2010-06-27
Por causa deste projecto tenho estado a ver com algum cuidado a situação do Morro da Sé, e a analisar imagens e projectos já antigos. Deixem-me comentar aqui dois edifícios contemporâneos, ou melhor, um é este edifício cor-de-rosa que aparece nas duas primeiras fotografias (ver post completo), e o outro já com alguns anos, ao centro da última. São dois exemplos entre muitos. Não sei quem foram os arquitectos nem quais as condicionantes que tiveram; não os estou a julgar, mas apenas a analisar o resultado destas obras concretas inseridas no local. Porque não percebo esta arquitectura. A minha formação académica é noutra área (engenharia electrotécnica), mas qualquer comum mortal tem legitimidade para fazer este tipo de apreciação porque a cidade é feita para os comuns mortais.
Em minha opinião há duas alternativas para obras em centros históricos, ambas legítimas, defensáveis, coerentes:
- ou se respeita escrupulosamente o estilo antigo de construção, usado exactamente os mesmos materiais e técnicas;
- ou se aceita a liberdade de concretizar arquitectura contemporânea, exigindo-se uma avaliação especialmente cuidada da sua qualidade por parte das entidades competentes para o licenciamento.
Qualquer destas opções me agrada:
- a primeira porque mantém de modo mais vincado a memória do lugar, sendo viável uma utilização "moderna" desde que se evitem as excessivas divisões internas habituais nos edifícios antigos (respeitando contudo a sua estrutura);
- a segunda porque permite uma adaptação mais eficaz aos usos actuais dos espaços e cria um contraste de estilos que pode ser muito estimulante (já sei que a avaliação da qualidade é sempre subjectiva, mas também me parece indispensável).
O que eu não percebo é quando se fica a meio das duas, porque o resultado é de muito fraca qualidade. Nem é velho nem é novo, nem é tradicional nem é criativo, nem é carne nem é peixe. É um "compromisso" (pelo menos do meu ponto de vista) muito desrespeitador do património. Aqui sim há um contraste flagrante entre a construção nova e a construção antiga, mas um contraste muito desagradável. Usa-se o betão a querer imitar a linguagem original, quando ele não existia, e dá no que está à vista. Colocam-se umas finas placas de granito (polido!) a fingir que são os aros de pedra das janelas típicos do Porto. E por aí fora... Comparem-se estes edifícios com os "feitos por engenheiros" tão vulgares no interior do país: descobrem-se grandes diferenças?
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O facto de o Pedro Figueiredo - que daqui saúdo - ter pegado e andado numa fotografia de rabelos, d'A Cidade Surpreendente, suscitou-me a vinda ao terreiro da Baixa com duas imagens e um pequeno desafio que acabei de publicar n'A Cidade Deprimente. Creio que aqui terão a visibilidade que o assunto merece.
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Imagine que, em Dezembro, montou em casa um presépio e uma árvore de Natal. Imagine ainda que, passadas as festas, mantém a árvore e o presépio montados até Fevereiro ou Março. Como se classificaria do ponto de vista da gestão das tarefas da sua vida pessoal? Laxista, permissivo, incapaz, incompetente, inadequado para a vida familiar? Passemos agora a outra situação, do domínio do surreal.
A Feira do Livro decorreu entre 1 de 20 de Junho. Depois sucederam os festejos de S. João. Ontem, 2 de Julho às 12h03, doze dias depois da feira ter encerrado, a Praça da Liberdade apresentava o aspecto que as imagens documentam, com o que resta dos contentores de livros espalhado pela placa central à mistura com gradeamentos metálicos, automóveis estacionados e, para nosso alívio - ligeiro mas constituiu um alívio - um mamarracho, daqueles em que a empresa municipal Porto Lazer é perita, reivindicando a paternidade de toda aquela desgraça - não fosse alguém pensar que o espaço público está a cargo da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.
Voltando atrás, à questão hipotética do presépio e da árvore de Natal, aplique agora, a esta atitude da Câmara Municipal do Porto - é aqui que está o desafio - os adjectivos que achar adequados.
