2011-03-06
As imagens servem de ilustração a "Hoje é 24 de Abril".
Através do seu site, a CMP lançou uma sondagem com a seguinte pergunta:
“Acha bem a Reabilitação do Mercado do Bom Sucesso?”
É óbvio que toda a gente está de acordo com a reabilitação do mercado, mas aquilo que está em causa é o modelo adoptado, que descaracteriza irremediavelmente o seu interior. Ou seja, a sondagem está manifestamente viciada.
Olá Francisco,
Até que enfim que chegaste à revolução! Desde sempre tens dito que a revolução por mim apregoada não era a tua mas afinal já cá estás. Bem vindo e não esmoreças que isto de se dizer de direita tem os seus inconvenientes.
Bem vindo à revolução.
Meus caros,
Muitos de nós que escrevemos aqui na Baixa do Porto andamos há anos a tentar provar que não são só os profissionais da política e os que vivem da politica que contam na hora de decidir os destinos comuns. A partir de amanhã vai ficar claro que o modelo de organização politica que conhecemos até agora faliu. Não que vai falir, mas que já faliu. Cabe a cada um de nós tomar nas suas mãos o seu destino, e é assim que vai passar a ser o destino comum. Os cépticos do costume vão arranjar umas piadas fáceis sobre o assunto, os comentadores do costume vão elaborar para si próprios as opiniões do costume mas há uma coisa que muda: percebemos que se não formos mais exigentes, se não recusarmos as convenções estabelecidas, vamos todos tranquilamente ao fundo. E isso não vamos definitivamente deixar que aconteça, nem que se tenha de virar tudo do avesso.
Acho que não há nenhuma geração que não esteja à rasca e por isso vou lá estar. Para dizer que me importo, claro.
Até amanhã.
Francisco Rocha Antunes
- A propósito da manifestação de amanhã na Batalha, a minha crónica no JN: "Hoje é 24 de Abril" - (Neste texto há um erro meu de Português, para o qual fui avisado e por isso agradeço por Abel Passos: onde está "de encontro às bases" leia-se "ao encontro das bases").
- A Antena 1 focou hoje este projecto de recuperação de uma ilha na Vitória, e entrevistou-me: em áudio (aos 17m42s) - também link mp3
- Tous propriétaires : la fin d'un mythe, sugestão de Teodósio Dias
- Verbas do TGV não podem financiar Metro do Porto, sugestão de Nuno Oliveira
- Pela reabertura da rota Ryanair Estocolmo-Porto / Porto-Estocolmo, sugestão de Correia de Araújo
- As SCUT no interior do país, sugestão de Rui Rodrigues
- Geração Tua (respondendo ao apelo do Sr. Presidente da República), sugestão de Nicolau Pais: "Passo a publicidade, mas porque a parte deste meu artigo respeitante à ferrovia em geral e à Linha do Tua em particular foi instigada em boa parte pelo que pude ler neste blogue, gostaria de convidar a todos para a leitura do meu texto desta semana no Jornal de Negócios"
Sugestões de Pedro Rios:
- O protesto da Geração à Rasca no Porto nasceu com uma pergunta no Facebook
- Morreu o sem-abrigo espancado na Areosa
- O café-concerto do Rivoli é agora o Café-Teatro Rivoli – e não foi só o nome que mudou
O Governo endivida-se mensalmente e dá os jovens e o seu futuro como garantia, sem que nenhum deles assine ou tenha conhecimento dos termos em que se hipoteca. Os bebés que nasçam neste país já tem parte dos salários hipotecados, por conta desta recorrente “não ajuda” solicitada à Europa. Não há investimento onde o activo está hipotecado, reclamar emprego é infrutífero, enquanto não se alterar a política governativa no país.
Apoio a manifestação na Batalha, espero que se consiga transmitir que não há parvos, o que há é ditadura da Administração Pública, que inclui os nossos representantes, a Assembleia, que impedem que se reaja a situações como esta:
- Desrespeito reiterado pela Constituição Portuguesa
- Impostos Retroactivos
- Retenção indevida de IVA
- SCUTs que não respeitam os tratados Europeus
- Precariedade da Justiça
- Sombra na virtude Governamental
- Marketing e propaganda política enganosa
Parvos não, calados por força do regime democrático e de maioria. Força Juventude.
Cristina Santos
Ps: Gostaria de esclarecer que não fui comprada por nenhum partido da oposição.
A manifestação de cidadãos de Sábado, apartidária e pacífica, irá passar também pela Praça da Batalha no Porto. Nas reacções da maioria dos comentadores profissionais é transversal uma postura que roça o provocatório, descrevendo os problemas e reinvindicações das gerações "à rasca" como sintomas de falta de empreendedorismo e facilitismo na educação, concluindo que o direito à manifestação pacífica é um capricho "malcriado e barulhento".
