2011-02-20

Segundo notícia do jornal Grande Porto, o filme que neste momento passa no Batalha é: investidores a queixarem-se ser absurdo a obrigatoriedade de que qualquer investimento a fazer-se no Cinema Batalha tenha que ser de cariz cultural...

Eis, caro José Mildmay, uma faceta recorrente no investidor português... A sua desconfiança face à Cultura... A sua falta de sentido de risco... Pois se os investidores tivessem sentido de risco apostariam segundo a sua própria visão cultural (nebulosa) em Cultura... E no entanto parece estar provado estatísticamente e na prática que, em toda a Europa, a "Cultura" representa um investimento que acresce o PIB dos países em valor considerável... O que os "Investidores Desaparecidos" andam a perder em Portugal e no Porto.

Outros dados:

  • 1 - O orçamento de Estado para este ano - aprovado pelo PSD e PS - previa para a Cultura cerca de 1/10 do orçamento para a Defesa... Não parece revoltante. E no entanto chamo a isto deitar dinheiro fora. Sem retorno. Todo o investimento em defesa é dinheiro deitado ao lixo.
  • 2 - Um investimento que eu recomendaria a Investidores de Coragem: projecto para transformar (com a aprovação do Estado, claro) não-lugares obsoletos como o Quartel da Praça da República num espaço cultural. Por exemplo.
  • 3 - Impressionante a reacção Neanderthal de Rui Rio à pergunta feita pelo Arq.º Correia Fernandes sobre o que faria a Câmara ao Cinema Batalha: nada. Foi a resposta. Não é com a Câmara pelos vistos que um magnífico edifício e Cinema ex-libris estar a degradar-se a olhos vistos num dos sítios mais nobres da cidade... Defendo uma vez mais a saída de Rui Rio, antecipadamente, para que haja novas eleições no Porto. O senhor não é digno desta cidade mui nobre e leal.
  • 4 - Defendo que o Batalha seja a sede do Cineclube e que esta entidade passe a gerir aí a Cinemateca... A própria CinematecaSitio central. Cinema. PIB a aumentar. Reabilitação à vista.

12 de Março – Praça da Batalha

Protesto

Também eu anseio em recuperar o investimento que fiz durante uma série de anos a tirar um curso superior... Eu e muitos jovens mais novos a quem foi “prometido” um retorno do nosso “investimento”. Retorno este que tem chegado sob a forma de falsos recibos verdes, baixo salário, estágios não remunerados, desemprego em geral... Arquitectos, advogados, empregados do Metro, empregados de balcão: todos iguais, todos precários... Como potencial investidor na Reabilitação deste país ingrato, convido a Juventude do Porto e o “Precariado” em geral a participar numa acção de Protesto da tal geração “qualquer coisa”. Vamos inverter o esquema em pirâmide social com que nos querem enganar...

«O retraimento dos potenciais senhorios tem a ver com a actual e ineficaz lei do arrendamento, com um tratamento fiscal desfavorável e com o estado calamitoso da Justiça portuguesa. Parece que está a tornar-se hábito alugar casa, deixar de pagar a renda ao fim de um ou dois meses e esperar, continuando a habitar a casa, que o senhorio consiga um efectivo despejo, o que demora largos anos.»

Francisco Sarsfield Cabral expressa aqui uma opinião exactamente igual à minha acerca do problema da ausência de investidores para a recuperação urbana. Qualquer pessoa, com os chamados "dois dedos de testa" mínimos, já percebeu que a solução para isto terá que passar por uma verdadeira Revolução - daquelas com R grande e a sério e, muito provavelmente, com alguma violência à mistura. Portugal foi sempre irreformável.

De: TAF - "Alguns apontadores e sugestões"

Submetido por taf em Sexta, 2011-02-25 02:13

De: José Mildmay - "Falta de investidores"

Submetido por taf em Sexta, 2011-02-25 00:40

Haverá falta de investimento no centro do Porto?

