nevogilde e as suas características:
- Barcelona:
- - Av. Diagonal – largura = 43metros x 10 Kms de comprimento e com duas placas ajardinadas;
- - Rambla Catalunha – largura 27 metros;
- Lisboa – Avenidas Novas:
- - Av. Almirante Reis – largura 25 metros x 1.700 metros;
- - Gago Coutinho – largura 34 metros x 2.500 metros e com separador central;
- - Av. João XXI – largura 30 metros x 1.300 metros.
Finalmente para responder a perguntas, que naturalmente em nada ofendem, venho esclarecer que a Via em questão teve a sua origem no Plano Auzelle, com o intuito de ligação do Porto de Leixões à Alfândega, tema sem qualquer sentido nos dias de hoje, não só porque Leixões tem outros acessos, a Alfândega já não funciona, e o trajecto hoje é pejado de usos que não são compatíveis com vias estruturantes.
Mas hoje os técnicos (alguns) têm “muita sensibilidade” à abertura de novas avenidas na requalificação dos espaços urbanos, porque já não vivemos nos anos 50 e 60, quando se acreditava que a cidade devia ser como fez Auzelle, urbanista francês que implementou uma política de zonamento citadino à base do “rolo compressor” quando, por essa Europa fora, a mesma técnica tinha sido posta de parte. Lá fora já se havia concluído que marcar zonas geográficas para as funções habitar, trabalhar e divertir era um contributo forte para a desertificação das cidades, mas nós, cá dentro, inaugurámos com pompa e circunstância essa mesma política na planta de síntese do plano, marcou-se, a azul, toda a Baixa portuense e considerou-se que a mesma reunia potencial suficiente para se tornar em Zona Administrativa.
E o mesmo Auzelle propôs a demolição de uma boa parte do centro histórico do Porto, com a construção de um viaduto, em granito, de seis ou sete tramos, e de quinze a vinte metros de largura de tabuleiro, que se lançasse entre o Largo da Cividade (ou da Sé) e o terreiro da Relação. Se calhar também não era nada fracturante.
Uma sugestão para inspiração dos projectistas da Av. Nun'Álvares. (Foto de Luís Reino, via Abrupto.)
Acho essencial que se discutam os projectos de novas vias para o Porto. Aguardo a organização de um encontro público onde todos possam perceber o que está em causa na nova avenida/auto-estrada da Foz e a consequência da sua implementação (a devolução da frente marítima aos peões ao fim-de-semana, por exemplo).
Mas o que me leva a escrever é a "minha" avenida/rua. Vivo há 8 anos na Rua São Roque da Lameira, próximo da Praça das Flores e gostava de partilhar convosco algumas das preocupações que me afligem, quando se discute com tanto afinco novas avenidas e se esquecem as existentes ou as recentemente construídas (Alameda. 25 de Abril).
Desde 1999 assistiu-se ao encerramento, na Praça das Flores, de uma instituição bancária, de uma padaria, de um café e de 3 estabelecimentos comerciais. Nada floresce nesta zona da cidade, a não ser os desorganizados e maltratados canteiros (vulgo campas entre os moradores) da Pç. das Flores e a vegetação, tipo matagal, da Alameda 25 de Abril. Nem a um marco do correio temos direito. As habitações mais antigas estão degradadas e a ficarem desocupadas e não existem estruturas no troço Dragão - Pç. das Flores. Não existe saneamento (em pleno século XXI) nem estruturas para o gás, o que deve afastar qualquer pessoa que pense em investir no mercado imobiliário. E assim a Baixa abandonada vai alargando o seu raio e o abandono a tomar conta da cidade.
Estes anúncios de novos projectos fazem-me lembrar a inauguração do último jardim, feito pela Câmara: naqueles dias enviei um mail a reclamar do estado dos jardins da Pç. das Flores e da Alameda 25 de Abril e a resposta que tive foi que não há dinheiro e não é prioritário. Não há planeamento nem projecto nesta cidade.
Sérgio Aguiar
Cada vez mais a tendência é para a especialização. Acontece assim com a Medicina (são cada vez mais as especialidades e as sub-especialidades), com o Direito e com muitos outros ramos do conhecimento. É, pois, uma questão transversal a todas elas.