Admitindo que existe uma má distribuição de cursos e vagas e uma falta de cultura de investimento e valorização de competências, é impensável atribuir apenas a estes dois factores os números monumentais: mais de 600.000 desempregados para uma oferta agregada de 90.000 empregos a dado momento; 9 em cada 10 novos anúncios de emprego são precários (e mesmo abertamente ilegais); 75.000 novos emigrantes todos os anos e mais de 20% de desemprego para quem está na idade de constituir família (20-35 anos). São números catastróficos e chamar ao inconformisto face a toda esta situação inédita um "capricho de miúdos no Carnaval" é no mínimo estar alheio à realidade e no máximo pactuar com a aniquilação da prosperidade do país a longo prazo.
Para ser produtivo proponho duas medidas (não serão as únicas) a implementar imediatamente, somente para alívio desta situação inaceitável:
1. Dotar a Autoridade das Condições para o Trabalho de recursos e alterações aos seus estatutos que permitam a fiscalização global e imediata a todas as empresas e instituições públicas de todo o país num prazo de 2 anos, sem excepções, aplicando um regime especial que permita a execução imediata de coimas e/ou integração dos trabalhadores em situação irregular nas empresas ou instituições infractoras. A impunidade na violação das leis laborais causou esta "mina de ouro" para Departamentos de RH e ETT que é a fuga às obrigações. Um regabofe que dura há anos. É mais um dos problemas de justiça do país, injusto para os trabalhadores e também para empresas que se levam a sério e que competem contra abusadores.
2. É urgente uma reforma de arrendamento. As alternativas à gozada "casinha dos pais" são a demência do agora (felizmente) inatingível crédito "fácil" a 50 anos ou uma renda impossível de pagar porque o senhorio tem, obviamente, de ter uma margem de lucro. E troçam (mais uma provocação imbecil) por se viver na dependência da família - que sugerem como alternativa, mais endividamento privado do país ou mais incumprimento no pagamento de rendas? O acesso ao arrendamento barato (que garanta o retorno do investimento aos proprietários) combate a pobreza e apoia alguma autonomia e estabilidade a médio prazo.
É um equívoco achar que os jovens queiram ter emprego para a vida quando protestam porque não querem viver em biscates descartáveis de 6 meses sem quaisquer direitos. Infelizmente o mercado de trabalho anda entre estes dois extremos, ambos totalmente irrealistas para sustentar economicamente ou mesmo demograficamente o país. É disparatado achar que isto é iniciativa de partidos da oposição quando pessoas nesta situação estão por toda a sociedade.
Eu vou.
Nuno Oliveira
Hoje transgredi!
Resido na baixa do Porto e de Santa Catarina à Rotunda desloco-me a pé.
Hoje transgredi!
Fui ao Largo da Maternidade e, como se tratava de uma emergência, hoje foi um dia com carro.
Hoje transgredi!
O estacionamento da maternidade está encerrado para a construção do Centro Materno-Infantil e no exterior não existe estacionamento suficiente.
Hoje transgredi!
Estacionei em cima do passeio, no único lugar disponível, para assistir ao nascimento iminente de um filho.
Hoje transgredi!
Quando regressei, a Polícia Municipal tinha zelado pela eficácia da circulação automóvel.
Hoje transgredi!
E fui encontrar o meu carro, uns metros mais abaixo, no estacionamento dos carros aprendidos pela Polícia Municipal.
Hoje transgredi!
E assim trata a cidade os seus habitantes.
Hoje transgredi!
E hoje adquiri legitimidade para transgredir. Obrigado!
Camacho Simões
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Nota de TAF: parabéns por mais um portuense! :-)
De um modo geral não sou contra as privatizações. Porém, há sectores de actividade que, pela sua intrínseca natureza, desempenham um papel fundamental no âmbito dum verdadeiro serviço público e social. Ora, numa altura em que, pel'A Baixa do Porto, o tema "Património Ferroviário Nacional" tem vindo a ser sobejamente debatido, aqui deixo este vídeo para reflexão.
Correia de Araújo
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Nota de TAF: várias ligações e sugestões pendentes serão publicadas mais logo.
... Se eu não encontrar uma solução até final desta semana. Falta um investidor para apenas 100.000 euros mas, por razões sobre as quais tenho vindo a escrever, tem sido extraordinariamente difícil encontrar sequer quem queira estudar em conjunto casos concretos de reabilitação urbana, quando mais decidir participar.
Depois de longo e intenso esforço para avançar com a reabilitação deste local fantástico no Morro da Sé, em que se venceram inúmeras dificuldades e deram passos significativos na montagem do negócio e no estudo feito pela Arq.ª Adriana Floret, está agora prestes a suceder o mesmo que em tantos outros casos: fica tudo em águas de bacalhau pela inércia da iniciativa privada e, neste caso concreto, dos detentores de capital próprio. Pacíência. Continuarei a tentar.