Então o que é que se está a fazer no edifício das Cardosas? E no Mercado Ferreira Borges? E no antigo Águia D'Ouro? E na antiga CUF (Sá da Bandeira)? E no Palácio das Artes da Fundação da Juventude? E nas múltiplas empresas, lojas, galerias, restaurantes, etc. que estão a abrir na Galeria de Paris, em Passos Manuel, em Cedofeita, no Almada? Não é isto investimento? E no espaço público? Nos Aliados, em Parada Leitão, em Carlos Alberto, etc.? E na rede de Metro? Não é isto também investimento?

Há investimento, e muito... Era preciso mais? Era! Podia ser melhor? Talvez. Está a alterar a paisagem da Baixa? Está. Há meia dúzia de anos, nada ou quase nada disto existia. O que é que mudou? Que me lembre, no que diz respeito à conjuntura económica, só piorou... Então, o que é que mudou para que tantos "aventureiros" estejam a ser atraídos pela Baixa do Porto? Vieram ao engano?...

Não há investimento em habitação? Quem o pode provar? Quem dispõe de dados fidedignos? Não há oferta? Sabem quantos imóveis, casas/apartamentos, estão anunciados para venda no site Lardocelar, só na freguesia de Santo Ildefonso? 390. Sabem quantos foram introduzidos nos últimos 180 dias: 277. Está tudo a cair? Não parece... E já viram os preços?...

Tantas histórias, quantas perguntas (B.B.)
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José Mildmay

Sem sombra de dúvida que o 1º exemplo, e que ainda se mantém bem vivo, de algo em que culturalmente se pensa quando se fala no Porto, é Serralves. E Serralves, apesar da crise, apesar dos cortes orçamentais, apesar da falta de dinheiro de todos nós, continuará a ter de conseguir ser parte integrante da Cultura do Porto, do Norte e do País. Para além do Museu de Arte Contemporânea, tem o Auditório onde, e muito necessariamente, voltou a haver excelentes conferências de 5ªs feiras à noite, para além da sua envolvente com um belo Jardim, dentro do Porto, evidentemente menos aproveitável em meses de forte chuva, como estão a ser os destes invernos últimos. Serralves é Serralves e deve continuar a ter de o ser, mesmo que com menos dinheiro, que implicará em tudo e em todos mais poupar. Mas também temos a Casa da Música com um espaço cultural, como O Espaço onde também se pode bem-estar, não só para Música ouvir, mas para só “estar”, visitar, ler, ver. E as zonas são várias onde se pode deambular pela Casa da Música e bem se pode estar, no espaço alargado que é o Bar dos Artistas a todos acessível, no piso O.

Ou seja, temos no Porto, a par de outros locais menos recentes, dois exemplos de que o Porto faz bem, a bem da Cultura. Sendo que, sem nenhum destes locais perder a sua identidade e a consequente independência, deveria ter de ser feito um esforço de forte interligação, de complementaridade, dado que não havendo possibilidade de concorrerem entre si podem complementar-se entre si! E espera-se que na onda da crise, mas também pensando em formas diferentes de a ultrapassar, estes dois espaços tão próximos um do outro, dentro do Porto, façam uma discriminação positiva ao que pelo País existe, no sentido de que quem for a Serralves seja incentivado a ir de seguida à Casa da Música e o inverso também, e sempre, aconteça.

Somos pequenos demais para continuarmos a viver em “ilhas isoladas”, algo que muito nos caracteriza, nomeadamente no mundo dos negócios e também na Cultura, com a defesa excessiva de “cada quintal”, logo teremos de fazer mais para unir, para mais crescer, e menos estar de costas voltadas uns para outros, apostando em beneficiar a Cultura, o Porto, o Norte – como um todo, - e claro o País, como um conjunto – sem nunca perder as características próprias que a cada bem definem. Esperemos para ver, para sentir, para estar no Porto, no Norte, com mais inter-vida entre a Cultura de Serralves a Cultura da Casa da Música, os espaços Serralves e espaços Casa da Música, e tendo por perto uma âncora comum, o Aeroporto Sá Carneiro um dos melhores do mundo, à sua escala, ponto de chegada e de partida, que também é pólo de atracção a Braga, Guimarães, Famalicão, Aveiro, Douro e até Galiza. Unidos e sem perder as características próprias, talvez possamos "ser" bem melhores!