Assim sendo, pergunto: será por isso que os técnicos (arquitectos ou engenheiros) muito vocacionados para estudar a requalificação de espaços históricos, como a "Baixa" ou o "Casco Urbano" de cidades antigas, têm pouca sensibilidade para a abertura de novas avenidas, especialmente se estas vierem a ser de largura considerável? É só uma pergunta... e perguntar não ofende.
Correia de Araújo
Caros leitores da "Baixa":
Continuo leitor assíduo, muito menos interventivo do que no início. Tenho lido, com interesse, tudo que se tem dito sobre a Avenida Nun'Álvares.
A Discussão Pública ainda não está lançada. O Executivo Municipal aprovou, no passado dia 17, por unanimidade, a abertura do período de Discussão Pública. Ele será aberto, nos termos da lei, quando for publicado o Aviso em Diário da República. A partir dessa data, o documento estará em consulta, integralmente, em vários locais.
Ainda antes de ser público, o documento já merecia comentários no "nosso" blog... Havia algumas versões iniciais, que pretendi discutir com um conjunto de personalidades, cuja responsabilidade da selecção é exclusivamente minha. Mais de 90% dessas personalidades são Técnicos das áreas da Arquitectura, Urbanismo e Engenharia. A versão final (ainda para discussão pública!) - a que foi presente ao Executivo Municipal no dia 17 - era conhecida apenas por 5 (cinco) pessoas. Daí que eu só possa dar razão ao Arq. Alexandre Burmester quando diz, em 20-07: - "É fantástico o que tanto se escreve, por vezes, com tão pouco conhecimento dos factos". As palavras são dele. Neste aspecto, ele tem toda a razão.
- Não esqueçam: quero ouvir-vos, com sugestões construtivas! Esperem até terem conhecimento integral do documento! Já houve muitas mudanças e haverá mais, sempre que haja razões para isso.
Um abraço e bom fim de semana a todos.
Lino Ferreira
Caro Alexandre Burmester
Achei bastante útil a sua comparação entre avenidas, no entanto creio que regra geral as avenidas portuenses, mesmo as mais largas, são muito estreitas tendo em conta o que se vai fazendo mundo fora. A Avenida da Boavista na minha opinião é excessivamente pouco larga, comparando por exemplo com as avenidas novas de Lisboa (não sei quem as projectou, mas foi uma ideia brilhante), ou a diagonal de Barcelona, a Avenida Charles de Gaulle em Paris, para não falar na 9 de Julho em Buenos Aires (essa que deve ter umas 20 faixas para cada lado, mais sei lá quantos separadores, e ainda os passeios bastante largos, ao todo 140m de largura...)
Num contexto portuense, efectivamente a nova avenida é muito larga. No entanto porque não fazem a placa central arborizada, sim, mas dedicada aos peões, como por exemplo nos Aliados? Ajudaria a atravessar e tornava a avenida muito simpática para os peões. Umas lombas e muitos semáforos, como é normal numa zona urbana, travam os carros certamente, e mais vale fazer neste momento larga, que depois ter filinhas de carros parados por lá, como acontece noutros locais.
Uma via, independentemente do uso que dá ao espaço, pode ser sempre modificada, vejamos que muitas ruas foram peatonalizadas na Baixa. No entanto alargar uma via implica regra geral demolições, e o Porto já sofreu muitas perdas com isso. Daqui a cem anos, se calhar o automóvel perde espaço na avenida, mas esta será sempre uma avenida larga, desde que agora a construam larga. Quanto a possíveis pormenores técnicos, espero que sejam resolvidos, mas a filosofia de avenida larga parece-me bastante correcta. E, já agora, provavelmente a avenida trará mais funções que não a residencial à zona, o que me parece óptimo.
Ah e, já agora, comparar o Porto a Mondim de Basto.... aí, sim deveriam ser feitas coisas à medida. Teria mais lógica comparar o Porto por exemplo a Valência, Barcelona, Lisboa, Munich, etc etc... e basta comparar as nossas avenidas com as dessas cidades... vivam os provincianos portanto! ;)
É fantástico o que tanto se escreve por vezes, com tão pouco conhecimento dos factos.