Edifícios existentes antes da demolição, há alguns anos
Eventuais interessados: taf@etc.pt, 916.630.396
PS - Já estou a imaginar algumas reacções a este texto: "então e o Estado", "os bancos", "os fundos de investimento imobiliário", "o capital de risco", ... Nada disso, tiro ao lado. O problema principal reside na dificuldade em comunicar com as pessoas, com os investidores individuais Fulano A e Fulano B. Os "institucionais" não têm perfil para estes projectos. Claro que podia haver mais apoios do Estado, leis melhores, uma intervenção mais activa da SRU. Tudo isso ajudaria, mas o ponto não é esse. É que, se tivesse capital disponível, eu não teria dúvidas em investir já.
Dado que o tempo é um bem (muito) escasso, vou tentar aproveitar para abordar alguns temas que "andam por aí"...
Reorganização autárquica: Genericamente diria que sim. Sim, porque não se justificam 4 freguesias com menos de 5.000 eleitores (Sé, São Nicolau, Vitória e Nevogilde). Já ouvi por aí argumentos do género "as pessoas de Nevogilde são de Nevogilde e não da Foz". Não concordo. Quem é das Antas nunca se lamentou por administrativamente ser de Campanhã. Não é por isso critério. Na minha opinião, os critérios a considerar deveriam ser a densidade populacional, a área, e a distância entre a Junta e os limites da freguesia.
Porquê reorganizar?
- Temos de cortar na despesa da administração local. E há que escalonar prioridades. Os cidadãos preferem manter as actuais escolas primárias ou manter as juntas de freguesia? Preferem manter um posto de saúde com proximidade ou uma Junta?
- Será uma oportunidade para redefinir limites que remontam a outra configuração de cidade.
- 2013 será fim de mandato para muitos presidentes. Não é um argumento racional, mas retira "chama" ao lobbismo do poder local.
Por outro lado, essa reorganização deve vir acompanhada de um acréscimo de autonomia e competências. Ganhará a CMP que irá focar-se nas suas competências core, ganharão as freguesias que passarão a ter desafios e orçamentos reforçados e por isso mais estimulantes e finalmente, e talvez mais importante, poderá significar maior proximidade entre os cidadãos e o poder local na figura da junta de freguesia.
Cartão do eleitor (CE): Estive numa assembleia de voto e por isso "senti" juntamente com os outros colegas exactamente o que se passou no dia 23 de Janeiro. Eu adicionaria, por isso, mais 3 entidades que contribuíram negativamente para esse acto menos feliz de democracia:
- A agência que tutela a emissão do Cartão do Cidadão (CC). Quando renovamos o CC, a informação é díspar: informam que o CE não necessita de ficar com o cidadão, e pior, não informam que a actualização de residência interfere no recenseamento (que é automático);
- Juntas de Freguesia: A dispersão dos locais de voto deveria obedecer a regras de habilitação do espaço. Não se deveriam desdobrar mesas em locais onde não há um telefone, um computador com acesso à rede e ao caderno com todos os eleitores da freguesia. É lamentável como se aceitam locais sem uma rampa para idosos ou sem aquecimento;
- Os eleitores: se votar é um direito então deveríamos estar à altura desse direito. Certificarem-se que estão em condições de ir votar não tiraria mais de 5 minutos. Ligar para a linha de apoio, consultar o site ou ir à junta teria atenuado o problema.
Socializar depois do trabalho: Fiquei agradavelmente surpreendido com um artigo que li na Time Out sobre Low Cost no Porto. São já vários os locais (bares, cafés etc..) com o conceito de Happy Hour entre as 18 e as 21 no que diz respeito a bebidas e aperitivos. É certo que o conceito é importado, mas nos dias que correm considero positivas todas as iniciativas que promovam a qualidade de vida. É que, no reverso da medalha, sofremos em geral uma maior pressão profissional muito em parte fruto da crise e da precariedade.
Manif "Geração à rasca" numa palavra: Finalmente! A democracia precisa de participação, mobilização e discussão. Os nossos opinion makers regionais e nacionais não são representativos de uma faixa etária compreendida entre os 16 e os 35 anos. Por outro lado, não poderemos estar sempre à espera que outros protestem e que contribuam para a mudança sem sermos parte activa, e sobretudo, interessada. O grande motivo que me leva a estar interessado em participar não é lutar contra a precariedade ou contra a flexibilidade laboral, é despertar consciências. O Estado pode aperfeiçoar e criar mecanismos para regular o mercado laboral, mas não é um veículo de mudança. Exemplo: pode (e deve) minimizar os cursos sem saída (História, Filosofia, Psicologia etc..), diminuir as vagas absurdas (Direito, Economia, etc.).
A mudança está na atitude: exportar, empreender, procurar oportunidades e adaptar o nosso conhecimento às necessidades do mercado laboral etc.. Essas são (algumas) das ferramentas para cada um dos jovens tomar conta do seu futuro.