De: Campo Aberto - "Começa hoje, Ciclo 5 anos de PDM, 21h15"

Submetido por taf em Quarta, 2011-02-23 19:32

Começa hoje, Ciclo 5 anos de PDM, 21h15 no Clube Literário (Rua Nova da Alfândega, 22)

Assinalando o 10.º aniversário da sua fundação, ocorrido em 29 de Dezembro de 2010, a Campo Aberto - associação de defesa do ambiente vai promover, com início na quarta-feira 23 de Fevereiro, um ciclo de debates que percorrerá os mais importantes aspectos desses instrumentos de ordenamento territorial urbano. A esse respeito, a Campo Aberto deseja desde já chamar a atenção para as pressões a que tem sido sujeito o PDM em vigor. A nosso ver, essas pressões têm como resultado criar uma incerteza deletéria entre o objectivo de cumprir a lei e as tentativas de a contornar, entre uma prática que prestigia o PDM e outra que cria derrogações em excesso e o banaliza.

A primeira sessão será dedicada à avaliação política da utilização que foi dada a este instrumento de planeamento urbanístico e contará com a presença de representantes dos diferentes partidos representados na Assembleia Municipal do Porto, nomeadamente José Castro (BE), Pedro Moutinho (CDS-PP), Rui Sá (PCP), João Diogo Alpendurada (PSD) e Correia Fernandes (PS). A Campo Aberto pretende com esta iniciativa promover o debate, aprofundar ideias e fomentar a apresentação de soluções quer por parte da nossa associação quer dos cidadãos do Porto.

De: António Alves - "O estranho caso dos investidores desaparecidos"

Submetido por taf em Quarta, 2011-02-23 19:23

Embora tendo alguns conhecimentos de sociologia e economia não me atrevo a apresentar aqui qualquer estudo conclusivo sobre a tão discutida ausência de investidores para a reabilitação urbana. Vou limitar-se a fazer uma pequena análise que a minha percepção da realidade permite.

Na minha modesta opinião julgo que o repovoamento da Baixa não será feito recorrendo ao mercado da compra e venda de habitação própria com recurso ao crédito bancário. Este mercado, actualmente em retracção acentuada nos seus segmentos médio e baixo, não se ajusta ao objectivo em causa. Os filhos dos que abandonaram a cidade para os concelhos limítrofes, aqueles que poderemos recuperar para repovoar o Porto, já perceberam o logro em que os seus pais cairam e não pretendem ficar cativos de um crédito bancário que os agrilhoará a uma casa e a um local praticamente por quase toda a sua vida profissional activa. No mundo de hoje salvaguardar a mobilidade é fundamental. As estratégias de gentrificação também já demonstraram que terão um sucesso muito limitado e localizado ou que estarão mesmo condenadas ao fracasso. A solução está no mercado de arrendamento a preços compatíveis para quem não aufere salários muito elevados e está em início de carreira.

Descoberto então o mercado adequado porque razão não aparecem investidores? As causas não devem ser procuradas nas características específicas da urbe portuense nem em análises psico-sociais dos investidores. As causas são de âmbito mais macro e só serão resolvidas no âmbito político nacional. As causas são a falta de flexibilidade da actual legislação que rege o mercado de arrendamento, o regime fiscal desfavorável e o colapso do sistema de justiça. Sem um mercado verdadeiramente liberalizado, com regras flexíveis e claras, um regime fiscal atractivo, e, principalmente, sem um sistema de justiça rápido e eficiente que resolva potenciais conflitos entre senhorios e inquilinos, de um modo justo e em tempo economicamente útil, compreendo que não apareçam investidores.

Poderão agora dizer que assim sendo não acredito na recuperação de população para a Baixa do Porto a médio prazo. É verdade, infelizmente não acredito. Espero estar enganado.