Ninguém é contra a Via Nun'Álvares. O desacordo quanto ao seu dimensionamento, que é de 37 metros de largura, só tem a ver com as seguintes constatações:
- - A via, ao ligar a Praça do Império com a Boavista, estabelece a ligação entre vias com quatro faixas de rodagem para seis, sem ser sustentado em nenhum estudo de tráfego. Isto é, de nada serve uma faixa larga que liga dois afunilamentos;
- - O separador central apresenta 1 metro de largura, o que nem para a plantação das árvores que se encontram representadas no desenho pode servir;
- - A largura da via não apresenta nenhum desenho que promova urbanidade, mas sim puro rodoviarismo, a sua largura é igual à da VCI. A título de exemplo, a Av. do Brasil tem 27 metros com 13 de passeios, a Av. da Boavista 30m com 5 de passeios, a Av. M. G.C. tem 33, mas com 12,5 de separador ajardinado e 5 de passeios. Imagine-se o atravessamento pedonal desta via, e a sua completa descaracterização pedonal. Imagine-se a velocidade do tráfego, a semaforização dos cruzamentos, o ruído, e a transitoriedade.
Pela sua dimensão; pela escala introduzida, pelo contexto residencial; Será muito difícil de perceber o que significa fracturante?
Vistas curtas é não olhar às mais-valias do local, considerado como excelente área residencial, de recreação e lazer para toda a cidade, e ao invés de trazer mais-valias, introduz conceitos errados e desenhos sem qualquer sensibilidade urbana.
Provinciana, porque o pensamento de querer fazer “grande” é o mesmo, neste caso, das inúmeras cidades do nosso interior, que constroem arranha-céus em Mondim de Basto, Póvoa de Lanhoso, Albufeira, ou Praia da Rocha.
Hoje ainda bem que nos deixamos de Salazares e de Marqueses de Pombais, as suas largas visões, tanto rasgaram avenidas como judeus e esquerdistas. “Porque não pensar um bocadinho sobre isso?”
Nota: A Av. Brasil e Montevideo, estou de acordo que seja redesenhada nas vias, e com a introdução dos eléctricos, mas que apenas se feche ao trânsito aos fins de semana, porque durante a semana não tem movimento nem de automóveis, nem de pessoas, que o justifique.
Alexandre Burmester
Como havia prometido não me meter muito pela Nun´Álvares dentro, embora tenha opinião, e seja também um daqueles que defende que a "coisa" não deve acabar transformada num mero caminho de servidão ou passagem, digo apenas que concordo com a opinião aqui vertida pelo Armando Peixoto.
Contudo, se é verdade que o Porto tem perdido (leia-se, declinado), ultimamente, alguns importantes investimentos, como foram os casos do Ikea e do El Corte Inglés, também não é menos verdade que em relação a esta última recusa (teimosia) ela já vinha de trás e não pode ser assacada, em exclusivo, a Rui Rio.
Correia de Araújo
Meus Caros
Acho importante perceber que a diversidade de opiniões é, regra geral, enriquecedora. A ideia de cidade que cada um de nós tem é necessariamente diversa e devemos fazer um esforço para perceber a ideia de cidade que os outros têm, pois têm tanta legitimidade como nós a pensar a cidade de todos. Há quem veja a apresentação da proposta para a Avenida Nun’Álvares como uma afronta, outros como uma coisa que já vem tarde, e cada um dos que se importa com estas coisas (felizmente vamos sendo cada vez mais) tem vontade de perceber melhor o que é.
Eu gostaria que fosse uma coisa normal: há um plano urbanístico que foi feito pelos técnicos, que é apresentado aos cidadãos de forma clara e generalizada como proposta que é para ser discutida, os interessados analisam e opinam, os argumentos são trocados, as propostas de alteração são apresentadas e no fim o plano, com as alterações que forem consideradas pertinentes, entra em vigor e é para ser cumprido. Não temos grande experiência nesta matéria e por isso ainda não apreciamos devidamente os méritos que um processo destes pode ter. Sugiro que façamos todo o esforço de participar com boa fé e bom senso e seguramente a proposta pode ser melhorada, como todas as propostas podem ser melhoradas. Eu, por exemplo, estou muito interessado em perceber como é que se propõe funcionar, neste caso concreto, os mecanismos de perequação de benefícios e encargos.