De facto será de ter em atenção o que Pedro Figueiredo refere quanto à Regata dos Barcos Rabelo - dar o relevo que a mesma merece, mais, por certo que para a nossa economia os aviõezinhos do Red Bull, com todo o merecimento que a bebida possa e tenha para os austríacos - que todos os anos se realiza entre a quase Foz do Douro e o Cais de Gaia, em Junho por volta do dia de S. João. Como se sabe a Organização pertence à Confraria do Vinho do Porto e o contributo, se existir – por certo acontecerá -, das Câmaras dos dois lados da Foz do Douro é por muito necessário para todos os envolvidos, a começar no Vinho do Porto, nas Casas de Vinho do Porto, nas cidades do Porto e Gaia e até em todo o Norte, - dado que se abrange facilmente o Douro da Foz até à fronteira.
A população também por certo ficará a mais aderir a estes eventos, se melhores divulgados e se encarados por todos com mais naturalidade e não com alguma superioridade que por vezes acontece, até e não só a nível oficial de onde se colocam para melhor ver. Todos tendo o mesmo “nível de visão e visibilidade de/e para estes acontecimentos”, talvez não seja má ideia nos eventos deste género e talvez no futuro próximo, e mais ainda nestas Festas que se dizem do Povo numa altura em que muito desnorte em todos nós existe, tudo mais “terra a terra, tudo mais próximo” será bem mais benéfico! Para todos ou talvez não! Por certo a baixo custo para todos, no próximo Junho este evento será diferente para melhor!
Quanto a António Alves o ainda Non-Stop de Serralves e as ainda Vacas Sagradas, com certeza que criticar é preciso... e ainda bem! Força!
Augusto Küttner de Magalhães
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- O verdadeiro Pinheiro Manso que ainda conheci, sugestão de Rui Cunha: "Este Pinheiro Manso caiu em Fevereiro de 1941 quando do conhecido “CICLONE” assim conhecido no Porto. A casa conhecia quando pertencia à família Gilbert, que tinha um maravilhoso BMW dos anos 30, antes da guerra. A Rua do Pinheiro Manso foi aberta antes de 1892, pois já vem no mapa Teles Ferreira. A casa em que nasci, o nº. 274, é a primeira à direita nesse mapa. Foi construída por um inglês que a vendeu a minha avó cerca de 1895. No momento da queda do Pinheiro Manso, cerca das 20 h. ia a passar um carro dos Bombeiros Municipais do Porto que ainda foi atingido, mas recordo terem-me dito que só houve feridos."
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- Ciclo de documentários às quintas no Passos Manuel
- "Drogas por via ocular", a minha crónica de Quinta-feira no JN
- Uma nota um pouco off topic sobre golden shares. A existência de golden shares é negativa. Contudo, o seu desaparecimento não deve ocorrer em benefício exclusivo dos accionistas. Os accionistas da PT compraram a empresa com um ónus (a golden share do Estado), e agora querem acabar com esse ónus "à borla". Não é justo que assim seja. O Estado, ao ser detentor de um poder em nome dos cidadãos, não deve entregar a apenas alguns privados esse valor que é público. Mesmo que venha a ser considerada ilegal pelas instâncias europeias, o seu fim deve ser acompanhado por outras consequências. Uma solução simples é a própria PT comprar a golden share ao Estado. Ou seja, desaparece. É semelhante a comprar acções próprias. Desse modo os accionistas, indirectamente, entregam uma contrapartida pelo poder (um valor) que não pagaram anteriormente quando adquiriram as acções.
A maior parte destas notas foram sendo publicadas via twitter com o hashtag #AMuPorto durante a própria reunião. Nesse sentido serve mais como indicação do que os diferentes deputados municipais e membros do executivo foram dizendo do que texto sistematizado e organizado dos diferentes temas abordados.
De qualquer forma, e como ainda não temos nem as actas da Assembleia Municipal online nem a transmissão dessas sessões (como já é feito em Redondo/Évora, Tomar, e brevemente em Cascais), penso que poderão ser interessantes para os leitores d'A Baixa do Porto.