"... a enquadrar o privado no acto da reabilitação"

1 – Pela razão de que são necessárias pelo menos duas alterações legislativas complementares, entre outras possíveis razões... Uma destas alterações é de política económica, a outra é de política social. Como em quase tudo, se a uma alteração de política económica não se verificar uma alteração de política social, há desiquilibrios que se criam... Porque "o sistema" já é de raíz desequilibrado.

2 – Segundo o Arq.º Rui Loza – ver em podcast "Sociedade Civil" sobre Reabilitação – para que "a" Reabilitação seja exequível/rentável o aumento das rendas mais antigas/baixas tem de se verificar a uma velocidade igual ou superior à velocidade da degradação corrente das casas. Lógica "pura"...

3 – O aumento das rendas e a facilidade para os despejos (política económica) só se pode dar na minha opinião com o devido complemento do aumento dos rendimentos (política social). Esta política social a complementar aquela política económica. É a política já prometida há décadas por várias gerações de "políticos" (charlatões) do AUMENTO (exponencial) DAS PENSÕES DE REFORMA MAIS BAIXAS. Sem este aumento dos Rendimentos, o aumento das Rendas será um desastre social, e nem sequer "a" Reabilitação passará.

De: Cristina Santos - "Aparte um Governo de visão, não nos falta nada"

Submetido por taf em Terça, 2011-02-22 16:33

Soumodip Sarkar no livro “Empreendedorismo e Inovação” diz-nos que na China o reality show mais visto dá pelo nome de “Wise Man Takes All”, em concurso está o melhor plano de negócios. Enquanto isso, na Europa o programa mais visto dá pelo nome de “Big Brother”.

Portugal faz parte da Europa. Para os mais incrédulos relativamente a esta pertença, argumenta-se que Lisboa dá nome à “espécie” de constituição Europeia, a Europa pode ser encarada como um ambiente “que requer elevado nível de empreendedorismo” aos estados membros, uma vez que reúne tecnologia em constante desenvolvimento, produtos e processos complexos de produção, competitividade no potencial máximo e diferentes indústrias. Portugal tem uma geração capacitada, bem formada, como nunca teve. Então, se estamos integrados no ambiente propício, se temos formação, porque não empreendemos? Não temos capital? Bem, mas temos formação para fazer planos de negócios alavancados por crédito e rentáveis, e sabemos como fazê-lo, de cor e salteado.

Só não temos, quanto a mim, um Governo de visão estratégica, uma cultura que suporte o fracasso, que trate o risco como natural, que incentive a iniciativa, que forme adultos cada vez mais e de forma contínua. Uma visão que inclua no plano estratégico deste país as terras remotas e a exploração das suas potencialidades, a visão do país como um todo, reunido e centrado no goal – Europa. E todos a produzir, porque quando assim for não haverá desculpas, é necessário colocar o país a laborar, temos a teoria, onde a podemos por em prática?

Não foi a ADDICT que falhou, nada resulta enquanto não conseguirmos ver Portugal alargado ao periférico, e assim avistar a Europa. Temos de nos livrar destes Governos PINeais, se é que o termo existe.
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Cristina Santos

De: Daniel Rodrigues - "Financiamento e investidores"

Submetido por admin em Terça, 2011-02-22 16:27

Permita-me um muito breve comentário:
"A motivação principal para um investidor é obter lucro. Dantes ainda existiam aplicações financeiras de risco baixo com taxas razoavelmente atractivas que, à falta de alternativas, seriam a escolha normal. Agora o sistema financeiro não propõe soluções interessantes. Daí que a procura activa de bons negócios, com o equilíbrio adequado risco/remuneração, seja uma necessidade de quem tem liquidez para aplicar."

Considerando isto (Bilhetes do Tesouro com juros próximos dos 4% para o investimento a um ano), tem o Tiago de concordar que o sistema financeiro precisamente oferece soluções interessantes, e de escala!

