2013-08-04

De: TAF - "Rua D. Hugo"

Submetido por taf em Sábado, 2013-08-10 19:28

Sinal de fim da proibição

Como se vê, foi simples resolver, de forma ao menos provisória, o problema.
Claro que, entretanto, causou-se transtorno e despesa em multas aos moradores... Bastaria a CMP ter falado connosco antes.

Planta antiga do Centro Histórico

A Foz Velha é o segundo centro histórico medieval desta cidade, sendo o primeiro a Sé, Ribeira, Barredo, Vitória e Miragaia. Pelo que conheço da Foz Velha (Rua Padre Luís Cabral, Rua da Beneditina, Rua Alegre, Rua do Monte Belo, Rua de Santa Escolástica) não é nada de espantar a coexistência de diferentes classes sociais na mesma rua e lado-a-lado, a Casa da Patroa e a Casa da Criada. As cidades de origem medieval, os burgos, são por excelência o ideal urbano da mistura social ao longo da rua e no mesmo espaço. Na Foz Velha, basta observarmos casa sim, casa não, o portão onde por trás vive a criada e a casa de família logo ao lado, como regra urbana. (Por todas as razões e mais alguma defendo a cidade-quarteirão e as ruas-corredor como "o" modelo de cidade a adoptar e preservar.)

Na Foz Nova, e como zona de férias onde os portuenses alugavam casa durante o Verão, a criada vinha e ficava num quarto. O resto? O resto é o século XX. Tanto quanto sei a impressionante discriminação por espaços urbanos e por classe social nesta cidade invicta só começa com a industrialização do séc. XIX, e o maciço movimento para rentabilizar cada logradouro da casa burguesa com cerca de dez rendas para habitação, uma renda por cada microcasa de 16 m2 por cada casal (ele operário, ela "criada de servir"). As ruas para o burguês, a invisibilidade miserável para o trabalhador, escondido no interior do quarteirão.

De resto, primeiro com o plano "de melhoramentos" (1955+66), a vida destas "criadas" apenas melhora no tamanho da casa que passa de 16m2 para 50 ou 60 m2, só que passam a ter de se deslocar quilómetros do seu bairro camarário de subúrbio até Casa da Senhora, onde quer que esta more. (As torres HLM "habitation à loyement moderée", onde morava a minha sogra - "criada de servir" em França, Versailles, Paris, distrito 78 - eram torres de luxo, a qualquer nível, em comparação com os nossos blocos - miseráveis rc+3 de habitação "social".)

Por fim, com a selecção "natural" pelo preço, que é feita pelo mercado "livre" (uma fantasia de direita, ou utopia/distopia se quiserem), o pessoal só tem hipótese de arranjar casa nas gaias, nas gondomares, nas areosas, em ermesindes vários... (Perguntem às senhoras da limpeza - às da periferia, não às "finas e fozeiras" que entram no autocarro da Marechal às 19h30, quanto tempo demoram até Ermesinde em hora de ponta.)

Sim, na Foz Velha há ainda algum mix social, mas não no Porto em geral, onde - como dizia o Nuno Portas em "urbanismo 1 e 2" (2º e 4º anos da FAUP) "é muito fácil dizer-se onde estão ricos, pobres e remediados no Porto, onde a segregação é claríssima: ricos na Foz e em duas ou três bolsas (Foco e Boavista), pobres em Campanhã e escondidos em inúmeras bolsas (bairros sociais e ilhas). A classe remediada? Na periferia, cada vez mais longe do centro, reservado que está o centro a preços absurdos e invendáveis em muitos casos".

De: Alexandre Burmester - "Sabotagem a passos simples"

Submetido por taf em Terça, 2013-08-06 20:29

Caro Tiago

Bem vindo a saborear no corpo as opções urbanísticas de quem dirige, sei lá o quê que lhe chamam, “Urbanismo”, “Gestão do espaço público”, “trânsito”, enfim aquilo que nos é comum a todos na Polis. Farto-me de, por aqui e por outros sítios, vir dizendo que quem desenha hoje em dia as nossas cidades, assim como o próprio País, são uma tribo de engenheiros de sistemas viários, que infelizmente devem basear a sua escola não sei em que fundamentos, mas que a todos faz sofrer na pele, no corpo e no bolso, os seus resultados.

Não é só a falta de estacionamento e o entendimento das funções básicas de habitar do centro histórico, não é o actual desenho implementado nas vias circundantes, após as onerosas e necessitadas obras, de que resultaram uns vasinhos esquisitos na entrada do túnel e uma patetice de acessos e de circulação. É o trânsito do centro do Porto, é a circulação na Rotunda e na Boavista, é uma barreira denominada de VCI, é uma Circunvalação amedrontadora, são as ruas de sentido único que terminam na contramão..., são tantos os exemplos que nem perco tempo em enumerar, mas que infelizmente transcendem para fora da cidade e se estendem às vilas e pequenas cidades, nas suas curiosas rotundas e circunvalações, nas opções de estradas e de auto-estradas paralelas entre si, são as famosas opções dos aeroportos, dos infinitos traçados de TGVs, das pontes endereçadas a Metros que demoram infinidades de tempo a chegar a seus destinos mas que rompem e destroem as malhas urbanas.