Por vezes queixamos-nos, e com razão, de que o Porto é o parente pobre de Lisboa e, a pretexto da SCUTs, muito do que não devia ter sido dito do Norte e do Porto (em particular) tem vindo a público e até no Público - não da responsabilidade do jornal, mas de quem independentemente no mesmo escreve -, parecendo que nós aqui no Norte somos tão privilegiados que deveríamos suportar os custos de todas as SCUTs do País, e sabe-se lá o que mais! Adiante!
Vem isto a propósito - de nos só queixarmos! - de ter visitado algo de tão simples, a custo zero, que foi na Foz o desactivado Farol da Senhora da Luz no topo da Rua do Farol, construído por alvará do Marques de Pombal de 1 de Fevereiro de 1758. A vista ainda hoje – mau grado algum nevoeiro do momento – entende-se da Barra do Douro até Espinho e para Norte muito além de Leixões. Espaço pequeno, mas com história e que merece uma rápida visita mais que não seja pela maravilhosa vista.
Gostaria de fazer um parêntese relativamente a uma rápida conversa que tida com o José Ferraz Alves - que por certo não se importará de aqui ser referida - e que tem uma ideia excelente quanto às SCUTs, se as mesmas terão que vir a ser pagas em todo o país, sem excepções: o preço deverá ser muito mais baixo do que o inicialmente previsto, quando era só para o Norte, dado que sendo distribuído por todo o país todos pagaremos, logo necessariamente o valor total será conseguido com valores individuais muito mais baixos, claro sem excepções, todos a pagar!
Augusto Küttner de Magalhães
Nada como uma opinião de quem vem de fora. Mesmo de fora, isto é, da estranja, até para evitar enviesamentos regionalistas internos.
Joshua Sofaer, à pergunta "Quais são os pontos fortes e os pontos fracos da cidade, em termos de participação artística?" respondeu o seguinte:
«Prefiro falar em bons e maus exemplos. Um exemplo brilhante é o Clubbing. Estive lá numa das últimas noites e vi um público completamente diversificado a responder com igual entusiasmo a programas complexos de música erudita e a sessões altamente experimentais de electrónica. Um mau exemplo, tenho de admitir, é o Serralves em Festa. Foi uma enorme desilusão. Achei que os projectos apresentados eram paternalistas, para não dizer mais. O mínimo denominador comum, absolutamente: novo circo, teatro de rua, balões, palhaços em andas... A arte contemporânea não é aquilo. É uma pena que consigam reunir tanta gente naquele espaço e que depois o Serralves em Festa não passe de um dia no parque.»
E eu acrescentaria: ... e uma noite na disco.
Para que não se criem mais vacas sagradas criticar é preciso!
António Alves
- fotografia em download ilegal de “A Cidade Surpreendente”
Assisti no passado feriado de S. João à “corrida” deste ano dos Barcos Rabelo no Rio Douro. Muitas centenas de pessoas também o fizeram quer do lado de Gaia quer do lado do Porto. Sugiro aos Autarcas de Gaia e Porto que, para o ano, substituam a “Red Bull Air Race” agora emigrada para Lisboa, por uma versão ampliada e devidamente enquadrada desta regata de Barcos Rabelo.
As vantagens são imensas: Barcos Rabelo não poluem, aviões sim. Barcos Rabelo não são um perigo potencial para os monumentos de proximidade – Pontes da Arrábida, Paço Episcopal, Ponte D. Luís, etc, e o edificado e pessoas em geral, ao contrário dos aviões (sejam caças, aviões de corrida ou o Boeing SETEqualquercoisaSETE que actou no ano passado). Os Barcos Rabelo integram-se na perfeição na economia local que se disse anteriormente – à boca cheia – que a Red Bull Air Race estava a fomentar. Os patrocinadores exclusivos serão evidentemente as marcas de Vinho do Porto : Taylor's, Burmester, Offley, Croft, etc, etc... em vez dessa bebida nada típica do Douro (nem de lado algum) que é a bebida Red Bull...