A primeira parte, decisiva para a qualidade das restantes, é a publicação no site da Câmara da proposta, com todos os elementos que permitam avaliar e perceber as opções tomadas. Aguardemos serenamente pela sua publicação para depois de a analisarmos podermos pronunciar-nos sobre a mesma. Como sugestão, e uma vez que estamos a entrar num período de férias, proponho que o período de discussão pública não se fique pelo mínimo legal e seja estabelecido de forma a vigorar até ao fim da primeira semana de Setembro.
Francisco Rocha Antunes
Promotor imobiliário
Senti necessidade de me pronunciar sobre o que diz respeito ao projecto da nova via (avenida) Nun'Álvares. Infelizmente não posso concordar com as críticas que muita gente neste blog vem tecendo relativamente ao mesmo. Na minha opinião, uma cidade, sobretudo com a dimensão do Porto, necessita de ter algumas vias (largas) para facilitar o trânsito automóvel e não comprometer o futuro. Já para não falar que esta via pode retirar muito trânsito às ruas estreitas do miolo do "quarteirão"! Do meu ponto de vista, acho correcto que a nova avenida tenha 4 faixas de rodagens para automóveis, não posso discordar das duas faixas bus (que tanta falta fazem à cidade), de passeios largos e de ciclovias. E muito menos de um separador central arborizado! Não entendo as críticas de quem diz que vai criar um fosso naquela zona da cidade por se tornar difícil (???) atravessar a mesma avenida. Tal será semelhante a dizer que os Aliados criam um fosso na baixa, porque não me parece que a nova via vá ser mais larga que os Aliados. E não me lembro de ninguém que se queixasse que os Aliados são muito difíceis de atravessar...
Também me parecem erradas as críticas a Rui Rio de dar prioridade a este projecto relativamente à Baixa. Parece-me errado estarmos a comprometer o desenvolvimento de outras zonas da cidade para tentar obrigar os investidores a apostar na Baixa. A Baixa tem de se fazer valer pelas suas virtudes e não por decreto. Julgava que isso já tinha ficado bem claro no célebre caso do El Corte Inglés, que por tanta birra que o Rui Rio fez para que fosse construído na Baixa que acabou por ir parar à margem sul!
Por outro lado, consigo ver nesta nova via virtudes que me parecem passar ao lado do blog... Surge-me a ideia de, com este projecto, ser possível desviar a maior parte do trânsito da Avenida Brasil (marginal) para esta nova via. Dessa forma poderiamos, por exemplo, reduzir a circulação na marginal para uma faixa, um único sentido, trazer o eléctrico de novo para a marginal e aumentar de forma considerável os passeios e jardins. Teríamos assim uma marginal muito mais agradável e uma via de ligação muito mais funcional! Porque nao pensar um bocadinho sobre isto?
Abraço
Armando Peixoto
O Conselho de Ministros aprovou (19/07) hoje a criação do Centro Hospitalar do Porto EPE, por fusão do Hospital Geral de Santo António, EPE, com o Hospital Especializado de Crianças Maria Pia e a Maternidade Júlio Dinis.
--
Sérgio Aguiar
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Para vós meus amigos, que permaneceis em cima dos limoeiros, sem visão sem fé, abandonai a acidez, descei a esta cidade onde habitamos, confirmai com os vossos olhos o que é possível fazer e o que a Câmara não pode fazer por nós.
Acreditai que o benefício é de todos, se pararmos de nos queixar e fizermos um mini-cluster, mesmo que não nos conheçamos. Eis mais um casal com 2 filhos no centro da nossa cidade. Está de facto a acontecer, só não vê quem não quer ver. Desçam os Aliados, sigam para São Bento vejam as esplanadas, o movimento, o sol. E depois se continuardes a pensar o mesmo, então já não tendes salvação. :-)
Um abraço a todos, Bom fim-de-semana!
O debate a respeito da Avenida Nun'Álvares centra-se basicamente em dois aspectos:
- - Quem deve ser privilegiado no projecto da Avenida, o peão ou o automóvel?
- - O que deve ter prioridade, o povoamento da Baixa ou o da Foz/Nevogilde?
Um ponto que eu não percebo é como é que se consegue projectar uma via sem se saber ao certo onde começa e onde acaba...
PS: Por falar em Baixa - Pátio Luso.