O Tiago faz uma correcta avaliacão referente aos problemas: Ou o "projecto é mau e afasta investidores sensatos", e a "a divulgacão é má", ou eles não querem discutir. Eu adicionaria o seguinte: não obstante o mérito das propostas e do potencial do investimento, um investidor sensato sabe que o mercado imobiliário está com problemas, e à partida não olha sequer para esse mercado. Sobretudo, toma em consideração as dificuldades legislativas, e avalia que o risco é elevado, sobretudo tendo em consideração os juros que o Estado está neste momento a oferecer na sua dívida. Parece-me que esta premissa tem de ser aceite: o investimento é arriscado, e a alternativa mais atractiva. E sobretudo, que o mercado imobiliário não é, na visão de um investidor individual, a galinha dos ovos de ouro. E sejamos francos: esse não é um modelo de financiamento low cost, mas que pretende lucros significativos. Porque não, então, arriscar de outra forma, construir um financiamento low cost?

Vejo duas alternativas: ou manter o ponto de vista "grande", mas dirigir-se a fundos de investimento imobiliários (estrangeiros ou portugueses), que conhecem os negócios, têm de investir nesse mercado, e podem ver a oportunidade e contribuir para melhorar o projecto com uma visão profissional, ou criar-se um fundo imobiliário (ou emissão de obrigações), dedicado a investir na Baixa do Porto (e, claro, a dar lucro acima do investimento alternativo ;-)), e utilizar os muitos investidores que não têm 100.000 ou 1 milhão de euros, mas estão dispostos a comprar 1.000, 2.000, 5.000, 10.000 euros de títulos de participacão nesse fundo, e querem ver a Baixa recuperar, estando por isso dispostos a fechar os olhos ao risco elevado que efectivamente existe.

Cumprimentos,
Daniel Rodrigues

De: TAF - "Alguns apontadores e sugestões"

Submetido por taf em Terça, 2011-02-22 14:29

De: TAF - "O mistério dos investidores desaparecidos"

Submetido por taf em Segunda, 2011-02-21 23:08

José Mildmay coloca aqui algumas perguntas pertinentes às quais vou tentar dar resposta, embora infelizmente de modo um pouco telegráfico por falta de tempo.

1) É conhecido por todos o lastimável estado de significativas áreas de muitas cidades, bem como de muitos edifícios de valor fora dos centros urbanos.
2) É conhecida também a grande procura de espaços (especialmente de habitação e para arrendamento) no centro das cidades, sem que haja oferta adequada.
3) O tema da reabilitação urbana tem vindo a ser debatido e divulgado há já muitos anos, e está agora na moda. Até a CIP realizou um estudo sobre Regeneração Urbana, a que recentemente deu grande destaque mediático.

Neste contexto, como se explica que o volume de obras de reabilitação em Portugal seja tão pequeno? Como se explica que no evento em causa, numa sala cheia, tenham estado pessoas de todas as áreas de intervenção (arquitectos, engenheiros, senhorios, mediadores, potenciais inquilinos, ...) excepto investidores? Nem um? Os investidores viverão num mundo paralelo onde a informação não chega? Junte-se a isto a minha experiência já com muitos anos de contacto directo com dezenas de potenciais investidores, apresentando projectos concretos. Juntem-se experiências semelhantes de muitas outras pessoas, que sei existirem, igualmente com sucesso limitado.

Podemos em teoria admitir que os nossos projectos são muito maus e portanto afastam qualquer investidor sensato. Ou que somos totalmente incapazes de divulgar as oportunidades de negócio e os eventos que organizamos. Será isso realmente provável? Eu estou convencido que o problema está mais do outro lado, principalmente por uma razão: nem sequer para criar e analisar em conjunto operações de reabilitação se consegue sentar um potencial investidor à mesa com promotores sem capital próprio. Nem que fosse para ao fim, depois de ponderada uma eventual parceria, dizerem que não. Eles pura e simplesmente não discutem o caso. (Há sempre notáveis e honrosas excepções, não quero também generalizar demais.)

