De: Alexandre Burmester - "Vistas curtas e visões provincianas"
É fantástico o que tanto se escreve por vezes, com tão pouco conhecimento dos factos.
Ninguém é contra a Via Nun'Álvares. O desacordo quanto ao seu dimensionamento, que é de 37 metros de largura, só tem a ver com as seguintes constatações:
- - A via, ao ligar a Praça do Império com a Boavista, estabelece a ligação entre vias com quatro faixas de rodagem para seis, sem ser sustentado em nenhum estudo de tráfego. Isto é, de nada serve uma faixa larga que liga dois afunilamentos;
- - O separador central apresenta 1 metro de largura, o que nem para a plantação das árvores que se encontram representadas no desenho pode servir;
- - A largura da via não apresenta nenhum desenho que promova urbanidade, mas sim puro rodoviarismo, a sua largura é igual à da VCI. A título de exemplo, a Av. do Brasil tem 27 metros com 13 de passeios, a Av. da Boavista 30m com 5 de passeios, a Av. M. G.C. tem 33, mas com 12,5 de separador ajardinado e 5 de passeios. Imagine-se o atravessamento pedonal desta via, e a sua completa descaracterização pedonal. Imagine-se a velocidade do tráfego, a semaforização dos cruzamentos, o ruído, e a transitoriedade.
Pela sua dimensão; pela escala introduzida, pelo contexto residencial; Será muito difícil de perceber o que significa fracturante?
Vistas curtas é não olhar às mais-valias do local, considerado como excelente área residencial, de recreação e lazer para toda a cidade, e ao invés de trazer mais-valias, introduz conceitos errados e desenhos sem qualquer sensibilidade urbana.
Provinciana, porque o pensamento de querer fazer “grande” é o mesmo, neste caso, das inúmeras cidades do nosso interior, que constroem arranha-céus em Mondim de Basto, Póvoa de Lanhoso, Albufeira, ou Praia da Rocha.
Hoje ainda bem que nos deixamos de Salazares e de Marqueses de Pombais, as suas largas visões, tanto rasgaram avenidas como judeus e esquerdistas. “Porque não pensar um bocadinho sobre isso?”
Nota: A Av. Brasil e Montevideo, estou de acordo que seja redesenhada nas vias, e com a introdução dos eléctricos, mas que apenas se feche ao trânsito aos fins de semana, porque durante a semana não tem movimento nem de automóveis, nem de pessoas, que o justifique.
Alexandre Burmester