O Marquês de Pombal teria feito falta ao Porto? Talvez! Já por alturas do nascimento da nossa Rua do Almada, em meados do século XVIII, e segundo rezam algumas crónicas, o responsável por "tamanha largura" de via chegou, ao que consta, a ter de andar fugido.
Correia de Araújo
Acabam de bater as sete da tarde. Desço Santa Catarina, vindo de Fernandes Tomás, com muita gente ainda na rua. Penso aproveitar este breve passeio para comprar algumas peças de roupa. À esquina da Rua Formosa, empurro a porta duma loja que vende peúgas. A porta resiste mas confirmo a tabuleta onde se lê “Aberto”. Lobrigo, no interior, um indivíduo de meia-idade que se aproxima e quando penso que me vai franquear a entrada, limita-se a virar a tabuleta para o lado onde está escrito “Fechado” e vira-me as costas sem mais. Fico fulo e impotente ao mesmo tempo, remoendo pensamentos menos positivos em relação ao homem e às minhas futuras relações comerciais com a sua empresa. Prossigo e, três ou quatro lojas mais adiante, faço nova tentativa de gastar dinheiro. Desta vez a porta está aberta. Porém, ao entrar na loja, sou avisado, por uma das três funcionárias presentes, que “já está fechada”.
Retrocedo para a rua e olho para o relógio: são sete e dez. Como não estou decididamente em dia de sorte, resolvo, de momento, desistir das compras. Mais à frente, as obras em Santa Catarina / Passos Manuel. Nuvens de poeira sobem do piso de terra não regada, calcado pelos transeuntes, um verdadeiro caminho de cabras. Ninguém a trabalhar, as obras que esperem. Desço Passos Manuel, dando e levando encontrões, pelo carreirinho deixado livre pelos “trabalhos”. Passo à porta duma discoteca que anuncia a sua festa de encerramento para o último dia de Junho passado. Indago nas redondezas e sou informado que é por causa das obras, que esperam reabrir em Setembro, após dois meses de “férias”. Atravesso a D. João I, grande espaço deserto, à excepção da paragem de autocarros onde meia dúzia de cidadãos vira as costas à produção laferiana. Mais à frente, a avenida ou “o deserto, parte 2”. Subo Elísio de Melo, pelo carreiro deixado pelas obras e “piro-me” delas evitando ao cimo da Praça Filipa de Lencastre a Rua de Ceuta e virando primeiro pela Rua de Aviz e depois pela de Santa Teresa. Ao cimo desta, nova frente de “combate”: aí estão outra vez as obras e a poeira no ar. A trabalhar, como em todo o percurso, ninguém. Consigo esgueirar-me para a Praça dos Leões. Espreito para a Praça de Lisboa para ver se já foi fechada, entaipada, gradeada, policiada ou seja lá o que for, para evitar vergonhas e, quem sabe, tragédias. Nada: é claro que como a proposta veio do Rui Sá não interessa, Dois gandulos que por ali vagueiam olham-me com “curiosidade”. Acho por bem “pôr-me ao fresco” rapidamente. Desço as Carmelitas e por aí abaixo, em mais alguns minutos, estou de novo em Santa Catarina. Lembro-me das peúgas. Entro no Shopping Via Catarina. Resolvo o problema do aconchego dos pés. Saio pela porta secundária, de Fernandes Tomás. Mais dois passos e estou em casa.
São 8 da tarde. Nas minhas costas, “cresce o monstro”, como diz um vizinho meu. É outro shopping, o Plaza, onde de dia e de noite se trabalha com afinco e ruidosamente para que a abertura não tarde. Depois será a vez do Bolhão Shopping e, já nada me admira, outros mais com toda a certeza. É giro, não é? Polícia de giro é que não. Há quatro anos que aqui vivo e nunca vi nenhum. Apenas os que uma noite me apareceram de carro depois de ter chamado o 112 (chegaram uma hora depois), para saber se o barulho que vinha do “monstro” e me impedia de dormir estava autorizado. Nada me foi informado sobre tal autorização ou falta dela. Pelos vistos esse direito não me é reconhecido. Ao contrário, ocupar parte da via pública e locais de estacionamento camarário, a que na qualidade de morador tenho direito (pagando no início de cada ano, claro!), é um “direito” do construtor do “monstro”. Assim, vou pagando duplamente: à Câmara e à garagem próxima quando tenho necessidade de estacionar o meu carro e os poucos lugares de rua legalmente disponíveis estão ocupados. Passo ao jantar, mas hoje ao relembrar este passeio de ontem, nem me recordo do que comi: devo ter ficado a pensar como é que o “monstro” que inicialmente se apresentou como um “centro de lazer” com 7 cinemas 7, piscina, etc., alterou depois, sub-repticiamente, o projecto inicial e agora, em vez da sétima arte, parece que vamos ter uma discoteca (talvez para substituir a que teve de fechar em Passos Manuel…), piscina “de grilo”, etc..