A motivação principal para um investidor é obter lucro. Dantes ainda existiam aplicações financeiras de risco baixo com taxas razoavelmente atractivas que, à falta de alternativas, seriam a escolha normal. Agora o sistema financeiro não propõe soluções interessantes. Daí que a procura activa de bons negócios, com o equilíbrio adequado risco/remuneração, seja uma necessidade de quem tem liquidez para aplicar.

Continuando a generalizar um pouco, eu diria que para quem está dentro deste tema da reabilitação parece óbvio que há bons negócios à espera apenas de capital. Ao contrário, para os detentores de capital parecerá evidente que não há oportunidades potencialmente lucrativas que sejam minimamente sólidas. É a "bolha do imobiliário", a "crise", a suposta "falta de procura", etc. Há aqui, portanto, um evidente problema de comunicação. Não atribuo culpas a ninguém, limito-me a fazer o melhor que sei para o ultrapassar.

PS: Eis um exemplo ilustrativo. Há pouco tempo, quando a CIP publicou o tal estudo, solicitei apoio à Direcção da CIP no sentido de estabelecer contacto com potenciais investidores nesta área, já que as tentativas que tenho vindo a fazer nas relações que possuo se têm revelado pouco frutuosas. A resposta da CIP foi a de que o seu papel se esgotava na publicação do estudo e não incluía a divulgação de oportunidades concretas de negócio junto de detentores de capital que eventualmente conhecesse... É um bom retrato de Portugal.

PS2: Outro fenómeno, que deverá ser um bom caso de estudo para sociólogos, é a extraordinária renitência em investir de tantos portugueses com grande património pessoal e até envolvidos em actividades de cidadania com muito mérito, em particular no Porto. Quando são convidados para estudar parcerias para novos negócios, escusam-se com simpatia e remetem para investidores institucionais (que não têm o perfil minimamente adequado para as propostas em causa). "Dão as tácticas", mas arriscar dinheiro deles é que não.

Sr. Tiago A. Fernandes,

Por que é que acha que a sua tese, de que faltam investidores, ficou provada?
Por que é que não aventa outras hipóteses para o que afirma ser o flop da iniciativa?
Por exemplo: a quantos investidores chegou a mensagem? Que é que, na mensagem, os poderia atrair? Que motivações concretas teriam para estar presentes?
Que esforço concreto foi feito para os chamar?
A iniciativa parecia ter todo o sentido: até teve um número elevadíssimo de participantes!, nas suas palavras. O que é que, de facto, falhou?
Sem uma avaliação concreta das questões que coloco, julgo que é apressado concluir de que faltam investidores...

Com amizade e estima,
José Mildmay

De: TAF - "ADDICT, reabilitação, capital, ..."

Submetido por taf em Segunda, 2011-02-21 01:30

Uma nota rápida sobre o Clube ADDICT de Sexta-feira passada.

Na Ribeira


Do ponto de vista do contacto com investidores, este encontro de que fui co-organizador foi um total e absoluto flop: não apareceu um único... Nada que não estivesse à espera. No entanto acho que valeu bem a pena a iniciativa. Por um lado a minha tese de que faltam investidores ficou mais que provada, o que permite começar a envolver outras pessoas/entidades numa procura sistemática de soluções para esse problema. Por outro lado porque se conheceram muitas pessoas (um número elevadíssimo de participantes!) que poderão passar a trabalhar de forma mais coordenada, e cujo interesse na Baixa e no Centro Histórico (mas também fora do Porto) ficou perfeitamente evidente.

Mas atenção: na reabilitação urbana não há "vitórias morais". Ou se conseguem resultados palpáveis, ou fracassamos. Na presente conjuntura há vários fenómenos que se verificam em paralelo:

  • faltam habitações e espaços de trabalho com custos suficientemente baixos para os potenciais ocupantes;
  • há muito espaço desocupado e por reabilitar no centro das cidades (mas não só), que constitui um custo e uma preocupação para os proprietários, em vez de ser uma fonte de receita;
  • há falta de emprego, incluindo na área da construção civil, e de obras para executar;
  • os detentores de capital próprio significativo (ainda há bastantes) não têm aplicações atractivas para ele, pois a remuneração proporcionada pelas aplicações financeiras convencionais é agora muito baixa.