Neste momento apetece-me pedir contas a quem defendeu o Red Bull com unhas e dentes “quais foram efectivamente os proveitos da economia local que o Red Bull trouxe à cidade?”... Uma “Rabelos Douro Race”, ou “RDR” para os amigos, a realizar-se no Verão de 2010 ou 2011, com provas de vinhos do Porto feitas pelas marcas nas marginais de Gaia e Porto, com “coisas” a acontecer a complementar a corrida no Palácio da Bolsa e nas caves seria, acho eu, um melhor contributo para a economia local, o turismo em geral e todos nós em particular. E não duvido que será um acontecimento de massas ($) e para as massas encherem as marginais. O ambiente agradece.
Pedro Figueiredo
- Com as minhas leituras em atraso, aqui fica para já um comentário em reforço a "Alô, alô, daqui PlanIT Valley": muito preocupante no projecto é também a completa incompreensão do que é uma cidade. Uma cidade não é uma aglomeração de pessoas, é uma teia de relações sociais. E isso não se constrói em apenas 5 ou 10 anos. Era muito mais sensato pensar numa reabilitação em larga escala do que construir um oásis no deserto.
- Joshua Sofaer: "Apesar dos problemas, o Porto "tem uma vida cultural vibrante", sugestão de Patrícia Soares da Costa
PS:
- Sessão de Informação sobre Oportunidades de Financiamento de I&D para PMEs
- Porto Editora absorve Bertrand e Círculo de Leitores
- José Marques dos Santos: "Tudo o que não for excelente ou muito bom não deve continuar"
- Coligação PSD/ CDS-PP procura impôr a “lei da rolha” nas reuniões da Câmara
- Câmara do Porto promete que o rio Tinto ficará limpo em 2011
- Guimarães 2012 ainda tem parte das verbas cativas
- Acordos em Saragoça provam erro da linha Sines-Badajoz, sugestão de Rui Rodrigues
- A visão dos chineses sobre a Europa, sugestão de Francisco Oliveira
Estes desenhos de levantamento da sobreocupação humana dos quarteirões do Centro Histórico Sé – Ribeira – Barredo feitos ao início do processo CRUARB – CH - revelam bem o que foi a dura realidade do subaluguer de quartos, vãos de escada, pisos inteiros, meias-casas, águas furtadas, anexos, etc., que o povo do Porto teve de sofrer até ao 25 de Abril. Qualquer pedacinho de edifício era alugado e depois sub-alugado, fazendo rentabilizar ao máximo os metros quadrados disponíveis e provocando os problemas de sobreocupação, insalubridade, doença, destruição, etc. que sabemos terem sido características comuns às habitações de então, do Centro Histórico. Foi prometido às classes baixas nestas circunstâncias um realojamento provisório no novíssimo bairro do Aleixo enquanto o CRUARB – CH se ocupava (e ocupou) da reabilitação das suas casas. Por alguma razão – apenas lógica ou também circunstancial – o CRUARB não finalizou a recuperação do Centro Histórico, havendo tanta recuperação por fazer ainda... Agora temos a SRU mas numa “lógica” inversa à do CRUARB – CH.
O bairro do Aleixo lá continua a mirar o rio, com muitas destas famílias supostamente à espera de ordens de despejo e demolição das suas casas, sem que haja certeza alguma sobre que habitações irão ocupar, se essa nova ocupação será “social” ou com “rendas baixas” ou “altas”/incomportáveis ou ainda em que fantástico bairro ultraperiférico (...sobrelotar ainda mais o Lagarteiro?) irão viver, ou se vão mesmo viver para a rua numa acção de despejo/desprezo da Câmara Municipal do Porto (Câmara de TODOS os Portuenses...).
O CRUARB trabalhou numa lógica pública, de recuperação de pessoas e sua integração social e física, economia local e de recuperação de habitações enquanto património. Rui Rio, eleito pelo Porto em geral, decretou que o CRUARB não fazia sentido, não mais seria possível ter uma visão integrada (Social e Física) da cidade, e prometeu aos habitantes do Aleixo que iria então substitui-los por outras pessoas mais ricas e bonitas no mesmo bairro do Aleixo com outra forma (“Novo Aleixo”). Pessoas estas que não trafiquem drogas portanto. Entretanto, mesmo as casas anteriormente ocupadas por estas famílias no Centro Histórico, também estas casas estão reservadas para outras pessoas, mais ricas e mais bonitas no mesmo Centro Histórico. Não consta do caderno de encargos da SRU que a recuperação em execução tenha a finalidade social do realojamento nem mesmo para os ex-habitantes, nem mesmo para os actuais habitantes do Aleixo, que daqui saíram.