Como a minha terra é linda, como a tratam mal e aos seus habitantes e como é que a gente se vai ver livre disto…
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Ps. Indicaram Braga* e Famalicão como cidades exemplo para o Porto... Paredes de Coura apesar de ter 1 centro cultural com 2 auditórios, 1 piscina, 1 praia fluvial é uma vila. Se é isto que querem para o Porto pensem em fazer na Foz uma Avenida estilo a de Gaia.
*- Dia de São João Braga - Fogo só se pagar 5€ - «22h30, Estádio Municipal 1.º de Maio - Concerto com André Sardet, seguido de espectáculo piro-musical com fogo-de-artifício de Angola, “show” aquático-musical, e espectáculo piro-musical da “Pirotecnia Minhota”. Acesso mediante aquisição de ingresso.»
1. Aos poucos, os partidos e os políticos profissionais começam a tomar posições para as próximas autárquicas. Ainda coisa pouca, quase imperceptível para o simples eleitor. Os aparelhos até podem ter digestões pesadas, mas o rumor das lutas intestinais é, por enquanto, discreto. O cidadão aguarda nomes, cabecilhas e elites sebastiânicas. Há sempre um ou outro nome mágico, de boas famílias e de manifesta generosidade cívica cuja providencial intervenção promete pôr um ponto final nesta nossa triste história. É claro que ano após ano vamo-nos descontentando com uma espécie de filhos segundos da política nacional. Para quem é, basta. A cidade dá guinadas mas não vira. Enquanto não entramos na fase do folclore, podemos ir pensando no perfil do presidente ideal para o município, isto é, pensarmos não tanto em quem mas em que tipo de administrador político gostaríamos de ver à frente dos destinos da cidade. Como por cá não temos tantos bons exemplos quanto isso, recomendo que se dê uma olhadela a este site: World Mayor. Aqui poderão encontrar informação sobre a gestão de cidades de todo o mundo. A ver se nos inspiramos. Associada a este site aparece a iniciativa City Mayors que tem por objectivo eleger o mayor do ano. Não sei como, mas o Mr. Rui Rio esteve entre os finalistas europeus de 2006 (hummm... isto faz lembrar aquela história das 7 maravilhas...). Apesar de tudo parece-me que ninguém dará o seu tempo por perdido, até porque abundam os bons exemplos como Walter Veltroni (um mayor que vê a cultura como um sector estratégico).
2. Também encontrei a World Historical Cities: The league of historical cities, associação da qual o Porto não faz parte. Aliás, de Portugal apenas consta Lisboa. Estaremos perante mais um sinal de desinteresse no centro histórico? Como já nem se comemora o Porto Património da Humanidade... Em todo o caso, a autarquia ainda vai a tempo de emendar a mão e de participar na 11ª Conferência Mundial de Cidades Históricas a ter lugar em Konya (Turquia) já no próximo ano.
3. Em definitivo, esta Câmara é um caso claro de dissonância cognitiva: se por uma lado fez (e bem) da reabilitação da Baixa o seu cavalo de batalha, por outro lado, parece fazer tudo para contrariar as suas próprias convicções: o novo negócio do Parque da Cidade, a Cidade Judiciária, a incubadora da ANJE e agora a Avenida (ideal para corridas de automóveis, caso ainda não tenham reparado). Sempre pensei que fazer política era traçar prioridades e actuar de acordo com essa escolha.
David Afonso
attalaia@gmail.com
Tenho lido as diversas contribuições de todos e, perdoem-me, ocorrem-me algumas questões.
