2011-10-30
Para que servem as classificações patrimoniais, então? Se é interessante, esta prorrogação dos processos pendentes de classificação patrimonial por parte do governo? É. Mas não é a mesma coisa dada a prática que temos em viver em Portugal...
Participei no Movimento Cívico pela Linha do Tua. Era para ser classificada. À última hora desclassificaram a Linha porque "não cumpria certos requisitos". Claro que não cumpria o requisito de não se localizar mesmo no sítio para o qual foi projectada uma inútil e monstruosa barragem. Ninguém tem coragem "política" para rasgar o respectivo contrato com a EDP, fiados vá-se lá saber em que "argumentos de interesse nacional". A Linha do Tua faz parte da minha infância. Não é uma questão ideológica.
Participei no Movimento pela Reabilitação do Bolhão. Após 20 anos (1992) do concurso público ganho pelo Arq.º Massena, não há agora dinheiro ("dizem") para o projecto possível assinado com o acordo do IGESPAR, depois de todas as tormentas que quiseram infligir a este património vivo, classificado e muito visitado pelos turistas... que não sabemos captar, para vergonha da CMP. (O que eles fotografam hoje no Bolhão é a vergonha de um edifício a cair). Sou comprador no Bolhão. Não é uma questão ideológica.
Participo no Movimento Mercado Bom Sucesso Vivo, porque "David contra Golias" foi ganho por David... Há um edifício mesmo ao lado - o Shopping do Bom Sucesso - que é ilegal e cuja demolição foi decretada por tribunais e ninguém o demole, por falta da tal "coragem política", apesar da ilegalidade. Ao Mercado do Bom Sucesso - edifício de reconhecida qualidade espacial interior - a sua classificação é usada para todas as hipocrisias: como "Património Municipal" só serve para as empresas sacarem descontos no IMT; como "Património Arquitectónico" não serve para nada. Já conseguiram, apesar da classificação, avançar com um monstruoso "projecto" que lhe destrói a espacialidade interior, desvirtua e expulsa os seus "habitantes" de 3 décadas... com a conivência de CMP, IGESPAR, silêncios governamentais, etc... E está de facto "classificado". De nada lhe serve.
De que serve então eu preocupar-me, perder o meu tempo e ganhar chatices, enquanto arquitecto, enquanto cidadão, enquanto "pessoa de esquerda"? Não serve de nada. É como as classificações: Não servem de nada, afinal. Classificar a zona do Carmo para, depois, não ter novamente "coragem" para retirar construções no meio do espaço público?... Construções fáceis de retirar, afinal elas são "amovíveis"... Lá estão. Continuam lá. Apesar da lei, apesar do IGESPAR, apesar de tudo.
E a classificação do Porto Património da Humanidade? 11 anos volvidos, o abandono não tem nome. Nem a CMP tem inteligência e vontade de "lançar a sua reabilitação". Só retórica e "Porto Vivo" de habitações a 200.000 euros. (Já as venderam? Às do Corpo da Guarda? Cada vez que passo por lá, as habitações parecem continuar fechadas. Não há luz. Não há cortinas...). Na sessão em que o Bloco de Esquerda se propôs censurar a CMP, foi argumentado por parte de quem não votou favoravelmente ser de pouco relevo para censurar "o facto de a CMP não apresentar publicamente os registos do património devoluto", o que é de lei e é absolutamente essencial á luz do que é necessário fazer no Porto... E ainda assim não é importante. Ninguém quer saber, Ninguém viu. "Eles" têm a maioria.
Para que servem as classificações, então? (Emigremos então, que se faz tarde.)
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Nota de TAF: por falar em Linha do Tua, Souto de Moura vai projectar central hidroeléctrica do Tua.
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"3. O Governo decidiu prorrogar até ao prazo máximo de 31 de Dezembro de 2012 a conclusão dos processos de classificação dos imóveis de interesse cultural, face ao grande volume de procedimentos pendentes acumulados nos últimos anos. Esta medida tem como objectivo impedir que os imóveis em vias de classificação fiquem sem qualquer tipo de protecção legal e, logo, em grave risco de perda ou deterioração do respectivo valor patrimonial e cultural."
"5. O Governo aprovou a orgânica da Direcção Geral do Território (DGT), que resulta da fusão da Direcção Geral do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Urbano, do Instituto Geográfico Português e do gabinete coordenador do Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental de Cidades (POLIS). A DGT tem como missão prosseguir as políticas públicas de ordenamento do território e de urbanismo, bem como a criação e manutenção das bases de dados geográficos de referência."
Descobri por puro acaso que a ADDICT (da qual sou sócio) está há vários meses, pelos vistos, ao abandono. Já era sabido que o Presidente da Direcção, não executivo, tinha assumido funções na Guimarães 2012. O que desconhecia era que a Directora Executiva, Ana Silva Carvalho, também saiu em Julho para a DGArtes. Restam por isso duas pessoas na equipa executiva, e o cargo principal continua vago. As coisas claramente não estão a correr bem na ADDICT desde a sua fundação; talvez seja altura de ponderar se não haverá melhor aplicação para as quotas que pago...
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Queria deixar aos leitores do A Baixa do Porto (e em resposta a Daniel Rodrigues) esta infografia que publiquei no meu blogue há um ano. O raio de 120 km desenhado à volta das duas metrópoles pode facilmente ser entendido como a área de influência dos respetivos aeroportos.
clicar para ver maior
À magnífica ponte de D. Maria parece que ninguém a quer... Nem Gaia nem Porto querem assumir a sua manutenção... Com o grau de abandono do Estado (a que chegámos) não se admirem que lhe possa acontecer o mesmo que à Ponte Hintze Ribeiro de Castelo de Paiva. Obrigatório admirar de perto quando se passar na marginal a este imponente lego de peças metálicas.
- Ver imagens em PDF: Ponte D. Maria e Ponte D. Luís I.