Dou o conselho a Rui Rio: que demonstre a sua magnitude e grandeza realojando a preços sociais os habitantes do Aleixo nos novos quarteirões da SRU, já conhecidos de algumas destas famílias. Parece que já há cerca de 200 fogos – é o que a SRU anuncia, e assim acabava com dois coelhos de uma cajadada só. Já tinhamos habitantes na Baixa, já podia demolir o Aleixo para dar negócio ao Banco Espírito Santo, já conseguia dar um fim à interrogação... ”Quem irá habitar a “nova Baixa” e a que preço?” Resposta: os do Aleixo e a preço social. Mais integração urbana é possível e o principio do fim de um “cancro social” (O Aleixo, cancro social? ...Não, Rui Rio, um cancro social!).
Post Scriptum: que ninguém me diga que isto das cidades e do património não tem nada a ver com “luta de classes...”
Pedro Figueiredo
- The Yeatman Hotel está quase pronto, mas não agrada a todos - sobre o assunto tratado aqui e aqui.
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- Confirmam-se os receios que exprimi anteriormente sobre o PlanIT Valley: comparem-se os factos relatados objectivamente no press release da Cisco com notícias fantasiosas como esta da Lusa que aparece no Público. As citações do promotor do projecto parecem humorísticas: "12 mil empresas" já em 2015, "dezenas de milhões de sensores", etc... Os factos, contudo, são bem mais depressivos:
- a Cisco não assinou nenhum contrato de investimento, apenas uma "carta de intenções";
- a Cisco posiciona-se para ser eventualmente fornecedora de um enorme volume de equipamento e serviços.
A Cisco está a fazer o seu negócio de forma legítima e transparente, como o prova o press release. Quanto ao promotor não preciso de fazer mais comentários. Quanto aos trabalhos "jornalísticos" sobre este tema que vão aparecendo um pouco pelos media portugueses, bom, é melhor não os qualificar porque este blog tem exigências no nível de linguagem não compatíveis com essa qualificação. ;-)
PS: Vale a pena ir seguindo estes detalhes - "A cidade tecnológica deverá ocupar uma área de cerca de 17 quilómetros quadrados, abrangendo as freguesias de Parada de Todeia, Sobreira, Recarei e Aguiar de Sousa. Os terrenos ainda não estão adquiridos, mas o autarca de Paredes, Celso Ferreira, diz que esse não é o obstáculo, desde logo porque já garantiu financiamento bancário, para esse efeito."
Para além de se achar sempre que a noite de S. João é a mais democrática e prolongada do Norte, ou do País, de facto é uma altura em que mesmo em tempo de crise - à qual não se vislumbra remedeio, quanto menos fim, - é uma oportunidade para todos viverem um momento diferente de descontracção e até de atracção de turistas, internos e externos. Deveria também ser uma noite em que o Poder Central deveria descer ao Norte, como de resto já aconteceu com alguns Presidentes da República e até PMs e tal deveria acontecer com a máxima simplicidade, adequada aos tempos de contenção.
Para além de “tudo isto”, tem sido dado alguma relevância são-joanina, mais que devida e merecida, à Cascata de S. João, que por norma é colocada junto à Câmara Municipal do Porto, tapando por uns dias o Almeida Garrett que temporariamente se não deverá incomodar. Sendo que este ano, com as mais diversas utilizações que se tem dado à Avenida dos Aliados, culminando com um local enorme para se ver o Futebol, tendo antes havido a Feira do Livro, automóveis às voltinhas, e antes ainda a visita do Papa, mas de facto no momento é o ecrã para mostar futebol, a Cascata perdeu direito ao espaço.