Em primeiro lugar Vós e Nós:
- - Quantos de vós, moradores em Nevogilde e na Foz do Douro, se deslocam em transporte individual poluente de 4 ou de 2 rodas? Quantos de vós entopem a brilhante solução semaforizada do Pinheiro Manso ou a marginal do Douro? Quantos de vós estacionam caoticamente desde o largo do Cristo Rei até ao Aviz, junto à Juquinha, ao longo da R. Gondarém, etc, etc, etc?
- - Quantos de nós, não moradores em Nevogilde e na Foz do Douro, nos deslocamos a pé, de autocarro, de eléctrico ou de segway, patins ou trotinete, até Serralves, ao Castelo do Queijo e marginal da Foz? E quantos de nós respeitam o limite de 50km/h na Marechal Gomes da Costa?
- - E quantos de nós aplaudem as infiltrações de óleo e chuva ácida no circuito da Boavista, com a consequente contaminação dos solos, já que não sendo uma pista preparada para o efeito, não estou a ver que tenha tratamento de águas residuais, etc, etc, etc? Afinal, quantos de nós contribuem para uma repartição modal saudável e ambientalmente sustentável?
Agora sobre a planta apresentada no Site da CMP e salvo melhor análise:
- - A via passa por baixo da Av. Boavista? Há nó entre as duas? Se há, como é e para que tráfego? Vamos ter mais um semáforo passivo (é que nunca mais se investiu em semáforos activos)? Vão colocar outro semáforo no cruzamento da via com a outra lombriga que aparece desenhada transversalmente?
- - Para quê um 2+2 se a R. Diogo Botelho é 1+1 (mal desenhado, pois não é bem um 1+1, é qualquer coisa que permite velocidades de 120-170km/h, onde se vai estacionando nas margens porque a universidade não foi obrigada a construir um parque de estacionamento adequado)?
- - Com uma via destas, estamos à espera de licenciar quantos milhares de m2 nas áreas remanescentes?
- Estão previstas medidas de acalmia de tráfego ou são apenas as árvores a fazer de railes ou de suporte às gaivotas para gáudio do dono da lavagem de automóveis mais próxima ou então demarcação dos lugares de estacionamento?
- - As passadeiras vão ser tipo todo-o-terreno em paralelo, para que os bólides andem em cima do betuminoso alcatifado – actual moda estúpida cá nas urbes – a ditadura da forma e da textura (cá por mim sou apologista da ditadura do comodismo funcional)?
- - E os caixotes do lixo vão ser italianos, bonitos e rapidamente bio-degradáveis ou de chumbo? A iluminação pública vai iluminar ou vai-nos cegar tal como acontece em túnel recentemente inaugurado no Grande Porto?
- - Relativamente à toponímia estou descansado – as placas verdes até têm piada, ainda que ande a precisar de binóculos para ler a inscrição.
Assim, não se justificando aquilo que estará previsto (noto que não temos os dados de tráfego, análises origem/destino, mas pergunto – quem é que os tem?), também o discurso bacoco do “Deus nos Acuda” não será um exagero? AH, então nós andamos de carro, mas não gostamos dos carros! EH pá, desculpem qualquer coisinha...
2 Propostas Alternativas e 1 Homenagem:
- A - Comprar o teleférico da Expo 98, desmontá-lo e voltar a montá-lo entre a Pr. Império e a Pr. Cidade Salvador.
- B - Implantar um sistema de dupla-catapulta entre as referidas praças. Cadeirinhas direccionáveis, devidamente programadas para alguns pares origem/destino nas imediações.
Em qualquer um dos casos – A ou B, substituía o projecto por um tradicional caminho de cabras, tipo R. Almada, mas agora com um perfil transversal de “0.5+7+0.5+2+0.5+7+0.5” e câmaras de filmar os acidentes directamente ligadas ao “You Tube” e, a meio comprimento, implantava uma COW (daquelas que estiveram em Lisboa) com a seguinte inscrição – “AQUI JAZ A ÚLTIMA COW EM SOLO JÁ MUITO RUMINADO E JAMAIS DESVENTRADO ANTES”.
Vai ser um sucesso! HUNDERTWASSER vai adorar.
Um abraço
Paulo Espinha
Nota: A tradução em inglês é uma homenagem à velha aliança com os ilhéus de lá de cima e que tanto gostam das cercanias cá do burgo.