Infelizmente o Planeamento e o Urbanismo não são escolas nem exemplos deste País. Exercidos por engenheiros que tiram uns “Pós” de graduação a seguir a uns cursinhos de qualquer coisa e por uma classe de políticos parolos e deslumbrados que querem deixar marca por onde passam. (E que marcas não temos todos que pagar pelos próximos anos...)

Independentemente destes “gestores” serem mandatados para gerir, manda a Lei fazer “Consulta Pública” e manda a boa prática de gestão consultar as pessoas sobre certas opções. Por isso nem que eu quisesse acreditar na fórmula de representação, não me consigo rever nestas classes de incompetentes, prefiro que sejam constantemente obrigados a consultar e a serem escrutinados. Farto estou eu deste País que se gere de rédeas soltas.

Nota:
Como se vê pelo exemplo do Pedro Figueiredo, o arranjo da Boavista nem requer grandes estudos, nem grandes gastos. Bastaria aumentar os passeios, colocar umas árvores, retirando de lá o “lixo” que de certeza o arranjo em curso por lá vai colocar. (Mais um projecto sem qualquer consulta pública). A propósito, percebo que o Pedro tenha nas suas fantasias de esquerda a ideia que as “coitadas” das Mulheres a Dias que serviam a Foz seriam provenientes dos arrabaldes do Porto, mas ficaria admirado de saber da quantidade que mora lá.

De: TAF - "Segundo o Público..."

Submetido por taf em Terça, 2013-08-06 04:04

De: TAF - "O que se esperava ler e o que de facto foi escrito"

Submetido por taf em Segunda, 2013-08-05 18:17

Eu não tenho legitimidade para falar em nome dos habitantes do Centro Histórico, a não ser daqueles que explicitamente concordem comigo e me concedam esse mandato. Até lá, os representantes legítimos são as Juntas, a Câmara e a Assembleia Municipal.

A "calcadela no mindinho" também existiu no caso da Fontinha e em muitos outros casos em que discordei da Administração Local. Basta ler com atenção o que tenho vindo a escrever, de forma bem clara e explícita, ao longo destes anos todos. Em qualquer desses casos, e ao contrário de muitos outros "activistas", nunca me atribuí um mandato de representação de outros munícipes que efectivamente não tenho, e que só seria válido caso eu tivesse sido eleito. Defendo é que se cumpra a lei e que se usem os mecanismos legais para protesto e participação. É o que faço. Às vezes resulta antes das eleições seguintes. Detecta-se alguma alteração no meu discurso ou na minha atitude? ;-)

Neste caso concreto da Rua D. Hugo, por acaso se calhar não há mesmo legitimidade da autarquia em colocar aquela sinalização de trânsito que impede o exercício do direito de acesso dos residentes às suas habitações, dada a distância a que fica o estacionamento (e até paragem!) autorizado. Mas quem decide se é legítimo ou não será um tribunal, se for necessário chegar a esse ponto, e não eu. Eu tenho a minha opinião e luto por ela dentro da lei.

---
Quanto à proposta do Pedro para a Avenida da Boavista, simpatizo com ela. Não sabia é que, se considerarmos correcta a argumentação dele, não haverá mulheres a dias de direita. Ou, se existirem, não serão das genuínas, porque só a esquerda compreende o povo; a direita quer lá saber... Lá está, "nós é que sabemos verdadeiramente o que interessa ao povo"! ;-)

--
PS: É boa altura para percebermos finalmente que a fidelidade partidária obrigatória para militantes quanto a questões locais é até inconstitucional - "Somos os melhores em tudo".

De: Nuno Carvalho - "Sobre a legitimidade da CMP"

Submetido por taf em Segunda, 2013-08-05 17:44

Interessante ver até que ponto a nossa perspectiva sobre determinado assunto pode mudar radicalmente para o oposto daquilo que costumamos defender quando esse assunto é proporcional a uma calcadela violenta no dedo mindinho de um dos nossos pés. Obviamente que a coerência é um atributo irreal, sendo essa constatação essencial para uma forma humana de construção ideológica, ou seja, nunca ter a certeza absoluta de que o caminho que hoje me parece fundamental não possa, um dia, ser precisamente o seu contrário.

Todavia, parece-me importante que a avaliação de qualquer assunto político, sendo este político decorrente da Polis, seja resultante de uma perspectiva comum, e não individual, do que é a cidade e de como deve ser feita a sua gestão. Só assim, mesmo passando diversas vezes por alguma incoerência, podemos caminhar sem a esquizofrenia de andar de um lado para o outro consoante a necessidade individual de evitar as mais variadas calcadelas, as que nos dão e as que, mesmo insconscientemente, possamos dar.