E de repente percebemos, estando atentos a alguns noticiários fugidios de algumas boas rádios, que haveria uma cascata, afinal, mas desta na Fundação Escultor José Rodrigues. Como a maioria dos portuenses não saberá onde tal - Fundação - se localiza, foi-se (vai-se!) junto à Cooperativa Árvore procurar, dado da mesma fazer parte o Escultor José Rodrigues, mas espanto dos espantos, não se sabe (sabem) onde fica….. até que conseguindo ouvir na rádio mais uma nota sobre a cascata entende-se (estando com mais atenção) que é na Rua da Fábrica Social e lá se vai ter, perguntando, fica numa transversal na Rua de Santa Catarina, quem sobe antes de chegar ao Marquês!
Local um pouco escondido no Centro do Porto, mas esplêndido. Onde o Escultor José Rodrigues recuperou as instalações de uma antiga fábrica de chapéus – de uns ingleses, que depois foi uma tinturaria e temos logo à entrada a Cascata de Joaquim Correia, que com toda a gentileza rejubila como foi fazendo aquela cascata, como tudo mexe, como prefere na mesma investir em vez de gozar grandes férias. Aproveitando a simpatia de uma colaboradora da Fundação foi possível ver umas esculturas do Mestre no espaço contíguo ao local onde estava a Cascata e, na parte exterior que será de futura reconstrução, uns graffitis feitos por uns “pintores”.
Excelente, este espaço de Cultura/Lazer, também tem uma instalação de Bailado, aqui no Porto. Esperemos que seja mais divulgado este bom espaço a bem da Cultura, do Porto, do Norte, do País, e até do Turismo. Temos tantas “coisas” tão boas cá dentro e tão mal as aproveitamos!
Exposição de cartoons Aviação - Junho 2010
Apesar das tremendas dificuldades que estão com a crise – sem fim à visita – a assolar-nos, ainda vamos tendo locais, a muito baixo custo ou até a custo zero, para e de Cultura! Entre os mais diversos locais temos o Museu da Imprensa do Porto, que tem um espólio permanente de máquinas e mais utensílios que foram o que fez sair tantos jornais, não assim há tanto tempo. Hoje relíquias, mas que deixaram passar alguma informação, até em tempo de censura, aí sim, sem qualquer liberdade de expressão.
Tem esse mesmo Museu da Imprensa do Porto, ali junto ao Palácio do Freixo, uma exposição temporária de Cartoons, com a sua usual piada alusivos a aviação e feitos por vários autores de diferentes países, até do Irão. Vale ser visitado para quem nunca o fez, aproveita para ver máquinas que fizeram os tais jornais, e que poderão nunca ter visto e em simultâneo para ver estes cartoons, que para além da piada que possam ter, transmitem algumas mensagens, que por certos a todos dirão alguma coisa. E é mais um espaço de cultura/lazer aqui no Porto, aqui no Norte, que deve ser bem mais aproveitado, por todos e por cada um.
- Do Porto e não só, um arquivo notável de Ricardo Figueiredo, descoberto via Foi assim..., outro blog a não perder
- A Porta Nobre
- Ruas do Porto
Do meu primeiro filme de "fotografia a sério" (um Agfa Isopan 125 ASA), a estrear a minha Pentax MX com objectiva de 50 mm.
Por acaso (ou talvez não) neste local. :-)
Caros todos, TAF,
Leio hoje no JN-online:
"A reconversão do Museu do Carro Eléctrico, no Porto, terá inspiração germânica. Um arquitecto de Berlim (Alemanha), Thomas Kröger, assina o projecto vencedor que, quase sem mexer na fachada dos edifícios, cria uma nova entrada através de ampla escadaria. A demolição de dois anexos que não existiam no projecto original (...)"
E tem uma montagem do que vai ser feito, uma intervenção que deixara o edifício muito como foi planeado ser. A cerca vai-se, a permitir a realização de mais um exemplo do Eira Look no Porto (os melhores exemplos do qual são a envolvente da Cadeia da Relação e do total da Avenida dos Aliados - se bem que haja quem defenda que tanto as esplanadas das praias de Matosinhos e da de Leça seriam melhor ilustração, pelo seu uso principal ser no Verão e de não haver sombra de espécie alguma).