Pensar-se-ia que este é o "caldo de cultura" ideal para o surgimento de operações de reabilitação urbana numa filosofia "low-cost". E de facto é, mas elas têm tido enorme dificuldade em arrancar, principalmente por falta de capital para investir: os potenciais investidores não investem. Porquê? Só encontro uma explicação: falta de comunicação entre quem tem liquidez e quem sabe como a aplicar/gerir neste contexto. Foi esse bloqueio que tentámos remover com esta iniciativa organizada pela ADDICT e por alguns dos seus sócios. Falhámos.

Não se pretendeu apresentar uma receita "pré-cozinhada" aos potenciais investidores, nem impor um modelo de intervenção específico. Haverá quem prefira pegar em edifícios pequenos para fazer T0s, haverá quem esteja focado em apartamentos maiores para famílias com filhos, haverá quem se foque em alojamento turístico, haverá quem aposte nos espaços de trabalho. O que se pretendeu foi juntar competências complementares de quem tenha perspectivas compatíveis. Por exemplo um proprietário de um prédio abandonado que gostasse de o recuperar para gerir um pequeno negócio de arrendamento a estudantes, e que estabelece uma parceria com um investidor que considera atractivo esse mercado. Ou uma construtora que gostaria de realizar uma obra de raiz num terreno livre de um centro urbano mas, apesar de ter procura, está sem capacidade de financiamento e por isso junta-se a quem a tenha. Ou seja, podem existir estratégias de intervenção muito diferentes.

Desafiámos por isso a sociedade civil a encontrar as suas próprias soluções, sem esperar apoios públicos nem "grandes estratégias" dos decisores políticos. Continuam a existir dificuldades relevantes, como regulamentos desadequados, a velhinha lei das rendas, a Justiça que não funciona, etc. Daí a vantagem de parcerias com quem está no terreno, que conhece os condicionalismos legais e técnicos, que sabe como integrar as questões sociais no próprio projecto (que tem de ser muito mais do que apenas promoção imobiliária para ser sustentável do ponto de vista económico, social e ambiental).

O perfil dos investidores que me parece mais apropriado é o de pessoas individuais com liquidez elevada, não o de investidores institucionais. A dimensão típica dos negócios aqui em foco estará entre os 100.000 e 1 milhão de euros. Estes empreendimentos são de "capital intensivo" e, também por isso, saem geralmente fora do âmbito de intervenção do "capital de risco". Há aqui muito de "empreendedorismo social", também. Não se trata de filantropia, mas sim de iniciativas em que o lucro é necessário mas visto como ferramenta de intervenção social, e não como objectivo só por si.

Resumindo: na minha opinião este Clube ADDICT provou que temos tudo o que é indispensável, menos os investidores. Vamos então à procura deles. Em Portugal ou no estrangeiro.

PS: A propósito de reabilitação - o Mosteiro de Santa Clara, em Vila do Conde, "está a ser ocupado por grupos de delinquentes que, entre outras coisas, fazem pequenas fogueiras e queimam fios de cobre no interior". Coisa pouca.

De: TAF - "Há dias, no Hard Club"

Submetido por taf em Segunda, 2011-02-21 00:11

No Hard Club


De: TAF - "Sugestões e apontadores"

Submetido por taf em Domingo, 2011-02-20 23:58

De: José Macedo do Couto - "CityPorto"

Submetido por taf em Domingo, 2011-02-20 23:43

A minha natal e muito querida Cidade do Porto merece esta singela dádiva. É só aceder — sempre que se queira e possa — a CityPorto - Pequeno Projecto/Trabalho sobre a ANTIGA, MUI NOBRE, SEMPRE LEAL E INVICTA CIDADE DO PORTO.

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