Isto tudo a propósito deste, deste e deste post do Tiago. Ora, segundo o que conheço do Tiago, conhecimento esse essencialmente fundamentado nos textos que escreve, parece-me que estamos aqui perante uma sua incoerência. É que, segundo a sua, quase sempre, argumentação sobre casos que se passaram nesta Polis, a tal que se diz Invicta, a CMP tem sempre legitimidade para decidir variadíssimas coisas sobre o espaço da cidade e de quem nele habita, mesmo sem a necessidade de "ouvir" os habitantes. Porque o Tiago é defensor acérrimo do sistema da democracia representativa, considerando mesmo que, tal como teorizado por Friedrich Hegel, estamos no "fim da história", ou seja, atingimos o equilíbrio ideal nas sociedades humanas com o capitalismo e a democracia como apogeu da Polis. Esse sistema dá uma legitimidade total a qualquer representante, democraticamente eleito, durante todo o seu mandato, mesmo que tenha sido escolhido para esse mandato por razões diametralmente opostas àquelas que agora coloca em prática. O "povo" foi ouvido, ponto final.

Pessoalmente, tenho uma perspectiva completamente oposta a esta. Tive já varias situações de discussão com o Tiago sobre estas mesmas perspectivas, principalmente com o caso da Es.Col.A. da Fontinha e de algumas acções criadas pelo colectivo informal da casaviva. Confesso que me agrada que o Tiago, de repente, mesmo que decorrente de uma calcadela dolorosa no seu dedo mindinho do pé esquerdo, coloque em causa este "fim da história". Mas não posso deixar de lhe beliscar tenuamente o dedo mindinho do pé direito, dizendo-lhe, como ele várias vezes não se cansa de repetir, que tem sempre a opção de, no próximo acto eleitoral, mudar de representante... e se mesmo assim não ficar satisfeito, sempre pode emigrar para uma qualquer bouça isolada nas montanhas da serra da Lousã.

De: Pedro Figueiredo - "Proposta para a Avenida da Boavista"

Submetido por taf em Segunda, 2013-08-05 17:21

Avenida da Boavista

Eis a minha proposta para a Avenida, em "3D", mas sem distorções. É igual à que já existiu, e, paradoxalmente torna-a uma proposta nada conservadora e tudo revolucionária. Quando vemos o muito que o séc. XX construiu (e plantou) ficamos espantados. Quando constatamos o ainda-mais que o séc. XX destruiu e arrancou, ficamos envergonhados. Quando percebemos a miséria intelectual que preside à CMP ficamos com vontade de emigrar. Arrancaram árvores nesta cidade como se não houvesse amanhã! (Como é que o PSD tem mais de 10% nas sondagens, ainda?)

Avenida: Quando trabalhava perto de Serralves, vinham no autocarro dezenas de mulheres a dias, que, pelas 20h saem no Marquês,transvazando para o 701, 702 ou 703 em direcção às suas casas baratas do subúrbio, Areosa ou Ermesinde. Só chegam a casa lá prás nove da noite. No dia seguinte, nova rotina de hora e meia até à Casa de Sôtor que mora no Foco ou na Foz. Coisas que a direita nunca compreenderá. As linhas de metro para Gondomar (mesmo) ou Valongo (mesmo) são essenciais à cidade.

Qualquer subsídio estatal aos públicos transportes é subsídio directo à economia privada e ao complemento aos magros salários mínimos dos trabalhadores. ...Nem que seja, na funesta perspectiva dos patrões para que continuem a baixar os salários, já que o transporte da mão de obra é, em jeito de benefício, paga "com os nossos impostos". Perceber isto, é perceber quase tudo. Eu, se fosse boss quereria a todo o custo que os transportes públicos o fossem o mais e melhor possível, para bem do meu próprio lucro. Mas é esta a razão para as "divisões insanáveis" da direita portuense? Se assim fosse haveria razões inteligentes. (Mas não as há, antes baratas tontas, o que a gente "agradece", permanecendo a vontade de emigrar.)

De: Augusto Küttner de Magalhães - "Branqueamento de coisas?"

Submetido por taf em Segunda, 2013-08-05 17:05

Ainda quanto ao branqueamento de cartazes e de espaços, e no que nos mostra fica – por branquear, sempre - a candidatura do LFM. Veremos dentro de dias como decidem os tribunais, cá, em áreas que deveriam decidir a Assembleia da República. Qualquer dia pode a AR ser metade – ou menos! - dado ir tudo a decidir e “fazer“ em tribunais, o mesmo com o Executivo, OE, etc., etc... Mas se, por acaso, o que – nunca - não vai acontecer, LFM fosse não permitido concorrer, concorria à mesma… e até ganhava, não?