A escadaria que parece ser de vidro e aço levar-nos-á à entrada nobre (sic), num primeiro andar. Vê-se também no edifício à direita de quem entra, o também já típico bloco dos mesmos materiais a ultrapassar em altura a fachada (aqui a inspiração só pode ser a do edifício das carrancas na Rua Castilho em Lisboa, cuja única virtude foi o ter sido requalificado depois de ter ruido - como se queria - num tempo em que o bota abaixo faz novo ainda era o padrão, há 25 anos atrás). As janelas aí desaparecem deixando uns buracos a dar para o vidro - sem dúvida reflector - como olhos mortos.
Curiosamente vi ontem pela primeira vez o museu do transporte urbano aqui em Bruxelas depois da sua reforma. Está na mesma pareceu-me (vou hoje visitar e depois vos direi) o que é óptimo. Só perdeu - do exterior - o ar um pouco decrépito. E tiraram-lhe os acrescentos do século que seguiu a sua construção como remise, como o nosso, luzes e sinais e assim.
Aqui onde vivo, por ter sido a sede de uma escola afamada em estilo Flamengo revivalista terminada em 1908, os edifícios são todos classificados (tombados como diria um brasileiro, com referência à nossa Torre do Tombo). Há grau 1 (95%) em que só agora permitem a instalação de vidros duplos. Só há duas habitações de grau 2 - uma delas a minha - onde pudemos desde o início há uns 4 anos proteger-nos mais eficientemente do frio e do calor. O resto, cores, qualidade das madeiras, desenho das portas e das janelas, telhados (telha de lousa), antenas, a cerca externa, o parque envolvente e as suas árvores algumas centenárias, e até o número de carros à vista, é tudo regulado pelo Monuments et Sites, o instituto federal por quem tudo tem de passar. E todos os que comprámos aqui para habitar fizemo-lo não apesar deste regime mas por causa dele!
Fico bastante abatido que por aí não seja mais assim por parte dos decisores... Continuo a insistir, faça-se o novo nos sítios novos e recupere-se o antigo, tanto monumentos como sítios.
Abraço,
Alexandre Borges Gomes
Bruxelas
Sobre as obras de renovação urbana entre 1976 a 1982, na zona da Ribeira/Barredo, no Porto (e não só...):
"De 1976 a 1982, trabalhei no C.R.U.A.R.B (Comissariado para a Renovação Urbana da Área Ribeira-Barredo), no Porto. Durante estes anos fui registando fotograficamente diversos aspectos relacionados com o trabalho de renovação da zona. Pretendo mostrar aqui uma parte substancial desse espólio e ainda outros aspectos da cidade do Porto..."
... de se informar na segunda-feira sobre vários aspectos que me parecem intrigantes no fabuloso projecto Planit Valley, eu agradecia. Por exemplo, e só a partir do que vem escrito no Público:
- 1) O "vice-presidente para a Inovação da Cisco, Thierry Martens", continua a trabalhar na Cisco e vem em representação da empresa?
- 2) "O ministro da Economia, Vieira da Silva, deverá estar presente." - Estará mesmo, ou foi apenas convidado?
- 3) "Não foi por enquanto possível apurar o montante de investimento em causa, até porque os intervenientes no processo assinaram um contrato de sigilo" - Isto é normal? Anunciar um investimento sem dizer de quanto? E há algum contrato de investimento mesmo (e não relação cliente-fornecedor), ou é apenas um "memorando de entendimento"?
- 4) "Um observador deste processo estima (...)" - Quem foi o "observador"?
- 5) "A Cisco obteve financiamento para o novo centro junto da banca internacional" - Eu haveria de jurar que a Cisco tinha liquidez suficiente para o efeito, e que dispensaria financiamento bancário. Mas será que a Cisco afinal também tem falta de liquidez?
- 6) "(...) quando o centro de sensores de rede entrar em velocidade de cruzeiro" - Que é quando?
Enfim, além desta meia dúzia tenho muito mais dúvidas... Mas isto sou eu, que não percebo nada de negócios. Muito menos destes.